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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Disciplina: ED 100 – Teoria das Organizações educaciomais.
JUNHO/2013
Resumo
A proposta deste ensaio é descrever as condições de trabalho do docente universitário
diante do programa de expansão universitária Reuni decreto Nº 6.096 de 24 de abril de 2007,
que versa sobre a ampliação o acesso e a permanência no ensino superior. A condição do
trabalho docente neste processo expansivo será descrita e analisada as luzes das teorias das
organizações, buscando nas bases teóricas desse conhecimento as relações entre
produtividade e o trabalho docente. A teoria das organizações neste contexto será um
norteador não só para o entendimento histórico do processo industrial que possibilitou o
desenvolvimento de tecnologias e a expansão industrial, mas também das relações humanas,
sendo esta última as causas e efeitos desse processo. Ou seja, partiremos do principio de que
as relações sociais tanto no contexto histórico como na atualidade continuam a propor novas
maneiras de desenvolvimentos, porém sem perder os velhos conceitos, permanecendo assim a
idéia mecanicista, cartesiana e sistemática, que atinge diretamente a forma como se explora o
conhecimento. Frederick Winslow Taylor mentor da organização cientifica do trabalho será
neste ensaio nossa linha mestra para descrevermos e analisarmos em discussão com outros
autores, de que forma o chamado taylorismo influencia nos dias atuais as relações de
produção e reprodução da sociedade. A idéia central deste ensaio é discutir como vem sendo
ordenada à força de trabalho e de que maneira isso vem sendo adaptado para as “novas”
necessidades do mercado, seja ela no contexto industrial, prestação de serviços, áreas da
saúde e na educação.
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1- INTRODUÇÃO
O chamado Homo habilis, segundo Edgar Morin (2002, p.214), com a invenção da
ferramenta, com o aparecimento da linguagem articulada, começou a fabulosa aventura
cultural do homem. Ou seja, permitindo o desenvolvimento das inerências cabíveis apenas a
raça humana começavam a dar o ar da criatividade, da invenção e da arte da transformação.
Isso nos faz pensar que tal atividade humana em fazer ou transformar algo esta relacionada á
capacidade de observação e experimentações articuladas entre, em si, para si, se fazendo
perceber não só a mudança de algo, mas também a sua mudança em relação ao objeto. O que
significa que, ao transformar a natureza o homem também se transforma de acordo com Karl
Marx (2008).
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Neste sentido o estudo presente pretende como um ensaio descrever o
cotidiano de um personagem denominado Nilson, docente que vive a expansão da
universidade supracitada no texto. Servirá a descrição cotidiana deste personagem
também para abrir a discussão e fazer um paralelo da problemática da teoria das
organizações com a relação à produção e reprodução frente às idéias dos pensadores
citados no decorrer do texto.
Para iniciarmos nossa discussão iremos parodiar o clássico dialogo com Schmidt
descrito no livro “Princípios de Administração Cientifica” de Frederick W.taylor, com a
realidade vivida pelo nosso personagem nos dias atuais.
- Venha cá. Você vai responder as minhas perguntas. Quero saber se você se sabe ser
um temporário de baixo custo, ou um desses pobres adjuntos que andam por aí.
Quero saber se você deseja manter este status do qual nos valorizamos muito e se
manter acrítico como esses tontos que estão por aí. - Se quero manter meu status?
Que saída se meu contrato é temporário? Então sou um temporário de baixo custo.
- Ora, você me irrita com esta ironia. Naturalmente que não tem para onde correr; nós
já sabemos. Você sabe perfeitamente que isso é só o começo muitos serão os
temporários de baixo custo. Por favor, procure responder ás minhas perguntas e não
me faça perder tempo. Venha comigo. Vê aquela sala de aula?
– sim.
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- Muito bem. Se você é um temporário de baixo custo irá levá-los para sala de aula.
Agora, então pense e responda á minha pergunta. Diga se você se sabe ser ou não um
temporário de baixo custo.
- Bem, se vou manter meu status para além dos 40 alunos acrescer 42 somando 82
alunos?
- Sim naturalmente, você receberá um total de 82 alunos para colocar na sala todos os
dias durante o ano inteiro. É para isso que serve um temporário de baixo custo e você
sabe disso tanto quanto eu.
- Bem, tudo entendido. Devo carregar este tanto de alunos para sala todos os dias o
ano inteiro, não é assim?
- Devagar! Você sabe tão bem, quanto eu, que um temporário de baixo custo deve
fazer exatamente o que lhe disseram desde manhã à noite. Conhece você aquele
homem ali?
– Não, nunca o vi. Bem, se você é um temporário de baixo custo deve fazer
exatamente o que este homem lhe mandar fazer, de manhã à noite. Quando disser
para levar os alunos para sala você leva, quando falar para produzir artigos inúmeros
artigos você produz! Você procederá assim durante o dia todo o ano inteiro. E, mais
ainda, sem reclamações. Um temporário de baixo custo faz justamente o que lhe
mandam e não reclama. Entendeu? Quando este homem mandar andar, você anda;
quando disser que se sente, você deverá sentar-se, e não fazer qualquer observação.
O homem que virou suco ao chegar a São Paulo se depara com a frieza do
concreto que a todo custo lhe impõem a dura realidade do trabalho árduo do
progresso para poucos.
Sua poesia é vista como divertimento, vadiagem e não como algo inerente ao
homem, arte de poetizar a vida. Que se fragmenta apenas nas estrofes, o que a faz ser
entendida com métrica e rima, harmonia das palavras. Assim como o homem que
virou suco está para a poesia o docente está para a educação, o conhecimento não é
linear, ou mecânico ele é dialético.
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A analogia do dialogo do operário Schmidt com o cotidiano do nosso
personagem Nilson se assemelham na produtividade, no entanto, o que de mais cruel
os diferencia é o fato de Schmidt carregar barras de ferro enquanto Nilson carrega
pessoas, alunos.
Barras de ferro não reproduzem os atos de seus carregadores por uma questão
obvia de serem inanimadas, ao contrario de Nilson que trabalha com seres humanos, e
este comportamento possivelmente será transferindo para os alunos que futuramente
venham a ser docentes, perpetuando assim a lógica produtivista capitalista.
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ao Pós - Fordismo, a racionalização, a flexibilização e a mecanização automatizadas,
tornaram a cadeia produtiva mais eficiente, reduzindo dramaticamente a força do
trabalho vivo. O que representa um contingente considerável de trabalhadores
exclusos no mundo do trabalho, vulnerabilizando direitos e minando todo tipo de
agremiação, associações e sindicatos.
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Ou seja, este grupo de trabalhadores tem em comum a ausência de direitos
trabalhistas tais como: fundo de garantia, seguro desemprego, instabilidade no
trabalho e são submetidos a grandes rotatividades, sendo este último mecanismo
essencial para desconfiguração do contrato de trabalho, o que gera o enfraquecimento
e a perda dos direitos trabalhistas.
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muitas vezes amargos. Abandonou o ponto de vista
puramente cientifico, para passar para o campo da critica
social. O homem da organização é o homem que pensa em
grupo, que toma decisões em grupo, que trabalha e se diverte
em grupo, é o homem cujos valores e crenças são os valores e
as crenças das organizações de que participa, é o homem cujo
comportamento é condicionado pela organização, de forma a
tornar mínima, senão inexistente, sua área de autonomia
individual.
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Na realidade, o messianismo pedagógico tem viseira curta. A
ampliação da escolarização formal não “salvou” o país, nem se
constituiu em elemento para formação de mão de obra
qualificada. Em outros termos, quanto menos a escola tem
esse papel tanto mais ela se realiza como aparelho ideológico,
inculcando valores e o comportamento das classes
dominantes nas classes dominadas. Na realidade, o sistema de
ensino se realiza através da distribuição diferencial do saber,
possibilitando meios para exercício diferencial do poder, que
por sua vez reproduz diferencialmente a lógica das classes
sociais existentes. Dessa maneira os dominados processos de
inovação pedagógica nada mais são do que inovações
tuteladas do Estado, que orientam ideologicamente os
métodos de segregação escolar. Assim, quem quiser manter
tudo como está realiza uma reforma educacional e as coisas
ficarão como sempre estavam, porém, com nova roupagem
retórica.
Enfim tudo isso colabora para que os futuros alunos tanto aqueles que irão
para o mercado de trabalho, como aqueles que pretendem seguir carreira na
academia, dando continuidade à ideologia de uma organização centrada no
produtivismo.
E por incrível que pareça este caminho é solitário, pois prega estas
organizações o individualismo, defesa dos interesses pessoais e sobretudo a idéia de
um mercado competitivo e eficiente.
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Ao mesmo tempo em que separa o trabalho do processo de criação, cria a
mística do valor do trabalho morto como o real valor do trabalho, as ideologias das
organizações produtivistas seduzem, alienando o trabalhador como homem
organizacional pertencente ao organismo produtivo.
Este medo de não pertencer está ligado ao medo de não consumir, de perder
sua identidade e inconscientemente sendo ao mesmo tempo consumido e coisificado
como maquina, em outras palavras, uma ferramenta que fala. Segundo Max Pagés
(1987, p. 149):
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3- CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Nesta perspectiva cultivar o conhecimento não é organizar ou sistematizar um
procedimento agregando a este processo eficiência e uma lógica linear. A organização
do saber está na relação do homem com o corpo e a mente, num continuo movimento
de construção e desconstrução, de ligação e re-ligação dos saberes, originando a
duvida e a certeza de novas possibilidades.
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. – 5. Ed. –. São Paulo : atlas,
1999
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TAYLOR, Frederick Winslow, 1856-1915. Princípios de administração cientifica ;
tradução de Arlindo Vieira Ramos. – 8. Ed. – São Paulo : Atlas, 1990.
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