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É preciso que se entenda política como a arte de fazer o bem comum, meio excelente para os cristãos
praticarem a caridade que nos foi ensinada por Cristo Jesus. “Pois a comunidade política existe por causa
daquele bem comum: nela obtém sua plena justificação e sentido, de onde deriva o seu direito primordial e
próprio. Ora, o bem comum compreende o conjunto daquelas condições de vida social, que permitam aos
homens, às famílias e às sociedades conseguir mais fácil e desembaraçadamente a própria perfeição” (Gaudium
et Spes, 76). Parece estranho, mas a Igreja ensina que a vivência correta da vida política ajuda os cristãos em
geral a viverem mais perfeitamente e assim alcançar a santidade.
Talvez você esteja pensando: “Mas na política só tem ladrão! Eu não vou me juntar com aqueles desonestos!!!”
Isso continua a acontecer porque você, que se diz honesto e justo, ainda não teve a ousadia de doar os seus
melhores frutos no serviço do bem comum. Se a vida política do nosso país é assaltada por pessoas mal
intencionadas, não é porque a política seja suja por si mesma, mas porque os que são realmente bem
intencionados e capacitados para o bem comum não se dispõem a empenhar suas vidas nessa nobre causa.
(Jz 9,7-15).
Hoje nos vemos sendo governados por vários espinheiros, árvores que não têm sombra e ainda
apresentam múltiplos espinhos. Gostaria de perguntar: “Até quando ficaremos imobilizados, negando os nossos
melhores frutos para Deus e para os nossos irmãos?”.
“A Igreja considera digno de louvor e consideração o trabalho daqueles que se dedicam ao bem da coisa pública
a serviço dos homens e assumem os trabalhos desse cargo” (GS, 75) e ainda: “Os que são idôneos ou possam
tornar-se para exercer a difícil e, ao mesmo tempo, nobilíssima arte política, preparem-se para ela e procurem
exercê-la, esquecidos do proveito próprio e de vantagens materiais. Pela integridade e com prudência, lutem
contra a injustiça e a opressão ou o absolutismo e a intolerância, seja dum homem ou dum partido político;
dediquem-se, porém, ao bem de todos com sinceridade e retidão, bem mais, com o amor e a coragem exigidos
pela vida política” (GS, 75).
O próprio Jesus nos deu o exemplo. A atitude profética de Jesus, em defesa dos pobres e dos oprimidos, devido
a seu radical compromisso com a vida, teve profundas repercussões políticas. Ele chamou Herodes de “raposa”
(cf. Lc 13,22), ironizou os opressores que se intitulavam “benfeitores do povo” (cf. Lc 22,25), criticou o luxo
das autoridades (cf. Mt 11,8) e a opulência dos ricos (cf. Lc 6,24; 16,19-31; Mt 6,24), negou o caráter divino
do poder de César (cf. Mt 22,21). Por isso, Ele foi acusado injustamente de subverter a ordem pública (cf. Lc
23,2.5), de conspirar para ser o rei dos judeus (cf. Jo 19,19) e por esse crime foi condenado (cf. Jo 19,12-16).
“O Reino de Deus proclamado por Jesus, conquanto não se reduza à política, possui uma dimensão política.
Porque importa na modificação global e estrutural dos fundamentos da velha ordem. Esta transformação é
condição para o mundo pertencer ao Reino de Deus” (CNBB, Igreja e política, 15). Da mesma forma que Jesus,
precisamos crer e agir. O crer que não corresponde a uma atitude concreta em relação aos irmãos, ainda não é
a verdadeira fé.
A Igreja exorta os cristãos leigos a participarem, com coragem e discernimento, da
atividade política "para gravar a lei divina na cidade terrestre".
Hoje o mais importante é definir um novo modelo para o país, para isso não basta inserir
um voto numa urna, é necessário acompanhar os representantes eleitos, numa atitude de
colaboração e de cobrança para que os compromissos de campanha sejam cumpridos.
A política é uma das mais altas expressões da caridade cristã (Paulo VI). É a busca do
bem comum, consistindo no respeito pela pessoa, na exigência do bem-estar social e na
existência de uma ordem justa, segura e duradoura (cf. Catecismo da Igreja Católica, nºs 1095
a 1102).
2.2 - CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DOS CANDIDATOS
Deve-se considerar:
- a honestidade pessoal;
- a trajetória voltada aos interesses da coletividade,
- os compromissos honrados, em estreita ligação com as necessidades reais da
população.
2.2.1 - CUIDADO:
- com candidatos despreparados, com plataformas que camuflam interesses
particulares, com políticas de compensação.
- com os candidatos oportunistas, sem compromisso com partidos, com prática de
compra de votos, sem escrúpulos, reproduzindo o esquema da corrupção eleitoral, com
promessa de favores, enganando os eleitores, faz do povo refém, dependentes de esmolas e
promessa de benefícios imediatos.
- com candidatos sustentados por campanhas financeiras
vultosas que facilitam a compra de votos, pois irão tentar recuperar o investimento realizado,
utilizando-se dos privilégios adquiridos no exercício da função pública.
CIC §2442 - "Não cabe aos pastores da Igreja intervir diretamente na construção política e na
organização da vida social. Essa tarefa faz parte da vocação dos fiéis leigos, que agem por
própria iniciativa com seus concidadãos. A ação social pode implicar uma pluralidade de
caminhos concretos. Terá sempre em vista o bem comum e se conformará com a mensagem
evangélica e com a doutrina da Igreja. Cabe aos fiéis leigos "animar as realidades temporais
com um zelo cristão e comportar-se como artesãos da paz e da justiça".