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Anestesia Inalatória

Laís de Paula Silva

Todas as situações em que o paciente vai fazer cirurgia e não tem jeito de
fazer bloqueio de nervo periférico, raquianestesia ou peridural, vai ser preciso fazer
anestesia geral.

Vai abrir mão de certos medicamentos que vão impedir que o paciente sentisse
e também conscientize o estímulo doloroso.

Existem três tipos de anestesia: anestesia geral inalatória (na qual o


medicamento que vai fazer com que o paciente perca essa percepção vai entrar por
via pulmonar), anestesia geral venosa (medicamentos endovenosos) e anestesia geral
balanceada ou mista (é a mais usada, é uma mistura da venosa com a inalatória).

Anestésico Inalatório:

Anestesia Geral é um fenômeno que Impede a percepção e conscientização de


estímulos dolorosos pelo paciente.

Para que o paciente não perceba e nem conscientize os estímulos dolorosos, é


preciso seguir quatro etapas (independente se é anestesia inalatória ou venosa):

1 – Hipnose (3): vai tirar a consciência do paciente. Durante a cirurgia vai ficar
totalmente inconsciente.

2 – Analgesia (2): vai utilizar um analgésico potente porque o estímulo da cirurgia é


muito potente.

3 - Relaxamento muscular (4): ou bloqueio neuromuscular. Vai fazer um medicamento


que faça com que o paciente fique paralisado durante toda a cirurgia. Não vai
conseguir mexer a musculatura voluntária.

4 - Bloqueio da resposta neuro-humoral ao stress (1): primeiro é feito uma sedação do


paciente. O paciente quando vai entrar no centro cirúrgico ele entra com medo do
paciente. O primeiro medicamento feito é uma droga sedativa para que ele perca o
medo da cirurgia.

Obs.: Independente se a anestesia é inalatória ou venosa, o objetivo é cumprir essas


quatro etapas.

Principais anestésicos inalatórios:

Existem dois tipos de anestésicos inalatórios que são os gases anestésicos e os


líquidos voláteis. Eles são subdividos de acordo com o seu estado na temperatura
ambiente

A - Gases anestésicos: N2O

Obs.: Como o óxido nitroso já está no estado gasoso, ele vem direto da rede do
hospital.
B - Anestésicos líquidos voláteis: Halotano

Enflurano

Isoflurano

Sevoflurano

Desflurano

Obs.: Para fornecer esses anestésicos para o paciente é preciso passar eles do
estado líquido para o estado gasoso. No aparelho de anestesia tem um recipiente que
é chamado de vaporizador, que é responsabilizado por transformar o anestésico do
estado líquido para o estado gasoso.

Enflurane
Ethrane®

Os anestésicos inalatórios líquidos vem num frasco escuro, porque uma das
propriedades dos anestésicos inalatórios líquidos é não porder entrar em contato com
a luz, porque ela provoca quebra da sua formulação. Tanto o vaporizador quanto o
frasco eles são toalmente escuros, alguns são até metálicos para evitar a quebra da
formulação.

A fórmula estrutural do Eflurano tem carbono, oxigênio, fluor e cloro. O fluor e o cloro
são da coluna 7ª da tabela periódia (halogenados). Os anestésicos inalatórios líquidos
também são chamados de anestésicos halogenados.

Propriedades Físicas de um Anestésico Ideal:

Deveriam ser comuns a todos os anestésicos inalatórios, mas nem todos


apresentam:

- Não inflamável e não explosivo, aroma agradável e não irritante para as vias aéreas.

Na verdade todos são inflamáveis e explosivos (os éteres são inflamáveis).


Alguns mais e outro menos. O aroma agradável não é comum a todos os anestésicos,
na verdade a maioria tem um aroma desagradável. A principal característica que um
anestésico inalatório deveria ter é não ser irritante para as vias aéreas. Muitas vezes é
preciso fazer o paciente dormir cheirando a anestesia inalatória, principalmente se for
criança (dificuldade de pegar acesso venoso). Dos anestésicos líquidos, os únicos que
não são irritantes são o Halotano e o Sevoflurano, todos os demais não conseguem
fazer o paciente dormir – paciente vai tossir demais, vai brigar demais).

- Estável na presença de luz e cal sodada.

Todos os anestésicos inalatórios não são estáveis na presença de luz. Todos


precisam vir em um frasco escuro, caso contrário sua fórmula será quebrada. Todos
os anestésicos reagem com a cal sodada. A cal sodada é um recipiente que fica no
aparelho de anestesia que impede reinalação de CO2 pelo paciente.

- Não reativo com metais ou borracha sem necessidades de estabilizadores para


armazenamento.

Essa reação com borracha ou metal do aparelho de anestesia é mínimo.O


anestésico inalatório normalmente não tem a sua formulação comprometida com o
contato com a borracha e o metal do aparelho de anestesia.

Anestésico Inalatório Ideal:

a - Indução e recuperação rápida.

O ideal é que o anestésico fizesse uma indução anestésica (ato de fazer o


paciente perder a consciência - dormir) e uma recuperação (recobrar a consciência -
despertar) rápida. Essa característica vai depender do anestésico.

b - Alterações rápidas de profundidade dos planos anestésicos.

O ideal é que quando tiver usando anestesia inalatória no meio da cirurgia, se


o paciente der uma superficializada, começar assentir dor (taquicardia, aumento de
pressão) o ideal seria que aumentasse o anestésico inalatório e o paciente voltasse a
um plano mais profundo da anestesia. E o inverso também. Se o paciente tiver muito
profundo, vai diminuir um pouco o gás e ele volte a um plano para mais superficial.
Isso vai depender muito da característica do anestésico.

c - Analgesia e relaxamento muscular adequadas.

A grande falha dos anestésicos inalatórios é: quando faz um anestésicos


inalatório, a não ser que use uma concentração muito alta de anestésico inalatório
(que é prejudicial ao paciente), não vai ter uma analgesia e um bloqueio
neuromuscular eficiente. Se usar só a anestesia inalatória o paciente vai acordar com
muita dor e vai sentir dor coma cirurgia e corre o risco dele não ficar totalmente
paralisado (movimentar durante o procedimento cirúrgico).

Essa é grande falha, o motivo de não realizar a anestesia inalatória pura. Por
isso a mista é a mais utilizada. Para fazer analgesia e bloqueio neuromuscular
adequado sempre tem que usar um medicamento venoso.

d - Apresentar larga margem de segurança.

Isso quer dizer que ele tem que ser isento de efeitos colaterais nas doses
terapêuticas. Os anestésicos mais novos, como o Sevoflurano e o Desflurano têm uma
boa margem de segurança e menos efeitos colaterais. Logicamente é dependendo da
dose que se usa. Os antigos, como Halotano e Enflurano têm muitos efeitos colaterais,
principalmente no coração (arritmia, bradicardia, hipotensão, parada cardíaca).

e - Isento de efeitos adversos clinicamente significativos em doses terapêuticas

Mecanismo de ação:

Vai mostrar como o anestésico inalatório impede conscientização e percepção


do estímulo doloroso.

Percepção dos estímulos  Vias aferentes

(Feixe espinotalâmico)

Conscientização  Sistema reticular ativador ascendente (SRAA)

Percepção do estímulo

Projetado a córtex cerebral para conscientização

Como o anestésico inalatório tira muito a percepção e conscientização dos estímulos,


ele é bom para manter a inconsciência do paciente (hipnose). Mas as outras 3 etapas,
ele não é muito eficiente. Seu mecanismo é atuar nas vias aferentes do feixe
espinotalâmico impedindo que o paciente perceba o estímulo doloroso e que
conscientize esse estímulo doloroso. Ele vai atuar no sistema reticular ativador
ascendente impedindo o trajeto até o córtex cerebral, que é onde tem a
conscientização dos estímulos. . Quando é usada só anestesia inalatória, o paciente
tem todos os reflexos da dor (taquicardia, hipertensão), porém ele não percebe (está
inconsciente) e nem conscientiza esse estímulo doloroso. O complicado de fazer
anestesia inalatória pura é que apesar do paciente estar inconsciente, o reflexo de dor
ele tem (vai ter toda a instabilidade hemodinâmica – vai subir a pressão, causar
taquicardia). Por isso é preciso associar o anestésico venoso.

Funcionamento do circuito de anestesia inalatória:

O aparelho de anestesia é dividido em 3 partes. Os relógios são chamados de


fluxômetro, que são os gases que vem da rede do hospital. Geralmente são o
oxigênio, ar comprimido e óxido nitroso (N 2O). Não se pode dar uma fração inspirada
de oxigênio muito alta, porque é tóxico (destrói tecido pulmonar). Para não dar uma
fração muito alta de oxigênio, vai diluir ou com ar comprimido ou com óxido nitroso.
Todos esses gases, menos o anestésico inalatório líquido vem da rede hospitalar. O
fluxo desses gases vai ser controlado pelo fluxômetro (torneirinha).

Os gases do fluxômetro vão para a segunda parte do aparelho de anestesia,


que são os vaporizadores, que são os recipientes onde coloca o anestésico inalatório
líquido. Essa mistura de gases que vem do fluxômetro passa dentro do vaporizador,
turbilhosa o anestésico inalatório líquido (fica sob grande pressão lá dentro), esse
turbilhonamento faz com esse anestésico inalatório líquido passe do estado líquido
para o estado gasoso.

Assim, vai ter a mistura de todos os gases e essa mistura passa para a terceira
parte do aparelho de anestesia que é o respirador. Todo aparelho de anestesia tem
um respirador ou ventilador que vai fazer a respiração artificial do paciente. É tipo um
folley. Essa mistura cai nesse folley, quando ele desce ele é empurrado para o
paciente e quando o folley sobe, seria o ar retirado o paciente Vai simular a inspiração
e a expiração do paicente.

Quando o folley abaixa, existe um circuito respiratório, onde tem um ramo


inspiração e um ramo expiração saindo do aparelho de anestesia (ventilador). Esse
circuito respiratório é ligado diretamente com a traqueia do paciente através de um
tubo endotraqueal.

Quando o folley abaixa, o ar vai chegar no ramo inspiratório, vai cair no utudo
endotraqueal e vai direto para o pulmão do paciente. Do pulmão, a mistura cai na
corrente sanguínea, é levada a todos os órgãos e tecidos (o cérebro está representado
porque é onde o anestésico inalatório vai fazer a sua função). Depois vai cair na
corrente sanguínea novamente vai ser eliminado no pulmão. Do pulmão vem para o
tudo e vai no circuito expiratório.

O circuito expiratório não pode ser totalmente fechado, porque se for assim o ar
só vai entrar e não vai sair, o que pode provocar a explosão do pulmão. Esse circuito
vai ser chamado de semi-aberto ou semi-fechado. Assim, o ar que vai ser expirado vai
ter parte saindo para o ambiente e parte é reaproveitado (para economia. É uma
anestesia que polui, ela vai para o meio ambiente.

Escape de gás:
Do ramo inspiratório vão vir os gases oxigênio, ar comprimido ou oxido nitroso mais o
anestésico inalatório líquido, tem uma válvula inspiratoria e vao entrar no circuito
inspiratório do paicnete. Vai passar ara o pulmao, para a corrente sanguine, para os
tecidos e depois vai vltar pela corrente sanguinea e vai voltar para o pulmão. Vai vir
atravpes de uma traqueia expiratória. Existe uma válvula que é chamada de Popof,
que é deixada semiaberta, parte do ar vai escapar para o ambiente. Parte vai cair para
uma bolsa reservatória e volta para o ramo inspiratório.

O ar expirado é rico em CO2, para o paciente não ficar reinalando CO 2 existe um


recipiente antes do circuito inspiratório que é chaamdo de Canister e dentro desse
recipiente fica a cal sodada. A cal sodada que é basicamente formada por hidróxido de
sódio e hidróxido de potássio, reage com CO 2 e forma ácido carbônico e água. Com o
passar do tempo esse canister vai ficar todo úmido, sinal que o CO2 está reagindo com
a cal sodada e é uma reação exotérmina, ou seja, libera calor (fica quente).

A cal sodada é uma substância branca. Propositadamente na cal sodada existe um


indicador áxido básico. A medida que o CO 2 vai reagindo com o óxido de cálcio ou
óxido de sódio vai ser formado ácido carbônico e o ácido junto com o indicador vai
deixando a cal sodada arroxeada propositadamente para saber que ela não esta mais
fazendo efeito.

Após reagir, o ar vai estar livre do CO2 e vai voltar para o mesmo inspiratório. Ele vai
se juntar com o que esta vindo. Vai ocorrer um ciclo vicioso.

CAM (Concentração Alveolar Mínima):

DA50

Definição: é um número expresso em porcentagem medido na fração expirada pelo


paciente que é capaz de tirar a movimentação de 50% dos pacientes (por isso é DA50).

É a quantidade de anestésico inalatório que fornece para o paciente que é capaz de


deixar imóveis 50% dos pacientes (totalmente paralisado e consequentemente
insconciente). É como se fosse a dose do anestésico inalatório. É medido na fração
expirada, porque para saber o efeito do anestésico inalatório ele tem que entrar e sair.
Só vai saber se fez efeito no paciente depois que ele entrar e sair, por isso mede do
valor da CAM na fração expirada.

Obs.: Se o paciente está totalmente paralisado tem-se certeza de que ele já perdeu a
consciência.

Como vai saber se ele está anestesiado ou não?

- Vai ser pelos parâmetros clínicos. Se o paciente não tiver anestesiado, ou seja,
imóvel e inconsciente, então com certeza ele vai ter dor. Então, ele vai ter o reflexo de
dor, vai ter taquicardia, aumento de pressão. É preciso analisar os parâmetros clínicos.

Obs.: Para garantir que o paciente está totalmente imóvel existe uma outra definição
de CAM que é a CAM BAR, é o valor de CAM mais alto, que é a DA95. É um valor onde
tem 95% dos pacientes imóveis, é em torno de 1,3 a 1,5 do valor da CAM. (não é
preciso saber).

Farmacocinética: Absorção, Distribuição e Eliminação:

• A absorção é distribuída em 5 fases:

– 1a fase: aparelho de anestesia até alvéolos

– 2a fase: distribuição no ar alveolar

– 3a fase: alvéolo para o sangue

– 4a fase: sangue até capilares

– 5a fase: dos capilares até os tecidos

Absorção é quando qualquer substância cai para a corrente sanguínea. Só que para
os anestésicos inalatória essa definição de absorção é um pouco mais alargada.

A absorção dos anestésicos inflamatórios compreende de cinco fases e é desde


quando o anestésico sai do aparelho de anestesia até a chegada aos tecidos. A
primeira fase é a saída do anestésico do aparelho de anestesia e vai chegar até os
alvéolos – a quantidade que chega vai depender da quantidade que é fornecida. A
segunda fase é a distribuição alveolar – o anestésico vai chegar no alvéolo e ele vai
ser distribuído por todo o ar alveolar. A terceira fase é a passagem do anestésico do
alvéolo para o sangue – vai encontrar uma barreira celular, a quantidade que passa
não é a mesma que está fornecendo, que sai do aparelho de anestesia. A quarta fase
é ao cair do sangue o anestésico é levado até os capilares – não encontra barreira
nenhuma A quinta fase é a passagem dos capilares para os tecidos – tem outra
barreira de membras para ser atravessada.

Da saída do anestésico do aparelho de anestesia até a chegada aos tecidos o que vai
influenciar na quantidade que chega é a terceira e quinta fase, que é onde tem a
barreira celular. A terceira e a quinta fase são chamadas de captação de anestésico
inalatório.
Para saber a quantidade de anestésico que chega até os tecidos baste saber do que
depende a captação. Ao saber do que depende essa captação, vai saber se chega
mais anestésicos aos tecidos diferenciando um dos outros, vai saber qual chega mais
e qual chega menos.

Captação, uptake ou absorção:

Captação =  . Q . (PA - P v)

A captação é um produto de três variáveis. Isso quer dizer que a captação depende de
três características e as carcterísticas são diretamente proporcionais à captação.

: coeficiente de solubilidade (e da lipossolubidade) – na 3° e na 5° fase está


atravessando uma barreira de membrana celular, que é formada por lipídios. Quanto
maior a lipossolubidade ou o coeficiente de solubidade do anestésico inalatório mais
ele é captado, mais ele passa e quanto menor a lipossolubidade, menos ele é
captado, menos ele passa e menos ele vai chegar no tecido.

Q: fluxo sanguíneo – O fluxo sanguíneo também influencia na chegada até os tecidos.


Quanto maior o fluxo sanguíneo do alvéolo e quanto maior o fluxo sanguíneo no
tecido, mais o anestésico é captado. As áreas pulmonares são mais vascularizadas,
vai ser captado mais anestésico inalatório e consequentemente os tecidos que são
mais vascularizados também captam mais anestésico. Os tecidos mais vascularizados
são as vísceras, os mais nobres são coração e cérebro (no cérebro é bom ele receber
mais anestésico inalatório porque ele atua nesse local, mas no coração é ruim porque
gera só efeitos colaterais).

PA - P v: é a diferença de pressão parcial do anestésico no alvéolo e no sangue (no


pulmão) e depois na quinta fase a diferença de pressão entre sangue e tecido (no
tecido). Porque quanto mais essa diferença de pressão, mais capta. Isso é óbvio pela
Lei da Difusão (sempre que tem passagem da substância do meio mais concentrado –
passivamente- para o meio menos concentrado). Então, quanto mais anestésico tem
no alvéolo e menos no sangue, mais entra. Quanto mais anestésico no sangue e
menos no tecido, mais entra.

A captação do anestésico inalatório depende do coeficiente de solubilidade, do fluxo


sanguíneo e da diferença de pressão parcial (entre alvéolo e sangue e sangue e
tecido). Quando maior uma dessas três coisas, maior é a captação.

Solubilidade - Coeficiente de Partição Captação no Alvéolo:

A captação do anestésico no alvéolo pelo sangue depende:

a - Perfusão sangüínea do alvéolo

b - Solubilidade dos agentes anestésicos no sangue (Coeficiente de partição


sangue/gás)

c- diferença de pressão parcial sangue-tecido

Captação no Tecido:
A captação do anestésico pelos tecidos depende:

a - Perfusão sangüínea dos tecidos e órgãos (quanto maior, maior a captação)

b - Solubilidade dos agentes anestésicos nos tecidos (Coeficiente de partição


tecido/sangue) – quanto mais solúvel o anestésico no tecido mais ele vai captar.

c - Diferença de pressão parcial sangue-tecido – quanto menos no tecido, mais


capta.

d - Massa desses tecidos – vai influenciar quando compara a quantidade do mesmo


tecido. Se forem tecidos diferente o que influencia é a perfusão. P.ex.: uma quantidade
maior de musculo capta mais anestésico do que uma quantidade menor de músculo.

e - Duração da Anestesia – quanto mais dura anestesia, mais está fornecendo


anestésico inalatório e mais capta.

Comparação:

Obs.: Nessa tabela não está presente o ponto de ebulição do óxido nitroso porque ele
já é gasoso em temperatura ambiente – tem um ponto de ebulição bem baixo.

A temperatura ambiente todos são líquidos, exceto N2O e Desflurano (é perigoso


vaporizar em temperatura ambiente). O Desflurano é guardado sob pressão, não é
bom abrir o frasco dele. Como ele vem num frasco especial, é só engatar ele no
vaporizador.

Coeficiente de Solubilidade sangue/gás: Halotano X Sevoflurano


Halotano é 2,4 e Sevoflurano é 0,69. Quem capta mais é o Halotano. Se ele é mais
solúvel, consequentemente ele é um anestésico muito mais potente que o
Sevoflurano. O Halotano é um anestésico potente, ou seja, ele faz o paciente dormir
rapidamente, só que a potencia carrega também os efeitos colaterais. Um anestésico
muito potente não é um anestésico muito benéfico, porque como ele vai para o
coração causa bradicardia, hipotensão e parada cardíaca.

CAM: Halotano X Sevoflurano

Halotano é 0,74 e Sevoflurano é 2,05. A CAM é medida no valor expirado pelo


paciente. Quando eu falo que a CAM do Halotano é 0,74% eu digo que quando eu
estou anestesiando o paciente, eu vou olhar o analisador de gases, e está lá que a
fração expirada na mistura de gases está 0,74% quer dizer que tem 50% de chance do
paciente estar inconsciente, imóvel. A CAM do Sevoflurano é bem maior, 2,05.
Quando eu estou anestesiando um paciente com Sevoflurano, para eu ter um valor de
CAM, é preciso olhar o analisador de gases e na fração expiada é preciso ter o valor
de 2,05.

A CAM é inversamente proporcional ao coeficiente de solubilidade, ou seja quando


maior o coeficiente de solubilidade, menor é a CAM e mais potente é o anestésico
inalatório. Isso faz sentido, porque se o anestésico é muito solúvel, ele fica
impregnado no tecido e é difícil de ser eliminado. Então na fração expirada ele vai ter
menos. Assim, quanto maior o coeficiente de solubilidade, menor a CAM. E quanto
menor o coeficiente de solubilidade, maior a CAM.

Pelo valor da CAM é possível saber tudo sobre o anestésico inalatório. Se der dois
valores de anestésicos inalatórios e perguntar qual é o anestésico inalatório mais
potente, que faz dormir mais rápido e qual que faz despertar mais rápido. Vai ser
possível diferenciar isso pela CAM. É só fazer o raciocínio: quando maior a CAM,
menor o coeficiente de solubilidade, assim, o anestésico é menos potente e
consequentemente ele é mais facilmente eliminado. Então é um anestésico que tem
um despertar mais rápido.

Por isso, os anestésicos menos potentes são os melhores anestésicos. O Sevoflurano


e o Desflurano são os melhores anestésicos porque tem a maior CAM, ou seja, eles
têm coeficiente de solubilidade sangue/gás menor. Eles vão entrando e saindo, ou
seja, não tem como dar muito efeito colateral e consequentemente quando desliga, ele
é eliminado mais facilmente e o despertar do paciente é mais rápido.

Pode-se se perguntar se a potência não é importante. Nesse caso não, é só fornecer


uma maior quantidade de Sevoflurano, por exemplo. Por isso os anestésicos menos
potentes são mais usados e estão sendo mais criados.

Assim, a CAM é o valor mais importante a ser analisados nos anestésicos inalatórios.

Obs.: Na prática, os anestesistas já sabem um valor de equilíbrio, já que o anestésico


tem que passar por duas barreiras. Se for usar o Sevoflurano, não vai ligar no
vaporizador 1%. Na realidade é preciso atingir um equilíbrio do tanto que entra com a
quantidade que sai. Com o passar do tempo, pela Lei da Difusão tende a igualar. Se
ligar ¨% de Sevoflurano no começo, quer dizer que está entrando 6%, mas não está
saindo 6%. Mas se deixar ligado por um grande período de tempo, pela Lei da Difusão
vai igualar o tanto que entra com o tanto que sai independente da solubilidade e de
tudo mais. Na verdade é que se procura, quando já sabe a CAM é atingir esse
equilíbrio.

Se tiver dois valores de CAM, é preciso analisar o mais potente, o menos potente, o
que causa mais efeito colateral e o que causa menos efeito colateral.

Os mais potentes ficam impregnados no tecido, dessa forma ele tem um despertar
mais rápido. Na realidade é bom é o menos potente, vai usar muito, faz o paciente
dormir rápido sem efeito colateral e o contrário é verdadeiro, como ele é pouco solúvel,
ele vai ser eliminado mais facilmente e o paciente desperta mais rápido.

Os mais potentes são péssimos anestésicos inalatórios, eles não tem vantagem
nenhuma. Eles só causam efeitos colaterais.

Desses anestésicos o que tem maior CAM é o Desflurano. Ele é o mais moderno. É o
que tem menos efeito colateral. O Desflurano está entrando no Brasil agora. O
Sevoflurano é o mais usado. O Desflurano não vai substituir o Sevoflurano,
principalmente em indução inalatória. O Desflurano é irritante de via aérea e o
Sevoflurano não. É preciso fazer o paciente dormir de alguma maneira para depois
ligar o Desflurano.

A CAM do óxido nitroso é 104%. Como é possível uma substância ser eliminada amis
do que ela entra? Mais do que 100%? O máximo que é fornecido é 100%. A CAM de
104 é uma CAM infinita, na verdade é uma CAM simbólica. Isso mostra que o óxido
nitroso é impossível, isoladamente, de fazer o paciente ficar imóvel e perder a
consciência. Teoricamente teria que dar mais de 100% de óxido nitroso para atingir a
CAM. Isso é impossível. Por isso o óxido nitroso é usado só como adjuvante dos
anestésicos inalatórios. Ele é usado para diluir o oxigênio, para não dar uma FiO 2 tão
alta de oxigênio e como adjuvante de outro anestésico inalatório, porque o paciente
não vai dormir. Como a CAM é um valor para 50% dos pacientes, se o paciente for
mais sensível, talvez ele até durma, mas vai ser preciso dar uma alta concentração de
óxido nitroso (tem risco de matar o paciente por hipóxia).

Obs.: O óxido nitroso é o gás hilariante.

Distribuição dos anestésicos inalatórios:


O final da absorção dos anestésicos inalatórios é a distribuição. A captação dos
tecidos depende do coeficiente de solubilidade, do fluxo sanguíneo e diferença de
pressão parcial. É a 5° etapa.

Ao cair do alvéolo para o sangue, é possível ver como o fluxo sanguíneo é importante.
Vísceras são as que recebem primeiro, tem 10% da massa corporal e recebem 75%
do fluxo sanguíneo. O segundo compartimento é músculo, 50% da massa corporal e
recebe 10% do fluxo sanguíneo. Por último é gordura, que tem 20% da massa corporal
e 2,55% do fluxo sanguíneo.

Quem tem muito tecido adiposo em anestesia leva muita desvantagem, porque pode
demorar mais a acordar. Em gordura chega por último, mas também elimina por
último.

Eliminação dos anestésicos inalatórios:

A eliminação dos anestésicos inalatórios é simples. Eles são metabolizados um pouco


no fígado, mas a grande maioria da eliminação é pulmonar. Só os mais potentes, que
ficam mais impregnados no sangue e nos tecidos é que dá tempo de metabolizar no
fígado. Os menos potentes, como são pouco solúveis, já caem na corrente sanguínea
e vão ser eliminados pelo pulmão.

- A eliminação dos AIs é inversamente proporcional a sua solubilidade sangue/gás.

- Quanto mais facilmente é eliminado o AI mais rápido o despertar do paciente.

Farmacodinâmica dos Anestésicos Inalatórios:

• Sistema Nervoso:
O efeito quisto no sistema nervoso é tirar a percepção e conscientização dos
estímulos. Além disso, ele causa:

1-Diminuem o metabolismo cerebral

2-Produzem vasodilatação cerebral

3-Aumento do FSC

4-Aumento do vol. de sg. cerebral

5-Aumento da PIC

Obs.: Nas neurocirurgias não pode usar anestésicos inalatórios de maneira nenhuma.
Tem que ser uma anestesia venosa pura. Justamente porque o anestésico inalatório
incha o cérebro.

• Sistema cardiovascular:

1- Depressores do miocárdio (diminui a força de batimento do coração)

2- Aumentam FC (mais por reflexo do que por ação, como deprime o coração, ele
compensa tentando bater mais rápido)

3-Reduzem PAS (diminuição do DC e Vol. Sistólico).

• Sistema Respiratório:

1- Depressão Respiratória

2- Depressão da resposta ventilatória ao CO2 (mesma reflexo que o anestésico local


bloqueia o anestéciso inalatório bloqueia. Às vezes o paciente está hipoventilando, vai
ser preciso aumentar o CO2, consequentemente, porque elimina pouco. O CO2 vai
atuar no bulbo (centro respiratório) e faz com que o paciente vá respirar mais
rapidamente. Enquanto o paciente estiver sob efeito do anestésico inalatório isso não
acontece).

3- Efeito broncodilatador (tanto que os mais potentes, como Halotano eram usados
para tratamento de broncoespasmo – em casos de cirurgia que o paciente desenvolve
broncoespasmo)

Obs.: Esses efeitos são diretamente proporcionais a potencia. Quanto maior a


potência, mais exacerbados são os efeitos colaterais, ou esses efeitos sobre órgãos e
tecidos. Os mais potentes deprimem mais o coração, deprimem mais a respiração,
incham mais o cérebro.

• Função Hepática:

- Halotano: diminui o fluxo sangüíneo hepático e associado ao alto grau de


metabolização da droga, na presença de hipóxia pode ocasionar lesão hepática. Isto
contra-indica seu uso em pacientes hepatopatas.
Só os mais potentes sem metabolização hepática. Os menos potentes quase não tem.
Como o Halotano é muito potente e tem muita metabolização hepática, ele pode
causar hipóxia por excesso de trabalho do fígado e lesão de células hepáticas. Pode
causar uma hepatite medicamentosa, principalmente em paciente hepatopata.

• Função Renal:

Quando usa um anestésico inalatório, principalmente se for em uma cirurgia muito


prolongada, vai ser preciso ficar de olho na urina do paciente, na função renal. Isso
ocorre porque o anestésico inalatório leva a :

1-Diminuição do fluxo plasmático renal

2-Diminuição da filtração glomerular

3-Aumento da produção do HAD

4-Nefrotoxicidade

• Outros Sistemas:

- Hipertermia maligna

É um aumento de temperatura do paciente que pode leva-lo a morte. São causados


por dois tipos de anestésicos: anestésicos inalatórios lquidos e a Succinilcolina, que é
um dos bloqueadores neuromusculares despolarizantes. É uma doença genética, o
paciente é predisposto geneticamente e quando predisposto ao contato de anestésico
inalatório e/ou succinilcolina, ele desenvolve essa doença. Esses medicamentos
atuam diretamente no ribossomo do paciente, os ribossomos fazem com que a
mitocôndria do paciente aumente a sua carga de trabalho, há grande produção de
energia, aumento de metabolismo e aumento de temperatura (que podem ser
incompatíveis com a vida). Um dos monitores obrigatórios em anestesia geral é o
termômetro. Se observar uma subida brusca da temperatura (38,39,40,41) em 1-2min
pode desconfiar de hipertermia maligna. É preciso tratar rapidamente. Além do
aumento da temperatura, o aumento de metabolismo leva a um aumento de CO2 se
ver na capnografia um aumento brusco de CO2, com aumento de temperatura é
hipertermia maligna (30,35,40,45).

PROVA: o paciente está senso anestesiado e de repente ele apresenta tremores


musculares, muito exacerbado com trisma e aumento de temperatura e CO2. S e tiver
fazendo anestesia inalatória ou succinilcolina é hipertermia maligna. Tratamento:
existe só uma droga que reverte a hipertermia maligna que é o Dantrolene Sódico. É a
alteração do íon cálcio do ribossomo.

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