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A audiência teve início às quatorze horas, do dia três de julho de dois mil e vinte,
quando reuniram-se remotamente os membros da Comissão de Educação, esporte e
lazer, com o objetivo de discutir a “Desigualdade Digital na Educação de Salvador”. O
Vereador Silvio Humberto fez a abertura dos trabalhos, destacou a importância da
temática dentro da luta para uma educação pública de qualidade para todos e todas e
passou a palavra para o Presidente da Comissão, Vereador Toinho Carolino. O edil
saudou os presentes e destacou esta audiência como um mecanismo de buscar
alternativas que possam diminuir as desigualdades entre alunos da rede privada e
pública de ensino. Informou que encaminhou ao executivo estadual e municipal o
pedido de que fossem disponibilizados tabletes e pacote de dados para alunos e
alunas das respectivas redes de ensino, como alternativa para a continuidade do ano
letivo, neste momento de isolamento social, já que, sem estas ferramentas, estarão
excluídos de acesso aos conteúdos. Embora considere que esta ação isolada não é
suficiente, pois, a formação continuada dos professores também precisa estar em
pauta. Na sequência, o Presidente informou que precisaria se ausentar, pois já tinha
compromisso previamente agendado. Passou então, a condução dos trabalhos para o
Vereador Silvio Humberto. Em seguida, o edil passou para a Mesa fazer suas
considerações iniciais.
Vereador Silvio Humberto: Falou do seu compromisso coletivo e batalha por uma
educação pública de qualidade em Salvador, que reflete o compromisso com toda a
cidade. Parabenizou a iniciativa do projeto de indicação do Vereador Toinho Carolino
e agradeceu pela participação. Trouxe para reflexão o fato da pandemia não
inaugurar a desigualdade digital, mas sim, acentuar esta e várias outras questões
sociais e econômicas. Durante a audiência pública, o edil fez leitura das intervenções
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Professora Márcia Paim: agradeceu o convite para tratar desta temática, por se
configurar como uma possibilidade de diálogo que busca diminuir, ou pelo menos
pensar as desigualdades, sendo esta, a primeira inciativa de que teve conhecimento
neste sentido. Considerou que as desigualdades entre a rede municipal e estadual se
assemelham, a partir do que ouviu da exposição da professora Ivone. Avaliou que a
desigualdade digital no Brasil é parte de uma série de desigualdades que negros e
negras sofrem historicamente, assim, não é um problema gerado pela pandemia, mas
que está sendo acentuado neste momento. Apresentou três variáveis para discussão
da desigualdade digital: raça, gênero e faixa geracional. Ponderou que não é
suficiente prover a escola de excelência em tecnologias, sem que outras questões
estruturais e básicas para a dignidade humana sejam garantidas ao aluno, assim,
haveria o acesso à tecnologia na escola e não teria acesso à água potável em casa,
por exemplo. Sobre as questões de gênero e raça, trouxe para discussão a presença
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Professor Nelson Preto: iniciou sua fala registrando a tristeza pela pequena
presença de vereadores na discussão de uma temática de tamanha importância para
a cidade, visto que, os vereadores são as representações da população no poder
público. Em seguida, saudou todos e todas que se faziam presente e ressaltou que a
comunicação livre é fundamental para a democracia. Situou o problema da inclusão
digital numa perspectiva mais ampla, deixando claro que não se pode aceitar a ideia
de que, tão logo se passe a pandemia, haverá uma “nova normalidade”, pois nunca
houve normalidade neste país, desde que os portugueses chegaram com a
escravização, e deixaram uma marca racista em nossa nação. Considerou que,
enquanto houver racismo no país, não se pode falar em democracia. Afirmou que no
campo digital há reprodução das desigualdades que historicamente foram se
alargando em todos os outros campos da sociedade. Defendeu que se deve requerer
não a internet na escola, mas as escolas na internet e desta forma, se traz a
dimensão da concepção de educação e sociedade que se deseja. Discutiu a internet
como um espaço construído historicamente a partir do coletivo e da importância de
pensar o enfrentamento à pandemia a partir das redes, para além da transposição de
conteúdos. Apresentou a complexidade da situação que enfrentamos, já que, se
formos considerar as condições concretas de inclusão digital dos nossos alunos, há
clareza de que não há muitas possibilidades do que se fazer. Assim como, é
necessário também pensar nas condições objetivas dos professores em um momento
de tamanha instabilidade, quando não dar para continuar dando aula como se nada
estivesse acontecendo. Por outro lado, se nada fizer, é o desafio, também estarão
aumentando as desigualdades existentes. Ações que não compreendam estas
desigualdades poderão intensificá-las. Defendeu um Fórum permanente de
discussão, mas neste momento, deve ter o objetivo de acolhimento de todos e todas,
de cuidado em razão do luto coletivo que enfrentamos. Ponderou que é importante o
uso da televisão, mas a Câmara de Vereadores precisa fiscalizar como este processo
foi realizado, assim como, a compra dos chips para distribuição aos alunos.
Considerou que estas são ações importantes da prefeitura, mas não podem se
constituir num plano único para a educação. Neste momento, indicou que se deve
fazer sim, uma imersão na cultura digital, mas no sentido de acolhimento a estas
famílias e não pra sair dando aula com uma preocupação apenas com os conteúdos
programáticos. Sobre o programa “Escola mais”, criticou o fato do poder público
municipal insistir nesta articulação com os reformadores da educação e com
empresas que buscam trazer soluções para a educação, quando o que se precisa é
de um programa de fortalecimento dos professore e professoras, para que sejam
plenos e políticos no fazer da educação. Destacou a importância de políticas públicas
articuladas para que se garanta inclusão digital, defendeu a construção e
fortalecimento de redes públicas de internet, já que, considera que não é impossível
fazer inclusão digital com as grandes plataformas capitalistas e/ou reformadores de
educação. Alertou que, ao invés de ter professores fortalecidos atuando nas escolas,
esses grupos se articulam para determinar os conteúdos e se cria um grande
mercado. Informou que lançou uma campanha no seu grupo de pesquisa para que
todos liberassem seus wifis, a fim de que seja criada uma grande rede colaborativa.
Indicou como estratégia, o fortalecimento dos distribuidores locais de internet para
que se garanta o acesso à internet a todo cidadão e a apropriação das redes para
criação de redes de solidariedade.
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