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Henry Charles Bukowski - o merecedor de impropérios

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HENRY CHARLES BUKOWSKI - O


MERECEDOR DE IMPROPÉRIOS
publicado em recortes por pree leonel | 8 comentários

Análise sobre a simpatia depositada ao beberrão Bukowski.

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Há quem ame Henry Charles Bukowski Jr. Há também quem o odeie. O “velho por Paola Domingues
safado” – senhor cuja obra de cunho obsceno revelou ao universo literário um outro
saiba como escrever na obvious
tipo de leitor, tão libertário e indecente quanto o próprio autor – obviamente tinha
conhecimento das antagônicas impressões que causava, enquanto vivo. E apostava
nas temáticas mais polêmicas, mesmo assim.
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lady gaga - o seu percurso até a fama

Porres sensacionais, ceticismos, machismos, relacionamentos baratos, sexo fácil,


linguagem informal ou chula, referências aos subempregos exercidos, solidão,
humor-negro, pontuação desajustada e xingamentos: tudo estava em pauta para o
autor alemão. Qualquer fosse o foco de Bukowski, o estilo parecia agradar a nova
massa dos alternativos e intelectuais dos anos 60, já entorpecidos pela geração lytro: uma nova câmara para uma nova
beatnick, antes prestigiada por obras como “On the road”, de Jack Kerouac. fotografia

Não que o autor tenha vivido conforme os preceitos beat. Não foi o caso. A geração
apenas tomou para si emprestadas as palavras do beberão simpático. Para Charles,
sobraram apenas as garrafas vazias da geração que nascia – e alguma irritação
decorrente das gratuitas comparações ou co-relações dedicadas ao seu estilo sobre
sachiko kodama - esculturas com ferrofluidos
aquela tribo.

E, claro, assunto de fácil acesso às mesas dos bares universais – residência de


bêbados não comedidos, intelectuais de plantão ou puritanos frustrados – as
impressões acerca do velho acabaram por alcançar novos ângulos, além dos contos,
romances e poesias. Estendem-se elas, hoje, a discussões ousadas sobre ser o
esculturas cinéticas de theo jansen
homem Bukowski merecedor da empatia universal literária ou não.

GALERIA

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Henry Charles Bukowski - o merecedor de impropérios

Sua obra foi alvo de ofensiva por parte de feministas do mundo todo. Do outro lado
de Los Angeles, mulheres queimavam seus livros, em protesto, já na década de 60,
após suas primeiras publicações. Chamavam o beberrão de chauvinista, vagabundo.
Despejar-lhe um par de injúrias auto-inflamantes parecia justo frente ao cenário
vulgar emprestado ao mundo pelo autor. Ainda no século atual, esposas indignadas AFINIDADES
pela veia Bukowskiniana de seus maridos modificam suas expressões faciais ao
ouvirem o nome do velho, e acreditam que Charles nada mais quis senão chocar.

Não sabiam elas, no entanto, ser Henry Chinaski (alter ego adotado por Bukoswki mais afinidades

em suas narrativas) um desconectado por natureza, desobediente aos padrões


eternos que regiam a terra celibatária. É que o homem já havia descoberto as  
 
limitações do então sonho americano. Fora atormentado por um pai azedo, rígido e
infeliz e por uma doença que lhe deformou o rosto, transformando-o em um jovem
de poucos amigos, outsider. O álcool, os livros e a escrita cínica, sem amarras, se
tornaram, assim, sua companhia – talvez suas muletas.

Dessa forma, as descrições do então jovem Charles, grande parte delas de cunho
pessoal, eram também experimentações livres de temas que ofereciam à sua
estranha vida um ar discutivelmente cômico. Discutivelmente porque – é aí que a
problemática provinciana mora – não tinha pudores de atravessar a linha e os
limites impostos por sua sociedade sobre o que seria bonito ser dito ou feito.

De outro lado, com uma garrafa de gim na mão (e um misto-quente na outra),


Charles não se preocupava e queria mesmo era avacalhar com os conceitos de
classe, gênero, e comportamento do homem médio, de forma a instigar, sim, a

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repulsa, a nostalgia, a melancolia, o nojo, o apreço ou a raiva de seus leitores,


através de sua auto-exposição.

“Bebi e fiquei mais bêbado que um gambá no purgatório. Estive até com uma faca
de açougueiro na garganta, uma noite, na cozinha; mas aí pensei, calma (...).
Quando voltei a mim, estava na sala do meu apartamento, cuspindo no tapete e
queimando meus pulsos com cigarros, dando risadas. Louco como uma lebre”.

Pois bem. Sóbrio ou não, o escritor tanto se expôs que foi presenteado com a
eternidade. Antologias, poemas, cartas e contos foram lançados postumamente, de
forma a concretizar seu papel já reservado na história. Uma das últimas
publicações, aliás, é creditada a Matthias Schultheiss, quadrinista alemão que
publicou, em 2008, as histórias do velho safado em quadrinhos. Jaz ali um universo
obrigatoriamente coberto de prostitutas e marginais que são engolidos pela solidão
das capitais. Chama-se “Delírios Cotidianos”

Tais homenagens e tributos ainda provocam polêmicas no momento em que se


analisa Charles enquanto pessoa – característica que caminhará eternamente ao
lado de sua assinatura. Mas o mundo tem tratado de separar as coisas. Fala-se
agora do homem Bukowski e de um outro homem, diferente daquele outro: o
literário Bukowski. Quem ama não consegue fazer a distinção de uma coisa e outra,
mas espera que, quem o odeie, o faça. Talvez não dê certo, visto que Henry se
diferencia exatamente por tornar esta tarefa difícil.

Com mais de 50 publicações espalhadas pelo globo, no entanto, já não se sabe de


feministas que continuem a queimar suas obras. Talvez em algum vilarejo ainda

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provinciano, localizado em algum local inóspito e frio do globo ocular. A realidade


atual fala por si mesma e, pelo contrário, catapulta Charles ao mundo como um dos
autores mais imitados – exaustivamente, talvez – da América.

A tendência-Bukowski-de-ser chegou até mesmo a terras de língua portuguesa,


sendo representada por autores brasileiros como Clarah Averbuck, especialmente
em “Máquina de Pinball” (Editora Conrad, 2002), seu primeiro romance, transcrito
e transformado em filme no ano de 2008. Talvez Fernanda Young, outra ousada
escritora brasileira, se intimidaria com a comparação. Mas depois da publicação de
“Tudo o que você não soube” (Editora Ediouro, 2007) é de se ter dúvidas que nos
restem dúvidas. E porque não citar o próprio Daniel Galera, no que tange seus
brilhantes momentos de ousadia suja em “Até o dia em que o cão morreu” (Cia das
Letras, 2007)?

Enfim. Além de herdeiros literários (e vários pseudos destes, vale lembrar), o


escritor, falecido em 1994 após ser diagnosticado com leucemia (não, ele não
morreu de cirrose), deixou em seu túmulo a grafia “Don't try” (“nem tente”, em
português), uma referência, percebam, bastante cool a “Roll the dices”, poesia
marcante do velho insóbrio que fala sobre ir adiante. Pois bem. Ele foi. E continua
indo.

“If you're going to try, go all the way. Otherwise, don't even start” (“Se você for
tentar, vá até o fim. Do contrário, nem tente”). Roll the dices, de Charles
Bukowski.

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Fontes das imagens: 1, 2, 3, 4, 5.

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COMENTÁRIOS
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CISCO
"obra de cunho obsceno revelou ao universo literário um outro tipo de
leitor, tão libertário e indecente quanto o próprio autor" ????
Será que o autor sabe o que significa LIBERTÁRIO?
Teve o cuidado de consultar o dicionário?
Provavelmente, quase de certeza, confundiu LIBERTÁRIO com libertino!
Ou seja confundiu o digno com o indigno, ou, o que é pior, Liberdade
com Opressão.
E já agora a tradução correcta de “If you're going to try, go all the way.
Otherwise, don't even start” é: “Se você for tentar, vá até o fim. De
contrário, nem sequer comece”.
Ou na minha linguagem: faças o que fizeres, fá-lo sem tretas!

RENATO BARRETO Ótimo texto. Sou fã da obra Bukowskiana e confesso que nunca li algo
perto do que acabei de ler. Muito bom!
E não ligue para esses fiscais da rede, que só servem pra comentar
quando nós erramos.
Abraços

LUCIANA FALCO
Otimo texto e super informativo! Adorei. Obrigado ao autor!!

EL ANARKISTA
iiiiiiii!
Muito conservador o comentario de Cisco, o melhor é que fosses
estuprado, entao aprenderia a ler o que o puritanismo portugues nao ve e
luta em preservar!
Desculpe a sinceridade!
Mas Charles! representa para a contra cultura o que Saramago

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Henry Charles Bukowski - o merecedor de impropérios

representa para as academias!

CG Seguinte... esse é o cara! Lenda sobre a liberdade de si próprio, assim


como Robert Johnson também foi.
Sobre o comentário do cisco: mermão, a tradução da parada não
importa... importa o sentido, o feeling, a alma. Tomar no rabo com essa
de `De contrário, nem sequer comece`. É bem provável que CB gostaria
ser traduzido errado por um dos seus do que ser traduzido certo por um
covarde de calca de linho.

GUNTHER
Muito instintivas as obras de Bukowiski, a maior expressão do que o ser
humano é em sua essencia, pura pulsão sexual e agressividade...
O jeito despojado de escrever, adorei o artigo sobre ele!
Deixo como sugestão que anexe alguns textos , mas um trabalho
maravilhoso que foi feito.
Um Abraço!

SÉRGIO DANTAS. Comecei a ler o "velho safado" há pouco tempo. Do pouco que eu li,
percebi um total descompromisso em passar exemplos de vida. Ausência
de mensagem moralista. Isso é bom, e muito. A única moral dos livros de
Bukowski é: viva o máximo que puder. Siga adiante e absorva a
sabedoria libertina. Se Charles era ou não libertário, isso não interessa. O
importante é produzir literatura simples e mostrar a sujeira do mundo
sem maiores pretensão. Charles é eterno e a academia não o reconhece.
Os acadêmicos são cagões, atributo que Bukowski não era. Os "sábios"
negam os seres providos de qualidades contrárias.

SUELENE BARROSO Charles vem a nos incitar sobre o conservadorismo da própria palavra
refletida num modelo de sociedade. A palavra que modela o
comportamento, padroniza e limita os nossos sentidos: o feliz é belo, o
triste é feio. Na minha opinião, ele se permitiu a desconstruir isso na
vida e na literatura. Mais uma figura para além de seu tempo, como
qualquer outra que canta uma liberdade própria.

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