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O gênero narrativo

O termo “narrar” vem do latim narratio e quer dizer o ato de narrar acontecimentos reais ou
fictícios. Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o
lírico e o dramático. Com o passar dos anos surgiu dentro do gênero épico a variante: gênero
narrativo. Esse gênero apresentou concepções de prosa com características diferentes, o que
fez com que surgissem divisões de outros gêneros literários dentro do estilo narrativo: o
romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Porém, praticamente todas as obras narrativas
possuem elementos estruturais e estilísticos em comum e devem responder a
questionamentos, como: quem? O quê? Quando? Onde? Por quê?
O gênero narrativo teve sua origem, como já dito, nas epopeias gregas, que eram poemas que
contavam grandes feitos de heróis associados ao povo grego. O gênero épico, como assim é
chamado, esteve presente até os séculos 15 e 16, período de grandes descobertas marítimas,
que geraram boas histórias marcadas pela grandiloquência, nacionalismo, aventura e
coragem, grandes feitos e mitologia. São histórias narradas em versos, nas quais os heróis,
que têm muitas qualidades morais, representavam o valor e o ideal de um povo. Esses heróis
são, por isso, quase deuses, em sua capacidade de conquista, de luta, de superação.
Atualmente, o gênero narrativo possui forma distinta, pois, de modo geral (não exclusivo),
não se manifesta por meio de versos, mas sim pela prosa, com seus elementos característicos.
Vejamos quais são esses elementos.
Elementos do gênero narrativo:
Narrador – É voz que conta a história, já que o ambiente literário é ficcional. Pode ser
onisciente (sabe de tudo o que ocorre) ou portar-se como mero observador, que não conhece
todos os fatos que se propõe a contar.
Foco narrativo – O autor escolhe de qual ponto de vista, de qual ângulo de visão o narrador
vai contar a história. Isso caracteriza bem como a história vai ser narrada, porque aproxima
ou distancia o narrador dos fatos que vai expor. Pode ser, portanto, o ponto de vista de
primeira pessoa do singular (eu), então, personagem da história, ou de terceira pessoa (ele),
então, narrador observador ou onisciente.
Personagens – São os seres que desenvolvem os fatos da história. Podem ser planas (simples,
descritas essencialmente por suas características físicas, são previsíveis e não tendem a ter
mudanças drásticas em sua conduta ao longo da história) ou redondas (complexas,
imprevisíveis, com atitudes bem próximas às das pessoas reais. Ao contrário das planas, são
descritas basicamente em seu perfil psicológico, explicitados por suas ações, escolhas, falas.
Não há apresentação formal por parte do narrador; a personagem vai desvendando-se por si
mesma ao longo da narrativa).
Enredo – É o conjunto de fatos narrados, interligados entre si (com lógica interna da própria
obra). É a trama que vai ligando fatos, personagens, tempo, espaço, etc., não há narrativa se
não há enredo. O enredo só se movimenta à medida em que as personagens vão se
apresentando e interagindo umas com as outras em um processo que chamamos intriga.
Geralmente o enredo possui um fluxo que caminha da apresentação inicial para um ponto
máximo de expectativa, que denominamos clímax; em seguida, a grande questão se resolve
parcial ou integralmente, e ocorre o desfecho.
Tempo – Refere-se ao momento em que a ação acontece – é o quando. Pode ser cronológico,
marcado pelo tempo exterior, social, registrado pelo relógio (noção de horas, dias, etc.), ou
psicológico (tempo interno da personagem, que, geralmente, não coincide com o tempo
externo, porque revela sensações, reflexões, pensamentos, etc.). O tempo pode seguir um
fluxo linear e apresentar-se em uma sequência de fatos, ou romper com isso. Nesse caso,
pode ocorrer uma retomada de tempo, por meio de flashback, ou ainda seguir o fluxo mental,
psicológico da personagem.
Espaço – Refere-se ao lugar, cenário, ambiente em que os fatos ocorrem – é o onde. Pode ser
externo ou interno, dependendo do narrador, do tempo e das personagens.
Discurso – É a expressão do pensamento das personagens, das ideias que elas apresentam em
relação aos fatos narrados. Isso se materializa pelo registro de suas falas e seus pensamentos.
Pode ser discurso direto (personagens falam diretamente ao leitor, sem intermediação do
narrador. Isso é marcado, geralmente, pelo travessão no início da fala); discurso indireto (o
narrador conta o que a personagem falou, já que narra fatos transcorridos); discurso indireto
livre (o narrador mescla sua fala com a das personagens, sem marcações que as distingam).
São manifestações mais comuns do gênero literário narrativo:
Romance – Estrutura narrativa complexa em relação a todos os elementos da narrativa.
Geralmente possui grande extensão, para poder desenvolver seu enredo.
Novela – Estrutura próxima ao romance, porém mais simples e menos complexa.
Conto – Estrutura sintética, condensada, mas nem por isso simplista, em que todos os
elementos da narrativa se prestam à condensação narrativa.
Crônica – Estrutura originalmente herdada de jornais e, por isso, é marcada pela presença de
fatos do cotidiano, o que gera reflexões, crítica, humor, ironia, etc.
Memória/diário – Relato de fatos com base em uma perspectiva pessoal, de cunho
confessional ou não.
Apólogo – Narrativa breve. As personagens são seres inanimados.
Fábula – Narrativas com animais como personagens com ações humanas.
Parábola – Narrativa que encerra ensinamento religioso / moral.

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