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PORQUE FALARMOS DE AVALIAÇÃO?

Se a aprendizagem ocorre na interação social e é resultante de um processo

histórico conforme Vygotsky (2007), é necessário encaramos a dificuldade de

aprendizagem como sintoma e não mais, como causa do fracasso escolar.

Atualmente, o Psicopedagogo é o profissional capacitado para invesgar tais

causas e ajudar esses sujeitos que passam por esse momento dicil da

aprendizagem.
O PRIMEIRO CONTATO

O primeiro contato da família se faz pelo telefone (diretamente com você ou com

a secretária). Hoje, é comum o uso do aplicativo Whatssap para realizar esse

primeiro contato.

É importante frisar que as famílias podem estar abaladas emocionalmente e com

grandes expectavas, por isso, querem o máximo de informações possíveis já

nesse primeiro contato.


O PRIMEIRO CONTATO

O que muitas famílias procuram já no primeiro contato?

• Quanto tempo dura as sessões;

• Quantas sessões são necessárias;

• Valores;
ENTREVISTA INICIAL
• A entrevista inicial é o primeiro contato do Psicopedagogo com a família.

• Estão todos muito ansiosos e preocupados com a nova situação que estão
enfrentando.

• É extremamente importante fazer uma boa entrevista inicial, pois é através dela que
levantaremos as primeiras hipóteses sobre os problemas de aprendizagem a serem
avaliados na criança/adolescente.
ENTREVISTA INICIAL
Relembrando algumas queixas das famílias:

“Ele esquece o que aprende.”

“Não saber ler, só copia as atividades, não faz tarefas sem mim.”

“É igual ao pai, nunca lembra de nada.”

“Nunca gostou de estudar, mas agora precisa aprender a ler, pelo menos.”
ENTREVISTA OPERATÓRIA CENTRADA NA APRENDIZAGEM – EOCA

Jorge Visca (2010)

É o primeiro contato com o paciente. Ela permite levantar as


primeiras hipóteses e escolher os instrumentos que serão
utilizados no decorrer da avaliação. Por meio da EOCA, é possível
observar os vínculos que o paciente possuiu com os objetos
escolares e com os conteúdos da aprendizagem.
ENTREVISTA OPERATÓRIA CENTRADA NA APRENDIZAGEM – EOCA

- massa de modelar; - pincel;


- cubos; - borracha;
- jogos de encaixe; - tesoura;
- livro e revistas; - cartões de 15cm x 15cm;
- caderno com folhas pautas; - diversos tipos de papel;
- cola branca e/ou colorida; - jogos (Soletrando);
- tinta guache; - quebra-cabeça (fácil);
- toalha; - outros materiais.
-
PROVAS OPERATÓRIAS
Jean Piaget (2002)

As aplicações das provas operatórias criadas por Piaget contribuem para rastrear na
criança noções como: tempo, espaço, conservação, causalidade, número, etc. É
possível detectar o nível de pensamento alcançado pela criança ou, o que seria o
mesmo, o nível de estrutura cognitiva com que o sujeito é capaz de operar na situação
presente.

As provas operatórias são divididas em: conservação, classificação e seriação. Elas


podem ser aplicadas em crianças de 6 a 12 anos em diante.

As fases de desenvolvimento, segundo Piaget (2002) são: pré-operatório, operatório-


concreto e operatório-formal.
PROVAS PROJETIVAS
As provas projetivas buscam explicar as variáveis emocionais que podem

condicionar positivamente ou negativamente o processo de aprendizagem. O

interesse é compreender os vínculos que o sujeito tem com os professores, colegas,

com os adultos/familiares que fazem parte do contexto em que ele está inserido, e

também consigo mesmo.

Alguns aspectos podem ser observados nos desenhos, dentre eles: o tamanho, a

posição, a disposição dos lugares, características corporais, inclusão ou exclusão de

alguma personagem, entre outros.


PROVAS DE AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA

É importante entender que não devemos limitar nossa avaliação aos aspectos

escolares, pois estes estão atrelados ao funcionamento cognitivo e emocional do

sujeito. Grandes partes das queixas escolares estão focadas na leitura, escrita e

matemática, em diferentes anos escolares e idades.


PROVAS DE AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA
Leitura

Identificar em que nível de escrita o sujeito está: nível pré-silábico, silábico,


silábico-alfabético ou alfabético.

DSM – 5 : a escrita pode incluir déficits de precisão na ortografia, na gramática e


na pontuação, e/ou na clareza ou organização da expressão escrita.
PROVAS DE AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA
Escrita

Identificar em que nível de leitura esse sujeito se encontra: logográfica,


alfabética ou ortográfica.

DSM – 5 - Se é capaz de compreender e interpretar diferentes situações


relacionadas à leitura e escrita, visto que a leitura é uma habilidade complexa
que depende da integração de diversas outras habilidades, como a linguagem
oral, memória, pensamento, inteligência e percepção.
PROVAS DE AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA
Após conhecer os níveis de leitura e escrita do sujeito, o psicopedagogo obtém
pistas para compreender se o paciente tem apenas uma dificuldade de
aprendizagem ocasionada por uma defasagem pedagógica ou se serão
necessárias mais avaliações para investigar uma possível dislexia.
PROVAS DE AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA
Matemática

É preciso realizarmos uma avaliação para compreender se o sujeito possuiu


noções do processamento numérico (se ele compreende que o nosso sistema
numérico possui base decimal) e o cálculo, envolvendo as quatro operações.

O processamento numérico envolve o senso numérico como contagem, noções


de cardialidade e de ordenação de maior-menor; conhecimento de número,
quantidade e sequência; estimativa como tamanho do grupo. A parte relacionada
ao cálculo é para compreender se o sujeito realiza operações com os símbolos.
AVALIAÇÃO DAS DEMAIS HABILIDADES
• Atenção,

• Memória,

• Funções executivas,

• Linguagem,

• Comportamento,

• entre outras que se fazem necessárias, de acordo com cada paciente


e suas particularidades.
AVALIAÇÃO DAS DEMAIS HABILIDADES

Essas diferentes habilidades podem ser observadas tanto por


teste específicos quanto por jogos, tais como:

•Jogo da memória,

•Quebra-cabeça,

•UNO,

•Pega-varetas.
AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES MOTORAS - PSICOMOTORAS

Nesta parte da avaliação, devemos observar aspectos relacionados à

coordenação motora global, coordenação motora fina, equilíbrio dinâmico e

estático, esquema corporal, lateralidade, dissociação, predominância lateral,

orientação espacial, entre outros.


AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES MOTORAS - PSICOMOTORAS

Exemplos de observações durante as atividades motoras-psicomotoras:

• Coordenação global: correr.

• Equilíbrio dinâmico: colocar uma fita colorida no chão e pedir para a criança
andar em linha reta.

• Equilíbrio estático: ficar de um pé só por 10 segundos e repetir o mesmo


movimento com outro pé.
ANAMNESE
É um importante momento da avaliação, é a hora de conhecer a história de vida do
paciente. Compreender a visão da família para a vida do paciente, compreender
informações de gerações passadas que estão depositadas neste sujeito.

Para a realização da anamnese, temos que observar com quem faremos a


entrevista, se é com a mãe, mãe e pai, tia, avó. Isso pode ser uma importante
informação a ser refletida para compreender o caso do paciente. A dinâmica familiar,
o nível de relações, os papéis que cada um exerce, entre outros aspectos podem
influenciar na avaliação psicopedagógica.
ANAMNESE
Alguns pontos que devemos observar:

• pais separados;

• por quem esse paciente é criado;

• fatores gestacionais;

• fatores do desenvolvimento biológico e motor;

• fatores relacionados ao desempenho escolar.

Essas e outras informações devem ser buscadas na anamnese.

Importante! Seja um bom ouvinte, tenha uma escuta ativa para cada informação que chegar
até você. Não julgue, apenas ouça.
VISITA ESCOLAR
É importante e diferencial em seu atendimento fazer uma visita escolar,
agendada previamente com a coordenação, e, de preferência em um horário que
a professora também possa participar.

Disciplinas escolares que possuem maior carga horária.

Se não conseguir marcar a reunião individual, peça para fazer a visita na hora do
intervalo, assim, você encontra boa parte dos professores em um só momento e
depois prossegue a reunião com a coordenadora.

TENHA SEMPRE UMA FICHA PARA ACOMPANHAR A VISITA ESCOLAR


DEVOLUTIVA E ENCAMINHAMENTOS
Este é um momento muito esperado pela família e você irá apresentar seu “Parecer
Psicopedagógico”. Não é um apenas comunicado verbal. É necessário ter por escrito um
breve documento que deixe registrado a forma como organizou a avaliação. Procure
organizar os dados em áreas como, por exemplo: pedagógica, cognitiva e afetiva-social.

Junto com toda a explicação, é importante que a família compreenda que é parte
fundamental de todo o processo que irá seguir. Há situações em que a devolutiva é feita
junto com o paciente, quando ele é adolescente, mas isso não é comum de ocorrer.

Faça os apontamentos e, se for necessário, os encaminhamentos para outros profissionais.


DEVOLUTIVA PARA A ESCOLA

É comum entregarmos para a escola um “Parecer Psicopedagógico” diferente do


que entregamos à família. Nele, colocamos o que realmente é de fundamental
importância para escola, quais pontos poderemos juntos trabalhar para melhorar
as condições acadêmicas do paciente.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, V. B.; BOSSA, N. A. (org). Avaliação Psicopedagógica da criança de sete a onze anos. 20. Ed. Petrópolis: Vozes, 2013.

PAIN, SARA. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 1985.

PIAGET J. Epistemologia genética. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; 2002.

VYGOTSKY, LS. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7. ed. São Paulo: Martins
Fontes; 2007.

VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. 2. ed. Tradução Laura Monte Serrat Barbosa – São José dos
Campos: Pulso Editorial, 2010.

WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 14. ed. Rio de
Janeiro: Lamparina, 2009.

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