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Curso de historia de filosofia antiga

FAFS
Prof. Pe Paolo Cugini
BIOGRAFIA
Aristóteles era natural de Estagira,
na Trácia, sendo filho de Nicômaco, amigo
e médico pessoal do rei macedônio Amintas
III, pai de Filipe II. É provável que o
interesse de Aristóteles
por biologia e fisiologia decorra da
atividade médica exercida pelo pai e pelo
tio, e que remontava há dez gerações.
Com cerca de 16 ou 17 anos partiu para Atenas, maior
centro intelectual e artístico da Grécia. Como muitos
outros jovens da época, foi para lá prosseguir os
estudos. Duas grandes instituições disputavam a
preferência dos jovens: a escola de Isócrates, que
visava preparar o aluno para a vida política, e Platão e
sua Academia, com preferência à ciência (episteme)
como fundamento da realidade. Apesar do aviso de
que, quem não conhecesse Geometria ali não deveria
entrar, Aristóteles decidiu-se pela academia platônica
e nela permaneceu vinte anos, até 347 a.C., ano que
morreu Platão.
 Com a morte do grande mestre e com a escolha do sobrinho de
Platão, Espeusipo, para a chefia da academia, Aristóteles partiu para Assos
com alguns ex-alunos. Dois fatos parecem se relacionar com esse episódio:
Espeusipo representava uma tendência que desagradava Aristóteles, isto é, a
matematização da filosofia; e Aristóteles ter-se sentido preterido (ou
rejeitado), já que se julgava o mais apto para assumir a direção da Academia,
no entanto não assumira devido ao fato de que não era grego, era imigrante
da Macedônia.
 Em Assos, Aristóteles fundou um pequeno círculo filosófico com a ajuda
de Hérmias, tirano local e eventual ouvinte de Platão. Lá ficou por três anos e
casou-se com Pítias, sobrinha de Hérmias. Assassinado Hérmias, Aristóteles
partiu para Mitilene, na ilha de Lesbos, onde realizou a maior parte das
famosas investigações biológicas. No ano de 343 a.C. chamado porFilipe II,
tornou-se preceptor de Alexandre, função que exerceu até 336 a.C., quando
Alexandre subiu ao trono.
Neste mesmo ano, de volta a Atenas, fundou o Lykeion,
origem da palavra Liceu cujos alunos ficaram conhecidos
como peripatéticos (os que passeiam), nome decorrente do
hábito de Aristóteles de ensinar ao ar livre, muitas vezes sob
as árvores que cercavam o Liceu. Ao contrário da Academia
de Platão, o Liceu privilegiava as ciências naturais.
Alexandre mesmo enviava ao mestre exemplares
da fauna e flora das regiões conquistadas. O trabalho cobria
os campos do conhecimento clássico de
então, filosofia, metafísica, lógica, ética, política,retórica, po
esia, biologia, zoologia, medicina e estabeleceu as bases de
tais disciplinas quanto a metodologia científica.
Aristóteles dirigiu a escola até 324 a.C., pouco depois da
morte de Alexandre. Os sentimentos antimacedônicos dos
atenienses voltaram-se contra ele que, sentindo-se
ameaçado, deixou Atenas afirmando não permitir que a
cidade cometesse um segundo crime contra a filosofia
(alusão ao julgamento de Sócrates). Deixou a escola aos
cuidados do principal discípulo, Teofrasto (372 a.C. - 288
a.C.) e retirou-se para Cálcis, na Eubéia. Nessa época,
Aristóteles já era casado com Hérpiles, uma vez que Pítias
havia falecido pouco tempo depois do assassinato de
Hérmias, seu protetor. Com Hérpiles, teve uma filha e o
filho Nicômaco Morreu a 322 a.C.
RELAÇÃO ENTRE ARISTÓTELES E PLATÃO
Em lugar do principio transcendente do Uno-Bem será
preciso introduzir o Bem entendido como causa final de
toda a realidade;
Em lugar das idéias transcendentes será preciso
introduzir as Formas ou essências imanentes,
entendendo-as como a estrutura inteligível de todo o
real, e do sensível de modo particular.
Á concepção platônica do supra-sensível, entendido
como realidade inteligível, A. substitui uma concepção do
supra-sensível entendido como Inteligência.
Diferença: espírito poético e místico de Platão;
Espírito cientifico de Aristóteles.
A METAFÍSICA
É a ciência que se ocupa das realidades que estão acima
da física.
Indaga as causas e os princípios primeiros ou supremos.
 Indaga o ser em quanto ser
Indaga a substância.
Indaga Deus e a substância supra-sensível.

Não é uma ciência dirigida a fins práticos e empíricos.


A M. é ciência que vale em si e para si, porque tem em si
mesma o seu fim e é ciência livre por excelência.
A METAFÍSICA
A M. nasce de um puro amor ao saber, da necessidade,
radicada na natureza humana , de conhecer o porquê
ultimo.
A M. é a ciência que tende a apaziguar essa exigência
humana do puro conhecimento. Por isso Aristóteles
chamou a M. de ciência divina.
Portanto o homem que faz M. se aproxima de Deus.
ÁS QUATRO CAUSAS
1. Causa formal: forma ou essência das coisas (alma
para os animais).
2. Causa material: é aquilo de que é feita a coisa ( a
matéria dos animais são carne e osso; da estatua é a
madeira, etc.)
3. Causa eficiente ou motora: é aquilo de que
provêm a mudança e o movimento das coisas (os
pais são a causa eficiente dos filhos).
4. Causa final: constitui o fim e o escopo das coisas e
das ações.
O SER E OS SEUS SIGNIFICADOS
 Não pode ser entendido em modo unívoco, mas como
gênero transcendente ou universal a maneira dos
platônicos.
 O ser exprime originariamente uma multiplicidade de
significados (ler M. G2,1003 a 33-b 6).
 O ser é um conceito mais amplo e mais extenso do que o
gênero e a espécie.
 As varias coisas que são ditas ser, exprimem sentidos
diferentes do ser, mas ao mesmo tempo implicam uma
referência a algo que é uno: a substância.
A TABUA ARISTOTELICA DOS
SIGNIFICADOS DO SER
1. O ser se diz no sentido acidental (o
homem é musico).
2. Ser por si (substância).
3. Ser como verdadeiro. È o ser lógico: só
subsiste na razão.
4. Ser como potência e ato.
ESPECIFICAÇÕES SOBRE O SIGNIFICADO DO SER
O ser transmitido por cada uma das figuras de
categorias constitui um significado diferente do
significado de cada uma das outras.
Tabua das categorias: Substância, Qualidade, Quantidade,
Relação, Ação, Paixão, Lugar, Tempo, Ter, Jazer.
O ser segundo a potência e o ato não tem só um
significado.
Também o ser como verdadeiro e como falso entende-
se em diferentes modos.
Ser acidental. É um ser que depende de um outro ser.
A QUESTÃO DA SUBSTÂNCIA
Problema: existem somente substancias sensíveis ou também as
supra-sensíveis?
É o que a substância em geral:
- é a matéria?
- é a forma?
- é o sínolo?
1) Substância é num sentido a forma, pois ela é a natureza interior
das coisas. A forma, essência do homem, é a alma.
2) Também a matéria é substância.
3) Composto, o sínolo, é a concreta união de matéria e forma.
A substância é a titulo diverso tanto a forma como a matéria e o
sínolo.
CARACTERISITCAS DA SUBSTÂNCIA
Só se pode chamar substância o que não inere a outro e
não se predica do outro.
Substância só pode ser um ente que pode subsistir por si
ou separadamente do resto dotado de uma forma de
subsistência autônoma.
Substância é só o que é um algo determinado. Não pode
ser substância um atributo geral.
Substância deve ser algo intrinsecamente unitário.
Só é substância o que é ato ou em ato.
A forma pode ser chamada de substância por excelência.
A FORMA ARISTÓTELICA
O eidos aristotélico é um principio metafísico,
uma condição ontológica, uma estrutura
ontológica.
A substância de A., como estrutura ontológica
imanente da coisa, não pode absolutamente
confundir-se com o universo abstrato.
O universal é o gênero que não tem uma
realidade ontológica separada.
O ATO E POTÊNCIA
 A matéria é potencialidade, ou seja capacidade de assumir ou receber
uma forma.
 A forma configura-se como ato, ou atuação da capacidade.
 Todas as coisas que possuem matéria têm sempre, como tais, maior ou
menor potencialidade.
 Se existem seres imateriais, puras formas, eles serão ato puro.
 O ato é chamado por A. enteléquia. A alma é enteléquia do corpo.
 O ato é condição, regra e fim da potencialidade. O ato é superior a
potência porque é modo de ser das substâncias eternas.
 Com a doutrina da potência e ato A. resolveu o problema do movimento e
o problema da unidade de matéria e de forma.
 A. utilizou esta doutrina para demonstrar a existência de Deus e para
compreender a sua natureza.
DEMOSTRAÇÃO DA EXISTÊNCIA DA SUBSTÂNCIA
SUPRA-SENSÍVEL
Existem três gêneros de substância hierarquicamente
ordenadas: duas são de natureza sensível (aquelas que
nascem e perecem; as S. substancia sensíveis porém
incorruptíveis – céu, planetas, pois são constituídas de éter).
Acima destas existem as S. imóveis , eternas e transcendentes
ao sensível: Deus e outras S. motoras.
Deus é privo de matéria.
Demonstração da existência do supra-sensível.
O supra-sensível de ser incorrutível e imóvel.
NATUREZA DO MOTOR IMÓVEL
Deus pensa o que há de mais
excelente.
O que há de mias excelente?
Deus pensa a si mesmo.
Deus é pensamento de
pensamento.
UNIDADE MULTIPLICIDADE DO DIVINO
A. acreditou que Deus não bastava sozinho para explicar o
movimento de todas as esferas das quais ele pensava serem
os céus constituídos.
Existem 55 esferas celestes, conforme também o calculo de
Calipo.
Deus, motor imóvel, move diretamente a primeira esfera e só
indiretamente as outras.
A. chamou Deus só o primeiro motor.
A. não percebeu a antítese unidade-multiplicidade do divino.
O Deus aristotélico não é criador das outras 55 inteligências.
A. não deixou explicado a relação entre Deus essas
substâncias.
As outras substâncias imóveis são hierarquicamente
inferiores ao Primeiro Motor Imóvel.
DEUS E O MUNDO
Deus pensa o mundo e os homens no mundo?
Deus não pode ter conhecimentos imperfeitos.
Os indivíduos nas suas carências , limitações e deficiências
não são conhecidos por Deus.
Os indivíduos empíricos são indignos do pensamento divino.
Deus é objeto de amor, mas não ama: só pode amar a si
mesmo.
Os indivíduos não são objeto do amor divino.
Deus não se volta para os homens e muito menos para o
homem individual.Deus não pode amar nenhum dos homens
individuais.
Para que e fosse adiante era necessário conquistar o teorema
da criação.
CARACTERIZAÇÃO DA FÍSICA
ARISTÓTELICA
A física é a “filosofia segunda”, é a segunda
ciência teorética: tem por objeto de pesquisa a
realidade sensível, caracterizada pelo
movimento.
A física não é uma ciência quantitativa da
natureza, mas qualitativa.
Mais do que uma ciência se trata de uma
ontologia do sensível.
A MUDANÇA E O MOVIMENTO
 Nem mesmo Platão soube estabelecer qual era a essência do movimento e o
seu estatuto ontológico.
 O movimento é um dato de fato originário que não pode ser posto em duvida
(critica aos Eleatas).
 O movimento em geral é a passagem do ser em potência ao ser em ato.
 O movimento se desenvolve no álveo do ser e é passagem de ser (em potência)
a ser ( em ato).
 Também o movimento refere-se á varias categorias. Da tabuas das categorias é
possível deduzir as várias formas de mudança.
 A mudança segundo a substância é a geração e a corrupção;
 Segundo a qualidade é a alteração;
 Segundo a quantidade é o aumento e a diminuição;
 Segundo o lugar é a translação.
 Mudança é termo genérico que corresponde a estas quatro formas; movimento
é termo que designa as últimas três, particularmente a última.
 Só os sinolos de matéria e forma podem mudar, porque a matéria implica
potencialidade.
O ESPAÇO E O VAZIO
 Os objetos estão num lugar.
 A experiência mostra que existe um lugar natural ao qual cada um dos
elementos tende, quando não encontra obstáculo: fogo e ar tendem
para cima, terra e água para baixo.
 O em cima e o abaixo não são algo relativos a nós, mas algo objetivo,
são determinações naturais.
 O lugar não deve ser confundido com o recipiente: o primeiro é imóvel.
O lugar é o recipiente imóvel, enquanto o recipiente é um lugar móvel.
 O lugar é o primeiro limite imóvel do continente. Por isso não é
pensável um lugar fora do universo, nem um lugar no qual esteja o
universo. Por isso todas as coisas estão no céu, pois o céu entende-se, é
o todo!
 O movimento do céu como totalidade só será possível no sentido da
circularidade sobre si mesmo, não havendo lugar para uma transição.
 Da definição do lugar segue a impossibilidade do vazio.
O TEMPO
O tempo é uma propriedade do movimento.
O tempo é continuo, pois acompanha o
movimento que é continuo.
A percepção do antes e depois supõe a alma.
É impossível pensar a existência do
tempo sem a alma.
O INFINITO
A. nega a existência do infinito (corpo infinito)
em ato, pois ele existe só em potencia ou como
potência (ex. numero, pois sempre é possível
acrescentar um numero).
Infinito em potência é também o espaço pois é
divisível ao infinito.
Infinito potencial também é o tempo pois
transcorre e cresce sem fim.
A PSICOLOGIA
A ALMA
A alma é enteléquia primeira de um
corpo físico que tem a vida em
potência.
Tripartição da alma:(ler o texto).
a. vegetativa
b. sensitiva
c. racional
A FELICIDADE E AS VIRTUDES
A felicidade é o fim ao qual conscientemente tendem todos
os homens.
Tipo de felicidade:
a. prazeres: vida de escravos;
b. Honra: é algo de exterior;
- O Bem Supremo por A. não pode ser objeto de felicidade para
os homens pois é além das suas possibilidades.
- O verdadeiro bem do homem consiste na atividade da razão
(ler texto 1).
- Os verdadeiros bens dos homens são os bens espirituais, que
consistem na virtude da sua alma: nisso o homem encontra a
felicidade (ler texto 2).
 A felicidade consiste numa atividade da alma segundo a virtude.
 Virtude humana é só aquela na qual entra na atividade da razão (ler texto 3).
 Virtude ética: dominar as tendências e impulsos desmedidos; derivam em nós do
habito .
 Nunca há uma virtude ética quando há excesso ou falta: a virtude implica a
proporção (ler 4). A virtude ética é sempre mediana entre dois vícios, ou por falta
ou por excesso (ler a tabela).
 Virtude dianoética: virtude racional.
 Duas funções da alma racional: a. conhece as coisas contingentes; sabedoria
b. conhece as coisas imutáveis: sapiência.
Sabedoria: saber dirigir corretamente a vida do homem. Ajuda a indicar os meios para
alcançar os fins.
Sapiência: diz respeito aquilo que está acima do homem. Coincide com as ciências
teoréticas.
A perfeita felicidade: assimilar-se a Deus significa contemplar o verdadeiro tal como
Deus o contempla (ler 5).
POLÍTICA
ESTADO
O bem do estado é mais importante
do bem do individuo.
O homem é incapaz de viver isolado.
A vida moral só pode ser garantida
pelas leis do Estado (ler 6).

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