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REVISTA GALEGO-PORTUGUESA DE
PSICOLOXÍA E EDUCACIÓN

Vol. 14, 1, Ano 11º-2007 ISSN: 1138-1663

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA INTEGRAÇÃO E DA SATISFAÇÃO


ACADÊMICA: ESTUDO DE VALIDADE

Acácia Aparecida Angeli dos Santos (1)


Adriana Cristina Boulhoça Suehiro (2) Data de recepción: 07/11/2006
Universidade São Francisco/ Itatiba Data de aceptación: 17/02/2007

RESUMO e ‘estudo’ do QVA-r apresentaram correlação


significativa com a idade e não foram identi-
Objetivou-se buscar evidência de validade ficadas diferenças em razão do sexo dos par-
convergente entre o Questionário de ticipantes. Finalmente, observou-se que os
Vivências Acadêmicas (QVA-r) e a Escala de iniciantes vêem mais positivamente as opor-
Satisfação com a Experiência Acadêmica tunidades oferecidas pelo curso e relatam
(ESEA) e explorar relações com a idade e maior satisfação com a instituição que fre-
diferenças quanto ao sexo e série. qüentam.
Participaram 247 estudantes de psicologia
entre 17 e 61 anos, sendo que a aplicação dos PALAVRAS-CHAVE: Psicometria;
instrumentos foi coletiva e em uma única Vivências acadêmicas; Ensino Superior.
sessão. Os resultados indicaram que os testes
utilizados medem construtos similares, pois
houve correlação positiva e significativa entre ABSTRACT
os escores de ambos. Analisando-se os grupos
extremos pelo QVA-r (maior integração vs The objective was to look for evidence of
menor integração) constatou-se diferenças convergent validity between the Questionário
significativas entre eles também em relação à de Vivências Acadêmicas (QVA-r) and Escala
pontuação no ESEA. As dimensões ‘pessoal’ de Satisfação com a Experiência Acadêmica

C Dra. Acácia A. Angeli dos Santos. Universidade São Francisco - Programa de Pós-Graduação em Psicologia. R.
Alexandre Rodrigues Barbosa, 45. 13251-040 – Itatiba-SP
E-mail: acacia.santos@saofrancisco.edu.br / acaciasantos@terra.com.br
(1) Psicóloga. Doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela USP e Docente da Graduação e do
Programa de Pós-Gradução Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco/ Itatiba. Bolsista produtivi-
dade do CNPq.
(2) Psicóloga. Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós-Gradução Stricto Sensu em Psicologia da
Universidade São Francisco/ Itatiba.

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(ESEA) and to explore relations with age and pessoal mais maduros na relação com a famí-
differences between sex and grades. In a lia, com os professores e os colegas, além do
collective and single session, 247 Psychology sexo oposto e de figuras de autoridade, bem
students participated, with age ranging from como do desenvolvimento de uma identidade
17 to 61 years-old. The results indicated that vocacional.
the used tests measured similar constructs,
therefore had positive and significant correla- Considerando a importância dessa etapa,
tions between both scores. Analyzing the Tinto (1993), Almeida, Soares e Ferreira
extreme groups for the QVA-r (more integra- (1999), Vendramini e colaboradores (2004),
tion versus less integration) significant diffe- Granado, Santos, Almeida, Soares e Guisande
rences was evident between concerning the (2005) afirmam que a compreensão sobre
ESEA scoring. The ‘personal’ and ‘study’ como os estudantes universitários vivenciam
dimensions of the QVA-r presented significant o ambiente universitário e tomam suas
correlation with age, while differences related decisões quanto à vida acadêmica depende do
to participants’ gender had not been identified. estudo da interação entre as características do
Finally, it was observed that the freshmen see estudante e do ambiente universitário, assim
the chances offered by the course in a more como das mudanças produzidas por essa
positive way and relate greater satisfaction experiência em ambos. Portanto, a integração
with the institution in which they study. acadêmica é vista como um processo multifa-
cetado, complexo e multidimensional que se
KEY-WORDS: Psychometric; Academic constrói no cotidiano pela troca entre as
experiences; Higher education. expectativas e características dos estudantes e
a estrutura, elementos organizacionais e a
A questão da integração dos estudantes ao comunidade que compõem a instituição.
sistema universitário tem sido uma preocu-
pação crescente, tanto no contexto estrangeiro, Em meio à problemática da compreensão
quanto brasileiro, especialmente, porque a dos muitos aspectos envolvidos na integração
transição para o ensino superior pode ser acadêmica dos estudantes do ensino superior,
entendida como um momento potencializador está a necessidade de instrumentos de ava-
de crises e desafios ao desenvolvimento do liação psicológica que sejam válidos e confiá-
jovem. Nesse sentido, várias pesquisas têm veis, para o aprofundamento dos conhecimen-
evidenciado o impacto das instituições de tos acerca das dimensões que compõem o pro-
ensino superior no desenvolvimento psicosso- cesso de integração. Levantamentos em bases
cial, cognitivo e no rendimento acadêmico e de dados nacionais revelam que há poucas
ajustamento do estudante à universidade publicações sobre o tema, especialmente se
(Cunha & Carrilho, 2005; Ferreira, Almeida & comparadas às publicadas em bases estrangei-
Soares, 2001; Kasworm, 2003; entre outros). ras, como o PSYCINFO, por exemplo.

Almeida e Soares (2004), por exemplo, No Brasil, Polydoro, Primi, Serpa, Zaroni
enfatizam que a transição dos estudantes do e Pombal (2001) e Vendramini e colaborado-
ensino secundário para o superior não se cir- res (2004) construíram duas escalas para auxi-
cunscreve apenas a aspectos acadêmicos. Os liar na compreensão desse fenômeno, a saber,
autores ressaltam que a mudança de etapa Escala de Integração ao Ensino Superior
envolve também questões pessoais, sociais e (EIES) e Escala sobre Avaliação da Vida
vocacionais/institucionais, uma vez que essa Acadêmica (EAVA), respectivamente. No
nova experiência exige o estabelecimento de entanto, em ambos os estudos os autores des-
um forte sentido de identidade, o desenvolvi- tacam que há aspectos que necessitam ser
mento de padrões de relacionamento inter- revistos e que o estudo sobre o tema deve ser

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aprofundado. Partindo desse pressuposto mos cinco fatores da escala original, explican-
optou-se, neste estudo, pela utilização do do 40,4% da variância total. Na adaptação bra-
Questionário de Vivência Acadêmica – sileira houve a necessidade da exclusão de
Reduzido (QVA-r), sobre o qual existem estu- itens, sendo que a configuração final da escala
dos de evidências de validade para universitá- utilizada no presente estudo ficou constituída
rios portugueses (Almeida, Soares & Ferreira, por 55 itens. A análise de consistência interna
2002; Almeida, Soares, Ferreira & Tavares, de cada uma das cinco dimensões (carreira
2004; Almeida, Soares, Salgueiro, Freitas & α=0.86, pessoal α=0.84, interpessoal α=0.82,
Vasconcelos, 2004) e brasileiros (Granado et estudo α=0.78 e institucional α=0.77) e da
al., 2005; por exemplo). No Brasil também escala total (α=0.88) apresentou níveis satisfa-
existem estudos utilizando a versão completa tórios para a sua utilização com estudantes
desse instrumento (Cunha & Carrilho, 2005; universitários brasileiros.
Santos, Noronha, Amaro & Villar, 2005).
Os resultados apontaram, ainda, para a
A versão reduzida, denominada de QVA-r existência de diferenças estatisticamente sig-
surgiu para suprir a dificuldade maior com a nificativas no que concerne às variáveis gêne-
versão completa, a saber, o fato de ser um ins- ro e faixa etária. Os estudantes do sexo femi-
trumento muito extenso (Almeida, Ferreira & nino apresentam médias de pontuações mais
Soares, 2003; Cunha & Carrilho, 2005; elevadas comparados aos estudantes do sexo
Santos, Noronha, Amaro & Villar, 2005). masculino, conforme verificado em outros
Estudos têm comprovado as boas qualidades estudos (Soares, Almeida & Ferreira, 2002;
psicométricas do instrumento, tanto em ter- entre outros), sendo as diferenças verificadas
mos de validade como de precisão. O QVA-r, significativas nas dimensões ‘carreira’, ‘inter-
desenvolvido por Almeida e colaboradores pessoal’, ‘estudo’ e na ‘escala total’. Quanto à
(1999), reúne cinco dimensões da adaptação faixa etária, observou-se que o grupo com 26
acadêmica, ou seja, pessoal, interpessoal, ins- anos ou mais obteve pontuação significativa-
titucional, carreira e estudo, distribuídas em mente maior que os estudantes com até 21
60 itens. No que se refere à realidade portu- anos nas dimensões ‘carreira’, ‘pessoal’,
guesa, o último estudo de validade do instru- ‘estudo’ e na ‘escala total’. Resultados semel-
mento realizado por Almeida, Soares, hantes, apontando diferenças favoráveis a alu-
Salgueiro, Freitas e Vasconcelos (2004), com nos mais velhos, especialmente no que se
766 alunos do primeiro ano da Universidade refere à variável ´estudo´ foram encontrados
do Minho, entre 17 e 57 anos, em sua maioria por Trueman e Hartley (1986), Simonite
do gênero feminino e sem qualquer atividade (1997) e, no Brasil, por Silva e Santos (2004).
profissional remunerada, possibilitou a
obtenção de uma nova evidência de validade Atrelada à maneira como os estudantes
de construto. Já, no Brasil, o estudo de vali- universitários vivenciam e tomam suas
dação do instrumento foi realizado por decisões quanto ao ambiente acadêmico, bem
Granado e colaboradores (2005). como à obtenção de melhores resultados pes-
soais e institucionais, está a necessidade de
O estudo brasileiro contou com uma amos- que as instituições de ensino superior sejam
tra de 626 estudantes ingressantes, das áreas mais responsivas às necessidades dos alunos,
de Humanas, Biológicas e Exatas, de duas uni- garantindo assim maiores níveis de satisfação.
versidades, uma particular e outra pública. A Sob essa perspectiva, Soares, Vasconcelos e
idade dos participantes oscilou entre 17 e 58 Almeida (2002) afirmam que o conceito e a
anos e a maioria era do gênero feminino e fre- avaliação da satisfação acadêmica têm assu-
qüentava o período noturno do curso. A análi- mido um papel relevante e se mostrado, inclu-
se fatorial permitiu a identificação dos mes- sive, como uma importante medida de eficá-

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cia institucional. Contudo, Astin (1993) já cando a importância de que a avaliação desse
alertava para o fato de que apesar da satis- construto considere as especificidades dos dife-
fação acadêmica ser uma das dimensões afeti- rentes contextos educativos e culturais. Para
vas da experiência subjetiva dos estudantes no tanto, apresentam dados da construção e vali-
ensino superior, ela não tem recebido a dação do Questionário de Satisfação
atenção necessária dos estudiosos que pesqui- Acadêmica (QSA), desenvolvido por Soares e
sam sobre o tema. Almeida (2001) para a realidade portuguesa.

Embora não haja consenso quanto à natu- Schleich, Polydoro e Santos (no prelo)
reza do construto satisfação, Astin (1993) a também apontam a não existência de instru-
define como a avaliação subjetiva que os estu- mentos de avaliação desse importante cons-
dantes realizam quanto à qualidade e o valor truto em uso no Brasil. Assim, tendo por base
da sua experiência acadêmica. Entendida inicial o Questionário de Satisfação
dessa maneira, a satisfação, assim como a Acadêmica (QSA), constroem um novo ins-
integração acadêmica, inclui diferentes áreas trumento, a Escala de Satisfação com a
da experiência acadêmica dos estudantes. Experiência Acadêmica (ESEA). O estudo de
Portanto, são considerados como elementos evidência de validade de construto por meio
integrantes os aspectos relacionados à quali- da análise fatorial apontou que a estrutura de
dade do currículo e da instrução, à natureza três fatores explicou 47,7% da variância.
das relações estabelecidas com professores e Como estudo de precisão apresentou o índice
colegas, às condições proporcionadas pelo de alfa de Cronbach de 0,94, o que indica
contexto universitário. uma boa consistência interna dos itens na ava-
liação da satisfação do estudante em relação à
Muitos autores consideram a satisfação sua experiência acadêmica.
acadêmica como a percepção dos estudantes
sobre a sua experiência educacional. Assim, o No estudo de Schleich (2006), o QVA-r e
construto diz respeito ao envolvimento do a Escala de Satisfação com a Experiência
aluno com a instituição, bem como a sua Acadêmica (ESEA) foram aplicados em 311
decisão de nela permanecer, ou evadir-se estudantes das primeiras a quartas séries, de
(Abrahamowicz, 1988; Astin, 1993; Bean & diversos cursos de uma instituição particular.
Bradley, 1986; Elliott & Shin, 2002; Os resultados indicaram que os ingressantes
Karemera, Reuben & Sillah, 2003; Knox, estavam mais integrados na educação supe-
Lindsay & Kolb, 1992; Martins, 1998; Napoli rior que os concluintes, e que ambos se dife-
& Wortman, 1998; Pike, 1993). Ao lado disso, renciaram significativamente nas dimensões
Pennington, Zvonkovic e Wilson (1989) aler- ‘carreira’ e ‘institucional’. Verificou, ainda,
tam que a satisfação pode mudar ao longo de que o nível de satisfação acadêmica foi maior
sua trajetória, em razão da experiência educa- entre os ingressantes, sendo a diferença signi-
cional vivenciada ou ser afetada pelas pró- ficativa em todos os fatores do ESEA, e mais
prias características do indivíduo. acentuada nas sub-escalas de ‘satisfação com
o curso’ e ‘oportunidade de desenvolvimen-
Entre as medidas de satisfação mais comu- to’. A autora ressalta que esses dados podem
mente utilizadas pelas instituições de ensino refletir apenas a realidade daquela instituição
superior, Soares, Vasconcelos e Almeida (2002) específica que foi estudada, insistindo na
destacam o College Student Satisfaction importância de que o estudo seja estendido a
Questionnaire (CSSQ), o Student Satisfaction outras Instituições de Ensino Superior.
Inventory (SSI) e o College Student Survey
(CSS). Os autores referem-se à inexistência Foram constatadas, ainda, diferenças sig-
desse tipo de instrumento em Portugal, desta- nificativas quanto ao gênero dos estudantes

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ingressantes nas dimensões ‘carreira’ e ‘pesso- lares não só por se tratar de uma amostra de
al’, sendo as médias obtidas pelos homens conveniência, mas, sobretudo, considerando
superiores. No caso dos concluintes, obser- os dados do Censo da Educação Superior de
vou-se diferença estatisticamente significativa 2004 (Instituto Nacional de Estudos e
somente na dimensão ‘institucional’, com Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira,
média maior para os homens. Em relação ao 2004), segundo os quais, das 2013 insti-
ESEA, constatou-se diferença significativa tuições existentes no país, 1789 são do setor
para os ingressantes, na dimensão ‘satisfação privado de ensino, ou seja, 88,9%.
com o curso’ e em ‘satisfação com a insti-
tuição’ no caso dos concluintes. A comparação
por sexo evidenciou que as mulheres avaliadas MÉTODO
por Schleich (2006) apresentaram menor nível
de integração e de satisfação acadêmica do • Participantes
que os homens. Resultados similares foram
constatados em outros estudos (Bean & Participaram deste estudo 247 universitá-
Bradley, 1986; Machado, Almeida & Soares, rios do curso de Psicologia de cinco insti-
2002; Pennington et al., 1989). tuições particulares de Ensino Superior do
interior de Minas Gerais (N=83; 33,6%) e de
O estudo de Schleich (2006) também São Paulo (N=164; 66,4%), sendo 129
revelou que os estudantes com idade superior (52,2%) iniciantes e 118 (47,8%) concluintes.
a 21 anos demonstraram menor satisfação A idade dos participantes variou de 17 aos 61
acadêmica. Esse resultado é condizente com o anos (Média=24,59; DP=6,02), sendo a maio-
estudo de Kasworm (2003), segundo o qual os ria dos alunos do sexo feminino (N=216;
estudantes adultos vivenciam a educação 87,4%) e do período noturno (N=159;
superior de forma diferente à dos estudantes 64,4%).
mais jovens, em razão de características pró-
prias e diferente senso de envolvimento com • Instrumentos
o contexto institucional.
Foram utilizados neste estudo dois instru-
Considerando as interfaces entre os cons- mentos de auto-relato, (a) o Questionário de
trutos integração e satisfação acadêmica, bem Vivências Acadêmicas, na sua versão reduzida
como a necessidade de estudos que focalizem (QVA-r; Almeida et al., 1999), cuja validação
as qualidades psicométricas dos instrumentos, para o Brasil foi realizada por Granado e cola-
o presente estudo teve por objetivo buscar boradores (2005) e (b) a Escala de Satisfação
evidência de validade convergente entre os com a Experiência Acadêmica (ESEA),
instrumentos QVA-r, que se propõe a avaliar a desenvolvida por Schleich, Polydoro e Santos
integração acadêmica e o ESEA, cujo objeti- (no prelo). O QVA-r é constituído por 55 itens
vo é avaliar a satisfação acadêmica. Outra com cinco possibilidades de resposta que
evidência de validade pretendida foi a de esta- variam de 1 (nada a ver comigo) a 5 (tudo a
belecer distinção das médias no ESEA dos ver comigo), de acordo com o grau de inte-
grupos extremos formados com base nos gração percebido pelo estudante, perfazendo
escores no QVA-r. Ao lado disso, pretendeu um total de 275 pontos possíveis. Os itens são
explorar relações entre a pontuação nos testes distribuídos por cinco dimensões, a saber,
e a idade dos participantes, bem como dife- pessoal (bem estar físico e psicológico, equi-
renças relacionadas ao sexo e à série freqüen- líbrio emocional, estabilidade afetiva, otimis-
tada. Faz-se necessário ressaltar, no entanto, mo e autoconfiança); interpessoal (relações
que neste estudo serão focalizados os estu- com colegas, competências de relacionamen-
dantes de psicologia de universidades particu- to em situações de maior intimidade, estabe-

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lecimento de amizades e procura de ajuda); como conforto, segurança e limpeza; recursos


carreira (sentimentos relacionados com o e equipamentos disponíveis e atendimento
curso, perspectivas de carreira e projetos recebido dos funcionários da instituição).
vocacionais); estudo (hábitos de estudo,
gestão do tempo, utilização dos recursos de • Procedimento
aprendizagem no campus e preparação para
os testes); e institucional (apreciação dos alu- Os instrumentos foram aplicados coletiva-
nos face à instituição de ensino que freqüen- mente, em uma única sessão para cada sala,
tam, desejo de permanecer ou mudar de insti- em horário de aula previamente cedido pelo
tuição, conhecimento e apreciação das infra- professor. Inicialmente, os universitários, que
estruturas existentes). consentiram em participar do estudo, respon-
deram aos itens do QVA-r e, em seguida,
Quanto à correção, deve-se lembrar que 17 foram solicitados a preencherem o ESEA,
dos 55 itens do QVA-r têm o seu sentido considerando as percepções que têm de suas
invertido (itens 4, 6, 9, 11, 13, 17, 20, 25, 27, vivências no ensino superior, na instituição e
34, 40, 47 e 50 da dimensão pessoal; 26 e 54 no curso que freqüentam atualmente. Foram
da dimensão interpessoal; 46 da dimensão necessários 50 minutos para que todo o pro-
carreira; e 41 da dimensão institucional). cedimento planejado fosse executado.
Dessa forma, caso o estudante aponte a opção
5 (tudo a ver comigo) ele estará afirmando
que, de fato, não está vivenciando bem aquela RESULTADOS
situação, recebendo, em decorrência, 1 ponto.
Em razão dos objetivos deste estudo os
Já a Escala de Satisfação com a dados foram analisados com base em provas
Experiência Acadêmica (ESEA) é composta de estatística descritiva e inferencial. É
por 35 itens com cinco possibilidades de res- importante ressaltar que, tanto o QVA-r, quan-
posta que variam de 1 (nada satisfeito) a 5 to o ESEA apresentam números distintos de
(totalmente satisfeito), de acordo com o grau fatores e estes são compostos por quantidades
de satisfação atribuído pelos alunos a diferen- variadas de itens. Nesse sentido, por se tratar
tes aspectos de sua experiência acadêmica, de uma distribuição não homogênea, adotou-
perfazendo um total de 175 pontos possíveis. se a ponderação dos pontos, considerando-se
Os itens são distribuídos por três dimensões, a o número de itens de cada dimensão e fator.
saber, satisfação com o curso (relacionamen- Os resultados referentes à pontuação média
to com os professores e colegas do curso; dis- ponderada dos estudantes nos fatores que
ponibilidade dos professores em atender os compõem cada instrumento utilizado, bem
alunos, conhecimento sobre a disciplina, como suas pontuações totais estão dispostos
estratégias de aula e avaliação dos professo- na Tabela 1.
res; conteúdo do curso para a formação;
desempenho obtido e compromisso da insti- Conforme pode ser observado na Tabela 1,
tuição com a qualidade da formação); oportu- os universitários obtiveram médias superiores
nidade de desenvolvimento (diversidade das na dimensão ‘carreira’ (M=4,31; DP=0,55), do
atividades extracurriculares oferecidas pela QVA-r, e no fator ‘satisfação com o curso’
instituição; currículo do curso; oportunidades (M=3,87; DP=0,55), do ESEA, sendo que as
de desenvolvimento pessoal e profissional; médias mais baixas foram verificadas na
investimento pessoal e financeiro no curso e dimensão ‘pessoal’ (M=3,42; DP=0,60) e no
programas de apoio oferecidos aos estudan- fator ‘oportunidade de desenvolvimento’
tes); e satisfação com a Instituição (infra- (M=3,28; DP=0,67). Com o objetivo de verifi-
estrutura da instituição e salas de aula, tais car as interfaces entre os dois construtos inte-

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gração e satisfação acadêmica, a fim de se bus- correlação de Pearson, com nível de significân-
car evidência de validade convergente entre os cia de 0,05. Os resultados podem ser visualiza-
instrumentos QVA-r e ESEA, recorreu-se à dos na Tabela 2.

Tabela 1. Pontuações mínimas, máximas, médias e desvios-padrão obtidos pelos estudantes universitários em
cada fator e no geral (N=247).

Mínimo Máximo Média DP

QVA-r Dimensão Pessoal 1,79 4,79 3,42 0,60

QVA-r Dimensão Interpessoal 2,00 5,00 3,87 0,63

QVA-r Dimensão Carreira 1,92 5,00 4,31 0,55

QVA-r Dimensão Estudo 1,56 5,00 3,74 0,58

QVA-r Dimensão Institucional 1,38 5,00 3,59 0,65

QVA-r Total 2,49 4,69 3,78 0,39

ESEA Fator Sat isfação com o Curso 2,23 5,00 3,87 0,55

ESEA Fator Oport unidade de Desenvolvimento 1,91 5,00 3,28 0,67

ESEA Fator Sat isfação com a Instituição 1,73 5,00 3,48 0,74

ESEA Total 2,26 5,00 3,56 0,57

Tabela 2. Índices de correlação de Pearson entre a pontuação total e sub-escalas de cada instrumento focalizado
nas duas séries estudadas.

Satisfação Acadêmica - ESEA


Integração Acadêmica - QVA-r
Fat or Sati sfação
Fat or Sati sfação Fat or Oportunidade
Total com a
com o Curso de Desenvolvimento Instit uição
Iniciantes (n=129)
Dimensão Pessoal r 0,29* 0,35* 0,30* 0,11
Dimensão Interpessoal r 0,38* 0,44* 0,38* 0,19*
Dimensão Carreira r 0,42* 0,46* 0,40* 0,24*
Dimensão Estudo r 0,39* 0,48* 0,35* 0,22*
Dimensão Institucional r 0,69* 0,63* 0,66* 0,53*
Total r 0,61* 0,68* 0,60* 0,35*
Concluintes (n=118)
Dimensão Pessoal r 0,32* 0,29* 0,29* 0,27*
Dimensão Interpessoal r 0,27* 0,38* 0,19* 0,17
Dimensão Carreira r 0,38* 0,35* 0,35* 0,31*
Dimensão Estudo r 0,29* 0,22* 0,25* 0,29*
Dimensão Institucional r 0,52* 0,39* 0,51* 0,46*
Total r 0,56* 0,52* 0,51* 0,47*
*p<0,05.

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Verificou-se que a maioria das dimensões e QVA-r e fator ‘satisfação com a instituição’ do
fatores se correlacionou positiva e significati- ESEA, não foram constatadas correlações sig-
vamente, assim como as pontuações totais nos nificativas entre os ingressantes.
instrumentos aplicados. Pode-se observar na
Tabela 2 que, no caso dos ingressantes, eviden- Quanto aos concluintes, evidenciaram-se
ciaram-se índices de correlação maiores que índices de correlação maiores que 0,50 e sig-
0,50 e significativos em sete das 24 correlações nificativos em cinco das 24 correlações possí-
possíveis, quais sejam, dimensão ‘institucio- veis, quais sejam, dimensão ‘institucional’ do
nal’ do QVA-r e pontuação total no ESEA, QVA-r e pontuação total no ESEA, dimensão
dimensão ‘institucional’ do QVA-r e fator ‘institucional’ do QVA-r e fator ‘oportunidade
‘satisfação com o curso’ do ESEA, dimensão de desenvolvimento’ do ESEA, pontuação
‘institucional’ do QVA-r e fator ‘oportunidade total no QVA-r e pontuação total no ESEA,
de desenvolvimento’ do ESEA, dimensão ‘ins- pontuação total no QVA-r e fator ‘satisfação
titucional’ do QVA-r e fator ‘satisfação com a com o curso’ do ESEA e pontuação total no
instituição’ do ESEA, pontuação total no QVA- QVA-r e fator ‘oportunidade de desenvolvi-
r e pontuação total no ESEA, pontuação total mento’ do ESEA. A exemplo dos ingressantes,
no QVA-r e fator ‘satisfação com o curso’ do não foi constatada correlação significativa
ESEA e pontuação total no QVA-r e fator somente em uma das 24 correlações possíveis,
‘oportunidade de desenvolvimento’ do ESEA. a saber, dimensão ‘interpessoal’ do QVA-r e
Somente no caso da dimensão ‘pessoal’ do fator ‘satisfação com a instituição’ do ESEA.

Tabela 3. Índices de correlação de Pearson entre a idade e a pontuação total e sub-escalas de


cada instrumento focalizado.

Escores Ponderados Idade


r 0,14
QVA-r Dimensão Pessoal
p 0,028
r -0,07
QVA-r Dimensão Interpessoal
p 0,271
r 0,09
QVA-r Dimensão Carreira
p 0,174
r 0,16
QVA-r Dimensão Estudo
p 0,014
r -0,02
QVA-r Dimensão Institucional
p 0,726
r 0,09
QVA-r Total
p 0,151
r -0,01
ESEA Fator Sat isfação com o Curso
p 0,825
r -0,05
ESEA Fator Oport unidade de Desenvolvimento
p 0,474
r 0,02
ESEA Fator Sat isfação com a Instituição
p 0,800
r -0,01
ESEA Total
p 0,812

114
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Buscando verificar diferenças quanto às Quanto ao sexo, verificou-se que embora


pontuações extremas no QVA-r (maior inte- as mulheres tenham obtido médias superiores
gração vs menor integração) recorreu-se ao t em relação aos homens em sete das dez variá-
teste. Os resultados evidenciaram diferenças veis estudadas, a saber, nas dimensões
estatisticamente significativas entre os grupos ‘carreira’, ‘estudo’ e ‘institucional’ do QVA-r
com média inferior (até 3,52 pontos) e superior e nos fatores ‘satisfação com o curso’, ‘opor-
(4,05 pontos ou mais), sendo t=-8,93 e tunidade de desenvolvimento’, ‘satisfação
p<0,001. Para se explorar as relações dos esco- com a instituição’ e pontuação total no
res no QVA-r e suas dimensões e do ESEA e ESEA. Vale ressaltar que em nenhuma das
seus fatores com as idades dos universitários, medidas comparadas foram constatadas dife-
recorreu-se à análise de correlação de Pearson, renças estatisticamente significativas.
com nível de significância de 0,05. Os resulta-
dos obtidos estão dispostos na Tabela 3. Pretendeu-se ainda verificar eventuais dife-
renças relacionadas aos escores obtidos nos dois
Os índices alcançados mostraram que instrumentos em razão da etapa do curso, a
somente nas dimensões ‘pessoal’ e ‘estudo’ saber, iniciantes ou concluintes. Na Tabela 4
verifica-se correlações baixas, mas significa- estão apresentadas as diferenças resultantes
tivas entre as médias ponderadas e a idade dos dessa comparação após a análise com o teste t de
participantes. Em nenhum dos fatores do Student.
ESEA foram evidenciadas correlações signifi-
cativas com a idade.

Tabela 4. Comparação das médias ponderadas pelo teste t de Student entre os estudantes iniciantes e
concluintes do curso.

Série N Média DP t p

Iniciantes 129 3,39 0,61


QVA-r Dimensão Pessoal -0, 76 0,451
Concluintes 118 3,45 0,59
Iniciantes 129 3,80 0,68
QVA-r Dimensão Interpessoal -1, 97 0,050
Concluintes 118 3,95 0,57
Iniciantes 129 4,29 0,58
QVA-r Dimensão Carreira -0, 76 0,446
Concluintes 118 4,34 0,51
Iniciantes 129 3,69 0,61
QVA-r Dimensão Estudo -1, 48 0,140
Concluintes 118 3,80 0,54
Iniciantes 129 3,70 0,63
QVA-r Dimensão Institucional 2,77 0,006
Concluintes 118 3,47 0,64
Iniciantes 129 3,76 0,42
QVA-r Total -0, 82 0,412
Concluintes 118 3,80 0,36
Iniciantes 129 3,92 0,56
ESEA Fator Sat isfação com o Curso 1,50 0,135
Concluintes 118 3,81 0,54
ESEA Fator Oport unidade de Iniciantes 129 3,40 0,68
2,78 0,006
Desenvolvimento Concluintes 118 3,16 0,63
ESEA Fator Sat isfação com a Iniciantes 129 3,64 0,68
3,62 0,000
Instituição Concluintes 118 3,31 0,76
Iniciantes 129 3,67 0,56
ESEA Total 3,02 0,003
Concluintes 118 3,45 0,56

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Com base nos dados dispostos na Tabela 4 período de educação superior (Astin, 1993;
verifica-se diferença significativa entre os ini- Schleich, 2006). Esses achados são coerentes
ciantes e concluintes nas dimensões ‘interpes- com a compreensão dessa etapa como propi-
soal’ e ‘institucional’ do QVA-r e nos fatores ciadora de um impacto multidimensional,
‘oportunidade de desenvolvimento’ e ‘satis- resultante de diferentes vetores, que vão
fação com a instituição’ do ESEA, assim como desde a qualidade do currículo e da instrução
na pontuação total na Escala de Satisfação até a percepção do estudante do ambiente
com a Experiência Acadêmica. Em todos os acadêmico e intelectual da instituição.
casos a diferença constatada foi favorável aos
estudantes ingressantes, exceto no que se refe- Nesse sentido, ressalta-se que para que as
re à dimensão ‘interpessoal’ do QVA-r, na qual instituições de ensino superior sejam mais
os concluintes obtiveram uma média maior. responsivas às necessidades dos alunos e
garantam maiores níveis de satisfação, a com-
preensão sobre como os estudantes universi-
DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES tários vivenciam o ambiente universitário.
FINAIS Considerando esses aspectos, tomam suas
decisões quanto à sua vida acadêmica, sendo
Considerando o objetivo de buscar evidên- fundamental, portanto, conhecer não apenas
cia de validade convergente entre o QVA-r, as características do estudante e do ambiente
que se propõe a avaliar a integração acadêmi- universitário, mas as mudanças que essa inte-
ca e o ESEA, cujo objetivo é aferir a satisfação ração produz, assim como avaliar a qualidade
acadêmica, verificou-se que os instrumentos da experiência acadêmica percebida pelos
estão medindo construtos similares, uma vez universitários (Almeida, Soares & Ferreira,
que houve correlação positiva e significativa 1999; Granado et al., 2005; Tinto, 1993;
entre ambos. Destaca-se que as correlações se Vendramini et al., 2004).
mantiveram altas e significativas tanto entre os
ingressantes, como entre os concluintes, sendo Quanto às relacões das pontuações com a
um pouco mais baixas entre os últimos, fato idade dos estudantes, verificou-se que apenas
que vale a pena ser explorado em futuras pes- nas dimensões ‘pessoal’ e ‘estudo’ do QVA-r
quisas que considerem amostras mais amplas, o índice de correlação com a idade dos estu-
com cursos e instituições diversificados. Ao dantes mostrou-se significativo. Assim, é pos-
lado disso, as análises realizadas com grupos sível interpretar que a maturidade dos alunos
extremos, quando se comparou os grupos com mais velhos os leve a conseguir pontuação
maior pontuação e com menor pontuação nos mais alta nos aspectos mensurados na
escores obtidos no QVA-r, verificou-se que dimensão ´pessoal´, tal como verificado por
diferenças significativas também foram detec- Kasworm (2003) e Schleich (2006).
tadas nos resultados do ESEA para esses mes- Coerentemente com a literatura consultada,
mos grupos, o que adiciona mais uma evidên- verificou-se que estudantes mais velhos
cia de validade ao ESEA. Assim sendo, os demonstram mais interesse e preocupação
estudantes com maior integração conforme com as atividades de estudo (Granado et al.,
identificado pelo QVA-r apresentaram-se mais 2005; Silva & Santos, 2004; Simonite, 1997;
satisfeitos conforme as pontuações superiores Trueman & Hartley, 1986).
obtidas no ESEA.
Os resultados apontaram, ainda, que estu-
Esses resultados reforçam a idéia de que dantes do sexo feminino obtiveram médias
ambos os construtos, relacionados à vida superiores em várias das sub-escalas de
acadêmica, abarcam várias áreas da experiên- ambos os instrumentos. Todavia, não foram
cia que os estudantes vivenciam durante o constatadas diferenças estatisticamente signi-

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ficativas em razão do sexo dos participantes. rrem nos estudantes ao longo dos anos acadê-
Tais resultados estão em dissonância com os micos. Todavia, novas pesquisas com esse
obtidos por estudos com o QVA-r e o ESEA. instrumento são sugeridas, inclusive com
Em relação ao QVA-r foram observadas dife- delineamentos longitudinais, que permitissem
renças significativas nas dimensões ‘estudo’, o acompanhamento das mudanças com o
‘relacionamento interpessoal’ e ‘investimento mesmo grupo de alunos. Diferenças relacio-
na, sendo esta diferença a favor dos estudan- nadas a outras variáveis também merecem ser
tes do sexo feminino (Granado et al., 2005; exploradas, bem como novas evidências de
Soares, Almeida, & Ferreira, 2002). validade necessitam ser examinadas.
Diferentemente, no que se refere ao ESEA,
constatou-se diferença significativa nas
dimensões ‘satisfação com o curso’ e ‘satis- REFERÊNCIAS
fação com a instituição’, com diferença para o
sexo masculino (Bean & Bradley, 1986; Abrahamowicz, D. (1988). College involve-
Machado et al., 2002; Pennington et al., 1989; ment, perceptions, and satisfaction: A
Schleich, 2006). Faz-se necessário ressaltar, study of membership in student organiza-
no entanto, que os resultados aqui obtidos tions. Journal of College Student
podem decorrer da diferença acentuada entre Development, 29, 233-238.
o número de participantes do sexo masculino
e feminino e, portanto, refletem limitações Almeida, L. S., Ferreira, J. A. G., & Soares,
relativas à amostra do presente estudo. A. P. (2003). Questionário de Vivências
Académicas (QVA e QVA-r). Em M. M.
Buscou-se ainda, identificar eventuais Gonçalves, M. R. Simões, L. S. Almeida
diferenças na integração e satisfação acadê- & C. Machado (Orgs.), Avaliação
micas segundo a etapa do curso dos estudan- Psicológica: Instrumentos validados para
tes de psicologia. Pelos resultados verificou- a população portuguesa: Vol. I. Coimbra:
se que os alunos iniciantes apresentaram pon- Quarteto Editora.
tuações mais altas e perceberam de maneira
mais positiva as oportunidades oferecidas Almeida L. S., & Soares, A. P. (2004). Os
pelo curso. Relataram, ainda, maior satisfação estudantes universitários: Sucesso escolar
com a instituição que freqüentam e se mostra- e desenvolvimento Psicossocial. Em E.
ram mais satisfeitos de modo geral. Tais acha- Mercuri & S. A. J. Polydoro (Orgs.),
dos corroboram investigações na área que Estudante universitário: Características e
apontam não só a importância da adaptação experiências de formação (pp. 15-40).
acadêmica no primeiro ano, mas a relação Taubaté: Cabral Editora e Livraria
entre a qualidade da adaptação acadêmica no Universitária.
ingresso no curso e o rendimento desses estu-
dantes (Santos et al., 2005; entre outros). Almeida, L. S., Soares, A. P., & Ferreira, J. A.
G. (1999). Adaptação, rendimento e
Os resultados aqui obtidos confirmam a desenvolvimento dos estudantes no ensino
existência de interfaces entre os construtos superior: Construção/validação do ques-
integração e satisfação acadêmica e possibili- tionário de vivências académicas. Braga:
tam a utilização da Escala de Satisfação com Universidade do Minho, Centro de
a Experiência Acadêmica (ESEA) enquanto Estudos em Educação e Psicologia.
um instrumento válido para a avaliação da
satisfação dos estudantes do ensino superior. Almeida, L. S., Soares, A. P., & Ferreira, J. A.
É importante destacar a possibilidade de inter- G. (2002). Questionário de Vivências
pretação de mudanças expressivas que oco- Académicas (QVA-r): Avaliação do ajus-

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tamento dos estudantes universitários. Granado, J. I. F., Santos, A. A. A., Almeida, L.


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