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Área: ESTUDOS LITERÁRIOS

Linha de pesquisa: LITERATURA, CULTURA E SOCIEDADE


CPF: 058.994.374-05
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS-UFAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGUÍSTICA- PPGLL
FACULDADE DE LETRAS-FALE

Cara de índio/a: história e crítica da representação indígena na música popular


brasileira pela perspectiva dos Estudos

Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-


Graduação em Letras e Linguística da Universidade
Federal de Alagoas, como requisito parcial para
ingresso no curso de doutorado em Estudos Literários.

Maceió-AL
2017
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
.
Um brevíssimo percurso da imagem do índio na Literatura brasileira

O trecho a seguir integra o primeiro documento oficial produzido no Brasil, por Pero
Vaz de Caminha, e endereçado ao rei D. Manuel dando conta das terras recém achadas,
àquela ocasião nomeadas Terra de Vera Cruz. Esse fragmento em particular narra o
primeiríssimo contato (ao menos de que temos conhecimento) dos colonizadores com os
nativos que se apresentaram ali à praia para testemunhar a chegada de estranhos visitantes em
suas terras: Eram pardos, todos nus, sem cousa alguma que lhe cobrisse suas vergonhas. Nas
mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes
fez sinal para eu pousassem os arcos. E eles pousaram (CAMINNHA, 1500, P.2) Os
guerreiros acudiram armados à borda das águas, no entanto, desarmaram-se ao primeiro sinal
de que os forasteiros vinham em “missão de paz”. Mas não é de paz que falam os números
que dão conta da extinção de milhões de pessoas e de suas culturas. No entanto, a descrição
de homens pardos e inocentes confraternizando-se com os recém-chegados sugere reverência
e subserviência dos povos indígenas aos estrangeiros. Essa representação de nativo, eternizada
pela carta de Caminha, entrará para história influenciando enormemente a visão do/a índia
brasileiro/a que se perpetua.
A importância desse documento e de suas descrições e elucubrações a respeito da
figura do indígena é imensa, pois é o primeiro registro de representação dos povos nativos
brasileiros que vamos encontrar e muitos/as brasileiros/as tiveram (e ainda têm) acesso a
trechos dessa narrativa, desde a mais tenra idade, nas salas de aula. No ambiente escolar
também somos expostos/as às representações do/a índio/a através das canções e da literatura
voltadas ao público infantil (a maioria delas reprodutoras dos estereótipos lançados ao
imaginário popular correspondentes à primeira visada de Caminha); tal construção culmina
com a data comemorativa de 19 de abril.
Essas representações, que vão informar o imaginário popular, sofrem mudanças desde
o período colonial, mas mantêm, quase sempre, aspectos estereotipados e cristalizados. Se
tomarmos a narrativa da missiva, podemos supor que o contato entre nativos e forasteiros se
deu sempre harmoniosa e pacificamente e que as características atribuídas ao povo com quem
os europeus fizeram contato são a “essência” do indígena brasileiro. No entanto, ainda que
pressupuséssemos como isenta, genuína e total tal narrativa, teríamos que considerar que ela
dá conta de 72 horas de contato inicial com algumas pessoas de uma etnia específica. Será que
os milhões de índios/as, de inúmeras etnias, falantes de uma miríade de línguas, adeptos/as de
diferentes crenças, costumes e conhecimentos seriam todos/as iguais aos/às ali retratados/as?
E se respondêssemos de forma crítica à questão acima, afirmando a improbabilidade
de tamanha homogeneidade entre tão diversos povos espalhados por um território continental,
o que faz com que ainda hoje tenhamos representações dos/as índios/as tão estereotipadas,
ingênuas e/ou preconceituosas? E, uma vez constatadas tais estereotipias, há outra
representação que se contraponha a essas? Através de que vozes e por que meios? Pretendo
me ocupar no decorrer dessa pesquisa dessas e de outras questões. Acredito que, a partir das
análises das representações do/a indígena, importantes discussões acerca do imaginário
popular sobre a alteridade, a natividade e a identidade nacional fundadas sobre essas figuras
de índios/as devem surgir. E ao considerar as leituras possíveis subsidiadas pelos estudos
Literários e Culturais, me pergunto a que essas análises podem revelar? Seria preciso
introduzir novos pressupostos teóricos para dar conta dessas respostas sem simplificá-las ou
distorcê-las? De que maneiras os conceitos de identidade e cultura híbridas, de utopia
identitária e literatura pós colonialista poderiam ser uteis para responder algumas dessas
perguntas? São questões que tendem a nortear a pesquisa e que podem e devem ser
aprofundadas, de acordo com as constatações a serem feitas pelo percurso.
Maria da Glória Bordini (2006, p 20) em seu artigo em que discute a interface entre
Estudos Culturais e Literários enfatiza, sob a perspectiva do multiculturalismo, a realiza de
como “construção humana”, construção portanto social e discursiva que parte, obviamente,
daquelas camadas sociais, cuja produção intelectual/cultural é ouvida, disseminadas e
celebrada nos meios sociais. Vivemos, portanto, imersos/as na construção ideológico-
discursiva que não surge de maneira harmoniosa e unívoca, mas pela associação, embate e
assimilação de diversos discursos construídos e reforçados ao longo do tempo e de acordo
com as convenções sociais do contexto de formulação e circulação desses dizeres.
Considerando a literatura como possível meio/local de disseminação desses discursos é
possível entender como obras ficcionais podem ter concorrido para a formação da “identidade
brasileira” ao longo da nossa jovem história literária nacional. A concepção de literatura que
adoto engloba não somente prosa/poesia veiculada através dos livros, mas também a literatura
oral na qual se incluem as formas como contos, poesia popular e música. Ao tratar a canção
como uma manifestação híbrida, amplio as possiblidades teóricas que, passam a se estender
entre literatura e música.
Reconheço que há estudos empreendidos por diversos autores na literatura escrita que
se ocupam de delinear uma trajetória da construção de identidade nacional e que, mesmo a
representação do/a indígena nessa construção identitária discursiva e estética foi apreciada por
tais pesquisadores/as. Mas também aponto para a lacuna existente no mesmo tema quando se
trata de representação através da música, por meio da canção popular, consequentemente, a
ausência de um diálogo comparativo entre as duas modalidades literárias (música e literatura
escrita) dentro deste contexto.
É preciso ressaltar que as diversas imagens de índios/as que circulam na
literatura/cultura não surgem de forma arbitrária e isenta. Cada variação vai servir aos
propósitos socioeconômicos e orientação política vigente da elite dominante a cada período
histórico. Essa representação se constitui em um projeto que visa atribuir ao/à indígena a
imagem necessária ao cumprimento dos interesses dessa mesma elite.
A representação do indígena vai, num primeiro momento (através das crônicas, cartas
e sermões), justificar a colonização para exploração das riquezas da terra, pela necessidade
cristã de levar àqueles bárbaros belos a civilização e o conhecimento de Deus, tirando-os do
abismo de ignorância em que viviam por inocência; depois ela vai se reconfigurando,
conforme o momento econômico, político e cultural1. Mais de uma vez na história do país, a
figura do índio representou o ideal de ancestralidade e de natividade, ingrediente
indispensável à construção da identidade nacional.
Cito, além da carta, apenas algumas obras para demonstrar a constância da
representação indígena e seu papel na formação de uma nacionalidade e suas transformações
ao longo do tempo.
Começo o percurso de citações de obras que se ocuparam da representação do/a
indígena como elemento de identidade nacional pelos poemas: O Uraguai (1769), de Basílio
da Gama e Caramuru (1781), de Santa Rita Durão, sendo os dois autores de nacionalidade
portuguesa. Dentro da estética neoclássica árcade, e por isso mesmo muito ligada ainda à
visão europeia, as duas obras bebem da fonte de Luís de Camões, possibilitando a análise
intertextual comparativa com os versos épicos de Os Lusíadas (1572). Tais obras podem ser
destacadas como representativas da questão indígena, antes mesmo das celebradas peças do

1
Diversos movimentos políticos e econômicos vão se apropriar da imagem de indígena para pleitear o cumprimento de
suas agendas que muitas vezes incluíam como projeto fomentar certa identidade nacional. Pode-se citar como exemplo
o movimento integralista propalado por Plínio Salgado que alardeava a união nacional. O que incluía o uso da figura
do índio, do negro, da mulher como bandeiras da união nacional, visando inflamar o sentimento ufanista na população.
De acordo com Rogério Sousa e Silva (2005), “as ideias nativistas foram uma das principais características do
movimento integralista. As culturas indígenas eram vistas como parte essencial da formação brasileira”. O autor ainda
aponta para uma certa influência do Modernismo nas ideias integralistas, apesar de ressaltar também “uma espécie de
resgate do Romantismo” no que concerne à ideia de “reinvenção da nação e na nova independência” a ser promovida
pelo movimento, em que “o índio seria o símbolo brasileiro por excelência”.
Romantismo que recebem, de maneira geral, mais atenção da crítica. Também menciono os
sermões do Padre Vieira que referem-se a imagem do/a índio/a.2
Mas com o Romantismo é que os valores ufanistas nacionais foram levantados
(aparentemente) em detrimento dos estrangeirismos, retratando o índio como herói mítico,
ancorado na visão de Michel de Montaigne de “bom selvagem” 3. Além disso, conforme
caracterizou Luís Fiorin (2009, p. 115-16):
Os autores românticos, com especial destaque para Alencar, estiveram na linha de
frente da construção da identidade nacional. Entre todos os livros de Alencar, o mais
importante para determinar esse patrimônio identitário é, sem dúvida, O guarani.
Nele determina-se a paisagem típica do Brasil (o espaço da eterna primavera, onde
não ocorrem cataclismos naturais, como furacões, tornados, terremotos etc.), a
singularidade de sua língua, mas principalmente o casal ancestral dos brasileiros
[...]Começa-se, no Romantismo, a construir a noção de que cultura brasileira se
assenta na mistura.

Essa exaltação da miscigenação que começa no Romantismo é retomada pelo


Modernismo, de maneira mais visceral, menos eufêmica, através da tentativa de incorporar a
figura indígena ao todo nacional pela antropofagia, contrapondo-se ao ideal romântico e
construindo um índio destemido, antropófago, descolonizador, defensor das terras, que
mimetizava o desconforto com as práticas colonizadoras e reiterava valores pátrios a partir do
exercício da identidade. Essa reiteração não se dava de modo plácido ou despropositado, mas
representava uma “construção identitária, que se assenta também sobre a mistura, pois
considera a mestiçagem como o jeito de ser brasileiro” (FIORIN, 2009, p. 120), por meio de
um processo de assimilação e, por conseguinte, modificação do que é significativo e
importante das outras culturas. “Não é sem razão que Oswald de Andrade erigiu a
antropofagia como o princípio constitutivo da cultura brasileira” (ibidem).
Com uma representação mais próxima à realidade social e mais crítica da condição do
índio, encontraremos nas dicções de Antônio Callado (1984), Darcy Ribeiro (1993) e
Guimarães Rosa (2001), uma identificação do mestiço imerso numa situação identitária de
não pertença. A representação dos/as indígenas nesses autores tende a se afastar da suposta e
alardeada “mistura” harmoniosa de raças e culturas que formaria a identidade nacional4. Passa

2
Cf. Melo (2013) um estudo sobre a construção da alteridade nativa no discurso religioso.
3
“Em tudo o que aí fica dito não há nada de mau; o que há é que esta gente não usa calções. ” Frase final do ensaio
“Dos canibais” em que o autor discorre sobre práticas consideradas bárbaras dos nativos, especialmente o
canibalismo/antropofagia e a poligamia argumentando que não há mácula moral no comportamento desse povo, pois
eles são “homens que acabaram de sair das mãos de Deus”, ou seja, inocentes, não pretendem dolo e possuem, dentro
da sua ”limitação civilizatória” motivação suficiente que justifica suas práticas.
4
É importante ressaltar que paralelo ao percurso literário, construíram-se as narrativas das ciências sociais. Estudiosos
como Darcy Ribeiro e Sérgio Buarque de Holanda teorizaram a respeito da condição do indígena e de sua importância
para a formação da identidade nacional. Seus trabalhos dialogaram/dialogam, interdisciplinarmente, com as análises
literárias e culturais de muitos/as autores/as. Pretendo promover essa reflexão interdisciplinar, no decorrer da pesquisa,
informada pelas considerações acerca da identidade nacional postuladas por esses autores.
a apresentar heterogeneidades identitárias/étnicas resultantes da aculturação. Luzia Santos
(2009), cujo trabalho cuidadoso traça um excelente histórico do trânsito de representação
indígena na literatura5, ressalta essa característica e, ao mesmo tempo, aponta para a diferença
entre esse tipo de representação que denomina indigenista, distinguindo-a daquela anterior
empreendida pelo movimento Romântico a que chama indianista.

Apresentando o corpus e o objeto e o marco teórico


A importância de começar a caraterização do problema pelo percurso da representação
indígena no cenário literário é a de demonstrar a viabilidade e a necessidade de empreender
tal pesquisa também no campo da canção popular. A representação do/a índio/a na música
pode seguir caminhos similares ao percurso literário ou pode divergir dele; somente com o
decorrer das análises e a criação do panorama crítico que será construído a partir delas é que
se poderá obter algum resultado.
Ao assumir a canção como forma literária, parto do pressuposto de que a tensão crítica
que outrora dicotomizava o binômio literatura-música já é algo superado 6, especialmente, na
área da literatura comparada e Estudos culturais, cuja profusão de trabalhos nesse tipo de
corpus literário é significativa. Trabalhos como o de Fabio Cecchetto (2011) evidenciam a
atenção e acatamento por parte da crítica literária sobre a música e, por meio de nomes como
Roberto Schwarz, Coutinho e Candido demonstram muito claramente que até entre críticos
que trabalham, preferencialmente, com uma perspectiva literária mais canônica, a apreciação
da canção como objeto literário não é causa de contestação. Cecchetto é extremamente
didático e lúcido ao lançar luz a categoria música popular brasileira que, de acordo com o
autor só pode ser considerada popular em oposição à música erudita clássica, pois é feita e
consumida prioritariamente por uma determinada camada populacional que é a classe média.
No entanto, o que poderia ser controverso converte-se numa particularidade vantajosa uma
vez que

5
Cf. O Percurso da Indianidade na Literatura Brasileira, obra através da qual Aparecida Santos teoriza ocupando-se
de criar um panorama de representação indígena ao enfocar diversas obras literárias. Entre essas obras estão: A carta
do descobrimento de Pero Vaz Caminha, Iracema, O guarani, Ubirajara, de José de Alencar; Os timbiras, I-Juca
Pirama, entre outras obras da poética de Gonçalves Dias; alguns poemas escolhidos das obras de Gregório de Matos e
Oswald de Andrade; trechos de Sermões de Padre Antônio Vieira, Uraguai de Basílio da Gama; Macunaíma, de
Mário de Andrade; Maíra, de Darcy Ribeiro; Meu Tio o Iauaratê, de Guimarães Rosa; Quarup, de Antônio Callado;
Jupira, de Bernardo Guimarães; Cobra Norato, de Raul Bopp; Poemas: lírica portuguesa e tupi, de José da Anchieta.
As obras citadas foram alvo de análise por parte da autora mais detidamente, no entanto, em seu livro ela cita outras
obras brasileiras que trabalham com a representação do indígena, fazendo um trabalho extenso e primoroso sobre o
tema no campo da teoria literária.
6
Destaco como exemplo disto, a premiação do compositor e cantor Bob Dylan com o Nobel de Literatura pelo
conjunto de sua obra poética: cancioneiro e três livros publicados.
esse paradoxo identitário não deixa de revestir-se de um caráter tão lúdico quanto
literário, pois em fingir-se popular, a MPB acaba criando espaços poéticos –
eventualmente fictícios – nos quais desenvolve seu programa. Neste tempo-espaço
inventado, os compositores misturam elementos culturais de diversas camadas
sociais, o que promove um apagamento das fronteiras entre os elementos que
provêm de cada uma delas, amalgamando-os. (CECCHETTO, 2011, p. 5-6)

Tal afirmação além de destacar o caráter lúdico e lírico da música, especialmente, da


MPB, delineia especificidade dessas composições que permitem uma leitura analítica pelo
viés do hibridismo tanto de gênero, quanto de discurso sócio-político e favorece a discussão
pretendida por esta pesquisa acerca da representação da identidade nacional, a partir do
elemento indígena, pois a MPB apresenta-se como uma amálgama literária do imaginário
popular ficcionalizado, dentro do seu espaço poético. Pretendo incorporar a análise desse
elemento estético que gira em torno do lúdico, por meio das teorias de Joran Huizinga (2010)
considerando-se o viés lírico/lúdico inerente à canção e também problematizar a paródia e
ironia, a partir de Linda Hutcheon (1985) atendendo a multiplicidade discursiva gerada nessas
composições pelo discurso ambíguo que transita entre o cômico, o transcontextual e o satírico.
A canção é, além disso, uma forma literária que alcança um público bem mais amplo
que a modalidade escrita, uma vez que sua apreciação independe de o/a ouvinte ser ou não
letrado/a e, também pela especificidade da oralidade, tem um maior apelo/aceitação junto a
população, informando e veiculando o imaginário popular. Isso não implica numa
simplificação do objeto artístico já que, como em qualquer forma de arte, diferentes peças,
autores/as e épocas, vão apresentar diferentes níveis de aprofundamento crítico. Trata-se de
ressaltar o caráter expansivo e democratizante da música no Brasil, em que o acesso às rádios,
gravações de áudio e vídeo por meio de mídias digitais e televisivas é muito mais efetivo que
o acesso ao livro.7 Em segundo lugar, o estudo da representação indígena nas canções
populares possibilita análise comparativa do tema nas duas manifestações, podendo revelar
diálogos, paródias, paráfrases etc. entre elas. Tais especulações nascem de um levantamento
inicial em que recolhi 40 dessas canções e da constatação de que alguns desses procedimentos
apresentam-se nestes exemplares. O recorte temporal adotado para a pesquisa vai desde os
anos 1900 até os dias atuais, pois compreende o período em que começam a ser gravadas as

7
Fundamento minha afirmação em duas pesquisas a respeito do mercado literário e fonográfico, a primeira
encomendada pelo Instituto pró-livros concluiu que a leitura é um hábito de apenas 56% da população, enquanto a
segunda pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de rádio e televisão do Brasil, demonstra que mais de 90%
da população tem acesso ao rádio. Acrescento que inúmeras pesquisas têm sido realizadas motivadas pelo grande
aumento do consumo de música proporcionado pelas novas mídias (streaming, podcast) e pela facilidade no uso de
múltiplos dispositivos (como smartphones, reprodutores de mp3, computadores etc. para a audição de música. Cf.
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2016-05/leitura-e-habito-de-56-da-populacao-indica-pesquisa> e <
http://www.abert.org.br/web/index.php/notmenu/item/23522-90-da-populacao-brasileira-tem-acesso-ao-radio-aponta-
pesquisa-ibope-media>. Acesso em 14 set. 2017.
primeiras canções em território nacional e coincide também com o início da popularização do
rádio no Brasil (CALABRE, 2004, p. 2) 8. Tais discursos, uma vez analisados fornecerão a
pesquisa um panorama da figura do índio, levando esse estudo ao exercício de uma crítica da
representação cultural, pelo viés dos Estudos Culturais, de maneira multidisciplinar de uma
representação pós-colonial de identidade e de uma crítica da utopia ufanista nativista que
ainda parece reverberar em nossa cultura 9, o que é parte da motivação para o empreendimento
desta pesquisa. No entanto a relevância maior está na possibilidade de teorização na área dos
estudos literários pós coloniais ainda incipiente no Brasil10, mais ainda em se tratando da
representação do/a indígena brasileiro, há a possibilidade de alargar postulados teóricos e
propor novas questões, através da especulação das concepções estéticas e discursivas que
envolvem a construção da canção, enquanto objeto literário, suas relações com a cultura
popular, papel de construção/veiculação no imaginário popular e do seu papel auto reflexivo
de crítica da cultura.
Para levar a discussão das literaturas pós-coloniais para além dos conceitos de
hibridismo cultural e construção utópica/distópica de identidade nacional, proponho a
inclusão/análise dos conceitos de paródia, transculturação na análise da construção do objeto.
Pretendo reler o pós colonialismo por novos vieses, dialógicos e autocríticos. Não intenciono
simplesmente promover um decalque da crítica estrangeira e nem omitir seus dilemas e
contradições, pelo contrário, acredito que o aprofundamento de uma teoria passa pela
capacidade dos críticos e teóricos de reconhecerem suas contradições/fragilidades,
trabalhando a partir destes para uma maior coerência. Concordo com Roberto Schwarz
(1997), quando em seu ensaio “Nacional por subtração”, ele crítica a rotatividade com que no
Brasil as teorias são eleitas ou caem em desuso, sem que tenham sido aprofundadas a contento
e tal movimento deriva também da tendência à importação de teorias, às vezes de modo
prematuro ou superficial (o que Schwarz vai apontar como um gosto pela novidade
terminológica). Reclamo, portanto, a necessidade de estudar a constante reformatação das
culturas híbridas que, ao reconfigurar os conceitos de natividade, de pretensa superioridade de
certas raças, classes e gêneros, minam o discurso canônico por meio do jogo, da paródia e do

8
O que concorre para novas e mais acessíveis maneiras de consumir e de fazer circular música no país, dando maior
rotatividade aos discursos veiculados por essas canções.
9
Apesar de essa exaltação idealista se manter estritamente na ordem discurso, apagando ou ignorando a figura do/a
indígena nas relações subjetivas contemporâneas como sujeito de nossa realidade: uma cultura latina híbrida.
10
Falo de uma crítica mais autóctone nos moldes que propõe Thomas Bonnici (2005) ao apontar que é preciso
construir um pós colonialismo brasileiro, levando em consideração a experiência de colonização, as artes e literaturas e
a epistemologia que já vem sendo construída no Brasil, antes da chegada das teorias estrangeiras aqui. Como é o caso,
por exemplo de Haroldo de Campos, que propõe um “mau selvagem” que desestabiliza os papéis e inverte a
hierarquia, “uma teoria original, profundamente brasileira”. Por esse motivo, proponho juntar num mesmo corpo
teórico autores diversos, visando trazer diferentes contribuições para as análises.
hibridismo, desmantelando o mito da inferioridade da cultura de massa e propondo variações
no fazer/pensar a cultura na sociedade contemporânea.
Parto, portanto, de um viés Culturalista – que no Brasil é representado por nomes
como Santiago (2000), Abdala Jr. (2014), Bonnici (2005), com uma abordagem mais geral do
campo culturalista, Cordiviola (2001) com um enfoque maior na identidade/cultura na/da
América Latina; Ribeiro (1995) e Bosi(1996) que se situam no campo dos estudos da
formação étnica e identitária nacional e no cenário internacional abordo as questões de
alteridade/subalternidade através de Spivak (2010) multiculturalismo por Bhabha (2009) e
Canclini (2008); discussões a respeito da identidade através de Hall (2006) e Levitas (2001)
para entender os utopismos literários e seu funcionamento para a construção de um panorama
crítico que mobilizará para análises necessariamente, mas não somente, trabalhos de críticos e
teóricos em literatura/música como Risério; Gil (1988); Wisnik (1989); e por fim as
categorias ironia/paródia/tranxtextualidade em Hutcheon (1989;1991), e poética e jogo em
Huizinga (2012), entre outros. O marco teórico deverá surgir junto com a análise dos textos,
garantindo assim que possa dar conta das especificidades das discussões, conforme forem
sendo postas pelo trato com o objeto.
Para ilustrar o caráter e a importância das análises para a criação de um panorama das
representações e posterior teorização, trago como exemplo, a canção intitulada “Iracema
voou”, faixa número do Álbum As Cidades (1998), de Chico Buarque, que pode ser lida como
uma paródia da personagem canônica de Alencar. A canção constrói a personagem Iracema
da América, uma cearense que imigra ilegalmente para os Estados Unidos e lá passa a
trabalhar como faxineira em uma casa de Chá. Se por um lado é possível recuperar os
elementos que ligam a Iracema de Chico à de Alencar através das referências ao Chá, ao
Ceará, ao não domínio da língua e aos encontros furtivos ao luar, por outro, a Iracema
buarquiana é despachada, cosmopolita, situada no terceiro mundo, nas relações de trabalho e
economia que marcam as imigrações para a tão alardeada América das oportunidades. A
Iracema do século 20 não se curva às regras, é fugitiva, esquiva e não pretende voltar ao
Ceará, constituindo um outro perfil de mulher, perfil improvável no contexto do Romantismo.
Com humor e criticidade, vemos uma paródia11 construída sobre a personagem romântica que,
longe de rechaçar a imagem referente, antes a atualiza, trazendo a “virgem dos lábios de mel”
(Alencar, 1866) para a contemporaneidade e proporcionando o questionamento de novas

11
Utilizo o termo paródia para sinalizar um trabalho de auto reflexividade e diálogo do texto e do seu discurso com a
tradição que pode levar a crítica e/ou subversão de determinados valores estéticos e/ou políticos presentes no modelo
referente do texto paródico, por meio de um procedimento de reescrita que nem sempre pretende levar ao riso ou
ridicularização, conforme postula Hucheon (1988).
formas de colonização, relações de gênero e imperialismo que se desdobram sobre as culturas
de países que são ex-colônias, como o Brasil. Tal canção pode oferecer elementos analíticos
que permitem teorizar o uso da paródia na descolonização de uma imagem cristalizada de
índia que é revigorada pela escrita de Buarque.
Já “Tubi Tupy” – do álbum Na Pressão (1999), de Lenine –, apresenta um índio
reconstruído por elementos fragmentários e pós-modernos, criando uma colagem de
caracteres naturais e tecnológicos, como no trecho “Canibal tropical/ qual o pau que dá nome
à nação, renasci / Natural, analógico e digital/ Libertado astronauta tupi//Eu sou feito do resto
de estrelas/ daquelas primeiras, depois da explosão/ Sou semente nascendo das cinzas/Sou o
corvo, o carvalho, o carvão”. A reconstrução da imagem de índio trabalha elementos que
resultam da desconstrução de imagens anteriores, o que fica claro a partir de alguns
procedimentos adotados pelo autor, a saber: (1) O relato em primeira pessoa - o eu-lírico é o
índio que ressurge/renasce dono da própria voz; (2) Hibridismo: representado pelos elementos
corvo, carvalho e carvão que representam três reinos da natureza: o animal, vegetal e mineral,
apontando para uma identidade mista, também representada pela miscelânea entre épocas que
se evidencia pelo verso “natural, analógico e digital”, que aponta para três estágios de
desenvolvimento tecnológicos experimentados pela humanidade; (3) Refazimento identitário -
recuperado pelo uso dos vocábulos feito, liberto, renasci e nascendo das cinzas apontando
para o novo índio que se integra ao universo contemporâneo, mas que ao mesmo tempo faz
parte dele desde seu surgimento: “Eu sou feito do resto de estrelas/ daquelas primeiras, depois
da explosão”. A discussão posta aqui é a da condição do índio como sujeito contemporâneo e
do seu percurso de representação identitária na história da nação, destacando-se o verso “qual
o pau que dá nome a nação, renasci”. As possibilidades de discussão a respeito da
identidade/história da representação/colonização 12 do índio e de sua inserção como sujeito na
contemporaneidade nesta canção, são tão múltiplas quanto as imagens por ela apresentadas.
Ressalto também os intertextos possíveis com os poemas “Aos Caramurus da Bahia”
atribuído a Gregório de Matos e “Caramuru” (1871), de Santa Rita Durão e com O Guarani,
de Alencar. Além das etnias Tupy e Guaicuru, os líderes indígenas Raoni e Juruna13 que se

12
Aponto a metáfora do astronauta tupi como a representação de um sujeito que tem a possibilidade de explorar outros
mundos, enquanto espaços colonizáveis, sendo ele mesmo um colonizado recém “liberto”. É de interesse das teorias
pós-colonialistas a discussão de tais contradições que se formam no interior das identidades dos sujeitos dessa
encruzilhada ou local de trânsito (Bhabha, 2009) e que geram certo mal-estar no cerne das discussões autocríticas do
pós colonialismo.
13
Raoni Metuktire, cacique de etnia Caiapó, tornou-se porta-voz da questão indígena e ambiental conhecido nacional e
internacionalmente após ter alcançado a mídia por ocasião do lançamento de documentário sobre sua vida que recebeu
notoriedade do grande público, tornou-se embaixador do combate pela proteção da floresta Amazônica e dos povos
indígenas, posicionando-se como ferrenho ativista respeitado no mundo todo. Mário Juruna foi ativista dos direitos dos
tornaram conhecidos na história recente e Galdino Jesus dos Santos, vítima de homicídio no
distrito Federal no ano de 1997 –, são citadas no trecho: “meu nome é Tupi-Guaicuru/ meu
nome é Peri de Ceci/ sou neto de Caramuru/ Sou Galdino, Juruna e Raoni”
(RENNÓ;LENINE, 1999, grifos meus). O diálogo com textos da tradição e fatos da
atualidade pode ser lido como outro movimento de hibridização –, o texto reverbera/ recupera
nomes de líderes e suas lutas históricas, ao lado de históricos personagens da ficção. A citação
dos nomes/etnias enfatizada pela fórmula meu nome é, revela mais que um ato de fala, mas
uma postura de apresentação e auto nomeação, que se traduz numa tomada de poder/voz,
dentro do discurso lírico proposto pelos autores.
Com a breve exposição dessas duas peças visei demonstrar a viabilidade das análises
das canções para criação do panorama de representação do/a indígena e os diálogos possíveis
de serem estabelecidos com teorias propostas como marco teórico, especialmente, a leitura
pós colonialistas e o uso de estratégias como hibridismo, intertextualidade e paródia na
reformulação das imbricadas noções de natividade/identidade /nacionalidade no contexto
globalizado em que nos situamos.

OBJETIVOS
Geral:
Construir um panorama crítico – informado pela perspectiva dos Estudos Culturais e
Literários – da representação do índio/a no imaginário popular na contemporaneidade
possibilitando assim, investigar, problematizar e teorizar o conceito idealizado de nação e
natividade pelo viés da crítica pós colonialista,
Específicos:
• Coletar, mapear e sistematizar canções que veiculem a representação do/a indígena na
música popular brasileira desde os anos 1900 até a os dias atuais;
• Ler, selecionar e sistematizar obras para o marco teórico da pesquisa, com vistas à análise;
• Eleger obra(s) do corpus levantado pela pesquisa, por seus aspectos temáticos e/ou formais,
para análise e teorização, sob o viés dos Estudos de utopia, Estudos culturais e Literários
privilegiando questões relativas à construção de um ideal de identidade nacional e
relacionado à representação do/a indígena.

povos indígenas, primeiro deputado indígena eleito e escreveu o livro O Gravador de Juruna (1983) no qual relata sua
experiência na negociação pelos direitos indígenas no Brasil na década de 80. Galdino Jesus dos Santos, líder e ativista
indígena da etnia Pataxo-hã-hã-hãe foi assassinado por cinco jovens brasilienses que atearam fogo em seu corpo,
enquanto ele dormia em um abrigo de ônibus no Distrito Federal; Galdino estava na cidade por ocasião das
comemorações do dia do índio, afim de reivindicar a proteção das terras Caramuru-Paraguaçu que são de posse dos
Pataxo-hã-hã-hãe, mas que estavam sendo tomadas por posseiros.
•Apresentar um estudo dos textos, expondo suas particularidades formais/temáticas,
categorizando-os num conjunto de análises capaz de subsidiar a discussão central acerca da
construção do ideal de nação e das representações do/a índio/a.
 Refletir, aproximar e criar caminhos teóricos informados pela crítica Cultural, pós
colonialista e Estudos da utopia, visando avançar na discussão desses campos no Brasil.

METODOLOGIA
A pesquisa envolverá coleta e sistematização e de corpus em meio mediático (por
meio de gravações de áudio e vídeo em seus suportes materiais) e é possível que demande
também a transcrição de letras das canções para posterior análise. Farei, inicialmente, um
mapeamento e seleção das peças do cancioneiro popular que apresentem referências a figura
indígena e suas imbricações com a identidade nacional do brasileiro. Após essa primeira
etapa, procederei à construção de uma bibliografia que ofereça aporte teórico em preparação
para análise do corpus. Por fim, a escrita da tese se dará a partir da análise do material obtido
na fase de recolhimento de dados, à luz das reflexões possibilitadas pela fortuna crítica e pela
teorização dos estudiosos da cultura, música, identidade, descolonialismo, utopia e literatura
citados no referencial teórico de acordo com os seguintes passos metodológicos:

1) Coleta de dados de som áudio e vídeo, pesquisa de letras e transcrição (quando necessário)
das canções que se afiliem ao objeto para composição do corpus;
2) Levantamento bibliográfico, leitura, fichamento e sistematização de teorias sobre
identidade, canções, música popular, Teoria da literatura, Estudos da Utopia e Estudos
Culturais, tencionando articular um conjunto de orientações teóricas que auxiliem na
apreciação /problematização dos textos de maneira a respeitar suas especificidades e balizar a
discussão a respeito da construção do ideal de identidade nacional;
3) Leitura, fichamento e sistematização das canções mapeadas;
4) Identificação, nas obras lidas e estudadas, dos aspectos temáticos e/ou formais relevantes
com vistas a analisar as relações entre os textos e as formas/temas difundidos de utopismos.
5) Análise do corpus, organizando a discussão em torno de eixos analíticos relevantes tais
como: estratégias de representação (metáforas, voz lírica, escolhas textuais, etc);
procedimentos discursivos como ironia, intertextualidade, paródia, etc e a construção da
imagem nativa/ideal utópico de nação/identidade; O que poderá levar à proposta de teorização
sobre esses textos, considerando o ineditismo do corpus, acarretando a construção de
aproximações teóricas para analisá-lo.
6) Investigar, comparar e teorizar aproximações, estratégias e especificidades da literatura pós
colonialista brasileira, procurando reler e propor novos caminhos teóricos, ao incorporar as
discussões da crítica dos Estudos Culturais e de Utopia de âmbito internacional.

HIPÓTESE
As diversas representações da figura do/a índio/a no cancioneiro popular – forma poética
acessível a um grande público – atestam a presença constante e mutante do elemento nativo no
imaginário cultural brasileiro. Tal multiplicidade de representações articuladas por essas canções
oportuniza a construção de um panorama crítico da representação do nativo nessas canções. Ao
investigar as estratégias mobilizadas para a construção desta representação, tais como o uso da
paródia, da ironia, da intertextualidade entre outros, bem como a relação desses textos com
conceitos como alteridade, hibridismo cultural e identidade nacional, acredito que será necessário
propor a construção, sob a perspectiva dos Estudos Culturais, de um conjunto interdisciplinar de
fundamentação teórica capaz de dar conta do fenômeno a ser estudado. Tais reflexões, em
consequência de seu ineditismo e especificidade devem apresentar contribuições importantes para
ampliar os Estudos da utopia e pós colonialistas, dois campos teóricos afins, cuja importância e o
interesse são internacionalmente conhecidos, mas que no Brasil ainda carecem de maiores
aprofundamentos.

CRONOGRAMA
ATIVIDADES 2018 2019 2020 2021
1º sem 2º sem 1º sem 2º sem 1º sem 2º sem 1º sem 2º sem

Cursar disciplinas do PPGLL x x x x


Etapa 1: Coleta e transcrição do corpus. x x x
Etapa2: Levantamento bibliográfico da base x x x x
teórica e fortuna crítica.
Etapa 3: Seleção e sistematização do corpus. x x
Etapa 4: categorização do corpus à luz das x
teorias selecionadas na etapa 2 em
preparação para análise.
Etapa 5: Análise do corpus através da base x x
teórica visando testar a hipótese aventada.
Cumprimento de estágio docente x x
Exame qualificação x
Ajustes a partir das observações da banca x
Redação e defesa da tese x x x
Ajustes a partir das sugestões da banca x x
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