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Questões de Concurso – CRIMINOLOGIA

Atualização: 04/05/2020.

Fonte utilizada: Site Qconcursos + seleção dos melhores comentários

##Atenção: As questões que foram consideradas ERRADAS pelo gabarito oficial constam ao
final da questão a palavra [CORRIGIDA]

Material confeccionado por Eduardo Belisário S. Teixeira.

(TJPA/Reaplic-2019-CESPE): O movimento Tolerância Zero parte da ideia de que o Estado não


deve negligenciar fatos criminosos, por mais insignificantes que sejam, já que esses fatos contêm
em si uma fonte de irradiação da criminalidade.

##Atenção: O movimento Tolerância Zero parte da ideia de que os pequenos delitos devem ser
rechaçados, o que acabaria inibindo os mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro),
atuando, assim, como prevenção geral. Em outras palavras, o Estado não deve negligenciar
fatos criminosos, por mais insignificantes que eles representem, já que tais fatos contêm em si
uma fonte de irradiação da criminalidade.

(TJPA/Reaplic-2019-CESPE): Os defensores do movimento Lei e Ordem acreditam que os


criminosos apenas poderão ser controlados por meio de leis severas, que imponham a pena de
morte e longas penas privativas de liberdade. Segundo o movimento Lei e Ordem, estes seriam
os únicos meios eficazes para intimidar e neutralizar os criminosos e, além disso, capazes de
fazer justiça às vítimas. [CORRIGIDA]

(TJPA/Reaplic-2019-CESPE): A Nova Defesa Social é considerado um movimento com traços


de uma política criminal humanista, na busca de um Direito Penal de caráter preventivo e
protetor da dignidade humana. Em sentido oposto ao da Defesa Social, existem os
denominados Movimentos de Lei e Ordem, cuja ideologia estabelecida é a repressão, pautada
no regime punitivo-retributivo. Por outro lado, a Despenalização das Contravenções não é
considerada como instrumento de endurecimento do Estado no combate ao crescimento da
criminalidade. [CORRIGIDA]

(TJBA-2019-CESPE): A explicação do crime como fenômeno coletivo cuja origem pode ser
encontrada nas mais variadas causas sociais, como a pobreza, a educação, a família e o ambiente
moral, corresponde à perspectiva criminológica denominada sociologia criminal.

(MPSC-2016): O italiano Cesare Lombroso, autor da obra “L’Uomo delinquente”, foi um dos
precursores da Escola Positiva de Criminologia, a qual admitia a ideia de que o crime é um ente
jurídico - infração - e não ação.

(MPSC-2016): Teoria da Subcultura Delinquente: Desenvolvida por Wolfgang e Ferracuti


(1967), esta teoria defende a existência de uma subcultura da violência, que faz com que alguns
grupos passem a aceitar a violência como um modo normal de resolver os conflitos sociais.
Mais que isso, sustenta que algumas subculturas, na verdade, valorizam a violência, e, assim
como a sociedade dominante impõe sanções àqueles que deixam de cumprir as leis, a
subcultura violenta pune com o ostracismo, o desdém ou a indiferença os indivíduos que não se
adaptam aos padrões do grupo. [CORRIGIDA]

(MPSC-2016): Enquanto a criminologia pode ser identificada como a ciência que se dedica ao
estudo do crime, do criminoso e dos fatores da criminalidade, a vitimologia tem por objeto o
estudo da vítima e de suas peculiaridades, sendo considerada por alguns autores como ciência
autônoma.

(MPSC-2016): O Minimalismo Penal NÃO tem o condão de segregar INTEGRALMENTE o


Sistema Penal do ordenamento jurídico, mas torná-lo de aplicabilidade mínima e de extrema
excepcionalidade, já que na maioria dos casos outros ramos do Direito resolveriam a situação.
Em sentido oposto, o Abolicionismo Penal tem o propósito de afastar INTEGRALMENTE o
Sistema Penal do ordenamento jurídico com base na premissa que traz mais prejuízos do que
benefícios. [CORRIGIDA]

##Atenção: Para retratar esta assertiva, vale destacar uma passagem do grande criminólogo
ZAFFARONI: A corrente abolicionista radical sustenta que a pena e o sistema de justiça
criminal possuem efeitos mais nefastos que positivos; por isso mesmo, propõem os
abolicionistas a eliminação total de qualquer espécie de controle “formal” decorrente do delito,
que deve dar lugar a outros modelos informais de solução de conflitos. (ZAFFARONI, Raúl. En
busca de las penas perdidas. 2. ed. Bogotá: Ed. Temis, 1990).

##Atenção: Fundamentos do abolicionismo:

 Anomia do sistema penal


 Seletividade do sistema penal
 O Direito Penal estigmatiza o condenado
 O Direito Penal marginaliza a vítima

##Atenção: Vertentes abolicionistas:

 Abolicionismo imediato – Defendido, dentre outros, por LOUCK HULSMAN, prega a


imediata supressão do Direito Penal e sua substituição imediata do Direito Penal por
outros métodos de solução de conflitos (composição civil dos danos, etc.).
 Abolicionismo mediato – Também conhecido como minimalismo radical, prega que o
ideal seria a abolição do Direito Penal, mas a realidade impõe a manutenção de tal
sistema, já que seria impossível sua supressão sem que houvesse um abalo social
considerável, com possível transmutação da violência estatal para a vingança privada
sem qualquer regulamentação estatal (THOMAS MATHIESEN é um dos principais
defensores). (Fonte: Estratégia Concursos - DPE-ES)

(MPSC-2016): O Conselho Nacional de Justiça, através de seu Departamento de Monitoramento


e Fiscalização do Sistema Carcerário, publicou no ano de 2014 diagnóstico de pessoas presas no
Brasil, posicionando-nos em terceiro lugar no ranking dos dez países com maior população
prisional do mundo, com cômputo das pessoas que se encontram em prisão domiciliar no
Brasil. Outras constatações relevantes e retratadas no referido diagnóstico foram o considerável
déficit de vagas prisionais e o elevado número de mandados de prisão em aberto.

##Atenção: "Ranking – Com as novas estatísticas, o Brasil passa a ter a terceira maior população
carcerária do mundo, segundo dados do ICPS, sigla em inglês para Centro Internacional de
Estudos Prisionais, do King’s College, de Londres. As prisões domiciliares fizeram o Brasil
ultrapassar a Rússia, que tem 676.400 presos. " fonte:
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/61762-cnj-divulga-dados-sobre-nova-populacao-
carceraria-brasileira

(MPSC-2016): No âmbito das teorias criminológicas, a teoria da subcultura delinquente,


desenvolvida por Wolfgang e Ferracuti (1967), defende a existência de uma subcultura da
violência, que faz com que alguns grupos passem a aceitar a violência como um modo normal
de resolver os conflitos sociais. Mais que isso, sustenta que algumas subculturas, na verdade,
valorizam a violência, e, assim como a sociedade dominante impõe sanções àqueles que deixam
de cumprir as leis, a subcultura violenta pune com o ostracismo, o desdém ou a indiferença os
indivíduos que não se adaptam aos padrões do grupo. [CORRIGIDA]

(MPSC-2016): Em sua obra "O Novo em Direito e Política", José Alcebíades de Oliveira Júnior
cita interessante trecho da doutrina de Luigi Ferrajoli: "a sujeição do juiz à lei já não é de fato,
como no velho paradigma juspositivista, sujeição à letra da lei, qualquer que seja o seu
significado, mas sim sujeição à lei somente enquanto válida, ou seja, coerente com a
Constituição". A interpretação da frase em destaque nos remete ao conteúdo do modelo
garantista.

##Atenção: A questão é correto, uma vez que o garantismo prega uma atuação do juiz em
conformidade com a lei, de acordo com uma interpretação que respeite a Constituição, ou seja,
deve ir além da interpretação literal.

##Atenção: Garantismo - Sistema jurídico-penal que respeite os direitos e garantias


fundamentais. Três prismas (Ferrajoli):

 Modelo normativo – Limites formais à atuação punitiva do Estado-legislador.


 Teoria Jurídica – Necessidade de que o garantismo, assim entendido como o respeito
aos direitos e garantias fundamentais, não fique apenas no plano normativo, mas
também seja verificado quando da operacionalização do sistema.
 Filosofia Política – Limites materiais à atuação punitiva do Estado, que deve saber
separar direito e moral, criminalizando apenas aquilo que for capaz de atentar
seriamente contra a vida em sociedade. (Fonte: Estratégia Concursos - DPE-ES)

(MPSC-2014): Em "Direito e Razão: teoria do Garantismo Penal", Luigi Ferrajoli observa que é
possível distinguir três significados diversos para a palavra "garantismo". Em primeiro lugar,
designa um modelo normativo de direito. Em um segundo significado, designa uma teoria
jurídica da validade e da efetividade como categorias distintas não só entre si mas, também pela
existência ou vigor das normas. Segundo um terceiro significado, designa uma filosofia política
que requer do direito e do Estado o ônus da justificação externa com base nos bens e nos
interesses dos quais a tutela ou a garantia constituem a finalidade.

##Atenção: Garantismo é uma teoria jusfilosófica, cunhada por Luigi Ferrajoli no final do
Século XX, mas com raízes no Iluminismo doSéculo XVIII, que pode ser entendido de três
formas distintas, mas correlacionadas: como um modelo normativo de Direito, como uma teoria
crítica do Direito, e como uma filosofia política. No primeiro sentido, é um sistema de vínculos
impostos ao poder estatal em garantia dos direitos dos cidadãos, sendo possível falar-se em
níveis de efetividade do garantismo normatizado na Constituição de um determinado Estado
nas práticas judiciárias desse Estado.2 Na segunda forma, é uma teoria jurídica da validade e da
efetividade do Direito, fundando-se na diferença entre normatividade e realidade, isto é, entre
Direito válido (dever ser do Direito) e Direito efetivo (ser do Direito), ambos vigentes. Neste
segundo significado, permite a identificação das antinomias do Direito, visando a sua crítica.
Por último, garantismo é uma filosofia política que impõe o dever de justificação ético-política
(dita, também, externa) ao Estado e ao Direito, não bastando a justificação jurídica (também
chamada de interna). Neste último sentido, pressupõe a distinção entre Direito e moral, entre
validade e justiça, tão cara ao positivismo, e a prevalência desta última, a justificação externa.
(MPSC-2014): Contrariamente ao classicismo, que não visualizou no criminoso nenhuma
anormalidade - e dele não se ocupou - o positivismo reconduziu-o para o centro de suas
análises, apreendendo nele estigmas decisivos da criminalidade.

##Atenção: A Escola Positiva surge, então, em meados do Século XIX, como uma alternativa
crítica à Filosofia Clássica do Século XVIII. Ao contrário da Escola Clássica, centra suas
ideologias na figura do criminoso. Desloca o objeto de estudo para o desviante, tendo por
objetivo precípuo descobrir as motivações do crime, com a finalidade última de atuar sobre elas
na busca da diminuição da criminalidade. O primeiro que tenta identificar o criminoso é
Lombroso, em sua obra “O Homem Delinquente”, na qual sustenta a tese do criminoso nato,
baseando suas teorias no estereótipo do criminoso. Para esse autor, o criminoso já nasce com
essa característica. Nesse momento, há o surgimento da Criminologia como ciência, que nasce
como antropologia criminal. Nasce aqui, também, o Paradigma Etiológico, que domina o
pensamento criminológico até da primeira metade do Século XX, o qual aduz a divisão dos
indivíduos em normais e anormais. Contrariamente, pois ao classicismo, que não visualizou no
criminoso nenhuma anormalidade – e dele não se ocupou – o positivismo reconduziu-o para o
centro de suas análises, apreendendo nele, estigmas decisivos da criminalidade.

(MPSC-2014): A "Nova Defesa Social" é um movimento de política criminal surgiu após a


Segunda Grande Guerra Mundial. Iniciado em 1945, graças aos esforços intelectuais e lutas de
Fillipo Gramatica. A princípio, este movimento foi denominado Defesa Social, tendo, em 1954,
recebido o novo nome de Nova Defesa Social, cujos fundamentos estão inseridos no livro de
Marc Ancel, denominado La Defense Sociale Nouvelle. Cumpre registrar que Marc Ancel
considerava o movimento não como um simples programa, mas sim uma "tomada de
consciência acerca de necessidades sociais e éticas novas, em face das antigas estruturas e de
tradições obsoletas". Nas palavras de João Marcello de Araújo Junior, "o programa, em sua
versão original, representou a vitória do pensamento moderado sobre as ideias extremadas de
Gramatica e seus seguidores, que pugnavam pela abolição do Direito Penal, que deveria ser
substituído por outros meios não punitivos, de garantia da ordem social" [CORRIGIDA]

(MPSC-2014): Conforme a teoria da prevenção especial, a finalidade da pena consiste em fazer


com que o autor desista de cometer novas infrações (prevenção especial negativa), assumindo
assim caráter ressocializador e pedagógico (prevenção especial positiva). [CORRIGIDA]

(MPSC-2014): No paradigma etiológico, modelado segundo uma matriz positivista derivada


Das Ciências Naturais, a Criminologia é definida como uma Ciência causal-explicativa da
criminalidade, isto é, que investiga as causas da criminalidade (seu objeto) segundo o método
experimental.

##Atenção: A etiologia é uma disciplina dentre as relacionadas à realidade criminal que


procura esclarecer as causas do crime e da criminalidade, em outros termos, ocupa-se da
compreensão das causas que conduzem ao comportamento desviante.

##Atenção: Outras disciplinas relacionadas àrealidade criminal são:

 Fenomenologia criminal: ocupa-se da analise das formas de surgimento da


criminalidade, elaborando classes de execução do crime e tipologia de autores.
 Biologia criminal: compreende o crime como produto da personalidade de seu autor.
 Geografia criminal: é uma subespecialidade da sociologia criminal e tem como objeto
investigar a criminalidade nas diferentes regiões geográficas.
 Ecologia criminal: estuda a influência criminógena nos lugares.
(MPSC-2013): Em sede de Política Criminal, o Direito Penal de terceira velocidade, identificado,
por exemplo, quando da edição das Leis dos Crimes Hediondos e do Crime Organizado,
compreende a utilização da pena privativa de liberdade e a permissão de uma flexibilização de
garantias materiais e processuais. [CORRIGIDA]

##Atenção: Segundo Rogério Greco, podemos, “(...) seguindo as lições de Jésus-Maria Silva
Sánchez, visualizar três velocidades, três enfoques diferentes que podem ser concebidos ao Direito Penal.
A primeira velocidade seria aquela tradicional do Direito Penal, que tem por fim último a aplicação de
uma pena privativa de liberdade. Nessa hipótese, como está em jogo a liberdade do cidadão, devem ser
observadas todas as regras garantistas, sejam elas penais ou processuais penais. Numa segunda
velocidade, temos o Direito Penal à aplicação de penas não privativas de liberdade, a exemplo do que
ocorre no Brasil com os Juizados Especiais Criminais, cuja finalidade, de acordo com o art. 62 da Lei no
9.099/95, é, precipuamente, a aplicação de penas que não importem na privação da liberdade do cidadão,
devendo, pois, ser priorizadas as penas restritivas de direitos e a pena de multa. Nessa segunda velocidade
do Direito Penal poderiam ser afastadas algumas garantias, com o escopo de agilizar a aplicação da lei
penal. Embora ainda com certa resistência, tem-se procurado entender o Direito Penal do Inimigo como
uma terceira velocidade. Seria, portanto, uma velocidade híbrida, ou seja, com a finalidade de aplicar
penas privativas de liberdade (primeira velocidade), com uma minimização das garantias necessárias a
esse fim (segunda velocidade).” (Fonte: http://www.rogeriogreco.com.br/?p=1029)

(MPSC-2013): Os principais postulados do labelling approach são o interacionismo simbólico e


construtivismo social; a introspecção simpatizante como técnica de aproximação da realidade
criminal para compreendê-la a partir do mundo do desviado e captar o verdadeiro sentido que
ele atribui a sua conduta; a natureza “definitorial” do delito; o caráter constitutivo do controle
social; a seletividade e discriminatoriedade do controle social; o efeito criminógeno da pena e o
paradigma do controle.

##Atenção: Os principais postulados do labelling aproach são:

1) Interacionismo simbólico e construtivismo social (o conceito que um indivíduo tem de


si mesmo, de sua sociedade e da situação que nela representa, é ponto importante do
significado genuíno da conduta criminal);
2) Introspecção simpatizante como técnica de aproximação da realidade criminal para
compreendê-la a partir do mundo do desviado e captar o verdadeiro sentido que ele
atribui a sua conduta;
3) Natureza “definitorial” do delito (o caráter delitivo de uma conduta e de seu autor
depende de certos processos sociais de definição, que lhe atribuem tal caráter, e de
seleção, que etiquetaram o autor como delinquente);
4) Caráter constitutivo do controle social (a criminalidade é criada pelo controle social);
5) Seletividade e discriminatoriedade do controle social (o controle social é altamente
discriminatório e seletivo);
6) Efeito criminógeno da pena (potencializa e perpetua a desviação, consolidando o
desviado em um status de delinquente, gerando estereótipos e etiologias que se supõe
que pretende evitar. O condenado assume uma nova imagem de si mesmo, redefinindo
sua personalidade em torno do papel de desviado, desencadeando-se a denominada
desviação secundária.
7) Paradigma de controle (processo de definição e seleção que atribui a etiqueta de
delinquente a um indivíduo)." (Fonte: http://www.investidura.com.br/sobre-
investidura/3368)

(MPSC-2013): A política criminal do Direito Penal Funcional sustenta, como modernização


funcional no combate à “criminalidade moderna”, uma mudança semântico-dogmática, tal
como: “perigo” em vez de dano; “risco” em vez de ofensa efetiva a um bem jurídico; “abstrato”
em vez de concreto; “tipo aberto” em vez de fechado; e “bem jurídico coletivo” em vez de
individual.
##Atenção: O Direito Penal Funcional é uma tendência do direito penal contemporâneo, oposta
ao Direito Penal da Culpabilidade, e que visa possibilitar a efetiva punição de crimes de
natureza econômica e financeira, cuja dinâmica é fluida e de difícil comprovação pelos meios
tradicionais de obtenção de prova. Esse modelo vem sendo criticado por diversos juristas,
tanto no âmbito brasileiro como no plano internacional, uma vez que, segundo os críticos,
violaria garantias individuais, porquanto a responsabilização seria mais ampla do que a
pessoal e subjetiva. É nesse contexto que Cezar Roberto Bittencourt faz a crítica transcrita no
enunciado da questão e que integra o artigo “Princípios Garantistas e a Delinqüência do
Colarinho Branco”, publicado na Revista Brasileira Ciências Criminais, n° 11, jul-set de 1995, p.
123.

##Atenção: Luis Martin Gracia explica: "O direito penal moderno é próprio e característico da
"sociedade de risco". O controle, a prevenção e a gestão de riscos gerais são tarefas que o Estado deve
assumir, e assume efetivamente de modo relevante. Para a realização de tais objetivos o legislador recorre
ao tipo penal de perigo abstrato como instrumento técnico adequado por excelência. Por ele, o direito
penal moderno, ou ao menos uma parte considerável dele, se denomina "direito penal do risco". (Fonte:
GRACIA MARTIN, Luis. Modernización del derecho penal penal y derecho penal del enemigo.
Lima: IDEMSA, 2007. p. 45).

(MPSC-2013): A teoria do self-control, como teoria geral da criminalidade, despertou um grande


interesse nos últimos anos. Parte de uma determinada imagem do delito e do delinquente
elaborada sobre a base de investigações empíricas. Segundo estas, o delito - em geral - é um
comportamento que requer escassa elaboração e esforço; e devem ser mais produtos do
aproveitamento de uma oportunidade própria que de um meticuloso planejamento. Contra a
crença muito disseminada, o crime organizado seria um fenômeno excepcional e
superdimensionado, por que o delinquente, por seu baixo autocontrole e desconfiança com
relação a terceiros, exibe atitudes marcadamente individualistas, obstinadas a sua integração em
grupos e organizações. No que tange ao infrator, sugere-se que se trate de um indivíduo
impulsivo, orientado às gratificações imediatas, muito versátil (isto é: tende a cometer uma rica
e heterogênea gama de infrações penais, não se especializa) e que, ademais do comportamento
criminal, realiza outras muitas condutas desviadas não delitivas (ex: consumo de álcool e outras
drogas). (Fonte: "Criminologia", dos professores Antonio García-Pablos de Molina e do Dr. Luiz
Flávio Gomes (5.ed.rev. e atual.- São Paulo: Revista dos Tribinais, 2007) [CORRIGIDA]

(MPSC-2013): A descriminalização formal ou em sentido estrito por vezes representa o total


reconhecimento, legal ou social, do comportamento descriminalizado; a descriminalização
substitutiva consiste na transformação de tipos penais em infrações administrativas ou fiscais; e
a descriminalização de fato é aquela que ocorre quando o sistema penal deixa de funcionar sem
que formalmente tenha sido perdido competência para tal.

(MPSC-2013): A criminalização primária, realizada pelos legisladores, é o ato e o efeito de


sancionar uma lei penal material que incrimina ou permite a punição de determinadas pessoas;
enquanto a criminalização secundária, exercida por agências estatais como o Ministério
Público, Polícia e Poder Judiciário, consistente na ação punitiva exercida sobre pessoas
concretas, que acontece quando é detectado uma pessoa que se supõe tenha praticado certo ato
criminalizado primariamente.

##Atenção: Cleber Masson explica: “Criminalização primária é o ato e o efeito de sancionar de


uma lei primária material, que incrimina ou permite a punição de determinadas pessoas. Trata-
se de ato formal, fundamentalmente programático, pois, quando se estabelece que uma conduta
deve ser punida, enuncia-se um programa, o qual deve ser cumprido pelos entes estatais
(polícias, Ministério Público, Poder Judiciário e etc). De seu turno, criminalização secundária é a
ação punitiva exercida sobre pessoas concretas. Verifica-se quando os órgãos estatais detectam
um indivíduo, a quem se atribui a prática de um ato primariamente criminalizado, sobre ele
recaindo a persecução penal. Para Zaffaroni, a criminalização secundária possui duas características:
seletividade e vulnerabilidade, pois há forte tendência de ser o poder punitivo exercido precipuamente
sobre pessoas previamente escolhidas em face de suas fraquezas, a exemplo dos moradores de rua e
usuários de drogas.(...) ” (Fonte: MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado - Parte Geral. 13
ed. São Paulo: MÉTODO, 2019, p. 05).

(MPMG-2013): É característica da chamada “nova criminologia”: O deslocamento do interesse


cognoscitivo das causas do desvio criminal para os mecanismos sociais e institucionais através
dos quais é construída a “realidade social” do desvio.

##Atenção: Criminologia Critica, também conhecida como Nova Criminologia, é o movimento


criminológico que se levantou, na segunda metade do século XX, contra o romantismo da
Criminologia Tradicional, que prosperou a partir do século XIX. As legiões de conflitos e os
recém-chegados modos de comportamento registrados no mundo, ao longo da década de
sessenta, mormente nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, são as marcas dos abalos sociais
que estimularam o aparecimento da Criminologia Critica. São memoráveis, nesse quadro, as
mudanças nas formas de Governo, as campanhas dos direitos cívicos, as desavenças raciais, a
revolta estudantil contra as mazelas do ensino, a proliferação do uso das drogas, a guerra do
Vietnã̃, a revolução da música jovem e o surgimento de um novo estilo de conduta, como a
afluência dos Hippies. Em todos esses acontecimentos foram detectadas fontes de antagonismos
a exigir não só́ respostas satisfatórias à sociedade por parte do Estado, como a tomada de
inusitados posicionamentos do homem, nos vários setores da vida comunitária. A obra The New
Criminology: For a Social Theory of Deviance, publicada em primeira edição na Inglaterra, em 1973,
por IAN TAYLOR, PAUL WALTON e JOCK YOUNG, simboliza a inauguração do movimento
critico no campo criminológico, porque abriu a discussão sobre pioneiras vertentes em torno do
processo de criminalização e sobre a legitimação e funcionamento da Justiça Penal, como
sistema dinâmico do controle social. Assim, imediatamente, floresceram as teses progressistas
com delineamentos ideológicos e indicações metodológicas que constituíram um agrupamento
de críticas ao tradicionalismo criminológico, em face da indispensável criação de uma cultura de
política criminal com apropriadas medidas alternativas.

(MPMG-2012): De acordo com a vertente criminológica do “etiquetamento” (labeling approach), é


CORRETO afirmar que a Criminologia deve: estudar o efeito estigmatizante da atividade da
polícia, do Ministério Público e dos juízes.

##Atenção: Para Hassemer (2005), o labeling approach significa enfoque do etiquetamento, e


tem como tese central a ideia de que a criminalidade é resultado de um processo de imputação,
“a criminalidade é uma etiqueta, a qual é aplicada pela polícia, pelo ministério público e pelo
tribunal penal, pelas instâncias formais de controle social”(HASSEMER, 2005, p. 101-102, grifo
do autor). “[...] o labeling approach remete especialmente a dois resultados da reflexão sobre a
realização concreta do Direito: o papel do juiz como criador do Direito e o caráter invisível do
‘lado interior do ato’”. (HASSEMER, 2005, p. 102, grifo do autor). Segundo Baratta (2002), o
labeling approach parte da consideração de que para se compreender a criminalidade deve-se
estudar a ação do sistema penal, “que a define e reage contra ela, começando pelas normas
abstratas até a ação das instâncias oficiais (política, juízes, instituições penitenciárias que as
aplicam)” (BARATTA, 2002, p. 86). (Fontes: BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e
crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal. Tradução de Juarez Girino dos
Santos. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.; HASSEMER, Winfried. Introdução aos fundamentos
do Direito Penal. Tradução de Pablo Rodrigo Aflen da Silva. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris, 2005).
(MPSC-2012): KARL BINDING (1841-1920), em sua mais famosa obra “As normas e sua
contravenção”, desenvolve a definição de normas como proibições ou mandatos de ação.

(MPSC-2012): FRANZ VON LISZT, ao desenvolver o Programa de Marburgo (1882), criou um


modelo integrado e relativamente harmônico entre dogmática e política criminal, postulando
ser tarefa da ciência jurídica estabelecer instrumentos flexíveis e multifuncionais, com escopo de
ressocializar e intimidar as mais diversas classes de delinquentes.

(MPSC-2012): A Teoria da Anomia trata da ausência de reconhecimento dos valores inerentes a


uma norma, fazendo com que esta perca sua coercibilidade quando o agente não reconhece
legitimidade na sua imposição. Ela considera o crime como um fenômeno normal na sociedade,
pois sempre, em determinado momento, haverá alguém que não conheça a autoridade da
norma. Isto acaba sendo funcional, pois é necessário constantemente se analisar e refletir sobre
os valores normatizados face às mudanças sociais. [CORRIGIDA]

(MPSC-2012): Segundo o abolicionismo, todo o sistema penal deve ser abolido para que a
sociedade possa solucionar seus próprios conflitos através de juntas de conciliação, associações
de bairro e lides na esfera civil. Buscando um meio termo, é edificada uma teoria chamada
garantismo penal, dizendo que, apesar da crise do sistema penal, sua inexistência seria muito
mais prejudicial. O garantismo penal defende que, para se legitimar o sistema penal, este deve
estar fundamentado segundo os princípios de um Estado Democrático de Direito e segundo os
preceitos contratualistas do iluminismo, tendo como fim limitar o seu poder punitivo através de
um direito penal mínimo. Zaffaroni é um garantista. [CORRIGIDA]

(MPSC-2010): Sustentando que a prisão poderia se constituir num instrumento de


transformação dos indivíduos a ela submetidos, Michel Foucalt (Vigiar e Punir, 1975) a
considerou um "mal necessário".

##Atenção: Segundo Foucault desde seu nascimento a prisão deveria ser um instrumento tão
aperfeiçoado de transformação e ação sobre os indivíduos como a escola, o exército ou o
hospital. Foucault chama-as de "instituições de seqüestro", em razão de que a reclusão
submetida, não pretende propriamente "excluir" o indivíduo recluso, mas, sobretudo, "incluí-lo"
num sistema normalizador. (Fonte: https://jaderresende.blogspot.com/2011/10/michel-
foucault-principais-ideias.html).

(MPSC-2010): Podemos identificar Enrico Ferri (1856-1929) como o principal expoente da


"sociologia criminal", tendo através da sua escola definido o trinômio causal do delito (fatores
antropológico, social e físico).

(MPSC-2010): Segundo a posição de Garófalo (Criminologia, 1885) o delito é fenômeno natural,


e não um ente jurídico, devendo ser estudado precipuamente pela antropologia e pela
sociologia criminal.

(MPSC-2010): Lombroso (O Homem Delinqüente, 1876), como estudioso de formação médica,


promoveu análises craniométricas em criminosos, com o objetivo de comprovar uma das bases
de sua teoria, qual seja, a "regressão atávica" do delinquente (retrocesso ao homem primitivo).
Seus estudos, despidos da necessária abordagem científica, tiveram como mérito incontestável o
questionamento ao "livre arbítrio" na apuração da responsabilidade penal (marco teórico da
escola clássica do direito penal).

(MPSC-2010): Considerando o modelo tradicional da arquitetura prisional, destaca-se em Santa


Catarina, fugindo do convencional, a técnica denominada "cela prisional móvel", consistente no
reaproveitamento de "conteiners" adaptados para uso na condição unidades celulares.

##Atenção: "Módulos de aço com capacidade para oito detentos estão sendo adotados como
celas no sistema prisional de Santa Catarina. A medida está causando polêmica, e a OAB local
entrou na Justiça para pedir a interdição do que o órgão considera um "contêiner desumano".
(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u50351.shtml).

(MPSC-2010): Não é errado afirmar-se que o programa "Tolerância Zero", executado em Nova
Iorque sob a chefia do policial Willian Bratton, teve como base teórica o estudo formulado por
Kelling e Wilson (a referida Teoria das Janelas Quebradas).

(MPSC-2010): Na verdade, tal programa (tolerância zero) se fundamentou na repressão integral


ao crime, sem retirar a importância de se punir também os delitos considerados mais leves, a
exemplo do salto às catracas do metrô de Nova Iorque.

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