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UM DEBATE HISTORIOGRÁFICO
Os fatores que culminaram nas Cruzadas não são unanimes na historiografia, e essa é a
discordância central dos autores. O Thiago Chaves demonstra como de acordo com o
passar dos séculos a visão sobre esse período foi alternando. Ele conclui relatando como
a história se altera de acordo com o presente e para ele a tese que melhor demonstra os
motivos em que ocorresse as Cruzadas é o religioso, enquanto a Katiuscia considera a
religião um fator importante contudo os fatores políticos também interferem, ela relata
que “assim, observamos que as principais motivações que levavam os cavaleiros a
engajarem-se nesse movimento, iam da devoção religiosa à avidez mercenária”. A partir
daí, os autores tomam rumos opostos. A Katiuscia Barbosa faz uma análise de como
esse processo da cavalaria gerado pelas Cruzadas vão influenciar a política portuguesa
na dinastia de Avis. O Thiago Chaves faz uma análise do reino de Jerusalém após a
tomada pelos cavaleiros.
Começando com análise da coroa portuguesa, podemos analisar que a Katiuscia
considera que muito dos valores das Cruzadas se mantiveram durante a dinastia de Avis.
Esse período do século XIV foi de grandes crises e instabilidade do sistema feudal, por
isso o governo português adotou uma estratégia de centralização do poder, processo
oposto do que pregava o feudalismo de pulverização do poder. Com isso, o rei D. João I
procura formar de gerar uma coesão social e segundo Katiuscia Barbosa essa forma foi
“uma ideologia assente em valores caros a cultura portuguesa como a propagação e
afirmação da fé cristã, a honra cavaleiresca bem como a fama e a glória”, ela continua
relatando a importância das crônicas para o predomínio dessa mentalidade:
“Nesse sentido, a produção cronística portuguesa do século XV irá atuar como um poderoso
instrumento político, propagando a ideologia salvacionista-messiânica portuguesa e
legitimando as guerras de expansão em território africano, sobretudo a partir das obras de
Gomes Eanes de Zurara.Este autor começa a exercer o cargo de cronista mor do reino em
1448 substituindo Fernão Lopes. Seus escritos narram a história de Portugal a partir da
tomada de Ceuta em 1415, é, portanto o primeiro cronista a relatar a expansão portuguesa em
África, empresa por muitos criticada. Suas crônicas são marcadas pela exaltação dos feitos de
armas da nobreza portuguesa nas praças africanas. Entre as obras atribuídas a ele estão a
Crónica da Tomada de Ceuta, a Crónica de D. Pedro de Meneses, a Crónica de D. Duarte de
Meneses e a Crónica dos feitos e Conquistas da Guiné” (Barbosa,2009:06)
Por fim, a autora demonstra como a partir dessas crônicas Portugal se colocava como a
“nação” que expandiria o cristianismo pelo mundo seguindo a linha ideológica das
Cruzadas. Muito dessa visão se deu a partir da guerra na África.
Podemos concluir que os autores tomam caminhos diferentes ao longo do texto, contudo
há uma grande divergência quanto a historiografia dos fatores que culminaram nas
Cruzadas. A Katiuscia considera a religião um fator importante contudo, para ela sem os
fatores políticos herdados daquele sistema feudal não haveria o impulsionamento para
as Cruzadas. O Thiago Chaves, fazendo contraponto ao que ele considera a
historiografia tradicional, relata que o motivo para que ocorresse as Cruzadas era
unicamente religioso, ele define que a historiografia passa a considerar outros fatores
após um processo de laicização e que esse processo gerou uma aversão aos fatores
religiosos.
Thomaz de Campos