Nos primeiros anos do século vinte, na então Vila de Pombal, os festejos em honra de Santo António, realizados junto à capelinha em honra do santo português, só eram ultrapassados, em brilho e em honra, pelas Festas do Bodo, quando estas se realizavam. Perdendo fulgor ao longo dos anos, chegou-se a meados do referido século sem festas e sem capela, completamente arruinada pelo tempo e pela indiferença. Em Março de 1969, um grupo de pombalenses, que além de terem espirito bairrista, tinham a particularidade de ter o primeiro nome igual ao do santo, decidiu criar o grupo onomástico «Os Antónios». O objectivo era logo nesse ano, relançar as festas de Santo António, com o mesmo brilho de outrora, e num futuro próximo a reconstrução da capela do santo casamenteiro em Pombal. As festas foram programadas para os dias 12, 13, 14 e 15 de Junho desse ano (4 dias, tal como as Festas do Bodo), e no seu audacioso programa constavam Verbenas no Estádio Municipal, morteiradas de foguetes, arruadas de Zé Pereira’s, Gigantones e Cabeçudos, o Grupo de Gaiteiros “Os Atómicos” de Soure, bailes todas as noites abrilhantados pelo conjunto “Os Populares das Meirinhas”, exibição do Rancho Típico de Pombal, exibição da menina Maria Isabel da Silva Domingues, uma conceituada acordeonista de apenas 9 anos de idade, Missa e sermão, seguida de procissão, em honra do Santo e no último dia, um encontro de futebol entre “Onze Antónios” e “O Grupo Desportivo do Barrocal”, ou como se dizia nessa altura, “Antónios” contra “Barrocalenses”. Um programa digno de umas Festas do Bodo (desse tempo, claro). Foi então na segunda reunião de “Os Antónios”, realizada no dia 12 de Abril de 1969, para começar a preparar e organizar os festejos, que foi lançada uma ideia, que a surtir efeito, seria a grande noite de Santo António: a realização das MARCHAS DOS BAIRROS. O repto foi então lançado a todos os bairros pombalenses, a saber: Agorreta, Praça, Santo António, S. Sebastião, S. Lourenço, S. João de Deus e Várzea. Quase todos os bairros aceitaram o desafio, e à ultima da hora, juntou-se também a Marcha dos Matos da Ranha, ficando assim a noite de 12 para 13 de Junho desse ano para a história do bairrismo pombalense. Desfilando a partir da Avenida Heróis do Ultramar, tiveram o auge no estádio Municipal, ao exibirem-se perante uma multidão entusiasmada. Como curiosidade acrescida, existiam diversas comissões na organização, algumas bem curiosas. Além da Comissão de Honra, presidida pelo Dr. António Jorge Ferreira, existia um Secretário-Orientador, lugar ocupado pelo saudoso António Gaspar Serrano, a Comissão da Burocracia, de que fazia parte um único elemento, o Sr António Lopes dos Santos e a Secção de Bufete, entre outras. As Comissões encarregues de angariar fundos, foram distribuídas em três zonas: Várzea, Centro e Fora da Ponte. Quem abriu a subscrição na Várzea foi o Dr. Manuel Carlos Júnior, com quinhentos escudos. Para recordar e pensar, fica aqui registado o desejo de “Os Antónios” em 1969, no fim da festa:
«A Festa Acabou! Mas ela perdurará na nossa memória. Ela ficará a marcar
PAULO ALEXANDRE BAPTISTA DA SILVA
COSTUMES E DIÁLOGOS - ASSOCIAÇÃO CULTURAL
o inicio de uma nova época de Festas a Santo António na Vila de Pombal.»