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SEGURANÇA NO TRABALHO E ACIDENTES DE TRABALHO

INTRODUÇÃO

No actual e competitivo mercado, a busca acirrada por produzir em grande escala a


preço reduzido e melhor aproveitamento de oportunidades de negócio, as indústrias
aceleram seu processo de trabalho trazendo desequilíbrio nos ambientes de trabalho e
aumentando consideravelmente os índices de acidentes.

O presente trabalho tem como tema geral a segurança no trabalho e como tema
específico os acidentes de trabalho, onde procuraremos abordar com precisão as
principais causas dos acidentes de trabalho nas organizações.

No entanto, o mesmo está constituído por dois capítulos: no primeiro, abordaremos


aspectos relacionados a problemática. No segundo capítulo, esmiuçaremos sobre a
segurança no trabalho, acidentes de trabalho, evolução histórica, tipos de acidentes de
trabalho, causas e consequências de acidentes de trabalho, bem como a
responsabilização do sistema jurídico angolano e a lei geral do trabalho. Já no terceiro
capítulo, abordaremos alguns artigos da Lei Geral do Trabalho.

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SEGURANÇA NO TRABALHO E ACIDENTES DE TRABALHO

CAPÍTULO II: NOÇÕES GERAIS SOBRE SEGURANÇA E ACIDENTES DE


TRABALHO

O trabalho sempre fez parte da vida dos seres humanos. Foi através dele que as
civilizações conseguiram se desenvolver e alcançar o nível actual. O trabalho gera
conhecimentos, riquezas materiais, satisfação pessoal e desenvolvimento económico.
Por isso, ele é e sempre foi muito valorizado em todas as sociedades.

2.1. CONCEITOS DE SEGURANÇA NO TRABALHO

Segurança no trabalho é um conjunto de actividades que permitem estudar, investigar,


projectar, controlar e aplicar os métodos e meios técnicos-organizativos que garantem
condições seguras, higiénicas e confortáveis no trabalho, como também, das disposições
jurídico-normativas de protecção no trabalho.

Também, é um conjunto de actividades, de normas, acções e medidas preventivas,


destinadas à melhorar ambientes de trabalho, prevenção de doenças ocupacionais e
acidentes de trabalho.

Através de metodologias e técnicas apropriadas, visa o estudo das possíveis causas de


acidentes e doenças ocupacionais, objectivando o controlo e a prevenção dessas
ocorrências.

A principal finalidade da segurança no trabalho é promover a melhor qualidade de vida


possível no ambiente de trabalho.

2.2. CONCEITOS DE ACIDENTES DE TRABALHO

Acidentes de trabalho é o acontecimento súbito que decorre no exercício da actividade


laboral ao serviço da empresa ou instituição que provoque ao trabalhador lesão ou danos
corporais que levem a uma incapacidade parcial, total, temporária ou permanente para o
trabalhador, ou ainda a morte.

Analisando este conceito, dir-se-á que o mesmo é integrado pelos seguintes requisitos:

1. Cumulativos: acontecimento súbito ou facto ocorrido no exercício da actividade


laboral, dano, nexo de causalidade entre o facto e o dano.
2. Acontecimento súbito ou facto: caracteriza-se por ser uma acção súbita (duração
curta e limitada) exterior à vítima (origem estranha à constituição da vítima)
violenta no sentido de ser uma acção lesiva do corpo humano. A subitaneidade
constitui o elemento distintivo entre os conceitos de acidente de trabalho e de
doença profissional.

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O acidente é o resultado duma causa súbita. A doença profissional é o resultado de uma


causa lenta e progressiva. O acontecimento súbito é, por natureza, “repentino”,
“instantâneo”, “imediato”, mas a subitaneidade não pode ser entendida em termos
absolutos, já que qualquer evento, seja ele qual for, sempre terá uma duração qualquer,
maior ou menor, devendo antes associar-se-lhe a ideia de duração curta e limitada.

Já (Cunha Gonçalves; p.18) referia que na subitaneidade do facto ocorriam dois


elementos: a imprevisão e a limitação de tempo - como características essenciais do
acidente por contraposição a evolução lenta e progressiva característica da doença
profissional.

2.3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A história da segurança do trabalho remonta nos anos de 1700, com a publicação, na


Itália, pelo médico Bernardino Ramazzini do livro “As doenças dos trabalhadores”.
Nesse livro ele descreve várias doenças relacionadas a algumas profissões existentes na
época. Ramazzini é considerado o “pai” da Medicina do Trabalho, devido à repercussão
mundial dessa obra.
Outras informações sobre saúde ocupacional, por volta de 1760 e 1830 na Inglaterra,
ocorreu um facto marcante: a Revolução Industrial. E ela teve origem com o surgimento
da máquina de fiar. Com o advento das primeiras máquinas de fiação e tecelagem, o
artesão perdeu o domínio dos meios de produção. As máquinas já começavam a
substituir o artífice, numa produção muitíssimo superior à do homem. A mão-de-obra
necessária para a manipulação das máquinas era facilmente garantidas pelas famílias
pobres. Sendo aceitos como trabalhadores homens, mulheres e crianças, não importando
a saúde nem outros requisitos. O empregador estabelecia as condições de trabalho de
acordo com sua vontade e seu livre arbítrio. As directrizes eram fixadas pelo
empregador, bem como a duração diária de trabalho.

2.3.1. OS ACIDENTES NA HISTÓRIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO

Todo este quadro assumiu situações graves, o trabalhador não tinha nenhum respeito
humano. Não só os acidentes se sucederam, mas também enfermidades típicas ou
agravadas pelo ambiente profissional. Nesse período de inactividade o operário não
recebia salário e não havia leis que o amparasse.

2.3.2. AS PRIMEIRAS LEIS DE PROTECÇÃO AO TRABALHO

As primeiras leis de protecção ao trabalho surgiram na Inglaterra, França, Alemanha e


Itália, sendo:

 Na Inglaterra, em 1802 criou-se a lei de amparo aos operários;


 Em 1819, surge a lei que proibia o trabalho para menores de 9 anos e limitava a
12 horas a jornada para menores de 16 anos;

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 Em 1833, o Parlamento Inglês votou nova lei, reduzindo para 8 horas o limite de
jornada dos menores de 13 anos e para 12 horas aos menores de 18 anos e
proibindo o trabalho nocturno de menores;
 Em 1847, passou a vigorar uma lei estabelecendo a duração diária do trabalho
para 10 horas e essa lei dava protecção às mulheres e menores;
 Já em 1908, foi estabelecida a jornada diária de 8 horas;
 Em 1910, foi criada a folga de meio-dia por semana aos comerciantes;
 Em 1912, o Código de Leis Trabalhistas, foi ampliado sempre por estatutos
especiais e portarias administrativas.

Certamente pode se considerar que a Inglaterra foi o berço da ideia do repouso semanal
e da limitação da jornada diária de trabalho.

O desenvolvimento da sinistralidade e a inerente perda da capacidade de ganho somadas


às múltiplas carências económicas e sociais dos operários da época, dariam origem
àquilo a que se designou por “questão social” e à necessidade de criação de medidas
legislativas de protecção relativamente aos acidentes de trabalho.

A importância crescente do tema atraiu a atenção das instâncias internacionais,


especialmente da O.I.T Organização Internacional do Trabalho (instituída em 1919,
pelo Tratado de Versalhes, que pôs fim à 1ª Guerra Mundial), tendo o mesmo sido
objecto de inúmeras convenções deste organismo, nomeadamente a Convenção n.º 12,
de 1921, sobre acidentes de trabalho na agricultura, a Convenção n.º 17, de 1925, sobre
reparação de acidentes de trabalho, e a Convenção n.º 18, também de 1925, sobre
reparação de doenças profissionais.

Essa mesma importância justificou a consagração de princípios da protecção social dos


trabalhadores noutros instrumentos de direito internacional, nomeadamente a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujo art. 25º, rege, nomeadamente, a
matéria do direito à protecção social, na doença e na invalidez; e o Pacto Internacional
sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais, que no seu art. 7º, aborda a questão
dos direitos emergentes de acidente de trabalho.

2.4. TIPOS DE ACIDENTES DE TRABALHO

Os tipos de acidentes de trabalho são:

 Acidente típico;
 Acidente de trajecto;
 Doenças ocupacionais;
 Incidente.

2.4.1. ACIDENTE TÍPICO

É aquele que ocorre no local e durante o trabalho, considerando como um


acontecimento súbito, violento e ocasional provocando no trabalhador uma

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incapacidade para a prestação de serviço. Exemplos: batidas, quedas, queimaduras,


contacto com produtos químicos, cortes, choque eléctrico, etc.

2.4.2. ACIDENTE DE TRAJECTO

É o acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o local de trabalho


ou vice-versa, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade
do empregado em horários e trajectos compatíveis.

Deixa de caracterizar-se como “acidente de trajecto” quando o empregado tenha, por


interesse próprio, interrompido ou alterado o percurso normal.

2.4.3. DOENÇAS OCUPACIONAIS

São as doenças decorrentes do trabalho e podem ser classificadas em “doenças


profissionais” e “doenças do trabalho”.

a) Doença profissional

As doenças profissionais decorrem da exposição dos trabalhadores a agentes físicos,


químicos, ergonômicos e biológicos, ou seja, da respectiva relação elaborada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego e o da Previdência Social (Anexo II do Decreto nº
2.172/97). Exemplos:
 as lesões por esforço repetitivo (inflamações em músculos, tendões e nervos
provocadas por actividades de trabalho que exigem movimentos manuais
repetitivos durante longo tempo);
 perda auditiva induzida pelo ruído (provocada, na maioria das vezes, pela
exposição a altos níveis de ruído durante período prolongado);
 bissinose (estreitamento das vias respiratórias causado pela aspiração de
partículas de algodão);
 siderose (causada pela inalação de partículas de ferro, atinge trabalhadores de
mineradoras de hematita, soldadores e trabalhadores que manipulem pigmentos
com óxido de ferro);
 asbestose (resultante do trabalho com amianto);
 saturnismo (intoxicação provocada pelo chumbo).

b) Doença do trabalho

As doenças do trabalho são desencadeadas a partir de condições inadequadas de


trabalho, onde se torna necessária a comprovação do nexo causal, afirmando que foram
adquiridas em decorrência do trabalho. Exemplos:

 alergias respiratórias adquiridas em ambientes condicionados;


 estresse;
 fadiga;
 dores de coluna em motoristas e intoxicações profissionais agudas.

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2.4.4. INCIDENTE

Quando ocorre um acidente sem danos pessoais, diz-se incidente. Para os profissionais
prevencionistas é tão ou mais importante que o acidente com danos, pois indica uma
condição de futuro acidente devendo, portanto, ser analisado, investigado e sugeridas
medidas para evitar sua repetição.

2.5. CAUSAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO

Os acidentes de trabalho apresentam inúmeras causas. É improvável que um acidente


seja causado por um, existe um conjunto de factores que contribuem para a ocorrência
do evento indesejado (CHIAVENATO, 2004, apud RIBEIRO 2012). A gravidade deste
evento varia de insignificante a catastrófica. As principais causas dos acidentes de
trabalho estão relacionadas a três factores: condições inseguras, actos inseguros e
factor pessoal de insegurança.

O acidente ocorrido por uma condição insegura significa que o ambiente de trabalho, foi
o causador do acidente ou contribuiu para a ocorrência deste. Se o acidente foi causado
por uma forma incorrecta de executar alguma tarefa mesmo que de maneira
inconsciente, caracteriza-se de acto inseguro. Quando a principal causa do acidente foi o
comportamento humano caracteriza-se um factor pessoal de insegurança.

Exemplo de Condição Insegura:

1. Falta de EPI – (Equipamento de Protecção Individual);


2. Falta de protecção em máquinas e equipamentos;
3. Iluminação excessiva ou inadequada;
4. Falta de ventilação no ambiente ou ventilação deficiente;
5. Falta de guarda corpo em escadas.

Exemplo de Acto Inseguro:

1. Não utilizar EPI – (Equipamento de Protecção Individual);


2. Remover dispositivos de segurança de máquinas e equipamentos;
3. Trabalhar alcoolizado ou sobre influencia de drogas;
4. Fazer brincadeiras em horário de trabalho;
5. Desrespeitar sinalização de segurança.

Factor Pessoal de Insegurança:

1. Problemas conjugais;
2. Doença na família;
3. Excesso de horas trabalhadas;
4. Distracção;

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5. Desmaio.

2.6. CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO

Os impactos causados pelos acidentes de trabalho não atingem somente o trabalhador


acidentado que fica incapacitado para o trabalho, de forma total ou parcial, temporária
ou permanente. As consequências se estendem da seguinte forma:

Para o indivíduo

 Lesão;
 Incapacidade;
 Afastamento do trabalho;
 Diminuição do salário;
 Dificuldade no sustento da família (existirá uma redução do rendimento
financeiro da família da vitima);
 Alguns casos tem levado a morte do trabalhador este que é tida como a
consequência mais grave.

Para a empresa

 Tempo perdido pelo trabalhador durante e após o acidente;


 Interrupção na produção;
 Diminuição da produção pelo impacto emocional;
 Danos às máquinas, materiais ou equipamentos;
 Gastos com primeiros socorros;
 Gastos com treinamento para substitutos;
 Atraso na produção e aumento de preço no produto final.

Para o Estado

 Acúmulo de encargos assumidos pela Previdência Social;


 Aumento dos preços prejudicando o consumidor e a economia;
 Aumento de impostos e taxas de seguro.

2.7. CARACTERIZAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO

O acidente de trabalho deverá ser caracterizado:

1. administrativamente, pelo sector de benefícios do Instituto Nacional de


Seguridade Social (INSS), que estabelecerá o nexo entre o trabalho exercido e o
acidente;
2. tecnicamente, pela perícia médica do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS)
que estabelecerá o nexo de causa e efeito entre:
a) o acidente e a lesão;

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b) a doença e o trabalho;
c) a causa mortis e o acidente.

2.8. SISTEMAS DE REPARAÇÃO DE DANOS RESULTANTES DE ACIDENTE


DE TRABALHO

A evolução histórica e o direito comparado demonstram que os sistemas jurídicos em


matéria de reparação de danos emergentes de acidentes de trabalho e doenças
profissionais se reconduzem, grosso modo, a três categorias:

1. Sistemas de responsabilidade privada: a responsabilidade incide sobre a entidade


empregadora que obrigatoriamente a transfere para uma seguradora mediante a
celebração de um seguro de acidentes de trabalho;
2. Sistemas de responsabilidade social: o risco é assumido socialmente através de
pessoas colectivas de direito público. Pode haver seguros sociais ou inserção no
sistema de segurança social;
3. Sistemas mistos: a reparação processa-se através dos mecanismos supra
referidos, quer em alternativa, quer em concorrência, quer por escolha dos
interessados ou por imposição legal.

2.9. ABORDAGEM SOBRE A RESPONSABILIZAÇÃO NO SISTEMA


JURÍDICO ANGOLANO

O Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social é o organismo


Reitor da Política de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho. Cabe ao Ministério da
Administração Pública, Emprego e Segurança Social o seguinte:

a) Definir, elaborar e orientar a política sobre a segurança, higiene, e saúde no


trabalho e propor às instâncias superiores a sua aprovação;
b) Controlar a aplicação da política definida e fiscalizar o cumprimento das
disposições legais e regulamentares no âmbito da segurança, higiene, .e saúde no
trabalho;
c) Assessorar e aconselhar as empresas, assim como os trabalhadores na aplicação
da politica de segurança, higiene e saúde no trabalho;
d) Promover a divulgação e a sensibilização dos trabalhadores no sentido de
adquirirem hábitos Seguros e higiénicos de trabalho;
e) Desenvolver a investigação e a normalização sobre segurança, higiene e saúde
no trabalho;
f) Ordenar a paralisação de equipamentos, maquinarias e processos produtivos nos
locais de trabalho, quando anteveja a eminência de acidentes de trabalho,
perigos de incêndios ou incumprimentos de normas de segurança, higiene e
saúde no trabalho que impliquem riscos para os trabalhadores;
g) Proteger especialmente a actividade laboral da mulher, e dos trabalhadores com
capacidade de trabalho, reduzida.

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CAPÍTULO III: LEI GERAL DO TRABALHO DE ANGOLA

3.1. CONDIÇÕES DE PRESTAÇÃO DO TRABALHO

1. Além dos deveres estabelecidos nesta lei, designadamente na alínea g) do artigo


41º, são obrigações gerais do empregador, no que respeita á segurança, saúde e
higiene no trabalho:
a) Tomar as medidas necessárias no âmbito da segurança, saúde e higiene no
trabalho;
b) Fazer o seguro individual ou de grupo a todos os trabalhadores, aprendizes e
estagiários, contra o risco de acidentes de trabalho e doenças profissionais,
salvaguardando as pequenas e mucro-empresas;
c) Organizar e dar formação prática apropriada em matéria de segurança, saúde, e
higiene no trabalho a todos os trabalhadores que contrate, que mudem de posto
de trabalho, ou de técnica e processo de trabalho, que usam novas substâncias
cuja manipulação envolva riscos ou que regressem ao trabalho pós uma ausência
superior a seis (6) meses;
d) Cuidar que nenhum trabalhador seja exposto à acção de condições ou agentes
físicos, químicos, biológicos, ambientais ou de qualquer outra natureza ou a
pesos, sem ser avisado dos prejuízos que possam causar à saúde e dos meios de
os evitar;
e) Garantir aos trabalhadores roupas, calçados e equipamentos de protecção
individual, quando seja necessário para prevenir, na medida em que seja
razoável, os riscos de acidentes ou de efeitos prejudiciais para a saúde ,
impedindo o acesso ao posto de trabalho aos trabalhadores que se apresentem
sem equipamento de protecção individual;
f) Tomar a devida nota das queixas e sugestões apresentadas pelos trabalhadores
acerca do ambiente e condições de trabalho e adoptar as medidas convenientes;
g) Colaborar com as autoridades sanitárias para erradicação de epidemias e
situações endémicas locais;
h) Aplicar medidas disciplinares adequadas aos trabalhadores que violem as regras
e instruções sobre segurança, saúde e higiene no trabalho;
i) Cumprir todas as demais disposições legais sobre segurança, saúde e higiene no
trabalho que lhe sejam aplicáveis.
2. O empregador que não cumpra o disposto na alínea b) do número anterior ou
que tenha deixado de cumprir as obrigações impostas pelo contrato de seguro
além das sanções a que esta sujeito, fica directamente responsável pela
consequência dos acidentes e doenças verificadas.

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Artigo 83º
(Obrigações dos trabalhadores)
Além dos deveres estabelecidos nessa lei, designadamente na alínea do artigo 44º, os
trabalhadores são obrigados a utilizar correctamente os dispositivos e equipamentos de
segurança, saúde e higiene no trabalho, a não os retirar nem o modificar sem
autorização do empregador.
Artigo 84º
(Responsabilidade Criminal)
Sem prejuízo da responsabilidade civil estabelecida no nº 2 do artigo 81º, o empregador
responde criminalmente pelos acidentes de trabalho ou doenças profissionais que, por
grave neglicência de sua parte, sofram os trabalhadores, mesmo protegidos pelo seguro
a que se refere a alínea b) do nº 1 e do mesmo artigo.

Artigo 85º
(Obrigações imediatas do empregador)
Em caso de acidentes de trabalho ou doenças profissionais, o empregador é obrigado a:
a) Prestar ao trabalhador sinistrado ou doente os primeiros socorros e fornecer-lhe
transporte adequado até o centro médico ou unidade hospitalar onde possa ser
tratado;
b) Participar às entidades competentes o acidente ou doença, desde que provoque
impossibilidade para o trabalho, no prazo e segundo o procedimento previsto na
legislação própria;
c) Providenciar a investigação das causas do acidente ou da doença, para adoptar as
medidas preventivas apropriadas.

Artigo 87º
(Competência da inspecção geral do trabalho)
A fiscalização do cumprimento das disposições legais regulamentares sobre a
segurança, saúde e higiene no trabalho compete à inspecção geral do trabalho, que se
pode fazer assistir ou assegurar por peritos médicos dos serviços oficiais de saúde ou
por especialistas doutras áreas, com vista ao apuramento das condições de segurança,
saúde e higiene de maior complexidade.

Artigo 88º
(Vistoria das instalações)
1. Sem prejuízo do disposto na legislação específica, os centros de trabalho de
construção nova, ou em que se façam modificações ou se instalem novos
equipamento, não podem ser utilizados antes de vistoriadas por uma comissão
coordenada pela Inspecção Geral do Trabalho e composta pelos serviços de
inspecção dos sectores da saúde, dos serviços de protecção civil, bem como dos
serviços de inspecção do sector de tutela da actividade do centro de trabalho.
2. A Comissão referida no número anterior deve emitir o auto de vistoria no prazo
de oito dias úteis após a data de conclusão da vistoria.

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Artigo 89º
(Comissão ou serviços de prevenção de acidentes de trabalho)
1. Nos centros de trabalho onde exerçam actividades industriais ou de transporte,
com volume de trabalhadores não inferior ao mínimo fixado na em legislação
própria ou que preencham outros requisitos na mesma previstos, é constituída
uma comissão de prevenção de acidentes de trabalho, de composição paritária,
destinada a apoiar o empregador e responsáveis, os trabalhadores, a Inspecção-
Geral do Trabalho e outras autoridades com competência nestas áreas, na
aplicação e desenvolvimento das normas sobre ambiente, segurança, saúde e
higiene e na vigilância da sua aplicação.
2. Sempre que as condições e as actividades da empresa o permitem, pode a
comissão de prevenção de acidente de trabalho ser substituída por um serviço
interno da mesma, responsável pelo tratamento desta tarefa.

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CONCLUSÃO

Ao longo da história, o homem esteve constantemente exposto a riscos, mas a partir da


Revolução Industrial, com a invenção das máquinas a vapor, esses riscos ampliaram-se.
O surgimento das máquinas em substituição ao trabalho artesanal multiplicou a
produtividade no trabalho. Iniciava-se então a produção em larga escala, através do uso
das novas tecnologias.

As fábricas da época eram instaladas em locais improvisados, com péssimas condições


de trabalho e exploração de trabalhadores (o que incluía também mulheres e crianças)
em jornadas diárias de até 16 horas. O resultado disso foi um grande número de
acidentes de trabalho, doenças relacionadas e muitos trabalhadores mortos ou mutilados.
A partir dessa situação dramática é que se originaram as primeiras leis e estudos
relacionados à protecção, à saúde e à integridade física dos trabalhadores.

No entanto, foi necessário dirigir esforços para Função Segurança sem considerar a
Produtividade, a Qualidade de Produtos, a Preservação Ambiental e o desenvolvimento
das pessoas é grave falha conceitual estratégica (CARDELLA, 2009), porém, a
necessidade de aplicação de processos de trabalho que priorizem a saúde e segurança
dos trabalhadores se faz necessária, para obtenção de resultados positivos quanto a
prevenção de acidentes. A produtividade não pode estar acima de alguns conceitos
básicos de preservação a saúde e a segurança dos trabalhadores.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDELLA, Benedito. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes. 1 ed. São


Paulo: Atlas, 2009.

CHIVENETO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

Lei Geral do Trabalho; Edição Consolidada

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009 (AEPS). Seção IV –


Acidentes do Trabalho. Brasília: Ministério da Previdência Social/Instituto Nacional do
Seguro Social/DATAPREV, 2009. Disponível em:
http://www.mpas.gov.br/conteudoDinamico.php?id=974.

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2010 (AEPS). Seção IV –


Acidentes do Trabalho. Brasília: Ministério da Previdência Social/Instituto Nacional do
Seguro Social/DATAPREV, 2010.

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