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Sumário

Prefácio: Uma História Transformadora Inédita......................................................4

Introdução................................................................................................................... 10

A Contação de Histórias Como Instrumento de Transformação........................ 16

O Príncipe Silencioso................................................................................................. 17

Preparando-se Para Contar Histórias e Transformar Vidas................................. 25

Aumente Seu Repertório Constantemente............................................................. 26

Adapte as Histórias..................................................................................................... 27

Relaxe e Aproveite...................................................................................................... 28

Conte Histórias com Amor....................................................................................... 29

O Caminhão de Madeira........................................................................................... 30

O Dom de Ana............................................................................................................ 33

Lenda Oriental............................................................................................................ 36

A Cenoura, o Ovo e o Café....................................................................................... 38

As Questões do Rei..................................................................................................... 41

A Menina e a Caixa.................................................................................................... 44

Os Três Leões.............................................................................................................. 46

O Milagre da Canção de Um Irmão......................................................................... 49

O Piano........................................................................................................................ 52

O Sapateiro e o Rei..................................................................................................... 54

Sobre a Autora............................................................................................................ 57

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Prefácio: Uma História Transformadora Inédita
O Sonho de Maricota
Lívia Alencar

E ra uma vez uma galinha que vivia em um galinheiro dentro de uma


grande fazenda e que se chamava Maricota. Como todas as outras ga-
linhas, Maricota passava seus dias ciscando, batendo papo com as amigas, botan-
do ovos… ela levava uma vida normal de galinha.

Certa tarde, Maricota estava ciscando perto da porteira do galinheiro


quando olhou para fora e notou que, lá do outro lado da fazenda, havia uma
grande montanha. De repente ela se viu tomada por uma curiosidade: o que
haveria lá no alto da montanha.

Os dias foram passando e Maricota não tirava aquela pergunta da cabeça.


E dentro dela nasceu uma vontade grande de ir até a montanha, subir até o topo
e saber como era estar no alto da montanha, o que ela encontraria por lá…

Maricota foi conversar com suas amigas, mas todas elas acharam aquilo
um absurdo:

—Que ideia maluca, Maricota… para que você quer ir subir a montanha
se nós temos tudo o que precisamos aqui? O nosso dono nos dá comida todos os
dias, temos o nosso poleiro para dormir… aqui nós estamos seguras e cuidadas,
e lá na montanha teríamos que nos virar para sobrevivermos.

—Isso mesmo, Maricota! Aliás, nunca nenhuma galinha foi até a monta-
nha. É tão longe que você nem sabe se vai conseguir chegar lá. Você pode morrer
pelo caminho e ninguém nunca vai ficar sabendo.

—Maricota, realmente é impossível para nós, galinhas, subirmos aquela


montanha.

E assim as amigas de Maricota fizeram de tudo para tirar aquela ideia da

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cabecinha dela. De início Maricota ficou muito desanimada e tentou esquecer
tudo, pois parecia que suas amigas tinham razão… aquela ideia era mesmo mui-
to maluca, mas cada vez que ela olhava para a montanha, tão alta e imponente,
aquela vontade de chegar lá no topo voltava. E Maricota começou a se questio-
nar: “Como é que as minhas amigas sabem que é impossível se nunca nenhuma
delas tentou?”

E a vontade foi se transformando em algo grande, em uma coisa que ela


já não podia ignorar: um sonho! E ela sentia que tinha que lutar para alcançar
aquele sonho, mesmo que não tivesse o apoio de ninguém.

Então, Maricota foi se preparando para o momento certo de sair em busca


do seu sonho. Até que, certa tarde, quando o fazendeiro abriu a porteira do gali-
nheiro para levar comida às galinhas, Maricota passou por ele, saiu pela porteira
e correu em disparada fazenda afora. O fazendeiro até tentou correr atrás dela,
mas não conseguiu alcançá-la.

Lá dentro do galinheiro se formou o maior alvoroço. A galinhada gritava:

—Maricota, sua louca, o que você está fazendo?

—Volta, Maricota, não seja doida!

—Você vai morrer, amiga… volte enquanto há tempo!

Mas Maricota estava concentrada em ir em busca do seu sonho e não deu


ouvidos às galinhas. Ela só correu o mais rápido que pôde até conseguir sair da
fazenda e se ver livre. Finalmente, livre! Sim, ela estava livre para chegar aonde
queria e realizar seu sonho.

O caminho até a montanha não foi nada fácil. Maricota passou horas e ho-
ras andando e começou a sentir muita fome. Ela se lembrou da comida quentinha
no galinheiro. Era mesmo muito conveniente e fácil ganhar comida todos os dias,
mas devia haver alguma maneira de conseguir comida sozinha.

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Enquanto pensava, Maricota naturalmente começou a arrastar suas pati-
nhas pelo chão. Para a sua surpresa, foram surgindo minhocas muito apetitosas.
Ela começou a comê-las e ficou satisfeita. Agora ela sabia como conseguir comi-
da!
Maricota continuou andando até a montanha, mas o caminho era tão lon-
go e difícil que várias vezes ela pensou em desistir. “Talvez minhas amigas este-
jam certas. Talvez eu nunca consiga chegar à montanha. Eu posso até morrer pelo
caminho... talvez seja melhor voltar para a fazenda antes que seja tarde demais.”

Mas ao mesmo tempo, quando Maricota tinha esses pensamentos, parecia


que havia algo mais forte dentro dela que a fazia seguir em frente. E ela seguia.

E foi assim, nessa luta consigo mesma, que Maricota continuou em frente
por alguns dias, até chegar à montanha. E ao chegar ao pé da montanha ela per-
cebeu que o maior desafio estava só para começar: ela precisava chegar ao topo,
e essa seria a parte mais difícil, mas agora não tinha mais volta. E se ela já tinha
andado tanto e chegado até ali, com certeza ela conseguiria chegar ao topo.

A subida foi mais difícil ainda do que Maricota imaginava, havia muitas
pedras pelo caminho, o esforço era muito grande, ela se sentia extremamente
cansada e tinha que parar várias vezes para respirar e descansar, mas em cada
parada Maricota olhava para baixo e via o quanto já tinha subido, o quanto já
havia progredido, e percebia que a vista estava ficando cada vez mais bonita. Ao
olhar para cima, ela se lembrava que o seu foco era chegar ao topo, e pensava que
a vista de lá provavelmente seria muito melhor.

Foram mais alguns dias de caminhada, de muito esforço, de muita deter-


minação. Desistir já não era mais uma opção, a única opção era atingir seu obje-
tivo, alcançar seu sonho. Até que aquele momento chegou e Maricota deu seus
últimos passos em direção ao topo toda ansiosa, ofegante, empolgada.

E foi um momento lindo, uma cena emocionante de filme, daquelas em


câmera lenta com uma música poderosa de fundo: a galinha Maricota alcançan-
do o topo da montanha com os olhos arregalados, a respiração rápida, o seu co-

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raçãozinho de galinha batendo forte, parando e contemplando a beleza daquela
vista sem igual.

Maricota respirou fundo e sentiu uma emoção forte… seus olhinhos se en-
cheram e água e várias lágrimas escorreram… afinal, ela tinha conseguido algo
que as outras galinhas tinham certeza que era impossível, ela tinha mesmo alcan-
çado seu sonho, era um sentimento inexplicável.

A história poderia acabar aqui. Maricota conseguiu realizar seu sonho e


ponto, mas as histórias dos grandes sonhadores não acabam assim, o que adianta
alcançar um sonho sem poder ajudar outros a fazerem o mesmo?

Maricota pensou que outras galinhas também deveriam ter a oportunida-


de de sentir o mesmo que ela estava sentindo, de contemplar as belezas que ela
estava contemplando, de enxergar um mundo além do galinheiro e da fazenda.
Agora que já sabia como, ela poderia ajudar mais galinhas a percorrer e aquele
caminho e chegar onde ela chegou.

Assim, Maricota se preparou para voltar para a fazenda e causou grande


surpresa ao entrar no galinheiro.

—Maricota, é você mesma?

—Você está viva? Já tínhamos perdido as esperanças…

Maricota contou para todas as galinhas como havia sido a sua jornada e
tudo o que ela havia aprendido e visto. Ela mostrou que realmente era possível
e que valia a pena subir a montanha e poder contemplar as belezas lá de cima.

O galinheiro ficou dividido: uma parte das galinhas sentiu o desejo de


ir para a montanha também e ver com seus próprios olhos tudo o que Marico-
ta tinha visto, outra parte achava que aquilo era totalmente desnecessário, uma
grande bobagem.
Maricota ficou feliz por poder despertar em algumas galinhas aquela vol-

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tante de alcançar um sonho. Juntas elas planejaram o dia e a hora de partir. Então
partiram.

Durante o caminho até a montanha, Maricota ia encorajando o grupo. Ela


ensinou as outras galinhas a conseguirem minhocas e saciarem sua fome. Quan-
do as galinhas falavam em desistir e voltar para a fazenda, Maricota contava que
também havia pensado aquilo muitas vezes, mas que valeu a pena seguir em
frente, ela fazia o seu melhor para motivá-las e ajudá-las a manter o foco.

As galinhas ficaram felizes ao chegar à montanha, mas não foi fácil en-
frentar a subida. Maricota continuava a encorajá-las e, a cada parada, mostrava o
quanto já tinham progredido e pedia para que olhassem para cima, para o topo
da montanha, que era o seu objetivo maior. E assim as galinhas foram subindo
juntas, unidas e determinadas em alcançar o topo da montanha.

Quando chegaram lá em cima, foi uma festa geral! Foi tão emocionante
quanto aquela cena da Maricota quando estava sozinha, mas multiplicada. E Ma-
ricota percebeu que aquela emoção de ter ajudado suas amigas a chegarem lá era
ainda maior e melhor do que quando tinha chegado sozinha.

As galinhas estavam todas felizes e realizadas, era um sentimento único e


compartilhado, por isso era mais gostoso.

Elas passaram alguns dias no topo da montanha, contemplando aquela


vista tão bela e conversando e se deliciando juntas com aqueles momentos.

Numa noite, enquanto elas papeavam antes de dormir, com o céu estrela-
do acima de suas cabecinhas, Maricota estava pensativa e olhava fixamente para
a lua cheia, toda deslumbrante lá no céu.

Até que, de repente, ela falou:

—Como será que a gente faz para chegar na lua?


As galinhas se entreolharam e muitas opiniões surgiram… mas conhecen-

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do bem a Maricota, você tem alguma dúvida de que ela conseguiu?

E finalizo essa história com uma frase atribuída a Nelson Mandela: “Tudo
parece impossível até que seja feito.”

Nota: Eu ia finalizar meu E-book com essa história, mas como muitas pessoas acabam
não lendo até o final, achei melhor abrir o E-book com ela, pois essa história é meu presen-
te para você e eu espero que ela te influencie positivamente!

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Introdução

A Minha Jornada Com a Contação de Histórias.

Q uando eu falo da minha trajetória como contadora de histórias, cos-


tumo dizer que comecei a contar histórias em 2006, aos 21 anos,
quando peguei uma matéria optativa de Contação de Histórias do Departamen-
to de Letras na Universidade Federal de São Carlos, onde eu estudava Ciências
Sociais. Foi aí que comecei a contar histórias voluntariamente e me apaixonei por
essa arte maravilhosa.

Porém, a minha história com a contação de histórias começou bem antes,


quando eu era pequena e ouvia a minha mãe contando histórias. Acredito que
foi a minha mãe que despertou em mim de maneira tão doce, com o amor único
que as mães têm, o interesse pelas histórias e a capacidade criativa e imaginativa.
Tenho memórias lindas dos momentos que eu e minha irmã passávamos deita-
das na cama com a minha mãe enquanto ela nos contava histórias, e as imagens
iam se formando dentro da minha cabecinha, e os personagens ganhavam vida
no meu mundo.

Minha mãe também criava histórias e personagens próprios, e creio que


daí veio também a primeira influência para que eu criasse minhas próprias histó-
rias. Então, a semente já havia sido plantada quando eu era apenas uma criança,
e o meu contato “oficial” com a contação de histórias fez com que eu me identifi-
casse com a magia que essa arte traz.

Vários anos depois, ao fazer aquela matéria na Universidade, eu precisava


aplicar os conhecimentos que estava adquirindo com a comunidade e preparar
um trabalho de conclusão relatando as experiências práticas. Por isso comecei a
contar histórias em uma escola pública de Ensino Fundamental de São Carlos.

Lembro-me exatamente do que senti quando entrei pela primeira vez na


escola. Tive um sentimento bem gostoso e mágico ao ver as crianças com quem
trabalharia naquele semestre, eram algumas turmas do primeiro ao terceiro ano

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do Ensino Fundamental e logo eu comecei a ser chamada de “fada das histórias”!

Como era delicioso chegar nas salas de aulas e ser recebida com palmas,
gritos de alegria, abraços e beijos das crianças! Era muito carinho e amor que eu
recebia cada vez que ia contar histórias e algumas situações chegaram a me emo-
cionar, como a de uma vez em que uma das meninas me abraçou e disse: “Você
podia ser a minha mãe…”

Nesse período inicial da minha jornada como contadora de histórias eu co-


mecei a pesquisar muitos livros, sempre buscando histórias novas para os meus
pequenos ouvintes. Às vezes eu não encontrava o que precisava, por isso passei
a criar minhas próprias histórias então, um novo mundo se abriu para mim: O
Despertar do Meu Poder Criativo, que fazia tudo aquilo ser mais gostoso ainda!
Ver as crianças se divertindo com as histórias criadas por mim era maravilhoso
e único!

Além de contar histórias voluntariamente naquela escola, eu comecei a


contar histórias em casa, onde tive experiências inesquecíveis também. A primei-
ra foi com minha mãe. Naquela época minha mãe tinha se recuperado de uma
depressão profunda que havia durado alguns anos… foram anos muito difíceis
para a nossa família. Só quem passa por uma depressão ou tem alguém na famí-
lia com depressão sabe do que eu estou falando. Com a depressão minha mãe ha-
via adquirido ainda síndrome do pânico, da qual nunca se recuperou totalmente.

Em momentos de tristeza e desespero que às vezes retornavam na vida da


minha mãe, ela me pedia para contar histórias para ela. E eu contava… e ela se
sentia melhor. Por meio desses momentos eu comecei a perceber que as histórias
têm um poder maior do que eu imaginava, ou do que todos nós imaginamos.

O mais interessante foi que minha mãe foi quem primeiro moldou e trans-
formou a minha vida contando histórias e depois fui eu quem influenciei a vida
dela de maneira positiva contando histórias para ela. É um ciclo, uma troca inex-
plicável e bela.

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A outra experiência que eu tive em casa foi com meu irmão caçula, na
época em que comecei a contar histórias voluntariamente ele tinha uns 11 ou
12 anos. Mesmo com essa idade, ele era o bebezão da família, sempre carente e
carinhoso. Ele começou a pedir para contar histórias antes de dormir e muitas ve-
zes eu me sentava ao lado dele na cama e fazia carinho no cabelo dele enquanto
contava histórias, até ele dormir.

Foram momentos que estreitaram nossos laços como irmãos e dos quais
nunca nos esquecemos. Muitas experiências incríveis foram seguindo.

Outra oportunidade que tive de contar histórias voluntariamente foi em


uma instituição para adolescentes e adultos com necessidades especiais em São
Carlos. Havia pessoas com síndrome de Down, autismo e vários tipos de defi-
ciências. Eles logo me cativaram e eu ia semanalmente contar histórias lá. Era
maravilhoso ver como as histórias prendiam a atenção deles e melhor ainda, que
eles mesmos queriam participar contando histórias. Então, após minhas conta-
ções, eu abria um tempo para que eles fossem à frente e contassem histórias para
o grupo.

Um dos rapazes não falava, apenas emitia sons, mas, mesmo assim, ele
fazia questão de ir todas as vezes contar suas histórias elaboradas com sons de
animais. Era lindo! Esses momentos me fizeram entender que todos nós temos a
capacidade de imaginar, inventar, criar.

Ao me preparar para finalizar meu curso na Universidade, eu queria utili-


zar a contação de histórias de alguma forma para o meu trabalho de conclusão de
curso. Descobri que dentro das Ciências Sociais havia um campo relativamente
novo de estudo: Sociologia da Infância. Então escolhi um tema e usei a contação
de histórias como instrumento de aproximação e de pesquisa para trabalhar com
as crianças. Fiz minha pesquisa de campo em duas escolas uma na periferia e
outra particular.

Os resultados foram muito bons e como eu tinha um contato mais pro-


fundo com aquelas crianças, descobri que por meio da contação de histórias eu

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podia compreender o que acontecia com elas, seus pensamentos, sentimentos,
desejos e anseios. Mais do que isso, eu vi que podia influenciá-las positivamente
com as histórias que eu contava. Elas assimilavam rapidamente as mensagens de
cada história e não as esqueciam.

Até aquele momento eu já havia acumulado uma bagagem grande de ex-


periências com a contação de histórias, já havia entendido um pouco sobre o
poder de contar histórias e transformar vidas.

Depois de formada eu saí como missionária voluntária de tempo integral


pela minha igreja por um ano e meio. Servi pregando o Evangelho de Jesus Cristo
em Cabo Verde, um arquipélago no Oeste da África. Esse período único e fantás-
tico da minha vida renderia um outro livro, um livro bem longo, mas seguindo o
tema, basta dizer que por lá eu também contei muitas histórias e utilizei bastante
dessa arte durante meu trabalho.

Poucos meses depois de voltar para o Brasil, consegui um emprego em


São Paulo, mas era em uma outra área e eu passava a maior parte do tempo tra-
balhando em escritório.

Logo entrei em um grupo de contadores de histórias voluntários, o Era


Uma Vez, onde consegui mais oportunidades incríveis de levar a magia das his-
tórias para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Eu contava histórias em cre-
ches, escolas, instituições carentes, abrigos, asilos e em um espaço da prefeitura
que atendia moradores de rua. Nunca vou esquecer dos momentos que passei
com moradores de rua, contando e ouvindo histórias, muitos eram ex-presidiá-
rios e compartilhavam suas experiências de vida e histórias fictícias também. Era
uma troca sem igual.

Após algum tempo trabalhando em escritório, eu estava infeliz com o meu


trabalho, também havia casado recentemente quando certo dia meu marido en-
controu-me chorando em casa depois do trabalho, eu disse a ele que não tinha
mais sonhos, nós conversamos muito e ele me motivou a buscar e fazer algo
dentro do que eu realmente gostava e usar meus talentos.

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Eu estava naquele momento que talvez você também já tenha passado ou
esteja passando agora, de busca por realização pessoal e profissional, mas eu não
sabia o que fazer exatamente.

Acabei saindo da empresa onde trabalhava e voltei a dar aulas de inglês,


algo que eu já havia feito quando estava na Universidade. Logo fiquei interes-
sada no curso de Coach de um profissional que estava indo para São Paulo. Fo-
ram três dias de curso que ajudaram muito a me conhecer melhor, mas o mais
interessante foi o que aconteceu no final do curso. O nosso professor deu uma
oportunidade de mostrarmos nossos talentos, então eu fui contar uma história
ao grupo, formado em sua maioria por empresários que estavam buscando no
coaching ferramentas para usar dentro de suas empresas, ou pessoas que já atu-
avam como coaches. Aliás, eu era a caçulinha do grupo e a única que não tinha
experiência com um negócio próprio.

Enquanto eu contava a história, todos estavam muito atentos e, no final,


vi que vários estavam emocionados, mas o que mais me marcou foi o que um
empresário bem-sucedido disse ao término da minha contação. Ele tinha ficado
bastante emocionado e disse:

“A História Que Você Contou Cura a Alma da Gente.”

Essa frase dele nunca saiu da minha cabeça. Nesse dia eu aprendi que as
histórias também tem poder curativo. Não passou muito tempo até que eu des-
cobrisse o que realmente tinha que fazer da minha vida.

Certa noite eu e meu marido estávamos em uma Virada Cultural e fomos


ver uma contadora de histórias profissional fazer uma apresentação para uma
plateia grande de todas as idades. O clima ali era de muita energia positiva e
todos estavam fascinados pela contação dela. Eu fiquei super empolgada e de
repente tive uma “luz” pensei exatamente assim: “É isso que eu tenho que fazer!
Eu tenho que contar histórias profissionalmente!”.

Pesquisando a respeito, descobri que existia um mercado bastante forte de

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contação de histórias e que as possibilidades de atuação nessa área eram muitas!
E ali nasceu um sonho: viver de contação de histórias, levando a magia dessa arte
para onde eu pudesse. A possibilidade de unir o útil ao agradável, poder viver
fazendo o que eu mais gostava, acendeu em mim uma chama que eu já não tinha
fazia muito tempo. Finalmente eu tinha me encontrado!

Depois daquele dia eu entrei no mercado de contação de histórias e fui


contratada por grandes empresas como Itaú, McDonald`s e Discovery Kids. No
meu Curso Online Avançado de Técnicas de Contação de Histórias, eu ensino
aos meus alunos o passo a passo para entrar nesse mercado, divulgar seus traba-
lhos, quanto cobrar, etc.

Ao atuar voluntariamente e profissionalmente com a contação de histórias


e principalmente depois que comecei a ensinar as técnicas dessa arte com meu
trabalho online, tenho visto muitas vidas serem transformadas por meio das his-
tórias.

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A Contação de Histórias Como Instrumento de Transformação

Você já sentiu que sua vida tem um objetivo grande, um propósito ma-
ravilhoso? Acredito que você, eu e todos nós fomos colocados nessa vida na
época e no lugar certo para podermos influenciar as pessoas ao nosso redor de
maneira positiva.

E se você é mãe, pai, professor(a), coordenador(a) ou tem algum outro


papel em que exerce influência sobre crianças ou pessoas de qualquer idade,
você tem não só a missão, mas a grande responsabilidade de fazer o seu melhor
por essas pessoas.

A sua influência pode transformar as vidas das pessoas ao seu redor para
melhor. Você pode fazer isso por meio do seu exemplo, e pode fazer também
por meio das suas palavras.

E qual é a melhor forma de usar as palavras para transformar a vida das


pessoas?

Dando sermão, tentando convencer com nossos pensamentos ou opini-


ões?

Às vezes podemos cair nessa armadilha, mas a história a baixo ilustra


bem o que eu quero dizer. Aliás, essa foi a história que eu contei para aquele
grupo de empresários no final do curso de coach que os emocionou tanto.

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O Príncipe Silencioso

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O Príncipe Silencioso
Dan Yashinsky

Há muito tempo, antes de qualquer um de nós termos nascido, havia um príncipe


que parou de falar quando tinha 13 anos. Ele ficou conhecido como o Príncipe Silencioso.
Seus pais, o rei e a rainha, ficaram desesperados. A mãe tinha esperança que seu filho
voltasse a falar. Mas por outro lado, o pai achava que seu filho estava perdido. Quando
o Príncipe Silencioso fez 18 anos, seus pais proclamaram a seguinte sentença: “Quem
fizer o Príncipe Silencioso falar receberá uma grande recompensa”. Embaixo, em letras
pequenas, estava escrito: “Quem tentar e falhar terá sua cabeça cortada”. Todos os ho-
mens corajosos que tentaram fazer o Príncipe Silencioso falar falharam e tiveram suas
cabeças cortadas.
Não muito longe do palácio, havia uma jovem corajosa que vivia com sua sábia
avó. A sábia avó tinha lhe ensinado toda a sua sabedoria. Um dia, a jovem decidiu tentar
fazer o Príncipe Silencioso falar, mesmo sabendo que sua vida corria risco.
A jovem foi até o palácio e contou para o rei e a rainha as suas intenções. O rei
ficou surpreso e pensou, tão jovem e tão corajosa. Mas disse:
—OK, As regras são as seguintes:
—Você passará a noite com o príncipe no seu quarto com uma testemunha. Ama-
nhã a testemunha vai contar o que ele viu e ouviu.
A jovem foi para o quarto do príncipe e sentou-se em silêncio, isso surpreendeu
muito o príncipe, pois todos os homens que tentaram fazê-lo falar falavam o tempo todo.
Enquanto isso, o príncipe admirava a beleza da jovem. Finalmente a jovem falou, mas
não com o príncipe. Ela virou para a testemunha e disse:
—Amanhã eu vou morrer. Você poderia me contar uma história que me ajudasse
a passar esta noite?
—Sinto muito, disse a testemunha.
—Eu não sei nenhuma história, eu sou só uma testemunha.
Então ela perguntou.
—Você ouviria a minha história se eu te contasse?
—Sim, respondeu a testemunha.
Então, a jovem começou a sua história.
Era uma vez, três mulheres que tinham poderes especiais. A primeira possuía
um telescópio mágico, com o qual ela podia ver qualquer coisa que estivesse acontecendo
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em qualquer lugar no mundo. A segunda mulher possuía um tapete mágico, que podia
levá-la a qualquer lugar imediatamente. A terceira tinha uma maçã mágica, a maçã da
vida, uma mordida poderia curar qualquer doença.
Um dia, as três mulheres estavam conversando sobre os seus poderes, e a primei-
ra, olhando em seu telescópio, disse:
—Amigas, eu estou vendo um palácio no outro lado do mundo, e nele tem um
príncipe que está morrendo. A segunda mulher disse:
—Subam no meu tapete mágico.
Em um segundo elas estavam no palácio. A terceira mulher aproximou-se do
príncipe e lhe ofereceu uma mordida da sua maçã mágica. O príncipe foi curado instan-
taneamente. Ele olhou para as três mulheres jovens e bonitas e pensou: “Eu sou jovem,
estou saudável e sou solteiro. Gostaria de pedir uma delas em casamento”.
Nesse momento a jovem interrompeu a sua história e disse:
—Eu tenho uma pergunta para você.
—Cada mulher fez alguma coisa para salvar a vida do príncipe.
—Quem fez mais? Quem ele deveria pedir em casamento?
A testemunha respondeu:
—Eu não sei, não sou muito bom com charadas.
O Príncipe Silencioso, que ouvia atentamente, falou. Pela primeira vez em mui-
tos anos o Príncipe Silencioso falou. E ele disse:
—Eu tenho uma ideia.
—Eu fico muito feliz em ouvir isso, disse a jovem.
—Qual é a sua ideia?
O Príncipe Silencioso disse:
—Eu acho que ele deveria pedir a mão da mulher que lhe ofereceu a maçã. A mu-
lher do telescópio mágico não perdeu nada ao usá-lo. A do tapete mágico também não.
Mas a mulher da maçã abriu mão de um pedaço dela, e não poderá recuperá-lo. Ela foi a
única que abriu mão de alguma coisa pelo príncipe.
A jovem olhou nos olhos do príncipe e disse:
—Sábia resposta, ó príncipe! Eu espero que você também encontre alguém que
abra mão de alguma coisa por você.
Na manhã seguinte o rei e a rainha entraram no quarto e perguntaram o que
tinha acontecido. A testemunha informou que o Príncipe Silencioso tinha finalmente
quebrado o seu silêncio. A rainha estava felicíssima e disse:

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—Eu sabia que ele podia falar!
Mas o rei não acreditou. E disse:
—Eu insisto numa segunda noite com duas testemunhas!
Então naquela noite a jovem foi para o quarto do príncipe com as duas testemu-
nhas. Novamente ela se sentou em silêncio por um longo tempo. Finalmente, ela virou
para as duas testemunhas e disse:
—Amanhã eu vou morrer.
—Vocês poderiam contar uma história que me ajudasse a passar esta noite?
—Nós não somos contadores de histórias, eles disseram
—Nós somos só testemunhas.
—Vocês ouviriam minha história se eu contasse a vocês?
Eles concordaram, e a jovem começou:
Havia uma jovem bruxa que vivia em uma vila. Ela estava apaixonada por um
rapaz, mas ela não tinha contado para ele que era uma bruxa. Ela tinha medo de que ele
a abandonasse, assim que descobrisse a verdade. Uma noite, sozinho na floresta, o jovem
rapaz viu uma bruxa. Ele pegou uma pedra grande e atirou na direção dela. Ela tentou
escapar, mas a pedra bateu na sua perna. Na manhã seguinte quando o rapaz foi visitar a
sua namorada, ele percebeu que ela e tava mancando. Quando a moça virou, o jovem per-
cebeu que ela estava com um machucado na perna, tal como a bruxa da floresta. Ele disse:
—Então você é uma bruxa! E ela concordou:
—Sim, eu sou uma bruxa!.
Nesse momento, a jovem parou a sua história e disse para as duas testemunhas:
—Eu tenho uma pergunta pra vocês.
—Agora que o namorado sabe a verdade, o que ele deve fazer?
—Nós não sabemos, disse eles.
—Nós não somos muito bons em charadas.
O príncipe, que estava ouvindo cuidadosamente, falou:
—Eu tenho uma ideia.
—Estou muito feliz em ouvir isso, respondeu a jovem .
—Qual é a sua ideia?
—Acho que eles deveriam se casar e guardar o segredo dela.
—Uma resposta sábia, disse a jovem,
—E uma resposta incomum para um homem.
—Muitos homens teriam dito, “ela é uma bruxa, mande ela embora, que seja

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queimada”, mas você entende que quando um casal se ama, não apenas abre mão de seus
segredos, como também descobre outros.
—Eu espero que você também encontre alguém que abra mão de um segredo por
você.
Na manhã seguinte o rei e a rainha entraram no quarto e perguntaram o que
havia acontecido. As testemunhas disseram que o Príncipe Silencioso tinha falado. A
rainha estava felicíssima, mas o rei ainda não acreditava.
—Eu insisto em mais um teste, disse ele.
—Com três testemunhas.
Então a mesma coisa aconteceu na terceira noite. A jovem, o príncipe e as três
testemunhas sentaram-se em silêncio por um longo tempo. Finalmente a jovem virou
para as testemunhas e disse:
—Amanhã eu vou enfrentar minha morte.
—Vocês poderiam contar uma história que me ajudasse a passar esta noite?
—Nós não conhecemos nenhuma história, disseram eles.
—Vocês ouviriam a minha história se eu contasse pra vocês?
Eles concordaram, e a jovem começou:
Havia um homem que sonhava com pássaros de fogo, um dia quando ele estava
na floresta, ele viu um grande raio de luz dourada. Ele se escondeu atrás de uma árvore
e fechou seus olhos. Quando criou coragem para olhar, ele viu uma mulher lindíssima
tirando as roupas de penas e depois entrou no lago. Ele nem pensou duas vezes, pegou
as penas douradas e as escondeu. Quando a mulher saiu do lago, procurou suas penas e
não as encontrou. Nesse momento, o homem saiu do seu esconderijo e falou:
—Venha morar comigo.
A mulher sabia que não poderia voar e foi com ele para sua casa. Ele tinha uma
casa bonita e era gentil, então ela ficou com ele. Depois de um tempo, ela teve um lindo
menino que ela amava muito. Um dia quando o pai não estava em casa, o menino veio
correndo e disse:
—Mamãe, venha ver, achei uma coisa linda.
A mãe foi com ele até a floresta, e atrás de uma árvore ela encontrou suas
penas douradas. Ela as pegou e foi para casa com o filho. Depois de colocá-lo na cama,
cantou algumas cantigas de ninar. Com uma mão a cariciava seu filho, e com a outra
segurava suas penas.
Nesse instante, a jovem parou a sua história e disse:

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—Eu tenho uma pergunta pra vocês.
—Agora que a mulher encontrou as suas penas, o que ela deve fazer?
As três testemunhas disseram:
—Não sabemos, essa charada é a mais difícil de todas.
Mas o príncipe, que estava ouvindo com muita atenção, disse:
—Eu tenho uma ideia.
– Estou muito contente em ouvir isso, disse a jovem.
—Qual é a sua ideia?
—Eu acho, disse o príncipe
—Que eu não posso julgar o homem nem a mulher da sua história.
—Sua história é ao mesmo tempo doce e amarga.
Se eu fosse o homem e pudesse ver o pássaro de fogo na sua forma verdadeira,
como mulher, faria tudo para ficar com ela.
—E se eu fosse a mulher, que tinha vindo do céu, estaria ansiosa para voltar para
lá.
—Sábia resposta, ó príncipe, disse a jovem.
—Algumas histórias não são para serem julgadas, mas somente para serem ou-
vidas e lembradas.
A jovem continuou a sua história e disse:
—A mulher beijou seu filho, saiu, vestiu suas penas e voou em direção ao infinito.
Quando o homem chegou, ela já tinha partido.
—O que aconteceu com o menino? Perguntou o príncipe.
A jovem sorriu e disse:
—Algumas pessoas dizem que ele chorou tanto por sua mãe, que perdeu a voz e
ficou silencioso.
—Outros dizem que, quando ele acordou, encontrou uma pena dourada no tra-
vesseiro, e a pena lhe trouxe sorte, alegria, coragem e amor para o resto de sua vida.
Na manhã seguinte, o rei e a rainha entraram e perguntaram para as testemu-
nhas o que tinha acontecido e as testemunhas disseram:
—Ontem à noite, seu filho falou!
A rainha estava nas nuvens, e finalmente o rei acreditou neles. Eles voltou para
a jovem e perguntou:
—Agora que você conseguiu o que todos aqueles homens não conseguiram, o que
você gostaria de ganhar como recompensa?

22
Pela primeira vez a jovem não soube o que dizer. Ela não estava pensando na re-
compensa, mas sim em ajudar o príncipe, o rei e a rainha. O príncipe se levantou, olhou
bem nos olhos dela e disse:
—Me escolha.
Ela sorriu e disse:
– Eu tenho uma ideia.
—Eu fico com ele.
Eles se casaram e viveram felizes para sempre, como todos nós podemos.
Essa história traz muitas mensagens para reflexão, não é?
Uma delas é a diferença que podemos fazer na vida de alguém ao contar
histórias. Essa jovem da história literalmente transformou a vida do príncipe, do
rei, da rainha e dela ao contar histórias para o príncipe. É como a Scherazade fez
com o sultão nos contos das Mil e Uma Noites.
As histórias exercem um fascínio sem igual, elas nos marcam, nos fazem
parar para refletir sobre nossas ações, para desejar ser pessoas melhores. Você
consegue lembra de uma história que marcou a sua vida, mas não lembra exata-
mente quem foi que a contou para você ou onde você achou essa história? Pois
é. Podemos nos esquecer do nome de um professor, por exemplo, mas não nos
esqueceremos das histórias que ele nos contou.
Você poderá ser esquecido(a), mas as histórias que você contar serão sem-
pre lembradas e é exatamente por isso que você deve esforçar-se para contar
histórias caso queira fazer a diferença nas vidas das pessoas e influenciá-las
para o bem.
Como disse Augusto Cury: “Pais e professores devem dançar a valsa da vida
como contadores de histórias”(Pais brilhantes, professores fascinantes, página132). As
histórias que você contar serão um dos maiores legados que você poderá deixar
para as pessoas ao seu redor.
Nessa minha trajetória com a contação de histórias eu tenho visto inúme-
ras vezes o poder das histórias em ação, como exemplifiquei no prefácio deste
livro.
As histórias abrem portas dentro da nossa mente para novas possibilida-
des, para nos colocarmos no lugar dos personagens e resolvermos nossos con-
flitos pessoais, isso acontece com pessoas de todas as idades, mesmo com bebês
e crianças bem pequenas.

23
E eu pude comprovar isso com meu filhinho desde cedo, quando ele co-
meçou a andar, eu queria passar a dar banho nele só no chuveiro em vez de dar
banho na banheira, mas ele parecia ter um trauma de banho no chuveiro desde
bem antes de fazer 1 aninho.

Cada vez que eu tentava dar banho nele no chuveiro, ele ficava desespe-
rado e chorava muito, portanto lá estava eu dando banho nele com mais de 1
ano e meio ainda na banheira, então eu inventei uma história para ele que falava
de um cachorro e de um gato. O cachorro tomava banho no chuveiro, mas o gato
tinha medo e só tomava banho na banheira. Em resumo, nessa história o cachor-
ro mostrou para o gato como era legal tomar banho no chuveiro e o gato acabou
descobrindo que era mesmo muito legal e passou a tomar banho só no chuveiro.

Eu comecei a contar essa história para o meu filho e a contei repetidas


vezes, e quando chegava o momento do banho eu relembrava a história para ele.
Foi um processo, claro, mas no fim ele se sentiu pronto e aceitou tomar banho
no chuveiro, igual ao gato da história. A mesma coisa aconteceu como processo
do desfralde, em que eu criei uma história de desfralde para ajudá-lo nessa fase.

O autor Augusto Cury fala muito sobre a importância de contar histó-


rias.“Sabe qual a melhor maneira de resolver conflitos em sala de aula? Não é agredir,
dar gritos estridentes ou fazer um sermão. Estes métodos são usados desde a idade da pe-
dra e não funcionam, mas contar história, contar histórias fisga o pensamento, estimula
a análise.”(Pais brilhantes, professores fascinantes, página 134).

E então, você quer transformar vidas contando histórias? Aqui vão algu-
mas orientações e experiências minhas para ajudar você, nos preparativos para
exercer esse papel tão importante!

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Preparando-se Para Contar Histórias e Transformar Vidas
Entenda os Seus Ouvintes

Antes de tudo, você precisa entender quais são as necessidades dos seus
ouvintes. Leve em conta a idade, o grau de entendimento, os elementos que
são mais interessantes para eles em uma história. Por exemplo, para crianças
menores, de 0 até cerca de 5 ou 6 anos, é ótimo contar histórias que tem animais
como protagonistas, usar brinquedos e personagens dos desenhos preferidos
delas nas histórias também funciona muito bem. Você pode ainda colocar elas
como personagens principais das histórias, ou o papai, a mamãe, a vovó, o titio
e outras pessoas próximas a elas.

As crianças maiores adoram personagens heroicos e fantasiosos como


protagonistas, como príncipes e princesas, cavalheiros, fadas, sereias, etc. E você
pode também contar histórias com crianças da idade delas. Uma frase muito
legal que eu gosto de usar para iniciar histórias nesse caso é: “Era uma vez um
menino / uma menina assim, do seu tamanho / do tamanho de vocês”. Isso aju-
da a criança a identificar-se logo no incio com o protagonista da história.

Já para os adolescentes, adultos e idosos você pode contar histórias com


quaisquer tipos de personagens, desde que o enredo seja adequado, claro. His-
tórias motivacionais e cômicas são ótimas para esses públicos.

Quanto à duração da história, para as crianças menores o ideal é contar


histórias que vão de 1 a 3 minutos, ou no máximo 5 minutos, e para as maiores
você pode contar histórias de mais de 5 minutos, até uns 10 minutos. O mais
importante mesmo não é a duração da história, mas sim a maneira como você
conta.

Você pode contar uma história mais longa e ainda assim conseguir pren-
der a atenção das crianças menores, isso é questão de técnica, mas as técnicas de
contação de histórias são tantas que serão abordadas em outro livro.

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Aumente Seu Repertório Constantemente.

Uma vez que você compreende os seus ouvintes, é muito importante que
você esteja sempre pesquisando histórias. Leia muito e pesquise tanto em biblio-
tecas e livrarias quanto na Internet, que oferece um banco de dados inesgotável.
Invista também em livros, principalmente aqueles que oferecem várias histórias
em um mesmo livro, pois assim você ganhar mais por ter uma boa variedade de
histórias para usar reunidas em uma só obra.

Para ilustrar a importância de sempre buscar aumentar seu repertório,


que tal uma história?
O ALVO
Narrada por Dan Yashinsky

E ra uma vez um rabino tão sábio que sabia responder a qualquer pergunta
com uma incrível sabedoria, contando histórias a todos que o consultavam.
Certa vez um discípulo perguntou ao rabino como ele conseguia acertar suas
respostas com tamanha precisão a ponto de deixar admirados a todos os que lhe pediam
conselhos.
—É simples, respondeu ele. Vou lhe contar uma história:
Era uma vez um jovem que decidiu dedicar-se ao esporte do tiro, tiro ao alvo. Ele
queria ser o maior atirador do mundo. Treinava com os mais competentes atiradores, fez
cursos de tiro, participava de todo tipo de prova e aos poucos foi sendo reconhecido como
um dos maiores atiradores do mundo. Tornou-se campeão olímpico e mundial, enfim,
era considera do imbatível.
Certa vez, em uma de suas viagens, ele passou por uma cidade onde pôde ver
surpreso que em todas as paredes haviam alvos de tiro, com marcas de tiro certeiras,
bem no centro do alvo, todos os alvos e eram muitos, com tiros certeiros, bem na mosca.
Nem ele, o grande campeão, tinha conseguido tal feito! Ele quis saber quem era o
autor de semelhante façanha, então apresentaram uma menina, ele perguntou como ela
conseguia isso. Ela respondeu:
—Muito simples: primeiro eu atiro e depois desenho o alvo.
Então, disse o rabino, eu ouço tantas histórias e as guardo, e quando alguém pede
um conselho, penso em todas as histórias que ouvi e acho uma que se encaixa perfeita-
mente no assunto.
26
Adapte as Histórias
Eu acredito que qualquer história pode ser adaptada para qualquer ida-
de, às vezes recebo comentários como: “Mas essa história é para crianças maio-
res. As minhas crianças são pequenas e essa história não serve para elas”, ou
“Essa história é para adultos e não para crianças”, ou ainda “Essa história tem
personagens que eu não posso usar na minha escola porque eles não permi-
tem”. É claro que existem exceções, mas a maioria dos casos o que você pode
fazer é adaptar a história de acordo com as necessidades dos seus ouvintes e
da situação ou evento. Você pode mudar os personagens, encurtar a história,
colocar ou tirar detalhes.
Um ótimo exemplo de adaptação são as histórias das Mil e Uma Noites,
que originalmente foram escritas para adultos e algumas delas são escabrosas,
mas várias foram adaptadas para crianças. Aliás, o mesmo se deu com os contos
de fadas originais, que na modernidade ganharam suas versões infantis.
Acima de tudo, use sua capacidade criativa e imaginativa para adaptar as
histórias da maneira que precisar, não se preocupe por mudar as histórias. Sabe
aquela frase: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”? Você nunca vai con-
tar uma história exatamente como leu e ouviu, então fique à vontade para fazer
mudanças e adaptações nas histórias que contar. Eu mesma, quando disponibi-
lizo as histórias de minha autoria, deixo as pessoas à vontade para adaptarem
as minhas histórias como quiserem.
Ao contar histórias autorais e fazer mudanças, você pode dizer que sua
contação está sendo baseada na história de tal autor. Certa vez fui contratada
por uma Editora para contar uma história no lançamento de um livro e o autor
do livro estaria lá. Só que o livro foi escrito em forma de poesia, e para contar a
história eu não poderia decorar e declamar a poesia. Então eu adaptei a história
e tomei a liberdade de adicionar elementos, frases e situações que não existiam
no livro dele. O resultado foi incrível! Percebi que o autor estava chorando du-
rante a minha contação, e não foi de desapontamento, foi de emoção! Ele foi
conversar comigo após a contação e agradeceu muito pela forma como eu contei
a história que ele escreveu. Ele fez questão de deixar uma dedicatória para mim
na cópia do livro dele que eu tinha, agradecendo mais uma vez pela minha con-
tação. E isso aconteceu em outras contações que eu fiz em lançamentos de livros.

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Relaxe e Aproveite

A contação de histórias deve ser um momento prazeroso tanto para quem


está ouvindo quanto para quem está contando. Não existe postura certa para
contar histórias. Você pode contar em pé, sentado, deitado na cama, e o mesmo
vale para seus ouvintes. Tanto você quanto eles devem estar confortáveis e li-
vres de distrações para não atrapalhar esse momento mágico. Principalmente se
você quer ajudar a transformar vidas, as histórias que você conta devem estar
associadas a um momento gostoso na lembrança dos ouvintes, para que eles
realmente as assimilem e as levem na memória por muito tempo.
No início você pode sentir insegurança, nervosismo ou timidez nas pri-
meiras vezes em que contar histórias, isso é totalmente normal, pois afinal você
está se apresentando em público, mas lembre-se que quanto mais você praticar,
mais vai se soltar. Se você for muito tímido(a), comece contando histórias para
as pessoas mais próximas a você e com quem você tem mais afinidade e liberda-
de e aos poucos vá ampliando ao seu público.
A prática leva à perfeição, então pratique cada vez mais! Imprevistos e in-
terrupções podem sempre acontecer, principalmente quando estamos nos apre-
sentando em público, mas não se preocupe tanto, pois não é o fim do mundo,
respire fundo e quando a situação estiver normalizada, continue sua contação
como se nada tivesse acontecido. Lembre-se de que você é quem está no con-
trole.
Uma vez eu estava fazendo uma contação em uma escola e estava no
pátio me apresentando para as crianças e começou a chover torrencialmente
quando de repente ouvimos um barulho bem forte, como de uma explosão (não
sei bem o que foi), mas foi muito próximo ao lugar onde estávamos, todos nos
assustamos e com o tamanho do susto, eu poderia ter parado a contação ali mes-
mo naquele momento, mas eu simplesmente pedi para todos terem calma, não
alimentei o sentimento de pânico, e continuei contando a história normalmen-
te, logo as crianças estavam tranquilas e assim nós finalizamos a contação sem
problemas. Se eu tivesse me desesperado, teria quebrado totalmente o clima
de magia da história, mas eu estava no controle, então não podia deixar aquilo
acontecer. Relaxe e curta cada momento!

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Conte Histórias com Amor

O seu sentimento em relação a esse trabalho é o que mais conta, se você


fizer com amor e dedicação, com certeza vai ajudar a transformar as vidas dos
seus ouvintes, isso pode parecer clichê, mas é muito real e verdadeiro.
O seu amor se manifesta no seu relacionamento com seus ouvintes, na
atenção e carinho que você dá a eles, ao ouvir o que eles tem a dizer. Então,
aproveite os momentos antes e depois da contação para conversar com seus
ouvintes, perguntar de quais histórias eles mais gostam, qual é seu personagem
preferido, etc. Dê oportunidades para eles se expressarem até mesmo durante a
sua contação, para que eles se sintam parte da história.
Há contadores de histórias que tem receio de deixar os ouvintes falarem
e se expressarem enquanto estão contando a história, mas eu descobri com a
prática que é muito mais gostoso quando meus ouvintes participam das minhas
contações. É uma troca maravilhosa e principalmente com as crianças, fica bem
mais divertido e produtivo quando elas se expressam, fazem comentários e dão
suas opiniões enquanto eu estou contando histórias.
Experimente você também conversar com seus ouvintes, entender de
quais histórias eles mais gostam e dar oportunidades para eles se expressarem
durante suas contações! Eles vão adorar e você também vai!

Mais Histórias Motivacionais e Transformadoras


Para motivar ainda mais você a transformar vidas por meio da contação
de histórias, quero compartilhar outras histórias que podem te ajudar e que
você pode espalhar por aí. As duas primeiras são de minha autoria e as outras
foram coletadas em diferentes sites.
A seguinte história eu publiquei em meu blog (historiasdalivia.com.br) e
recebi centenas e centenas de comentários de leitores emocionados. Eu escrevi
essa história inspirando-me em uma experiência real do meu marido com o pai
dele.

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O Caminhão de Madeira

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O Caminhão de Madeira
Lívia Alencar

E ra uma vez um homem, um homem-menino, em meio às preocupações corri-


queiras e responsabilidades que chegam com a vida adulta, o menino quase
havia desaparecido dentro dele, ou melhor, estava escondido.
Certa tarde esse homem caminhava por uma avenida movimentada quando pas-
sou por uma loja, parou de repente. Não era uma loja de carros importados, nem artigos
esportivos, e sim de artesanatos. Alguma coisa ali na vitrine chamara sua atenção, fixou
o olhar, era um caminhão de madeira, desses de brinquedo. Entrou na loja e dirigiu-se
à prateleira, pegou, examinou o caminhãozinho por todos os lados, enquanto seus olhos
brilhavam. Quem por ele passou naquele momento não podia imaginar a torrente de
memórias que tomava conta de sua mente…
Viu-se pequeno, outra vez menino, dentro do carro velho da família com seu pai.
Passaram por um vendedor na estrada, era um vendedor de caminhões de madeira. O
olhar curioso do menino logo se transformou em querência: “Pai, me dá um caminhão-
zinho?” O pai lançou um olhar sério para o filho, sem nada dizer. Outras vezes mais o
menino passou com seu pai por aquele vendedor e seus olhinhos fitariam os caminhões
de madeira.
Um dia o menino voltou da escola e para sua surpresa, encontrou um caminhão
de madeira em cima da cama! Correu para dar uma braço forte no pai, que explicou: “Fui
eu que fiz para você, meu filho.” Brincou a tarde toda. Era seu, só seu, aquele caminhão
de madeira! E era especial, porque seu pai o tinha feito. Muitas vezes mais brincou com
o caminhão, e como foi feliz naqueles dias!
Essas foram as memórias que passaram pela mente daquele homem-menino. Não
conseguiu segurar seu impulso: pegou o celular e discou. “Pai? Oi, pai! Eu queria te
contar que estava passando por uma loja e vi um caminhão de madeira, e me lembrei da-
quele que o senhor fez para mim quando eu era criança, lembra? Eu gostava tanto dele!”
Do outro lado da linha, silêncio total.
Era uma vez um homem, um homem-ancião, marcado pelas batalhas da vida.
Estava esse homem um dia assolado por uma tristeza dessas que vem não se sabe de onde
e teima em ficar. De repente, o telefone tocou, era seu filho, que morava bem longe. Ou-
viu-o e silenciou. Uma torrente de memórias apoderou-se de sua mente…
Viu-se novo, muito mais novo, dirigindo seu carro velho com o filho. Passar por

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um vendedor de caminhões de madeira e naturalmente, o filho lhe pediu um, ele não
soube o que dizer, mal sobrara dinheiro naquele mês para pagar a gasolina do carro, a
comida em casa era pouca, o trabalho de pedreiro era duro, não tinha dinheiro para pre-
sentes. Outras vezes mais passaram pelo vendedor e o menino sempre com aquele olhar.
Decidiu ele mesmo fazer o caminhão, de marcenaria não entendia muita coisa,
mas não podia ser tão difícil. Só que foi. Todos os dias, antes de sair para o trabalho de
madrugada, trabalhava um pouco no caminhãozinho, serrando a madeira aqui, montan-
do ali, o resultado não foi tão bom quanto gostaria, mas foi o melhor que conseguiu fazer,
acomodou o caminhão sobre a cama do filho antes que ele chegasse da escola. O abraço
apertado foi a recompensa pelo trabalho
Agora, naquele momento, tantos anos depois, o telefonema do filho sobre o cami-
nhãozinho de madeira… Uma lágrima escorreu por um olho, e atrás vieram outras, um
calor gostoso tomou conta de seu peito e substituiu a tristeza. Afinal, valia a pena viver!

A história abaixo eu escrevi em forma de poema e ela fala sobre o mais


belo dom de todos. Você sabe qual é esse dom?

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O Dom de Ana

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O Dom de Ana

Lívia Alencar
Cada pessoa tem um dom
E isso é importante saber:
Usá-lo em benefício do próximo
É o que devemos fazer
Foi o que Ana aprendeu
Na aula daquele dia
Mas reconhecer seu próprio dom
Era o que não conseguia
Ver os dons dos outros
Certamente era fácil
Suas amigas todas tinham
Algo em que se destacavam
Paula cantava com voz de anjo
A todos arrepiava
Juliana pintava quadros
Com suas cores encantava
Gabi era perfeita bailarina
Pelos palcos se exibia
Flávia falava outras línguas
Idiomas diversos entendia
“Não sou boa em nada
Não tenho dom nenhum…”
Ana consigo pensou
E muito triste ficou
Foi andando pela rua
E viu no chão, de repente
Uma menina tremendo
Ali, bem na sua frente
Era um dia muito frio
Não parava de ventar
Mas a menina não tinha

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Nenhum casaco para usar
Sem pensar duas vezes
Ana se abaixou
Fez um carinho na menina
E seu casaco tirou
Estendeu o casaco e disse:
“Pegue; é um presente!”
O rosto da menina se iluminou
E mostrou um sorriso contente
Ana saiu feliz
Nenhum frio sentia
Pois o calor daquela ação
Seu peito aquecia
E enquanto para casa
Pensativa caminhou
Ouviu uma voz suave
Que ao seu ouvido sussurrou:
“O seu dom é muito belo
Uma grande raridade
É o maior de todos
O dom da CARIDADE!”

Atenção: As próximas histórias não foram escritas por mim, elas foram coleta-
das de diferentes sites e estão disponíveis livremente na Internet para qual-
quer pessoa e, portanto, são de responsabilidade dos sites que disponibili-
zam as mesmas. A fonte (site) de onde foram coletadas foi devidamente citada
abaixo de cada texto. Como não há citação de autores nos sites de onde essas
histórias foram coletadas, suponho que todas sejam de autor desconhecido.

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Lenda Oriental

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Lenda Oriental

C onta uma popular lenda do Oriente que um jovem chegou à beira


de um oásis junto a um povoado e aproximando-se de um velho
perguntou-lhe:
– Que tipo de pessoa vive neste lugar?
– Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem? Perguntou por
sua vez o ancião.
– Oh, um grupo de egoístas e malvados. Replicou o rapaz
– Estou satisfeito de haver saído de lá. A isso o velho replicou:
– A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui.
No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e
vendo o ancião perguntou-lhe:
– Que tipo de pessoa vive por aqui?
O velho respondeu com a mesma pergunta:
– Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem? O rapaz respon-
deu:
– Um magnífico grupo de pessoas, amigas honestas, hospitaleiras, fiquei
muito triste por ter de deixá-las.
– O mesmo encontrará por aqui, respondeu o ancião.
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho:
– Como é possível dar respostas tão diferentes à mesma pergunta? Ao
que o velho respondeu:
Cada um carrega no seu coração o meio em que vive. Aquele que nada
encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra
coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui,
porque, na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre
a qual podemos manter controle absoluto.
Fonte: http://www.botucatu.sp.gov.br/

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A Cenoura, o Ovo e o Café

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A Cenoura, o Ovo e o Café

C erta vez, um velho sábio recebeu a visita de uma moça que se quei-
xava de como era sua vida e de como as coisas estavam tão difíceis
para ela. Ela já não sabia mais o que fazer e queria desistir, estava cansada de
lutar e combater. Parecia que, assim que um problema estava resolvido, um
outro surgia.
Então, o sábio levou-a até a cozinha, encheu três panelas com água e co-
locou todas em fogo alto. Logo, as panelas começaram a ferver, em uma delas,
colocou cenouras, em outra, ovos e na última, pó de café. Deixou que tudo fer-
vesse, sem dizer uma palavra. A moça deu um suspiro e esperou impaciente-
mente, imaginando o que ele faria.
Minutos depois, o sábio apagou o fogo. Pegou as cenouras, os ovos e o
café, colocando-os em recipientes separados. Virou-se para a moça e perguntou:
– O que você está vendo?
– Cenouras, ovos e café. Ela respondeu.
Ele a trouxe para mais perto e pediu-lhe para experimentar as cenouras.
Ela obedeceu e notou que as cenouras estavam macias. Ele, então, pediu-lhe que
pegasse os ovos e o quebrasse. Ela obedeceu e, depois de retirar a casca, verifi-
cou que o ovo endurecera com a fervura.
Finalmente, ele lhe pediu que tomasse um gole de café. Ela sorriu ao sen-
tir seu aroma delicioso e então perguntou:
– O que isso significa?
– Cada um desses a cenoura, o ovo e o café enfrentou a mesma adversida-
de, a água fervendo, mas cada um reagiu de maneira diferente.
– A cenoura, outrora crua e rígida, amoleceu e se tornou frágil.
– Os ovos, antes frágeis, mesmo com sua casca protegendo o líquido inte-
rior, tornaram-se firmes e mais resistentes.
– Já o pó do café é incomparável: depois que coloquei na água fervente,
ele mudou a própria água.
Após um profundo silêncio, o sábio prosseguiu:
– Qual deles é você?
– Quando a adversidade bate à sua porta, como você responde?
– Você é a cenoura, o ovo ou o pó de café?

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– Você é como uma cenoura parece firme e forte, mas com a dor e adver-
sidade, murcha e se torna frágil, perdendo sua força?
– Ou será que você é como o ovo, começando maleável, mas, depois de
sofrer alguma pressão da vida, torna-se dura?
– Sua “casca” até parece a mesma, mas por dentro, você está dura.
– Será que você é como o pó de café?
– Você transforma o meio que a aflige, altera o que está trazendo a dor e
oferece algo melhor e mais gostoso do que havia antes da adversidade?
Fonte: http://www.soniajordao.com.br/

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As Questões do Rei

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As Questões do Rei

C onta-se que num país longínquo, há muitos séculos, um rei se sentiu


intrigado com algumas questões. Desejando ter respostas para elas,
resolveu estabelecer um concurso do qual todas as pessoas do reino poderiam
participar.
O prêmio seria uma enorme quantia em ouro, pedras preciosas, além de
títulos de nobreza, seria premiado com tudo isto quem conseguisse responder
a três questões:
Qual é o lugar mais importante do mundo?
Qual é a tarefa mais importante do mundo?
Quem é o homem mais importante do mundo?
Sábios e ignorantes, ricos e pobres, crianças, jovens e adultos se apresen-
taram, tentando responder as três perguntas. Para desconsolo do rei, nenhum
deles deu uma resposta que o satisfizesse.
Em todo o território apenas um único homem não se apresentou para
tentar responder os questionamentos. Era alguém considerado sábio, a quem
não importava as fortunas nem as honrarias da terra.
O rei convocou esse homem para vir à sua presença e tentar responder
suas indagações. E o velho sábio respondeu a todas:
O lugar mais importante do mundo é aquele onde você está. O lugar onde
você mora, vive, cresce, trabalha e atua é o mais importante do mundo. É ali que
você deve ser útil, prestativo e amigo, porque este é o seu lugar.
A tarefa mais importante do mundo não é aquela que você desejaria exe-
cutar, mas aquela que você deve fazer. Por isso, pode ser que o seu trabalho
não seja o mais agradável e bem remunerado do mundo, mas é aquele que lhe
permite o próprio sustento e da sua família. É aquele que lhe permite desenvol-
ver as potencialidades que existem dentro de você. É aquele que lhe permite
exercitar a paciência, a compreensão, a fraternidade. Se você não tem o que ama,
importante que ame o que tem. A mínima tarefa é importante. Se você falhar, ou
se omitir, ninguém a executará em seu lugar, exatamente da forma e da maneira
que você o faria.
E, finalmente, o homem mais importante do mundo é aquele que precisa
de você, porque é ele que lhe possibilita a mais bela das virtudes: a caridade. A
caridade é uma escada de luz. E o auxílio fraternal é oportunidade luminosa. É
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a mais alta conquista que o homem poderá desejar.
O rei, ouvindo as respostas tão ponderadas e bem fundamentadas,
aplaudiu agradecido. Para sua própria felicidade, descobrira um sentido para
a sua vida, uma razão de ser para os seus últimos anos sobre a Terra.

Fonte: http://mensagenstododia.blogspot.com/

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A Menina e a Caixa

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A Menina e a Caixa

A lgum tempo atrás uma mãe puniu sua filha de 5 anos de idade por
estragar um rolo de papel dourado que ia, por fim, decorar uma
caixa a ser colocada sob a Árvore de Natal.

Na manhã seguinte à noite de Natal, a menina trouxe a caixa e entregou-a


à mãe dizendo:

– Isto é para você, mamãe.

A mãe ficou embaraçada por sua reação precipitada, mas sua raiva aflo-
rou, novamente, quando viu que a caixa estava vazia, e falou rudemente com a
menina:

– Você não sabe que quando se presenteia alguém é esperado que haja
alguma coisa dentro do pacote?

A menina olhou-a em lágrimas e disse:


– Oh, não está vazia, mamãe. Eu soprei dentro dela, até ficar cheia de
beijos.

A mãe ficou arrasada. Ajoelhou e pedindo perdão por sua ira irracional,
abraçou-a com ternura.

Um acidente tirou a vida da menina pouco tempo depois e é sabido que


a mãe guardou aquela caixa dourada perto de sua cama por todos os anos de
sua vida. Sempre que estava deprimida ou tinha de enfrentar problemas, ela
abria a caixa e imaginariamente tirava um beijo e lembrava o amor que a criança
colocou lá.

Verdadeiramente, cada um de nós, seres humanos, temos recebido uma


caixa dourada repleta do amor de nossos filhos, família, amigos e de Deus. Não
há maior tesouro a se possuir.
Fonte: http://www.soniajordao.com.br/
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Os Três Leões

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Os Três Leões

N uma determinada floresta havia 3 leões. Um dia o macaco, repre-


sentante eleito dos animais, fez uma reunião com toda a bicharada
da floresta e disse:
– Nós, os animais, sabemos que o leão é o rei dos animais, mas há uma
dúvida no ar: existem 3 leões fortes.
– Ora, a qual deles nós devemos prestar homenagem?
– Quem, dentre eles, deverá ser o nosso rei?
Os 3 leões souberam da reunião e comentaram entre si:
– É verdade, a preocupação da bicharada faz sentido, uma floresta não
pode ter 3 reis, precisamos saber qual de nós será o escolhido.
– Mas como descobrir?
Essa era a grande questão: lutar entre si eles não queriam, pois eram mui-
to amigos. O impasse estava formado.
De novo, todos os animais se reuniram para discutir uma solução para o
caso. Após algum tempo eles tiveram uma ideia excelente. O macaco se encon-
trou com os 3 felinos e contou o que eles decidiram:
– Bem, senhores leões, encontramos uma solução desafiadora para o pro-
blema.
– A solução está na Montanha Difícil.
– Montanha Difícil? Como assim?
– É simples, ponderou o macaco. Decidimos que vocês 3 deverão escalar
a Montanha Difícil.
– O que atingir o pico primeiro será consagrado o rei dos reis.
A Montanha Difícil era a mais alta entre todas naquela imensa floresta. O
desafio foi aceito. No dia combinado, milhares de animais cercaram a Montanha
para assistir a grande escalada.
O primeiro tentou, não conseguiu, foi derrotado. O segundo tentou, não
conseguiu, foi derrotado. O terceiro tentou, não conseguiu, foi derrotado. Os
animais estavam curiosos e impacientes, afinal, qual deles seria o rei, uma vez
que os 3 foram derrotados? Foi nesse momento que uma águia sábia, idosa na
idade e grande em sabedoria, pediu a palavra:
– Eu sei quem deve ser o rei!!!
Todos os animais fizeram um silêncio de grande expectativa.
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– A senhora sabe, mas como? Todos gritaram para a Águia.
– É simples, confessou a sábia águia, eu estava voando entre eles, bem
de perto e quando eles voltaram fracassados para o vale, eu escutei o que cada
um deles disse para amontanha.
O primeiro leão disse:
– Montanha, você me venceu!
O segundo leão disse:
– Montanha, você me venceu!
O terceiro leão também disse:
– Montanha, você me venceu, por enquanto! Mas você, montanha, já
atingiu seu tamanho final, e eu ainda estou crescendo.
– A diferença, completou a águia, é que o terceiro leão teve uma atitude
de vencedor diante da derrota e quem pensa assim é maior que seu problema:
é rei si mesmo, está preparado para ser rei dos outros.
Os animais da floresta aplaudiram entusiasticamente ao terceiro leão
que foi coroado rei entre os reis.
Fonte: http://pensarparavencer.blogspot.com

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O Milagre da Canção de Um Irmão

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O Milagre da Canção de Um Irmão

C omo qualquer mãe, quando Karen soube que um bebê estava a cami-
nho, fez todo o possível para ajudar o seu outro filho, Michael, com
três anos de idade, a se preparar para a chegada. Os exames mostraram que era
uma menina, e todos os dias Michael cantava perto da barriga de sua mãe. Ele
já amava a sua irmãzinha antes mesmo dela nascer. A gravidez se desenvolveu
normalmente.
No tempo certo, vieram as contrações. Primeiro, a cada cinco minutos;
depois a cada três; então, a cada minuto uma contração. Entretanto, surgiram
algumas complicações e o trabalho de parto de Karen demorou horas.
Todos discutiam a necessidade provável de uma cesariana. Até que, en-
fim, depois de muito tempo, a irmãzinha de Michael nasceu. Só que ela estava
muito mal. Com a sirene no último volume, a ambulância levou a recém-nascida
para a UTI neonatal do Hospital Saint Mary. Os dias passaram. A menininha
piorava. O médico disse aos pais: “Preparem-se para o pior. Há poucas espe-
ranças”.
Karen e seu marido começaram, então, os preparativos para o funeral.
Alguns dias atrás estavam arrumando o quarto para esperar pelo novo bebê.
Hoje, os planos eram outros.
Enquanto isso, Michael todos os dias pedia aos pais que o levassem para
conhecer a sua irmãzinha. “Eu quero cantar para ela”, ele dizia. A segunda se-
mana de UTI entrou e esperava-se que o bebê não sobrevivesse até o final dela.
Michael continuava insistindo com seus pais para que o deixassem cantar para
sua irmã, mas crianças não eram permitidas na UTI. Entretanto, Karen decidiu.
Ela levaria Michael ao hospital de qualquer jeito. Ele ainda não tinha visto a
irmã e, se não fosse hoje, talvez não a visse viva. Ela vestiu Michael com uma
roupa um pouco maior, para disfarçar a idade, e rumou para o hospital. A enfer-
meira não permitiu que ele entrasse e exigiu que ela o retirasse dali. Mas Karen
insistiu: “Ele não irá embora até que veja a sua irmãzinha!”
Ela levou Michael até a incubadora. Ele olhou para aquela trouxinha de
gente que perdia a batalha pela vida. Depois de alguns segundos olhando, ele
começou a cantar, com sua voz pequenininha: “Você é o meu sol, o meu único
sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro…” Nesse momento,
o bebê pareceu reagir. A pulsação começou a baixar e se estabilizou. Karen en-
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corajou Michael a continuar cantando. “Você não sabe, querida, quanto eu
te amo. Por favor, não leve o meu sol embora…” Enquanto Michael cantava,
a respiração difícil do bebê foi se tornando suave. “Continue, querido!”, pe-
diu Karen, emocionada. “Outra noite, querida, eu sonhei que você estava em
meus braços…” O bebê começou a relaxar. “Cante mais um pouco, Michael.”
A enfermeira começou a chorar. “Você é o meu sol, o meu único sol. Você me
deixa feliz mesmo quando o céu está escuro…Por favor, não leve o meu sol
embora…”
No dia seguinte, a irmã de Michael já tinha se recuperado e em poucos
dias foi para casa.
O Woman’s Day Magazine chamou essa história de “O milagre da can-
ção de um irmão”. Os médicos chamaram simplesmente de milagre. Karen
chamou de milagre do amor de Deus.
Nunca abandone aquele que você ama. O amor é incrivelmente pode-
roso.
Fonte: http://www.refletirpararefletir.com.br/

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O Piano

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O Piano

D esejando encorajar o progresso de seu jovem filho ao piano, uma


mãe levou seu pequeno filho a um concerto de Paderewski.
Depois de sentarem, a mãe viu uma amiga na plateia e foi até ela para
saudá-la.
Tomando a oportunidade para explorar as maravilhas do teatro, o peque-
no menino se levantou e eventualmente suas explorações o levaram a uma porta
onde estava escrito: “Proibida a entrada”.
Quando as luzes abaixaram e o concerto estava prestes a começar, a mãe
retornou ao seu lugar e descobriu que seu filho não estava lá.
De repente, as cortinas se abriram e as luzes caíram sobre um impressio-
nante piano Steinway no centro do palco.
Horrorizada, a mãe viu seu filho sentado ao teclado, inocentemente, ca-
tando as notas de “Cai, cai, balão”.
Naquele momento, o grande mestre de piano fez sua entrada. Rapida-
mente foi ao piano e sussurrou no ouvido do menino:
– Não pare, continue tocando.
Então, debruçando, Paderewski estendeu sua mão esquerda e começou a
preencher a parte de baixo. Logo, colocou sua mão direita ao redor do menino e
acrescentou um belo acompanhamento de melodia.
Juntos, o velho mestre e o jovem noviço transformaram uma situação
embaraçosa em uma experiência maravilhosamente criativa. O público estava
perplexo.
É assim que as coisas são com Deus. O que podemos conseguir por conta
própria mal vale mencionar. Fazemos o melhor possível, mas os resultados não
são exatamente como uma música graciosamente fluida. Mas, com as mãos do
Mestre, as obras de nossas vidas verdadeiramente podem ser lindas.
Na próxima vez que você se determinar a realizar grandes feitos, ouça
atentamente. Você pode ouvir a voz do Mestre, sussurrando em seu ouvido:
– Não pare, continue tocando.
Sinta seus braços amorosos ao seu redor. Saiba que suas fortes mãos estão
tocando o concerto de sua vida. Lembre-se, Deus não chama aqueles que são
capacitados. Ele capacita aqueles que são chamados. E Ele sempre estará lá para
amar e guiá-lo(a) a grandes coisas.
Fonte: http://www.soniajordao.com.br/

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O Sapateiro e o Rei

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O Sapateiro e o Rei

H á muitos anos, na Pérsia, havia um rei chamado Abbas. Era conhe-


cido como um homem honesto e justo. Toda as noites ele vagava
pelas ruas da cidade, disfarçado, para assim conhecer melhor os seus súditos.

Certa vez, durante uma de suas andanças, notou uma pobre cabana. Ao
olhar pela janela, viu um homem diante de uma refeição bem simples, cantando
louvores a Deus. O rei bateu à porta e perguntou-lhes e aceitava um convida-
do. “Um convidado é sempre uma grande dádiva”, disse o homem.“Por favor,
sente-se e junte-se a mim”. E, assim, repartiu sua refeição com o rei. Os dois
conversaram por muito tempo. O rei perguntou-lhe como ganhava a vida. “Sou
sapateiro”, respondeu o homem. “Caminho o dia inteiro consertando os sapatos
do povo. E, à noite, compro comida com o dinheiro que ganho”. “E o que será
do dia de amanhã?”, perguntou o rei. “Não me preocupo com isso”, retrucou
o homem. “Assim como está nos Salmos eu digo: Bendito seja o Senhor a cada
dia, dia após dia”. O rei ficou muito impressionado com essa atitude e prometeu
voltar no dia seguinte.

Para testar o novo amigo, o rei promulgou um decreto: ninguém poderia


consertar sapatos sem uma licença. E voltou a visitá-lo na noite seguinte, en-
contrando-o sentado em sua pobre cabana, comendo, bebendo e louvando ao
Senhor. O homem convidou-o novamente a participar da frugal refeição porque
“um convidado é sempre uma grande dádiva”. O rei ouviu o homem lhe contar:
“Não podendo consertar sapatos, por decreto do rei, resolvi tirar água do poço
para as pessoas, para ganhar um pouco de dinheiro e comprar meu sustento”.
“E se o rei proibisse isso?” O homem respondeu: “Eu direi: Bendito seja o Se-
nhor a cada dia, dia após dia.”

Mas o rei decidiu testar uma vez mais o homem e decretou que seus sú-
ditos estavam proibidos de tirar água dos poços sem licença. Na noite seguinte,
voltando novamente à cabana, o rei foi recebido por seu novo amigo com alegria
e o ouviu novamente declarar sua fé.

O rei não estava convencido e decidiu testar mais e mais o homem. Este
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passou a cortar lenha para garantir seu sustento e, quando isto também foi proi-
bido pelo rei, não desanimou e apresentou-se no palácio real para fazer parte
da guarda real.

O homem que foi sapateiro, depois carregador de água e em seguida,


lenhador, recebeu uma espada, para ser guarda. À noite, sem ter recebido o
pagamento, foi até uma loja e trocou a lâmina de sua espada por um pouco de
comida e colocou uma lâmina de madeira no cabo, cobrindo-a com abainha.

Logo depois, o rei chegou. Eles seguiram o mesmo ritual, comendo e con-
versando até tarde. O amigo lhe contou sobre a espada. “E se houver uma ins-
peção nas espadas, o que você fará?”, quis saber o rei. “Bendito seja o Senhor a
cada dia, dia após dia”, respondeu o homem, mais uma vez não demonstrando
preocupação alguma.

No dia seguinte, o capitão dos guardas ordenou ao homem que deca-


pitasse um prisioneiro, por ordem do rei. “Nunca matei ninguém em toda a
minha vida. Como posso fazer isso?”, retrucou ohomem, abaixando a cabeça
e recitando o Salmo: “Bendito seja o Senhor a cada dia, dia após dia”. Logo
ocorreu-lhe uma brilhante ideia e então apresentou-se para obedecer à ordem
do rei. Na frente de uma multidão que viera para assistir a execução, pegou a
sua espada e gritou: “Ó Senhor Todo-poderoso, o senhor sabe que eu não sou
um assassino. Se o prisioneiro for culpado, deixe minha espada ser de aço. Mas,
se ele for inocente, faça com que a lâmina de aço transforme-se em madeira”.
Dizendo isso, puxou a bainha e ohh!, a espada era de madeira! Todos ficaram
pasmos de surpresa. O rei chamou o sapateiro e o abraçou. Contou-lhe sobre o
seu disfarce e os testes pelos quais o fizera passar. “Eu nunca tinha encontrado
um homem com tamanha fé”, disse o rei. E foi assim que o sapateiro, que se
tornou carregador de água e depois lenhador e afinal, guarda real, tornou-se o
conselheiro do rei.
Fonte: http://www.usinadeletras.com.br/

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Sobre a Autora

Lívia Alencar é Contadora de Histórias Profissional há mais de 10


anos, criadora do Curso Prático de Capacitação e Aperfeiçoamento
em Contação de Histórias que já formou mais de 5 Mil Contadoras
em todo país. É autora do Livro de Contação de Histórias mais
vendido do Brasil, Histórias Infantis para Contar e Encantar, que
já emocionou mais de 200 Mil pessoas por todo o país. Contou his-
tórias na TV Cultura, Estados Unidos e por todo o Brasil.

@liviaalencar.historias @liviaalencaroficial

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