Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Anápolis, julho
2007
2
Anápolis, julho
2007
3
Dedico esta monografia a Pedro de
Carvalho Rego, um bom avô que nunca
deixou de acreditar em seu neto. Obrigado
meu velho. E a Domingos Alves de Oliveira
que apesar de não ter conhecido como meu
avô sempre olhou por meus estudos.
4
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8
OBJETIVOS ........................................................................................................... 10
CONCLUSÃO ........................................................................................................ 35
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 37
ANEXOS ................................................................................................................ 39
5
RESUMO
6
ABSTRACT
The sexuality and its importance as process of human development during much time the
reproductive purpose was reduced only. The sexuality was boarded in the schools only with
purely biological approach without giving to possibilities the biggest questionings. The
occurred mannering changes partner in century XX had changed this thought and the subject
started to be white of debates,perhaps the man in special suffers tensions during the phase
from construction from its sexual and social identity where he sees yourself ahead of a species
of ritual that will have to pass to affirm itself as man. Exactly with the implementation of the
subject Sexual Education in PCN' s, the sexuality and the study of the sexual preferences they
are marked by advances, jibs and stagnations. In reason of the increasing increase of the
quarrel about the sexuality, in special of the subject homossexualism, between youth, of a
bigger freedom of sexual preference and the way as this fact is modifying the form as the
young modern is ripping, the object of this study was, by means of a questionnaire contend
open and closed questions, analyze the sexual behavior of the adolescent in this scene and its
opinion concerning the subject homossexualism.
7
Introdução
A revolução sexual advinda do século passado trouxe também drásticas mudanças nos
processos de transição que o ser humano atravessa na adolescência. Gusman (2002) compara
a transição da vida infantil para a fase adulta como uma metamorfose em que o corpo, sob a
ação de hormônios, deixa a dependência dos cuidados familiares e se vê mergulhado num
mundo repleto de relações de interdependências, exigências comportamentais e controles de
posturas. Em meio a essas mudanças crescem dúvidas de como ser ou agir e uma ansiedade
por afetos, interações e prazer.
8
um medo de ser posto em xeque por se afastar de padrões tradicionais (GOMES, 2003).
Alves (2003) observou por meio de relatos colhidos em um município da zona da mata
pernambucana, que o ritual de passagem sexual é geralmente um misto de prazer e
constrangimento, prevalecendo o nervosismo, pois os meninos até então tinham pouca ou
nenhuma experiência acerca do assunto e eram levados por amigos/parentes que, por sua vez,
aguardavam um resultado satisfatório geralmente emitido pela prostituta contratada para o
ato.
A intensidade com que a homossexualidade tem sido abordada nos últimos anos tem
levado muitos homossexuais a exporem sua preferência sexual à sociedade em busca de uma
maior aceitação (MIRANDA, 2001) e apesar da epidemia da AIDS ter acelerado os estudos
sobre a homossexualidade brasileira que na época estava ligada estreitamente à doença, em
meados da década de 1990 essa relação homossexualidade-doença começou a ser
9
desmistificada graças aos crescentes debates a respeito das preferências sexuais e disputa
acerca da adequação da palavra que identificasse os amantes do mesmo sexo. Também se
levantaram questões sobre os novos vocábulos tais como homoerotismo, homoafetividade,
homocultura e outros (GÓIS, 2003).
Objetivo Geral
A principal proposta deste projeto é analisar a forma como os jovens lidam com a
questão da sexualidade e sua opinião sobre homossexualismo, sob a ótica da formação destes
mesmos adolescentes como membros adultos ativos da sociedade constituída.
Objetivos Específicos
· Analisar como a formação da sexualidade dos jovens está ocorrendo, influenciada pelo
meio que os cerca;
· Verificar as opiniões dos adolescentes sobre homossexualidade, da forma como a
mesma é abordada em nossa sociedade.
10
Material e métodos
Anápolis é uma cidade conhecida no Estado de Goiás como pólo universitário, devido
à presença do campus da UEG e de diversas instituições privadas de ensino superior como a
UNIEVANGÉLICA e a FLA (Faculdade Latino Americana). Essa vocação para a educação
leva à presença de uma população mais jovem que vem em busca de capacitação profissional.
O estudo foi feito com o uso de um questionário construído pelo próprio pesquisador,
constituído por uma mescla de questões abertas e fechadas, concedendo certa liberdade de
expressão a quem se dispusesse a responder, bem como precavendo também possíveis
questionamentos com relação à tendência a alguns temas. Pelo conteúdo abordar assuntos
11
deveras delicados sempre houve uma preocupação com a imparcialidade, principalmente na
redação das perguntas. O eixo norteador das mesmas foi a homossexualidade, podendo este
ser considerado o tema principal, porém estiveram presentes outras questões sobre
sexualidade, como o início da vida sexual e a liberdade de discussão do tema em família,
considerados temas relevantes. Principalmente foi questionada qual a importância destes na
vida do entrevistado. Foram colhidas opiniões de 40 pessoas, deixando claro que a análise das
respostas em sua maioria não levou em consideração o sexo ou mesmo a orientação sexual do
entrevistado.
A proposta inicial era avaliar estudantes da rede estadual de ensino, proposta essa que
logo foi inviabilizada pela recusa por parte da direção das escolas selecionadas inicialmente
para o estudo, com a alegação de que os alunos não possuíam maturidade sobre o tema
homossexualidade. Optou-se então pela mudança do público alvo da pesquisa, de alunos do
ensino médio para adolescentes em locais públicos.
12
Resultados e Discussão
13
machistas, segundo as quais o jovem em grande parte por pressões externas ao meio familiar
– amigos e colegas - se vê pressionado a dar prova de sua masculinidade, demonstrando que
não precisa da opinião de seus pais para resolver esse tipo de assunto. Essa mesma pressão em
alguns casos é exercida pelos próprios pais, principalmente quando da iniciação sexual do
adolescente (ALVES, 2003).
12
11
12 10
10
7
8
Sim
6
Não
4
2
0
Masculino Feminino
Gráfico 1: Total de entrevistados, discriminado por sexo, representando a liberdade dos jovens
para discutir sexo no ambiente familiar.
14
apresentaram equilíbrio entre afirmação e negação (gráfico 2), levando em consideração a
média de idade com a qual afirmam ter iniciado sua vida sexual - valor situado entre 16 anos
para homens e entre 17 anos para as mulheres - com o que foi evidenciado em estudo
realizado pelo Ministério da Saúde, onde “a idade média do início da vida sexual em 1984 foi
15,3 anos entre os homens de 16 a 19 anos de idade e 16 anos entre as mulheres da faixa
etária. Em 1998, essa idade média observada caiu para 14,5 e 15,2 anos respectivamente”
(BORGES & SCHOR, 2002, p. 499).
Você é virgem?
14
14
11
12 10
10
8 Sim
5 Não
6
4
2
0
Masculino Feminino
Gráfico 2: Quantidade de entrevistados que afirmaram já ter iniciado ou não sua vida sexual.
15
pode vir a ocorrer num futuro próximo também no Brasil.
14
14
12 11
10
10
8 Sim
6 5 Não
2
0
Masculino Feminino
Gráfico 3: Quantitativo de pessoas por sexo que mantém relação estável com um único parceiro(a).
16
16
13
14
12
10
Sim
8 6
5 Não
6
4
2
0
Masculino Feminino
16
Gráfico 4: Quantitativo de pessoas que tem vida sexual ativa, pelo menos 1 relação l por semana.
A décima questão dispõe sobre o uso de métodos contraceptivos que além de prevenir
gravidez indesejada também podem evitar, no caso do preservativo, diversas doenças
sexualmente transmissíveis (DIAS et al., 2000). Os gráficos 5.1 e 5.2 dispõem
respectivamente sobre o montante de entrevistados, discriminados pelo sexo, que fazem ou
não uso de métodos contraceptivos em suas relações sexuais. A maioria das mulheres afirmou
não usar métodos contraceptivos, e não ter uma vida sexual ativa, no caso dos homens, boa
parte afirmou usar métodos contraceptivos em suas relações sexuais e a camisinha foi a mais
citada tanto entre homens como entre as mulheres. Alguns questionários respondidos por
garotas também incluíam respostas como anticoncepcionais orais, entre outros, sendo este
método mais adequado a relacionamentos com parceiro estável.
43%
Masculino
Feminino
57%
17
Gráfico 5.1: Pessoas que afirmaram fazer uso de métodos contraceptivos
35%
Masculino
Feminino
65%
Gráfico 5.2: Pessoas que negaram o uso de métodos contraceptivos, inclusos adolescentes que ainda não
iniciaram sua vida sexual.
18
Parte das perguntas deste projeto foi composta por questionamentos subjetivos,
concedendo sempre total liberdade ao entrevistado em opinar sobre o tema perguntado. Foram
selecionadas algumas respostas que sintetizam e expressam a opinião do todo, ou mesmo que
destoam totalmente do mesmo, com finalidade de enriquecer esta análise, preocupando-se
sempre em manter uma imparcialidade.
“Fundamental para o desenvolvimento emocional e social dos jovens, se houvesse esse tipo
de abordagem nas escolas com toda certeza o nível de conscientização dos jovens sobre
assuntos relacionados a sexo aumentaria”.
“Necessária, não como forma de modelar, ou coagir as crianças, mas sim debater e informar”.
Como se pode perceber ambas as respostas apresentam uma preocupação com relação
à conscientização. Pode-se concluir que “a implantação de orientação sexual nas escolas
contribui para o bem-estar das crianças e dos jovens na vivência de sua sexualidade atual e
futura” (ABREU et al, 1994, p.79), ou seja, quanto maior o preparo da criança quando da sua
formação básica maior é a possibilidade de prevenção e também de avaliação para evitar
gravidez indesejável e doenças sexualmente transmissíveis, principal preocupação dos
educadores, pois tais eventos são os maiores responsáveis pela perda prematura da infância e
com reflexos negativos diretos na vida adulta.
Um dos grandes geradores de discussão é a forma como a educação sexual deve ser
inserida nas escolas. Deve-se lembrar que o papel da escola na formação sexual não é de
substituir a função da família e sim complementá-la, fornecendo informações adicionais e
19
algumas vezes até conscientizando indiretamente toda a família, uma vez que o tema ainda é
parcialmente discriminado em alguns círculos familiares e o jovem que teve acesso a novas
informações compartilha-as com o pai e a mãe, influenciando-os. O trabalho da escola é
subdividido em problematizar, levantar questionamentos e ampliar o leque de conhecimentos
e de opções para que o aluno escolha seu caminho . Não deve existir de maneira alguma, uma
doutrinação com relação ao tema, é papel da escola demonstrar os diversos pontos de vista,
valores e crenças oriundos da sociedade para auxiliar o estudante a se encontrar e estabelecer
suas próprias convicções.
O maior desejo do jovem hoje é poder decidir sobre a sua sexualidade, os pais e a
escola influenciam de certa forma, mas quem dá o parecer sob que direcionamento seguir
acaba sendo o próprio jovem. Nesse contexto a mídia fornece muito conteúdo útil, mas uma
boa quantidade de conteúdo nocivo, que pode ou não gerar uma conscientização defeituosa e
desvirtuada, não que a mídia seja de todo pouco adequada à educação, afinal esta é a era da
informação, mas realizar a triagem dessa informação, ensinando esse jovem a realizar tal
seleção, formando sua própria opinião, essa sim é a grande vitória da família e da formação
acadêmica como um todo.
Ao lidar com questões que envolvem a sexualidade de jovens, observa-se que parece
haver um silêncio velado que oculta as normas estabelecidas e politicamente corretas para a
sexualidade no cotidiano. Assim, a prática sexual acaba se tornando algo para ser feito dentro
de um contexto clandestino, sempre ocupando o lugar do proibido, é algo confidencial, pois
está cheia de intrigantes questões ainda desconhecidas, mas muitas vezes já vivenciadas
(MOTA, 1998 apud, PAIVA 1994). Sexo antes do casamento, homossexualismo, incesto,
prostituição, estupro, orgasmo, gravidez, aborto, virgindade, doenças sexualmente
transmissíveis fazem parte do script da experiência sexual e do silêncio de muitos jovens que
pela pressão social se sentem obrigados muitas vezes a ocultar possíveis questionamentos
com relação a tais assuntos de relevância comprovada.
20
respostas a respeito do sexo antes do casamento:
“O sexo é algo que deve ocorrer naturalmente, com segurança emocional, deve ser a
conseqüência de um vínculo emocional de respeito mútuo”.
21
conscientização sobre a importância do parceiro, e a autovalorização se constituem numa das
principais barreiras para promover efeitos mais positivos de campanhas de conscientização
sobre a importância do ato sexual e as conseqüências da prática de maneira indiscriminada do
mesmo sem os devidos cuidados. A mente do adolescente ainda está em formação, são as
experiências nessa fase da vida que moldarão o caráter do indivíduo, e quanto maior for o
descaso com relação ao sexo maior será a provável frustração que o jovem terá na vida adulta.
“Cada um faz da sua vida o que quiser, a opinião sexual é decisão individual de cada um”.
22
qual cada um deve escolher qual posicionamento o deixa mais à vontade, mas infelizmente a
realidade do Brasil é outra. Por exemplo, em Rios et al (2002, apud LOURO, 1999, p. 50),
afirma-se que no Brasil,
23
com relação a expressões diferentes da sexualidade, principalmente se analisarmos as
características culturais vigentes na sociedade em geral, que desde tempos antigos discrimina
relações diferentes do padronizado.
Hoje apesar de haver uma crescente aceitação por parte da mídia ao homossexualismo,
ainda existe forte resistência a esse movimento, principalmente em regiões interioranas,
baseando-se nos dados colhidos na cidade de Anápolis que se encontra no interior do estado
de Goiás. Seria interessante realizar esse questionário em outras cidades ou até mesmo na
capital do estado com intuito de averiguar se o conteúdo das respostas apresentaria diferenças
discrepantes.
“Muito errada”
“Ridícula”
“Fora da Realidade”
A questão da união entre pessoas começou a ser discutida ultimamente quando foi
aprovada no Reino Unido, a união entre pessoas do mesmo sexo. Tal tipo de relacionamento
sempre existiu, porém quando havia uma separação das partes envolvidas, na maioria das
24
vezes ocasionava em batalhas judiciais com disputa de bens adquiridos no decorrer da
relação. Normalmente em uma relação heterossexual a discussão tem embasamento jurídico e
pode facilmente ser esclarecida, mas no caso dos homossexuais, na maioria dos países não há
legislação vigente. Em 2001, os Países Baixos foram o primeiro país da era moderna a
permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Atualmente, esse tipo de casamento
também é legal na Bélgica, no Canadá, na África do Sul, na Espanha e no estado de
Massachussets, um dos 50 Estados Unidos da América. A Corte Suprema de Israel decidiu
que os casamentos gays realizados em outros países deveriam ser reconhecidos no país,
apesar de ser ilegal realizá-los em Israel (WIKIPÉDIA, 2007). A intenção neste tópico do
trabalho é identificar a opinião dos entrevistados sobre a união legal entre homossexuais.
Algumas respostas foram muito ofensivas, como exposto, demonstrando a necessidade de
campanhas de conscientização a respeito do tema, porém analisando a totalidade, as respostas
apresentadas foram bastante diversificadas sobre o assunto, chegando até a poder ser
caracterizada aqui uma semelhança quantitativa em opiniões favoráveis e contrárias,
comumente o assunto gera polêmica.
Há pouco tempo um filme expôs como a discriminação pode levar uma relação que
poderia ser sadia, ao anonimato, “O segredo de Brockeback Mountain” expõe de maneira
explícita a história do relacionamento de dois vaqueiros - típicos arquétipos americanos - que
para evitar o preconceito, vivem uma vida dupla entre encontros secretos entre si e uma vida
familiar comum com casamento e filhos. Novamente o mundo oculto da sexualidade aparece,
mostrando ocultamentos, fingimentos e representações de práticas sexuais entre os tipos
masculinos, em relações ocasionais, dentro ou fora de um casamento. As personagens tomam
a atitude da relação clandestina pela certeza de que sofreriam uma discriminação por parte de
seus sentimentos, tradicionalmente de pouca aceitação.
25
seria numa comparação reconhecer que uma relação entre homossexuais pode ter o mesmo
status de um casamento, sagrada instituição, o que para muitos aceitarem infelizmente ainda é
impossível, apesar de estar esclarecido “que tanto o Conselho Federal de Medicina quanto a
Organização Mundial da Saúde não consideram a homossexualidade uma patologia há mais
de vinte anos” (LOREA, 2006 p. 492).
14
14 12
12
Sim
10
7 Não
8 6
6
0
Masculino Feminino
Gráfico 6: Amostra quantitativa das pessoas que afirmaram confiar na durabilidade de uma relação
homossexual.
A questão 14 ainda pode ser analisada dentro do contexto das duas questões anteriores,
ela versa sobre a opinião do entrevistado, que em nível de comparação, respondeu se achava
que estabelecer uma relação homossexual é mais difícil que uma heterossexual, e por quê
achava isso, apesar da questão parecer redundante se comparada às questões anteriores, ela
permite que principalmente os entrevistados que não concordem com relações homossexuais,
pontuem a causa da sua contestação a esse tipo de relacionamento, observe algumas respostas
abaixo:
26
“Não, porque eles são mais bem decididos e sabem bem o que quer”.
Uma característica interessante a ser considerada aqui, é que a grande maioria das
respostas afirmativas justificava a dificuldade imposta às relações sexuais como sendo o
preconceito e a pressão exercida pela sociedade. Não obstante, como já foi discutido neste
trabalho, o preconceito social com relação ao homossexual ainda é muito alto, e apesar das
diversas iniciativas de amenizar tal fato, ainda existem muitas pessoas com posicionamentos
discriminatórios pesados. Gomes (2003), em seu trabalho atenta ao fato de que existe um
medo da presença do aspecto feminino numa personalidade masculina, do receio de se tornar
mulher.
A 15ª questão fala sobre a presença de homossexuais nas escolas e como o aluno que
estava sendo entrevistado lidava com essa situação. Tal questão advém do fato de que
inicialmente a aplicação dos questionários seria feita no âmbito escolar, porém como houve
recusa por parte da maioria das direções, o que restringiria bastante o espaço amostral, o foco
foi mudado para as ruas, porém, como a faixa etária ainda era considerada baixa – 15 aos 25
anos – a pergunta foi mantida e algumas das respostas encontradas até surpreendem, veja
abaixo:
27
“Sim, me identifico com eles e nos damos super bem”.
28
frente ao assunto. Um dos entrevistados afirma ignorar completamente a presença de tais
indivíduos, e revela pouco se importar se há ou não presença dos mesmos, e o outro apesar de
ignorar diz ter respeito pela pessoa. Aqui em especial cabe uma reflexão, pois apesar da
homossexualidade não tornar a pessoa invisível, muitas das vezes é como se fizesse, pois a
maioria prefere ignorar o assunto a assumir um preconceito, ao invés de se informar mais e
tentar compreender o lado alheio. A maioria das respostas masculinas foi extremamente
evasiva, apenas confirmavam a convivência com os homossexuais, mas a maioria se recusava
a ter uma resposta coerente com mais de três palavras, o que demonstra que o preconceito
masculino ainda é bem maior na esfera social do que o feminino, citando Gomes (2003, p.
827) que em seu trabalho discute sobre o pensamento machista e a forma como o mesmo está
arraigado em nossa cultura,
A 16ª questão exige um posicionamento do entrevistado para que haja uma resposta
coerente, ele é questionado sobre qual seria sua reação se seu ou sua melhor amigo (a) se
declarasse gay, observe a exposição de algumas respostas selecionadas e a posterior discussão
das mesmas logo abaixo:
“Me afastaria”
“Terminaria a amizade”
29
um amigo(a) que ele julgava até então, normal para os padrões, se declara gay ou lésbica,
enfim com direcionamento sexual diferente do seu faz com que ocorra um rompimento na
amizade. Esse ponto é importante porque um dos principais fatores analisados em trabalhos
que falam sobre a saúde masculina é a forma como é encarada a descoberta da sexualidade,
especialmente se a pessoa descobre ter uma opção sexual fora do aceito pela sociedade; nesse
momento é fundamental a presença de um amigo que o compreenda, com quem possa se abrir
e principalmente que o ajude a se aceitar, como pessoa, não se diminuindo e nem se
subestimando, apenas porquê tem uma opção sexual diferente da maioria. Lorea (2006 p.491)
em seu artigo argumenta que “a diversidade sexual encontra amparo legal no artigo 3º, da
Constituição Federal – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação”, mas um texto legal não suprime
automaticamente preconceitos enraizados historicamente em uma cultura.
“Sim. Pois acho que eles podem reagir mal, mas quando eles pensarem melhor, vão apoiar o
filho”.
30
“Sim. Sei que me compreenderiam, apesar de não falarmos abertamente, eu os conheço”.
“Não. Porque deve ser a maior decepção do mundo para um pai ouvir isso”.
O medo no caso da revelação aos pais sobre sua homossexualidade está sempre
presente na vida dos adolescentes e muitas vezes levando-os a uma vida dupla. Eles vão
passar a vida adulta ocultando sua real natureza, alguns chegando até a casar e constituir
família apenas para manter uma imagem que os poupem do peso de ter que encarar um
mundo que não os aceita como eles são, levando-os a uma clandestinidade, correndo riscos
em relações homossexuais, que podem levar a infecções por DST’s e até Aids, uma vez que
os últimos dados epidemiológicos apontam a uma estabilização em valores elevados da
infecção de HIV entre homossexuais e bissexuais (RIOS et al, 2002).
Para dar uma seqüência à polêmica apresentada na 17ª questão, a 19ª em comparação
também representa de certa forma o medo, mas de um ponto de vista diferente, gerado pela
tradição do preconceito implícito, os entrevistados foram perguntados se havia ou não
homossexuais em sua família, observe
Existem o gráfico na
hom ossexuais 7 abaixo.
sua família?
25%
Sim
Não
75%
31
Gráfico 7: Quantitativo total de pessoas que afirmaram ou negaram ter homossexuais na família
Os dados do gráfico 7 deixam claros que a maioria dos pesquisados não tem
homossexuais em sua família, um dado expressivo que pode até ser considerado, se a
problemática da situação não fosse tão implícita, em parte muitos dos casos de homossexuais
são ocultos e a maioria nem chega a ser revelado, já foi citado anteriormente exemplos de
personalidades que nunca chegaram a revelar sua homossexualidade a ninguém, vivendo à
margem da sociedade, ansiando por uma aceitação que provavelmente nunca virá, de fato, a
família desempenha um papel extremamente importante no processo de aceitação do
indivíduo frente a sua homossexualidade (PICK; PALOS, 1995).
“Isso é algo relativo, pois em determinados aspectos ela já mostra tal fato com certa
naturalidade”.
32
influência na forma como a sociedade analisa determinados assuntos. No trabalho de Andi
(1999, apud RIOS et al, 2002) há uma referência aos jovens e sua relação com a mídia,
analisando a presença do tema sexualidade nas “colunas de consultas” em revistas voltadas ao
público de 13-18 anos, que em sua maioria são formadas por textos leves, baseados em
temáticas de dicas práticas. Infelizmente tais textos padecem de uma baixa qualidade da
informação ali fornecida e falta uma abordagem que incentive uma conscientização ou até um
aprofundamento nas questões ali apresentadas.
Nos casos relacionados a mídia até expõe a sexualidade, no nosso caso em especial a
homossexualidade, porém sem se preocupar em fazer uma distinção ou triagem do que é
apresentado. Uma das respostas até faz um alerta com relação à temática humorística,
historicamente presente em nossa cultura, porém, de maneira geral, depende bastante do
programa, ou da revista ou o que quer que seja usado para difundir a informação, reforçando a
intenção de seus idealizadores. Analisando a mídia que explora o público mais jovem, observe
os dados relevantes da 20ª questão que também faz uma relação desta como formadora de
opinião relacionada ao homossexualismo.
10%
31% 10% TV
Revistas/Jornais
Família/Amigos
Outros
32% Todos Acima
17%
Gráfico 8: Origem de fatores externos na formação da opinião sobre homossexualidade dos adolescentes.
33
ou seja, todas as anteriores. Na grande maioria dos questionários analisados, aqueles que a
responderam marcaram mais de uma alternativa, e dessa forma, os dados foram agrupados e
depois subdivididos para verificação da relevância de cada resposta assinalada.
34
Conclusão
A pesquisa em pauta permite concluir que a família influi diretamente no papel sexual
de seus filhos. Infelizmente a sociedade mantém uma padronização estereotipada sobre os
papéis que moças e rapazes devem desempenhar, por exemplo, ainda hoje presenciamos o
papel de subordinação que a sociedade estabelece para o sexo feminino, também denominado
em alguns meios pela alcunha de sexo frágil.
Esses padrões hoje começam a serem questionados pelas novas gerações, porém pais e
educadores muitas vezes não percebem que indiretamente continuam a propagar os já
ultrapassados padrões de comportamento social fixos para meninos e meninas. Desde o
nascimento as crianças estão recebendo mensagens sobre seu papel sexual na sociedade,
quando o indivíduo começa a integração da sua sexualidade, esta passa a dominar suas
condutas morais e aspirações.
35
encerra esse processo, ele se inclui no mundo com um novo corpo já maduro e uma imagem
concreta formada de si mesmo, muda sua identidade, e é esta a grande marca da adolescência,
a busca pela identidade que ocupa a quase totalidade de sua função.
Apesar da simplicidade do sexo, nossa sociedade, com seus tabus, não transmite essa
visão. O sexo aparece como algo vergonhoso, impuro, feio, proibido, e vários outros
sinônimos. Infelizmente essa perspectiva contribui para que haja uma disseminação de uma
forma de pensar retrógrada, pouco adequada aos tempos de total liberdade de expressão que
existe graças à globalização da cultura.
Este trabalho não tem o intuito de criticar, tampouco desmerecer tudo o que já foi
feito até então com relação à questão da homossexualidade, mas propor uma discussão sobre a
forma como nossos jovens estão tendo sua sexualidade formada, se isso está sendo feito de
maneira adequada, até que ponto o jovem está tendo liberdade para amadurecer e se tornar um
adulto sexualmente saudável e realizado. Preconceitos existem e sempre existirão, porém mais
do que nunca é necessário paciência e consciência para lidar com essa problemática, espero
que esta pesquisa tenha contribuído de alguma forma para solucionar o problema.
36
REFERÊNCIAS
37
DIAS, A. C. G.; GOMES, W. B. Conversas, em família, sobre sexualidade e gravidez na
adolescência: percepção das jovens gestantes. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 13, n.
1, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79722000000100013&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 12 Out 2006.
GUSMAN, A. B. Educação sexual – difícil missão. Revista Profissão Docente online, vol 2,
nº 06, 2002.
MIRANDA, S.A. Amor entre mulheres e um estudo sócio antropológico das relações
afetivas entre pessoas do sexo feminino. Monografia submetida à coordenação do curso de
Ciências Sociais da Universidade de Fortaleza, 2001.
PICK, S.; PALOS, P. A. Impact of the Family on the Sex Lives of Adolescents. Adolescent,
1995, n. 30 (119), 667-675.
RIOS, L. F; PIMENTA, C.; BRITO, I.; TERTO Jr, V.; PARKER, R. Rumo a adultez:
oportunidades e barreiras para a saúde sexual dos jovens brasileiros. Cad. Cedes,
Campinas, v. 22, nº 57: 45-61, 2002.
38
ajudar a pensar sobre o papel da psicologia e suas bases teóricas sobre adolescência.
Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 16, n. 1, 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S010271822004000100013&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 10
Out 2006.
Anexo I
Questionário
2- O que você acha da abordagem do tema educação sexual como disciplina nas escolas?
Justifique.
3- Você é virgem?
( ) sim ( ) não
39
4- Se respondeu sim anteriormente com que idade você iniciou sua vida sexual?
___________
5- Tem namorado(a)?
( ) sim ( ) não
11- Já teve ou tem relação com alguém do mesmo sexo? Qual? Por quê?
13- Você acha que uma relação homossexual tem chance de perdurar?
( ) sim ( ) não
14- Você acha que estabelecer uma relação homossexual é mais difícil do que uma
heterossexual? Por quê?
15- Na sua escola tem alunos homossexuais? Como você lida com essa situação?
16- Se teu (tua) melhor amigo(a) se declarasse gay, o que você faria?
17- Se você fosse homossexual, teria coragem de contar aos seus pais? Por quê?
40
18- Numa visão crítica, você poderia afirmar que a mídia de um modo geral age de
maneira discriminatória quanto ao homossexualismo? Justifique?
41