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Como Minimizar A Carga Tributaria Das Empresas
Como Minimizar A Carga Tributaria Das Empresas
Mônica Marinho da Silva Teles, Neiva Mezzomo e Taize Alves Barroso Santos 2
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo um estudo sobre os três regimes de tributação: Lucro
Real, Lucro Presumido e Simples Nacional. Dentre essas modalidades o estudo buscou
a forma menos onerosa para a empresa analisada. Com a elevada carga tributária em
nosso país e a falta de planejamento tributário algumas empresas acabam por pagar um
valor elevado de impostos, pois o planejamento tributário deixou de ser uma vantagem e
passou a ser uma questão de sobrevivência para as empresas. O estudo foi realizado em
uma empresa de pequeno porte que atua no comercio varejista de vestuário e acessórios
na cidade de Tucuruí Estado do Pará, e sua forma de tributação em 2008 foi pelo Lucro
Real onde evidenciamos que não houve um planejamento eficaz e por essa razão houve
um maior desencaixe monetário. Com os dados coletados através da pesquisa de campo
e ao analisar as demonstrações contábeis e demais documentos nos três regimes de
tributação foi possível constatar que a melhor forma para a empresa em questão é o
Simples Nacional, pois apresentou um lucro relevante em relação a sua atual opção
tributária.
1 INTRODUÇÃO
Hoje o nosso país sofre com alta carga tributária, visto que a do Brasil e uma das mais
altas do mundo. O planejamento tributário é um conjunto de sistemas legais que visam
diminuir o pagamento de tributos e surgiu como ferramenta para que o contribuinte
possa diminuir o exorbitante valor pago de tributos e aumentar seu lucro. É sabido que
os tributos (impostos, taxas e contribuições) representam importante parcela dos custos
das empresas, senão a maior. Com a globalização da economia, tornou-se questão de
sobrevivência empresarial a correta administração do ônus tributário.
A elisão fiscal é um meio licito podendo ser aproveitado brechas da legislação para
tornar a carga tributária menos onerosa não podendo confundir com evasão fiscal que é
um ato ilegal (sonegação).
O objetivo deste estudo é avaliar qual a melhor forma de diminuir, postergar ou evitar a
alta carga tributária no âmbito federal. Avaliando os três regimes tributários: Simples
Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real mostrando a importância nos resultados da
empresa e como proceder a uma economia de impostos por meios lícitos.
O princípio constitucional não deixa dúvidas que, dentro da lei, o contribuinte pode agir
no seu interesse. Planejar tributos é um direito tão essencial quanto planejar o fluxo de
caixa e fazer investimentos.
2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
Sua finalidade é obter a maior economia fiscal possível, reduzindo a carga tributária
para o valor realmente exigido por lei.
Portanto, devem-se estudar e identificar todas as alternativas legais aplicáveis ao caso
ou existência de lacunas (“brechas”) na lei, que possibilitem realizar a operação
pretendida, da forma menos onerosa possível para o contribuinte, sem contrariar a lei.
Há alternativas legais válidas para grandes empresas, mas que são inviáveis
As taxas de mortalidade das empresas no Brasil são alarmantes, e o maior desafio para
as novas empresas que se lançam no mercado, é permanecer nele. Em um levantamento
recente temos os seguintes dados.
Fonte: empreenderparatodos.adm.br/motivacao/mat_19.htm
Fica então nosso questionamento: Uma das causas da mortalidade é também a falta de
planejamento tributário? Com um planejamento eficaz poderá ser evitado o desencaixe
monetário, podendo ser reduzido, transferido ou postergado legalmente os tributos da
empresa.
Atividade empresarial que, desenvolvendo-se de forma estritamente preventiva, projeta
os atos e fatos administrativos com o objetivo de informar quais os ônus tributários em
cada uma das opções legais disponíveis, cuidando de implementar aquela menos
onerosa, formando um conjunto de condutas, comissivas ou omissivas, da pessoa física
ou jurídica, realizadas antes ou depois da ocorrência do fato gerador, destinadas a
reduzir, mitigar, transferir ou postergar legalmente os ônus dos tributos.
3- Retardar o pagamento do tributo – o contribuinte adota medidas que têm por fim
postergar o pagamento do tributo, sem ocorrência da multa.
4 TRIBUTOS
Os tributos surgiram há séculos atrás. No inicio eram dados aos Deuses como presentes,
em gratificação aos pedidos alcançados. Com o passar dos anos, o tributo passou a ser
obrigação.
Hoje o tributo é um direito do Estado, pois assim ele pode exercer o seu papel de Estado
de Direitos, transformando esses valores arrecadados em obrigações sociais, como
escolas, hospitais, etc.
Art. 3º - Tributo é toda prestação pecuniária, compulsória em moeda ou cujo valor nela
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrado
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
5 CARGA TRIBUTARIA
Hoje o contribuinte convive com uma alta carga tributaria e uma forma muito difícil de
administrar esses impostos. As empresas convivem com 59 tributos dentre taxas,
contribuições e tarifas, e 93 obrigações acessórias que tem de serem cumpridas para
efetivar os pagamentos dos tributos. Toda esta burocracia consome em media 1% sobre
a receita bruta anual das empresas, somente com o preenchimento de guias,
acompanhamento de mudanças e arquivos de documentos. Quando falamos em pessoas
físicas e não mais empresas, o numero de impostos cai, mais não tanto. São 38
impostos, taxas e contribuições pagas pela media dos brasileiros. A dificuldade em
entender a extensa e vasta legislação tributaria e a alta carga contribui para o aumento
da sonegação, levando o governo a inventar novas maneiras de tributar ao invés de
aumentar a luta contra a sonegação.
Os brasileiros estão sufocados pela alta carga tributaria paga no Brasil, que tem como
escopo primordial sustentar a estrutura ineficaz do governo.
6 ELISÃO FISCAL
Elisão fiscal é o termo definido para o Planejamento Tributário no qual se faz ato lícito,
com o objetivo de maximizar os lucros, diminuindo o valor dos impostos a serem pagos
para a união. A elisão fiscal representa a execução ou elaboração de procedimentos,
antes do fato gerador, legítimo, ético, para reduzir ou eliminar a obrigação tributária,
dando legitimidade ao planejamento tributário, surgindo das brechas encontradas na
legislação. De acordo com Shingaki (2002, p. 25): A elisão fiscal é definida como a
economia lícita, mediante toda e qualquer ação anterior à ocorrência do fato gerador
que, sem violar a lei, evita, reduz ou posterga o imposto. Corroborando esta opinião,
Koch ( 2003,p. 116) Afirma: A elisão fiscal, hodiernamente tratada como planejamento
tributário consiste em praticar atos legais, sem dissimulação, sem fraude, visando
minimizar o imposto a recolher.
Pode-se afirmar então que a doutrina nacional considera a elisão fiscal como o
procedimento que, antes da ocorrência do fato gerador, evita que este ocorra ou então
que ocorra de maneira mais econômica.
Nota-se que a licitude está presente em todos os conceitos de elisão tributária. Uma vez
transgredida a lei, o que era elisão será considerada como evasão, não sendo mais
considerado um comportamento lícito.
7 EVASÃO FISCAL
Evasão fiscal é a forma que infringe a lei, esta forma é realizada após a ocorrência do
fato gerador da obrigação tributária, consistindo em ação dolosa ou intencional,
ocultando ou reduzindo fatos e informações de forma a diminuir o montante a ser
recolhido para a União. A evasão causa enormes prejuízos ao governo e a sociedade
como um todo. Segundo Oliveira (2005:170) conceitua evasão fiscal como: “Toda e
qualquer ação ou omissão tendente a elidir, reduzir ou retardar o cumprimento de
obrigação tributária”.
A entidade econômica tributa seu faturamento ou seu resultado, tendo como variável a
obrigatoriedade expressa na lei que obriga em obedecer à determinada modalidade de
tributação ou, caso a lei não determine, a entidade poderá optar pela modalidade de
tributação que resulte menor desencaixe monetário.
O Simples Nacional que substituiu o Simples Federal, surgiu para amenizar os tributos
impostos pelo governo, das micros e pequenas empresas, pois o sistema tem regras
diferenciadas para ambas.
O Lucro presumido é regime de tributação onde a base de cálculo é obtida por meio de
aplicação de percentual definido em lei sobre a receita bruta. Como próprio nome diz,
trata-se de presunção de lucro. Para esse regime, temos algumas vantagens relativas às
obrigações acessórias, pois o fisco federal dispensa as empresas enquadradas nesse
regime da escrituração contábil, desde que seja mantido o livro-caixa.
As pessoas jurídicas que obtiverem uma receita bruta total, no ano calendário, inferior a
R$ 48.000.000,00 (Quarenta e oito milhões de reais), poderão optar pelo lucro
presumido.
O lucro real é a única forma de tributação em que o fisco exige a apuração do resultado
do lucro líquido apurado pela contabilidade no exercício das empresas, ou seja, o “real”
resultado, aquilo que realmente foi movimentado.
Portanto, para efeitos ficais a tributação com base no lucro real exige a manutenção de
escrituração contábil completa, diferentemente do que ocorre se a empresa for tributada
com base no lucro presumido. Fonte: www.portaltributario.com.br/guia/lucro_real.htm.
As pessoas jurídicas não enquadradas em nenhuma das restrições citadas podem optar
pelo lucro presumido. Deve ser notado, todavia, que mesmo que não esteja obrigada ao
lucro real, a empresa poderá optar por este sistema de tributação. Em muitos casos, a
tributação com base no lucro presumido, embora mais simples, é mais onerosa para a
empresa (resultando num valor de imposto a pagar maior do que aquele que seria devido
se adotado a tributação com base no lucro real). Fonte: Curso Básico de Contabilidade I,
IOB.
9 METODOLOGIA
Para desenvolvimento do projeto utilizou-se a pesquisa bibliográfica, através de livros,
artigos, publicações, sites e revistas.
Para analise dos regimes e escolha de melhor tributação foi feita uma pesquisa de
analise de dados maquiados para mais e observação direta de uma empresa com
atividade de comercio varejista de artigos de vestuário e acessórios, cuja tributação atual
é pelo Lucro Real, localizada na cidade de Tucuruí-PA. A pesquisa foi efetuada em um
escritório de contabilidade, onde tivemos acesso às demonstrações contábeis, demais
documentos e informações que foram fornecidas pelo contador responsável pela
empresa.
10 RESULTADOS E DISCUSSÃO
1.161.332,26
447.270,94
714.061,32
(306.474,38)
(199.008,27)
(19.169,63)
(-) COFINS Faturamento
(88.296,48)
RECEITAS EVENTUAIS
938,40
(411.523,51)
CUSTOS OPERACIONAIS
(5.959,97)
DESPESAS ADMINISTRATIVAS
(71.434,25)
DESPESAS TRIBUTARIAS
(2.621,28)
(323.644,75)
DESPESAS FINANCEIRAS
(8.006,86)
RECEITAS FINANCEIRAS
1.155,23
(+) ADIÇÕES
0,00
(-) EXCLUSÕES
0,00
33.760,89
Provisão p/ IRPJ
(5.064,13)
Provisão p/
CSLL
(3.038,48)
25.658,28
LUCRO REAL
PIS
COFINS
1.161.332,26
1.161.332,26
0,00
0,00
0,00
0,00
1.161.332,26
1.161.332,26
Alíquota
1,65%
7,60%
19.161,98
88.261,25
Valor da Contribuição
19.161,98
88.261,25
(4.624,97)
(21.301,28)
0,00
0,00
66.959,97
Na tributação pelo Lucro Real, que é a modalidade pela qual a empresa optou no ano de
2008, constatamos o valor elevado do ICMS sobre vendas, após a apuração mensal. O
PIS e o COFINS neste regime é não cumulativo e as alíquotas incidentes sobre o
faturamento são bem mais altas 1,65% e 7,60%, e apesar do direito a deduções do valor
a pagar por meio de créditos previstos na legislação, acarretou um alto valor a recolher.
Outro fator considerado responsável por grande desencaixe monetário é o valor do INSS
com percentual de 27,80%, ocasionando também um impacto financeiro.
LUCRO PRESUMIDO
447.270,94
714.061,32
(241.396,88)
(199.008,27)
(7.548,65)
(34.839,96)
RECEITAS EVENTUAIS
938,40
(411.523,51)
CUSTOS OPERACIONAIS
(5.959.97)
DESPESAS ADMINISTRATIVAS
(71.434,25)
DESPESAS TRIBUTARIAS
(22.471,72)
(323.644,75)
DESPESAS FINANCEIRAS
(8.006,86)
RECEITAS FINANCEIRAS
1.155,23
Provisão para IR
(3.488,38)
(3.139,54)
72.360,03
Tabela 2.1 - Lucro Presumido Base de Cálculo e Apuração do Pis, Cofins, IRPJ e CSLL
LUCRO PRESUMIDO
PIS
COFINS
1.161.332,26
1.161.332,26
0,00
0,00
RECEITA LÍQUIDA
1.161.332,26
1.161.332,26
Alíquota
0,65%
3%
7.548,65
34.839,96
LUCRO PRESUMIDO
IRPJ
CSLL
1.161.332,26
1.161.332,26
0,00
RECEITA LÍQUIDA
1.161.332,26
1.161.332,26
Alíquota de Presunção
8%
12%
Base de Cálculo
92.906,58
139.359,87
Alíquota
15%
9%
13.938,98
12.542,38
Tabela 3: Demonstração do Resultado do Exercício 2008 – Simples Nacional.
SIMPLES NACIONAL
1.161.332,26
447.270,94
714.061,32
(79.833,51)
(79.833,51)
RECEITAS EVENTUAIS
938,40
(411.523,51)
CUSTOS OPERACIONAIS
(5.959.97)
DESPESAS ADMINISTRATIVAS
(71.434,25)
DESPESAS TRIBUTARIAS
(2.158,76)
(269.103,20)
DESPESAS FINANCEIRAS
(8.006,86)
RECEITAS FINANCEIRAS
1.155,23
315.405,83
MÊS/ANO
FAT. ACUMULADO
%
SIMPLES
jan/08
842.412,49
8,45
66.716,98
5.637,58
fev/08
836.147,34
8,45
63.929,49
5.402,04
mar/08
793.344,88
8,45
101.457,13
8.573,13
abr/08
842.612,29
8,45
157.773,20
13.331,84
mai/08
936.188,99
8,45
144.814,89
12.236,86
jun/08
1.022.924,84
9,03
90.103,86
8.136,38
jul/08
1.061.241,49
9,03
76.512,72
6.909,10
ago/08
1.087.310,93
9,12
64.561,66
5.888,02
set/08
1.089.561,86
9,12
104.763,49
9.554,43
out/08
1.126.018,97
9,12
45.659,36
4.164,13
nov/08
1.095.267,55
9,12
74.001,08
6.748,90
dez/08
1.093.382,46
9,12
171.038,40
15.598,70
TOTAL
9.637.764,08
1.161.332,26
79.833,51
Imposto/Contribuição
Simples Nacional
Lucro Presumido
Lucro Real
SIMPLES NACIONAL
79.833,51
PIS
7.548,65
14.537,01
COFINS
34.839,96
66.959,97
IRPJ
13.935,98
5.064,13
CSLL
12.542,38
3.038,48
INSS
14.544,75
69.086,30
69.086,30
ICMS
139.619,37
139.619,37
Total
94.378,26
277.572,64
298.305,26
Após avaliar as três modalidades de tributação pode-se evidenciar que a mais vantajosa
para a empresa analisada é o Simples Nacional, com diferença significativa nos lucros.
CONCLUSÃO
Com relação aos regimes de tributação fica demonstrado que cada empresa deve ser
analisada individualmente, cabendo uma profunda análise para a opção da melhor
tributação, determinando o sucesso ou fracasso dos negócios, independente do porte da
empresa.
O estudo desenvolvido através de análise das demonstrações contábeis mostra que para
a empresa analisada a melhor forma é o Simples Nacional pela sua atividade e volume
de receita, onde é possível pagar os impostos com alíquotas reduzidas. Através do
estudo de caso ficou comprovado que o regime tributário escolhido pela empresa não é
adequado, e o Lucro Real atual regime pelo qual a empresa optou no exercício
analisado, foi a forma menos vantajosa, havendo um maior desencaixe monetário,
reduzindo a lucratividade e possibilidade de maiores investimentos.
REFERÊNCIAS
BUENO, Silveira: Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo: Editora FTD S.A
2000.
FERNANDES, José Luiz Nunes. Planejamento Tributário: economia legal de recursos
para as empresas. Belém: Alves Gráfica e Editora, 2008
OLIVEIRA, Rúbia Carla Mendes de, SANTOS Adiléia Ribeiro: Artigo Científico:
Planejamento tributário com ênfase em empresas optantes pelo lucro real. Faculdade de
Telêmaco Borba- FATEB-PR
REVISTA Anais dos resumos dos trabalhos científicos – 18º Congresso brasileiro de
contabilidade, Gramado –RS 24 à 28 de agosto de 2008.
SUPERSIMPLES:http://empresas.globo.com/Empresasnegocios/0,19125,ERA1667855
-2992,00.html. Acesso em 14/11/2008.
TOLEDO, Maria de Lourdes Araújo de Sousa, CAMPOS Jonas Comim de: Artigo
Científico: Contabilidade tributária prevenção e planejamento para eficiência da gestão
fiscal. UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba – São José dos Campos – SP.
YUNG, Lúcia Helena Briski. Planejamento tributário fusão, cisão e incorporação.
Curitiba:Juruá, 2008, 4ª edição. Editora Juruá.
ABSTRACT
The present article has for objective a study on three regimes of taxation: Real
Profit, National Vain Profit and Simple Profit. Amongst these modalities the study
searched the form less onerous for the analyzed company. With the raised tax burden in
our country and the lack of planning tributary it left of being an advantage and it started
to be a question of survival for the companies. The study was carried through in a small
business company that acts in the retailing of clothes and accessories in the city of
Tucuruí - State of Pará, and its form of taxation in 2008 was for the Real Profit where
we evidence that it did not have an efficient planning and therefore had a greater
dislocates monetary. With the data collected through the research of field and when
analyzing the countable demonstrations and too much documents in three regimes of
taxation were possible to evidence that the best form for the company in question is
Simple Profit one, therefore presented an excellent profit in relation its current option
tax.