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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

TIAGO GOMES DE SOUSA

O uso de Geotecnologias para identificação de áreas suscetíveis a instalação


de empreendimentos comerciais em zonas de expansão urbana. O caso da Av.
Augusto Montenegro em Belém-PA.

BELÉM
2018
TIAGO GOMES DE SOUSA

O uso de Geotecnologias para identificação de áreas suscetíveis a instalação


de empreendimentos comerciais em zonas de expansão urbana. O caso da Av.
Augusto Montenegro em Belém-PA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentando ao


curso de Engenharia Cartográfica e de
Agrimensura da Universidade Federal Rural da
Amazônia como requisito para a obtenção do grau
de Bacharel em Engenharia Cartográfica e de
Agrimensura.
Orientadora: Ma. Tabilla Verena da Silva Leite.

BELÉM
2018
TIAGO GOMES DE SOUSA

O uso de Geotecnologias para identificação de áreas suscetíveis a instalação


de empreendimentos comerciais em zonas de expansão urbana. O caso da Av.
Augusto Montenegro em Belém-PA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Rural da


Amazônia, como parte das exigências para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Cartográfica e de Agrimensura.

_____________________________
Data da Aprovação

Banca Examinadora:

____________________________________________
Ma. Tabilla Verena da Silva Leite – Orientadora – UFRA

____________________________________________
Me. Jamer Andrade da Costa – Examinador – UFRA

____________________________________________
Me. Welington Morais Ferreira – Examinador - UFPA
AGRADECIMENTOS

Meus primeiros agradecimentos são direcionados a minha família, em específico


meus pais Manoel e Maria de Nazaré Sousa pela orientação em todas as etapas do
meu curso superior e em toda a vida.
À minha orientadora Tabilla Leite pelo apoio em todas as disciplinas ministradas e
pela dedicação nesse trabalho.
Aos professores Jamer Costa e Wellington Ferreira, por aceitarem o convite de
compor a banca de avaliação.
A todos os amigos que fiz durante o curso, que me auxiliaram em diversos momentos.
Agradecimentos especiais aqueles que mais tive a oportunidade de trabalhar em
conjunto e que me auxiliaram em diversas etapas dessa pesquisa: Arian, Carlos,
Larissa, Nei, Wellington, Thamyres e Francinei.
À toda a equipe do LAGAM.
E à todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização do trabalho.
RESUMO

No presente trabalho foi executada uma metodologia para a identificação de áreas


com suscetibilidade para a instalação de empreendimentos comerciais em uma zona
de expansão urbana, especificamente na Av. Augusto Montenegro, em Belém-PA,
com o auxilio das ferramentas de geotecnologia. Devido à grande gama de tipos de
empreendimentos, foram escolhidos como foco de pesquisa apenas os classificados
como membros do Circuito Superior da Economia. O trabalho inicia com a
fundamentação teórica dos temas Expansão Urbana, Circuitos da Economia e
Geotecnologias nos Estudos Locacionais. A metodologia incluiu levantamentos
bibliográficos para escolha dos fatores locacionais, caracterização da área de estudo,
levantamento de dados em trabalhos de campo e formulário virtual, processamento e
tabulação dos dados e a realização de análises espaciais e qualitativas sob os
mesmos, além da execução de um diagnostico para encontrar uma região na avenida
com potencialidade para a instalação do tipo de empreendimento comercial de maior
demanda. Como resultados foram obtidos os mapas contendo os fatores locacionais
representados para análises espaciais, gráficos para análises qualitativas das
respostas do formulário virtual, além dos diagnósticos de maior demanda apontando
para Lojas de Especialidades Alimentícias e a indicação da região do bairro
Mangueirão como a com maior potencialidade para instalação. Também foram feitas
sugestões de análises sobre as outras regiões localizadas nos entornos da avenida.
Concluiu-se, por fim, que a metodologia sugerida apresentou resultados satisfatórios,
com adequação dos fatores locacionais escolhidos e grande aderência dos mesmos,
junto as análises qualitativas, para a escolha da região com maior potencial. Propõe-
se, também, a execução da mesma metodologia para estudos específicos ou
realizados em áreas com características similares as da Av. Augusto Montenegro.
Palavras-chave: Estudos Locacionais, Circuito Superior da Economia, Análise
Espacial.
ABSTRACT

In the present study, a methodology was carried out for the identification of areas with
susceptibility to the installation of commercial enterprises in an area of urban
expansion, specifically in Augusto Montenegro Avenue, in Belém-PA, with the
assistance of Geotechnology tools. Due to the wide range of types of enterprises, only
those classified as members of the Upper Circuit of the economy were chosen. The
study begins with the theoretical foundation of the themes urban expansion, upper and
lower circuits of economy and geotechnology in the locational studies. The
methodology included bibliographic surveys for the choice of locational factors,
characterization of the study area, data collection in field work and virtual form, data
processing and tabulation for the realization of spatial and qualitative analysis, in
addition to the execution of a diagnosis to find a region on the avenue with potential
for the installation of the type of commercial enterprise of greater demand. As results
were obtained the maps containing the locational factors represented for spatial
analysis, graphs for qualitative analysis of the responses of the virtual form, as well as
the diagnoses of higher demand pointing to Specialty Food Stores and the indication
of the region of the Mangueirão neighborhood as the most potential for installation.
Suggestions were also made on the other regions located in the surroundings of the
Avenue. Finally, it was concluded that the suggested methodology presented
satisfactory results, with adequacy of the chosen locational factors and great
adherence of them, together with qualitative analyses, for the choice of the region with
the greatest potential. It is also proposed to implement the same methodology for
specific studies or carried out in areas with similar characteristics seen in Augusto
Montenegro Avenue.
Keywords: Locational Studies, Upper Circuit of the Economy, Spatial Analysis.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas do Procedimento Metodológico .................................................... 23


Figura 2 - Mapa de Localização da Av. Augusto Montenegro .................................. 25
Figura 3 - Trecho da Av. Augusto Montenegro ......................................................... 29
Figura 4 - Formulário Virtual ..................................................................................... 30
Figura 5 - Renda Média por Setor Censitário ........................................................... 36
Figura 6 - Número de Habitantes por Setor Censitário ............................................. 37
Figura 7 - Vias de Ligação com a Av. Augusto Montenegro ..................................... 38
Figura 8 - Densidade de Empreendimentos ............................................................. 40
Figura 9 - Localização de Condomínios Particulares ............................................... 41
Figura 10 - Avaliação das Políticas Públicas ............................................................ 42
Figura 11 - Avaliação da Mobilidade Urbana ............................................................ 43
Figura 12 - Avaliação dos Serviços Públicos ............................................................ 44
Figura 13 - Avaliação dos Empreendimentos Comerciais ........................................ 45
Figura 14 - Demanda de Empreendimentos Comerciais .......................................... 46
Figura 15 - Demanda de Serviços Particulares ........................................................ 47
Figura 16 - Distribuição da Renda no Mangueirão ................................................... 51
Figura 17 - Concentração Populacional no Mangueirão ........................................... 51
Figura 18 - Densidade de Empreendimentos no Mangueirão .................................. 52
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Levantamento dos Fatores Locacionais................................... 28


Quadro 2 - Levantamento dos Dados Auxiliares........................................ 28
Quadro 3 - Regiões com maior concentração de renda............................. 49
Quadro 4 - Regiões com maior concentração de habitantes..................... 49
Quadro 5 - Menor quantidade de concorrentes nas proximidades............ 50
Quadro 6 - Lista de Empreendimentos na Av. Augusto Montenegro......... 68
Quadro 7 - Linhas de ônibus que circulam na Av. Augusto Montenegro... 72
LISTA DE SIGLAS
Por ordem de aparição
RMB – Região Metropolitana de Belém
EBTU – Empresa Brasileira de Transportes Urbanos
BNH – Banco Nacional de Habitação
IBFAM – Industria Brasileira de Fármacos da Amazônia
CEF – Caixa Econômica Federal
SIG – Sistemas de Informações Geográficas
DABEN – Distrito Administrativo do Benguí
DAENT – Distrito Administrativo do Entroncamento
DAICO – Distrito Administrativo de Icoaraci
CODEM – Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana
de Belém
GPS – Global Positioning System
GNSS – Global Navigation Satellite System
SIRGAS – Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
BRT – Bus Rapid Transit
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 13
2.1 A Expansão Urbana na Av. Augusto Montenegro ......................................... 13
2.2 Os Circuitos da Economia Urbana na Av. Augusto Montenegro.................. 16
2.3 Geotecnologias nos estudos para instalação de empreendimentos ........... 19
3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 22
3.1 Área de Estudo .................................................................................................. 24
3.2 Fatores Locacionais ......................................................................................... 26
3.3 Dados Auxiliares ............................................................................................... 27
3.4 Levantamento dos Dados ................................................................................ 28
3.5 Tabulação e Processamento dos Dados ........................................................ 31
3.6 Análises Espaciais e Qualitativas ................................................................... 31
3.7 Diagnósticos Esperados .................................................................................. 33
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 34
4.1 Análises Espaciais ............................................................................................ 34
4.2 Análises Qualitativas ........................................................................................ 41
4.3 Diagnósticos ..................................................................................................... 48
5. CONCLUSÕES .................................................................................................. 53
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56
APÊNDICE A – FORMULÁRIO VIRTUAL................................................................ 59
APÊNDICE B – LISTA DE EMPREENDIMENTOS NA AV. AUGUSTO
MONTENEGRO ........................................................................................................ 67
ANEXO A – LINHAS DE ÔNIBUS QUE CIRCULAM NA AV. AUGUSTO
MONTENEGRO ........................................................................................................ 71
1. INTRODUÇÃO

O crescimento urbano acelerado e desordenado nas grandes cidades trouxe


diversos problemas à sociedade como a má utilização do solo disponível e
segregação social e espacial, que ocorrem em virtude das áreas de melhor estrutura
estarem nos centros das cidades e serem habitadas pelas pessoas de maior renda
e as mais afastadas, destinadas a população mais pobre.
Quando a urbanização atinge um estado de saturação no centro das grandes
cidades, há uma necessidade de “movê-lo” para lugares mais distantes com maiores
extensões de terra não utilizadas ou mais baratas. Essa mobilidade provoca um
crescimento urbano que se encontra com a urbanização formada, no Brasil, desde a
década de 1970, onde o grande fluxo migratório em direção dessas áreas afastadas
fez com que os novos habitantes fossem alocados em loteamentos populares,
favelas e conjuntos habitacionais financiados pelo Estado (NEGRI, 2008).
É importante ressaltar a diferença entre o que chamamos de crescimento
urbano e urbanização. Ambos estão presentes nas grandes cidades e tem contextos
de ocorrências recentes no Brasil. Entretanto, possuem conceitos diferentes.
Enquanto o crescimento urbano pode ser definido como a expansão dos limites
geográficos ocupados pelo perímetro urbano de uma cidade, a urbanização trata do
aumento da população dessas áreas sobre a população rural, o que traz mudanças
no seu estilo de vida, que deve se adaptar as necessidades dos centros onde há
concentração do capital (MARTINE, 1988).
Neste contexto, a rápida urbanização, associada à inexistência de
planejamentos, provoca total desorganização no uso do solo, o que dá origem a
bairros com pouca ou nenhuma infraestrutura, que acabam por destruir áreas verdes
e rios, além de provocar a saturação dos serviços públicos e empreendimentos
particulares.
O surgimento de diversos tipos de empreendimentos em áreas de expansão
urbana está aliado à produção de um novo espaço na região. Desse modo, há um
grande confronto entre o espaço produzido no início da ocupação pela população de
classes mais baixas e o novo, que está sendo construído aos moldes do interesse
do capital trazido pela classe dominante.
SANTOS (2008) enxerga essa dinâmica de modo a definir os chamados

11
Circuitos da Economia Urbana. O Circuito Superior é “constituído pelos bancos,
comércio e indústria de exportações, indústria urbana moderna, serviços modernos,
atacadistas e transportes”. Já o circuito inferior é constituído essencialmente pelas
formas de fabricação não-capital intensivo.
Visualizam-se tais fenômenos na Avenida Augusto Montenegro, em Belém.
A urbanização (tendo em vista que a área inicialmente tinha caraterísticas rurais) e a
expansão urbana nos seus arredores são problemas notáveis e de necessária
investigação. No caso específico da avenida, esta, vem sendo um dos principais
pontos para a instalação de empreendimentos imobiliários, o que evidencia o
crescimento populacional das classes alta e média. Com a chegada dessas, a
demanda de serviços é modificada, apresentando grande potencial, tendo em vista
a inexistência de empreendimentos específicos.
Em situações como essa buscam-se técnicas, ferramentas e métodos que
possam auxiliar em estudos prévios a instalação de empreendimentos. Há uma
necessidade de realizar esses estudos para outros investimentos dentro do Circuito
Superior da Economia pelo fato de estes serem os principais modificadores do
espaço, buscando compreender como tais podem auxiliar no sucesso da instalação
de um empreendimento, como representar isso em mapas e como realizar tais
pesquisas. Nesse âmbito, as Geotecnologias aparecem como ferramentas
importantíssimas para diagnosticar as principais características de uma determinada
área. A possibilidade de visualizar diversas situações de uma perspectiva espacial
facilita a percepção dos fenômenos, pois desta maneira, diversas escalas podem ser
estabelecidas, generalizando ou especificando no que se pretende analisar com a
criação de sistemas de informações geográficas. O conjunto formado entre as
técnicas e os estudos iminentes nesse processo é chamado de análise espacial.
Partindo desses pressupostos, a pesquisa em questão teve como objetivo
aplicar uma metodologia de análise espacial na área de expansão urbana no entorno
da Av. Augusto Montenegro, em Belém-PA, para identificar áreas para instalação de
empreendimentos do Circuito Superior da Economia, identificando e mapeando os
fatores locacionais essenciais e realizando análises espaciais e qualitativas de dados
referentes a demanda para localização de novos empreendimentos.
Com efeito, procurou-se entender as relações da utilização do espaço pelo
viés do capital nessa avenida e as suas possibilidades tendo em vista o parâmetro

12
definido, os dados disponíveis e os a serem criados.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Expansão Urbana na Av. Augusto Montenegro

O termo expansão urbana está sempre ligado ao crescimento. Os principais


aspectos analisados na abordagem do tema, para diversos autores, são os aspectos
demográfico e territorial – o crescimento físico do território da cidade. Ambos estão
relacionados ao crescimento da mesma, tendo em vista que o aumento da população
sucinta a necessidade da ocupação de novas áreas físicas, dentro do limite do
município, ampliando o perímetro urbano e parcelando o solo em áreas não
ocupadas. Em geral, a expansão urbana é um processo constante, pelo qual as
cidades passam desde o momento de seu surgimento, podendo ser em maior ou
menor intensidade (JAPIASSÚ; LINS, 2014).
O crescimento do território físico da cidade ocorre a partir da expansão dos
limites originais da mesma, com a conversão de áreas de uso rural localizadas nos
entornos imediatos do perímetro urbano para o uso urbano (JAPIASSÚ; LINS, 2014).
Já o parcelamento do solo ocorre de maneira extensiva, geralmente para fins
habitacionais. Entretanto, pode se observar, nos dias atuais, que o parcelamento do
solo também ocorre para a ocupação por grandes empreendimentos, que vem a
funcionar como catalisadores do processo de expansão urbana.
É importante ressaltar que, no presente trabalho, as formas de expansão
urbana apresentadas estão referenciadas, na literatura, como crescimento
horizontal.
A expansão urbana no Brasil, de maneira notável, é relativamente recente.
Seu início está articulado com um conjunto de mudanças estruturais na economia e
na sociedade brasileira iniciado na década de 1930, mas somente em 1970 os dados
censitários revelaram uma população urbana superior à rural (BRITO; SOUZA,
2005). Isso que não significa que, anteriormente, as cidades não passaram por
processos que vieram a modificar e proporcionar um certo crescimento, mesmo que
em escalas menores.
Processos como a industrialização, impulsionada nos grandes polos regionais,

13
vieram a causar mudanças estruturais na sociedade brasileira, tornando-a cada vez
mais urbana. Posteriormente, na década de 1950, com o aprimoramento dos
sistemas de transporte e de comunicação em massa (BRITO; SOUZA, 2005), tais
mudanças estruturais puderam atingir, também, os polos regionais que estavam mais
afastados das grandes metrópoles da época – localizadas na região sudeste.
Esses processos foram responsáveis pela urbanização da sociedade
brasileira, e, tendo em vista que a urbanização precede a expansão urbana – a
sociedade precisa estar consolidada como urbana para que haja o seu crescimento
como tal.
Na Amazônia, o processo de expansão urbana foi intensificado com apoio do
Estado brasileiro com projetos desenvolvimentistas para a região, que envolveram a
criação de condições para a expansão de investimentos privados e a execução da
Política de Integração Nacional, iniciada após a década de 1970 (BRASIL, 1970).
Entretanto, os projetos designados não foram acompanhados de políticas urbanas
apropriadas para manejar o crescimento gerado com a implantação de
empreendimentos na região, intensificando as contradições sociais já existentes.
Nesse contexto, a Região Metropolitana de Belém (RMB)1 destaca-se como
uma das principais metrópoles da Amazônia Legal. Hoje em dia, a cidade acumula
em torno de 1/3 da população de todo o estado do Pará e é a segunda mais populosa
da Região Norte (IBGE, 2010). No contexto histórico de urbanização da Amazônia, a
cidade foi, por muito tempo, a principal direção tanto do fluxo migratório quanto de
investimentos e empreendimentos na região.
Em Belém, com a chegada de empreendimentos industriais e habitacionais
que necessitavam de grandes áreas, foram definidos vetores de expansão ao longo
dos anos, tendo em vista o adensamento já notado no centro original da cidade. Um
dos principais vetores definidos, a partir dessa necessidade emergente foi a Av.
Augusto Montenegro.
O processo de expansão urbana nessa avenida está intrinsicamente ligado a
urbanização de Belém, tendo em vista que, ao analisar o viés histórico, é possível
perceber que, desde o seu surgimento físico – inicialmente como ramal ferroviário

1A RMB foi estabelecida pela Lei Complementar Federal nº14, de 8 de Junho de 1973, com alterações
em Leis Complementares Estaduais em 1995, 2010 e 2011. Atualmente é composta pelos municípios
de Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Santa Izabel do Pará e
Castanhal.
14
parte da Estrada de Ferro Belém Bragança – que vem a influenciar diretamente na
formação do espaço nessa área. Durante aquela época – metade da década de 1910
– as áreas nos entornos da região eram ocupadas por pequenos sítios e fazendas
(MENDES,2014), e seu objetivo já era a ligação entre a área central de Belém com
o distrito de Icoaraci.
A desativação do ramal ferroviário aconteceu em 1965, após uma série de
medidas do Governo Federal da época, que iniciou a implantação de rodovias e o
fechamento de ferrovias, o que tornou o ramal inutilizado e abandonado. Em 1975 foi
iniciada a obra de abertura da avenida em questão, que durou 3 anos e foi finalizada
em 1978. O projeto de criação da avenida foi financiado pela Empresa Brasileira de
Transportes Urbanos (EBTU), pelo Banco Nacional de Habitação (BNH) e pela
Prefeitura Municipal de Belém (MENDES, 2014). O BNH também foi responsável
pelo financiamento de diversos empreendimentos imobiliários que surgiram
posteriormente na avenida.
A abertura da mesma proporcionou um maior fluxo de pessoas, mercadorias
e, consequentemente, de capital no espaço. Além da consolidação da expansão
urbana na área, tendo em vista a saturação do centro comercial original de Belém,
sua verticalização e a supervalorização da área, fazendo com que a população que
não tinha condições de se manter ali, comece a se direcionar para a nova avenida.
As atividades desenvolvidas posteriormente nesses locais foram de extrema
importância no processo de ocupação e consolidação da dinâmica espacial no
entorno da Av. Augusto Montenegro (MENDES, 2014).
Nas décadas de 1970 e 1980 grandes terrenos às margens da avenida foram
ocupados por grandes indústrias como a Companhia de Refrigerantes do Pará, Hileia
Alimentos Ltda., IBFAM (Indústria Brasileira de Fármacos da Amazônia), entre outras
(MENDES, 2014). Algumas dessas ainda estão presentes nos mesmos terrenos,
outras comercializaram parte para a instalação de empreendimentos imobiliários e
comerciais e, em outros casos, tiveram seus terrenos invadidos de forma irregular.
Os últimos eventos citados evidenciam a produção de novos espaços na
avenida, a partir do fenômeno da sua expansão. Grandes terrenos e galpões
direcionados a estocagem de material ou até mesmo produção em fábricas foram
transformados em empreendimentos como lojas de departamento, escolas,
academias, entre tantos outros que se encontram, hoje em dia, na avenida. Essa

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transformação tem total relação com a nova visão que se cria a partir de uma zona
de expansão urbana.
Outro fenômeno – também resultado da expansão – que ocorreu a partir da
abertura da avenida e da definição da mesma como vetor foram as diversas
“ocupações espontâneas”, que, segundo Mendes (2014) surgem por causa das
várias glebas livres ao longo da avenida, e também devido a realidade econômica e
de crescimento populacional que passava Belém. A Região Metropolitana teve um
expressivo número de ocupações irregulares de terra nas décadas de 1980 e 1990,
dessas, aproximadamente 24% ocorreram na Av. Augusto Montenegro (ALVES,
1997 apud MENDES, 2014).
Ainda falando sobre ocupações, ao mesmo tempo, a avenida também foi alvo
de políticas públicas, tendo sido produzidos 29 Conjuntos Habitacionais Populares
pelo governo estadual (MENDES, 2014), sob o financiamento do BNH e da Caixa
Econômica Federal (CEF) e, já na década de 1990, grandes terrenos começam a ser
comprados por imobiliárias, destinados a instalação de condomínios horizontais e
verticais particulares, tendo em vista a ocupação pelas classes média e alta
Com um espaço novo consolidado, onde há relação entre as classes e a área
que ocupam, surgem novas necessidades para os habitantes da avenida. Esse
cenário se torna favorável para a reprodução do capital na avenida. Na década de
2000 iniciam-se grandes obras para a implantação dos mais diversos tipos de
serviços e produtos – como citados anteriormente: escolas, lojas de departamento,
academias, postos de gasolina, entre outros – que buscam ocupar espaço e atender
uma grande demanda.

2.2 Os Circuitos da Economia Urbana na Av. Augusto Montenegro

A criação desse novo cenário perpassa por processos que transformam o


espaço de diferentes maneiras, que variam de acordo com o acesso a novas
funcionalidades pelas diferentes classes sociais, agora ocupando a mesma área. Ao
falar sobre o desenvolvimento de certas regiões, Santos (2008) alia os termos
“desenvolvimento” e “crescimento” para utilizar a nomenclatura “modernizações”.
Sua utilização é justificada acabar com a ambiguidade entre os termos anteriores. As
modernizações ocorreram ao longo de períodos históricos, realizando inovações em

16
vários setores da sociedade. A cada um dos períodos, o sistema criado pelo capital
extensivo direciona suas forças para que os sistemas ao seu redor também se
modernizem, criando uma dicotomia entre o dominante e o dominado.
Essa dinâmica é identificada facilmente no setor econômico e comercial. E, ao
relacionarmos a mesma aos arredores da Av. Augusto Montenegro, foco dessa
pesquisa, percebemos a modernização de todo o setor comercial presente visando
o atendimento das demandas do sistema dominante, ou seja, a partir do momento
em que a avenida se tornou foco da atuação do setor imobiliário privado, com
condomínios horizontais e verticais de alto e médio padrão.
Desse modo, Santos (2008) define o surgimento dos chamados dois circuitos
da economia urbana: o circuito superior e o circuito inferior. A denominação chama
atenção para o aspecto de dependência de um circuito ao outro, como proposto
anteriormente pelo autor. De maneira simples, o autor apresenta:
O circuito superior como constituído pelos bancos, comercio e indústria de
exportação, indústria urbana moderna, serviços modernos, atacadistas e
transportadores. O circuito inferior é constituído essencialmente por formas
de fabricação não “capital intensivo”, pelos serviços não modernos
fornecidos “a varejo” e pelo comercio não-moderno e de pequena dimensão.
(SANTOS, 2008, p. 40)

Logo em seguida, o autor fala sobre distinções de dentro do circuito superior,


são as chamadas atividades “puras”, “impuras” e “mistas”. São atividades puras: a
indústria urbana, o comercio e os serviços modernos, pois são consideradas
específicas da cidade e do circuito superior. São consideradas atividades impuras a
indústria e o comercio de exportação, por estarem localizadas nas cidades
principalmente por vantagens locacionais, mas seus interesses estão localizados fora
das mesmas. Já as atividades mistas, como o nome sugere, mesclam os dois
circuitos de maneira funcional, atendendo diferentes demandas (como por exemplo
os atacadistas e os transportadores).
O circuito superior também possui maior facilidade de acesso a tecnologias
de alto nível, por dispor de crédito bancário para manipular um grande volume de
mercadorias, ainda possui, também, lojas especializadas, com produtos e demandas
bem específicas. Essas particularidades fomentam um maior desenvolvimento de
ferramentas publicitárias, utilizadas de forma estratégica para influenciar nos padrões
a serem seguidos não somente pelos consumidores deste circuito, mas, também,
impondo uma demanda geral.
Em outro caminho, o circuito inferior apresenta muitas características
17
contrárias ao circuito superior, entretanto, por conta de diversas relações possíveis
entre os dois (tanto nos vínculos empregatícios quanto na mistura de ambos em
determinados empreendimentos), não podemos considera-los antagônicos. A
dependência do circuito inferior também impõe laços.
Podemos considerar como principal característica do circuito inferior o
trabalho intensivo, com a utilização de tecnologias locais ou adaptadas
(SANTOS,2008). Os custos e a logística de produção desse circuito também são
características marcantes. A dificuldade de acesso ao crédito bancário ou até mesmo
a impossibilidade do mesmo faz com que os agentes desenvolvam um grande
potencial de criação e readequação, o que vem a limitar os investimentos, preços e,
consequentemente, a circulação de capital no meio.
As relações de trabalho no circuito inferior se estabelecem com a geração de
poucas vagas, geralmente temporárias e com remunerações flexíveis, chegando no
limite ou abaixo do salário mínimo. Também é comum o auxílio de familiares ou o
trabalho de forma autônoma pelo próprio investidor.
Os dois circuitos são observados na Av. Augusto Montenegro de maneira
explicita e de fácil compreensão. Em muitos casos, em um mesmo quarteirão é
possível encontrar um ou mais empreendimentos de cada um dos circuitos, sendo
perceptível a diferença de investimentos em infraestrutura e tipo de produto.
Entretanto, ao analisar o viés histórico, percebemos que esse fenômeno é
extremamente recente, e a chegada dos empreendimentos do circuito superior vem
funcionando como catalisadora da modificação e da modernização do espaço.
A pesquisa de Mendes (2014) demonstra que a implantação de
empreendimentos do circuito superior teve um grande impulso a partir de 2009,
quando vários empreendimentos imobiliários particulares foram lançados e/ou
inaugurados na avenida. Seguindo o rumo do investimento imobiliário, entre 2010 e
2012 houve a maior quantidade de inaugurações de empreendimentos do circuito
superior na avenida, foram 21 nos mais diversos seguimentos comerciais.
Em geral, o circuito superior na via apresenta características das atividades
chamadas puras, pois tem um vínculo exclusivo à cidade, contam com a presença
de bancos, serviços modernos, atacadistas, transportes e indústria urbana moderna.
O aumento significativo do número desses tipos de empreendimentos comerciais,
decorre da ampliação do poder de compra instalado na Avenida (MENDES, 2014).

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A criação desse novo espaço na avenida é vinculada a imagem de uma “nova
cidade”, onde os moradores não precisariam mais se locomover até o centro para
consumir quase nenhum tipo de serviço – até mesmo os de órgãos públicos, que, em
certos casos já ocupavam a avenida, e, em outros, estão encontrando espaços para
oferecer seus serviços por ali também. Essa constatação é possível graças a
presença de diversos bancos, colégios particulares de alto padrão, franquias de fast
food nacionais e internacionais e, principalmente, a chegada de um Shopping Center.
Já no âmbito público, na avenida estão presentes departamento de transito,
secretarias de governo e empresas públicas.
O circuito superior da economia, por dispor da facilidade de crédito e
movimentar grandes quantias de produtos e capital, já citados anteriormente,
também exige uma boa quantidade de critérios previamente analisados para a
instalação de seus empreendimentos. Alguns dos investimentos prévios à instalação
são a realização de estudos de mercado e, principalmente, estudos locacionais.
Ao longo dos anos, grandes empreendimentos têm escolhido áreas
estratégicas para a sua instalação. Os estudos realizados para encontrar tais áreas
envolvem técnicas e procedimentos envolvendo as Geotecnologias, e, quando
aplicados ao âmbito do mercado comercial, compõem um novo campo de estudos
chamado de Geomarketing.

2.3 Geotecnologias nos estudos para instalação de empreendimentos

Em termos de localização, o comercio e a indústria são provavelmente os


setores mais estudados. A importância dos fatores locacionais é justificada pela
instalação de empreendimentos acabar interferindo em toda a configuração espacial
e contribui para explicar diversos movimentos desenvolvidos no interior dos núcleos
urbanos (ORTIGOZA, 2007). Desse modo, compreende-se a lógica para a instalação
de empreendimentos através de estudos geográficos e locacionais que, com o auxílio
das geotecnologias, além de possibilitarem informações geográficas durante a fase
de planejamento do empreendimento, conseguem descrever os fenômenos que
ocorrem ou ocorreram na área em questão, que podem contribuir para o sucesso da
instalação.
O trabalho de Neves, Pereira e Portugal (2013), ao analisar a literatura sobre

19
o assunto fatores locacionais, consegue listar: demografia local; transporte,
acessibilidade; concorrência; mercado imobiliário; mercado de capitais; ambiente
econômico e social; políticas e intervenções do poder público e as características do
ponto como alguns dos fatores locacionais analisados para a implantação de
empreendimentos de varejo. Ao relacionarmos esses tipos de dados com a forma de
levantamento e representação dos mesmos, é possível concluir, facilmente, que as
geotecnologias e a análise espacial conseguem cumprir essa missão com a criação
e utilização de Sistemas de Informações Geográficas.
A definição de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) é causadora de
grandes discussões no âmbito teórico devido a gama de utilizações e
personalizações dos mesmos e a grande evolução tecnológica e comercial desde o
seu surgimento – considerando que a os SIGs são uma tecnologia relativamente
recente (SILVA, 2003). Entre várias definições já propostas ao longo dos anos,
podemos perceber que as mesmas possuem pontos comuns que, quando analisados
em conjunto, permitem compreender a complexidade do assunto.
A definição a seguir tem boa aplicação para o presente trabalho:
Um SIG é qualquer sistema de gerenciamento de informações capaz de:
coletar, armazenar e recuperar informações baseadas nas suas
localizações espaciais; identificar locais dentro de um ambiente que tenha
sido selecionado; (...) explorar relações entre os dados de um certo
ambiente; analisar os dados espaciais para subsidiar os critérios de
formulação de decisões; facilitar a exportação de modelos analíticos
capazes de avaliar alternativas de impactos no meio ambiente; exibir e
selecionar áreas, tanto graficamente quanto numericamente, antes e/ou
depois das análises. (HANIGAN, 1988 apud SILVA, 2003. pag: 44)

A captura de dados para alimentar esses sistemas é uma das etapas do


processo de análise de dados espaciais, e requer cuidados específicos. Os dados,
que precisam estar em linguagem aceita pelos computadores, requerem
procedimentos específicos para que sejam levantados, sejam estes realizados em
campo (com utilização de equipamentos topográficos, sensores eletrônicos, planilhas
de campo, entre outros) ou remotamente (com sensores remotos e computadores,
por exemplo. Esses procedimentos, geralmente, correspondem a aproximadamente
75% dos esforços físicos, financeiros e intelectuais de um projeto envolvendo SIG.
Existem quatro tipos de dados que podem fazer parte um banco de dados para SIG:
textuais, numéricos, vetoriais e matriciais – também chamados de raster (SILVA,
2003).
O dado textual tem caráter descritivo, está em formato de texto e corresponde
20
a fatos e características descritos sem interpretação. As informações numéricas
podem representar codificações específicas nominais, ordinais, entre outros. O dado
numérico, nesse caso, também tem caráter descritivo e classificatório.
O dado vetorial é a representação gráfica do mundo real através de sistemas
de coordenadas (SILVA,2003). No caso dos SIG, os dados vetoriais possuem três
tipos de exibição: pontos (coordenadas espaciais individuais), linhas e polígonos,
tendo, todos eles a possibilidade de customização e conversão entre seus formatos.
Sua reprodução mais comum é no formato shapefile.
O dado matricial – ou raster – se refere à representação gráfica do mundo real
através de pixels (picture element) ou células, partes de matrizes de valores e
posições. O dado codificado no formato matricial geralmente representa imagens
contínuas, binárias ou ternárias, respeitando um intervalo pré-determinado
(SILVA,2003). Suas utilizações mais comuns para os SIG são em imagens de satélites
ópticos e radares.
Com o conhecimento dos conceitos que envolvem SIG desde a sua
concepção aos tipos de dados que podem ser representados nos mesmos, fica
possível compreender a sua utilização nos estudos de inteligência geográfica para o
auxílio na instalação de empreendimentos.
Ao longo dos anos, empresas vem se especializando nesses tipos de estudo,
tendo como público alvo as grandes incorporadoras, redes de franquias e
empreendedores de grande capital. A realização desses estudos por empresas é
baseada em metodologias desenvolvidas, principalmente, em estudos científicos, o
que dá grande confiabilidade aos clientes e investidores. Canova (2007), ao falar de
Geomarketing e suas aplicações no mercado imobiliário, também relaciona o mesmo
as diversas possibilidades da análise espacial em SIGs:
O geomarketing é uma ferramenta importante para a tomada de decisões e
formulação de estratégicas nos mais variados setores da indústria, comércio
e serviços. Através da análise espacial, podem-se estudar as relações
existentes entre as estratégias e políticas de marketing, e o território ou
espaço onde o produto e seus consumidores, se localizam, assim como a
maneira que se distribuem. No geomarketing ou marketing geográfico, utiliza-
se um SIG, formado por mapas digitais associados a um banco de dados.
Esses dados possuem um componente geográfico associado que possibilita
obter as informações agregadas ao elemento estudado. (CANOVA, 2007.
pag. 63).

Por utilizar de tecnologias de ponta, as mídias sociais também têm ganhado


grande destaque nos últimos anos para a divulgação desses tipos de trabalho e

21
estudos. Como pode-se perceber em artigos publicados em revistas direcionadas a
empreendedores:
Com as bases de dados organizadas em um SIG, a análise define o perfil do
consumidor a ser atendido no novo empreendimento, que orientará o projeto.
A comparação com empreendimentos concorrentes dá meios para
determinar diferenciais que facilitem a inserção do novo produto no mercado.
(BRANCO, 2008).

Voltando as metodologias descritas acima para realizar uma análise mais


generalista na Av. Augusto Montenegro, podemos facilmente identificar os fatores a
serem levantados, seja por meio de pesquisas em órgãos públicos, pesquisas de
dados disponibilizados na internet, levantamentos em campo. Com isso, podem ser
feitas diversas análises, de cunho espacial, para realizar um diagnóstico da
localização de empreendimentos comerciais e imobiliários na avenida e suas inter-
relações e identificar a viabilidade da implantação de novos, de acordo com as
demandas da população – dado esse levantado através de pesquisas de opinião e
questionários.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Método pode ser compreendido como uma ação pautada por diversos
procedimentos, que consideram um conjunto de elementos interligados ao processo,
cujo objeto se propõe construir um conhecimento pautado pela finalidade de
evidenciar os caminhos condutores da investigação almejada. DESCARTES (2001),
ressalta que a necessidade de investigar os acontecimentos do mundo externo e
interno nortearam o indivíduo no desenvolvimento de uma metodologia garantidora do
caráter científico da pesquisa, fator fundamental para busca do conhecimento.
Com base nessas fundamentações, buscou-se realizar, nesse trabalho, os
procedimentos desenvolvidos em pesquisas e consultorias locacionais para a análise
da potencialidade de áreas para a instalação de empreendimentos. A partir dos fatores
locacionais identificados por Neves, Pereira e Portugal (2013), fazendo a sua
adaptação e a comparação com outras metodologias para a situação da pesquisa em
questão, foi possível realizar a caracterização e divisão da área de trabalho, o
levantamento de dados específicos, dados auxiliares – bases cartográficas e bancos
de dados oficiais – e dados que puderam complementar a metodologia seguida, a
tabulação desses dados, o processamento e a realização de análises qualitativas e
22
espaciais para a geração dos resultados e sua posterior apresentação, análises e
recomendações.
Algumas das variáveis apontadas dentro da demografia do local como a renda
mensal familiar podem ser mapeadas diretamente através da utilização dos setores
censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outros fatores
podem utilizar os mesmos setores censitários como localização de suas
características. Já informações como transporte, mobilidade, políticas e intervenções
do poder público, ambiente econômico e social e o mercado de capitais podem ser
levantados através de pesquisas em documentos públicos, jornais de grande
circulação e veículos de informação no geral. Os trabalhos de campo são
responsáveis pelo levantamento e constatação de diversas outras informações
empíricas, analíticas ou de pura localização geográfica, limites confrontantes e
variados. A figura 1 ilustra as etapas executadas na metodologia proposta.

Figura 1 - Etapas do Procedimento Metodológico

ORG.: Autor, 2018

23
3.1 Área de Estudo

Os fenômenos de expansão urbana e urbanização podem ser facilmente


observados nos arredores da Av. Augusto Montenegro, em Belém-PA. A avenida,
desde sua determinação como tal2, é considerada uma das artérias da cidade, sendo,
hoje em dia um dos principais lócus para a instalação dos mais diversos tipos de
empreendimentos, trazendo consigo, diversos fenômenos e modificações do espaço.
Atualmente, a avenida tem aproximadamente 14,16 quilômetros de extensão
e é uma das principais vias de acesso entre mais de 15 bairros da cidade de Belém,
distribuídos em 3 distritos administrativos cortados ou próximos à mesma: DAENT,
DABEN e DAICO3 (BELÉM, 1994). Seu caráter é extremamente urbano, ainda que
faça ligação com áreas com empreendimentos rurais. Outro fator que permite a
afirmação do seu caráter urbano notável é a população dos seus arredores já
ultrapassar mais de 500 mil habitantes, com base nos dados censitários do IBGE
(2010).
Mesmo sendo uma das principais vias de acesso para vários bairros, a
avenida só tem ligação direta (corta ou é utilizada como limites confrontantes) entre
11 deles. Assim, estes bairros foram escolhidos como foco principal do estudo em
questão: Aguas Negras, Agulha, Campina de Icoaraci, Castanheira, Coqueiro,
Mangueirão, Marambaia, Tapanã, Tenoné, Parque Guajará e Parque Verde. Alguns
desses tiveram sua origem a partir da implantação de conjuntos populares do
Governo Federal na década de 1970. É importante destacar, também, o fato da
localização da maioria desses conjuntos não ser à beira da avenida e sim, centenas
de metros para o interior dos bairros. A ocupação da beira da avenida veio ocorrer
posteriormente, muitas vezes de forma irregular.
A base cartográfica dos bairros da cidade foi obtida no website do IBGE, a
partir da dissolução da base cartográfica de setores censitários – que também foram
utilizados, posteriormente no presente trabalho – do Censo 2010 realizado pela

2 A denominação de Avenida é oficializada pela– Lei Municipal nº 6.387 de 13 de Junho de 1967, que
no seu Artº 1º autoriza o poder executivo a denominar de Avenida augusto Montenegro uma das
principais artérias da cidade. Providenciando a inauguração da mesma para o dia 26 de junho de 1967,
quando se comemorou o centenário de nascimento do homenageado, o ex-governador do estado do
Pará, Augusto Montenegro.
3 Distrito Administrativo do Entroncamento – DAENT, Distrito Administrativo do Benguí – DABEN e

Distrito Administrativo de Icoaraci – DAICO.


24
mesma instituição. É importante destacar, aqui, a diferença entre as bases
disponibilizadas pelo IBGE e de propriedade da Companhia de Desenvolvimento e
Administração da Área Metropolitana de Belém (CODEM). Esta última realizou uma
atualização nos limites dos bairros em 2014, após a realização de serviços para a
atualização dos dados cadastrais da cidade. Entretanto, como os principais dados
dessa pesquisa estão disponíveis de maneira publica apenas pelo IBGE, escolheu-
se utilizar a base do Instituto, para não haver incompatibilidade entre limites.
Para um melhor conhecimento da área de estudo, o mapa presente na Figura
2 contém o limite municipal de Belém, logradouros, limites dos bairros da área de
estudo e a Av. Augusto Montenegro representados. A nível de conhecimento
geográfico, a avenida está localizada na região norte da área continental do
município.

Figura 2 - Mapa de Localização da Av. Augusto Montenegro

ORG.: Autor, 2018.

25
3.2 Fatores Locacionais

Na literatura sobre estudos locacionais, vários fatores são apontados como


atrativos para a instalação de empreendimentos comerciais. Neves, Pereira e Portugal
(2013) apontam os seguintes fatores: demografia local; transporte, acessibilidade;
concorrência; mercado imobiliário; mercado de capitais; ambiente econômico e social;
políticas e intervenções do poder público e as características do ponto.
A listagem dos autores acima utiliza como base outros autores, como
Schoumaker (1996) e Ballou (1999) e, para o presente trabalho, foram separados os
seguintes fatores, visando a sua representação nos resultados:
• Demografia local: representa grande parte da clientela. Sendo assim, a
distribuição geográfica da população, assim como suas características
sociais e econômicas são de grande importância;
• Transporte, acessibilidade: a área de atuação de uma atividade depende
diretamente da acessibilidade do local em que está inserida. Logo,
depende da posição geográfica de um equipamento em relação a outros e
da facilidade de deslocamento na região. Pode ser medida através de
diversos fatores como disponibilidade de transporte público, facilidade de
acesso às vias principais, políticas públicas;
• Concorrência: representa a estrutura de empreendimentos do local,
podendo ser medida através da quantidade e tipo de concorrentes na área,
densidade de empreendimentos;
• Mercado Imobiliário: preço, disponibilidade de terreno e localização de
empreendimentos do gênero são fatores de grande importância para a
escolha locacional, principalmente de grandes equipamentos;
• Políticas e intervenções do poder público: se referem às legislações que
regulam o mercado da concorrência, o mercado de trabalho, uso do solo,
obras públicas;
• Características do ponto: relacionado a proximidade e qualidade do local
em relação a outros equipamentos, qualidade de entradas e saídas,
condições de edifícios existentes. Essas características são analisadas
quando se tem um ponto pré-definido e deseja se confirmar a viabilidade,
ou, após a pesquisa retornar um resultado.

26
Além destes, diversos outros fatores locacionais foram definidos por diversos
autores ao longo dos anos, criando uma grande gama de possibilidades de estudos
embasados nas mais diferentes metodologias.

3.3 Dados Auxiliares

Além dos fatores locacionais, para a realização da análise espacial proposta


no trabalho, outros dados foram necessários, sobretudo para a construção de uma
base de dados para que os dados a serem levantados pudessem ser plotados em
softwares de SIG. Devido ao recorte espacial da área ser pequeno e bem objetivo, há
uma necessidade de ter uma boa quantidade de dados detalhados da mesma.
Também é importante considerar a precisão e a validade da base para que outros
dados sejam inseridos. Pensando nisso, foram escolhidas as seguintes bases:
• Setores Censitários: é unidade territorial de coleta das operações
censitárias, definida pelo IBGE, com limites físicos identificados, em
áreas contínuas e respeitando a divisão político-administrativa do Brasil
(IBGE, 2000);
• Limite de Bairros: os bairros afetados diretamente pela Av. Augusto
Montenegro, seja ela limite entre os mesmos ou estar presente em
determinada região do bairro;
• Logradouros: a base cartográfica de faces de logradouros utiliza do
mesmo sistema de codificação dos setores censitários, entretanto, está
disponível em formato de linha, como é a representação mais comum
desse tipo de feição;
• Limites Municipais: a localização da avenida está em uma área próxima
aos limites de Belém com o município vizinho, Ananindeua, inclusive
com bairros afetados pela avenida fazendo fronteira direta.
A obtenção desses dados possibilita a criação de um banco de dados espacial
não somente para a plotagem do presente trabalho, mas também a nível de
conhecimento geográfico e das áreas do município.

27
3.4 Levantamento dos Dados

Com a definição dos passos anteriores, ocorreu a fase de levantamento de


dados. A pesquisa priorizou as instituições públicas como fontes oficiais, os dados
mais atualizados disponíveis por estas, além de estudos realizados em artigos
publicados, dissertações de mestrado e outros documentos científicos que embasem
a metodologia escolhida para o presente trabalho. Os dados foram agregados por
setores censitários e a base cartográfica de bairros de Belém. A organização dos
mesmos, assim como suas respectivas fontes estão organizadas nos quadros 1 e 2.

Quadro 1 – Levantamento dos Fatores Locacionais


Tipo de
Fator Locacional Representação Fonte
Concorrência Vetorial (shapefile) Trabalho de Campo (2018)
Demografia Vetorial (shapefile) Dados Censitários IBGE (2010)
Mercado Imobiliário Vetorial (shapefile) Trabalho de Campo (2018)
Políticas e Intervenções
do Poder Publico Gráficos Formulário de Pesquisa (2018)
Dissertação de Mestrado -
Transporte, acessibilidade Vetorial (shapefile) Mendes (2014), IBGE(2010)
ORG.: Autor, 2018.

Já os dados auxiliares, por se tratarem de bases cartográficas digitais, estão


todos representados de forma vetorial, e sua obtenção ocorreu após pesquisas no site
do IBGE e um pequeno processamento dos dados.

Quadro 2 – Levantamento dos Dados Auxiliares


Tipo de
Dado Auxiliar Representação Fonte
Setores Censitários Vetorial (shapefile) Dados Censitários IBGE (2010)
Limites de Bairros Vetorial (shapefile) Dados Censitários IBGE (2010)
Logradouros Vetorial (shapefile) Dados Censitários IBGE (2010)
Limites Municipais Vetorial (shapefile) Dados Censitários IBGE (2010)
ORG.: Autor, 2018.

Os trabalhos de campo foram extremamente importantes para o levantamento


de dados relacionados aos fatores locacionais utilizados em estudos do gênero, pois,
graças à sua execução foi possível obter a posição geográfica de todos os tipos de
empreendimentos do circuito superior da avenida, assim como sua caracterização e

28
seguimento comercial. Para tal, foi utilizado um aparelho receptor de sinal GPS e
GNSS da marca Garmin, modelo GPS Map 64sc, com precisão média de 3 metros, e
materiais para anotação. Também foi nessa etapa em que foi constatada a situação
da avenida quanto as obras públicas, sobretudo de mobilidade urbana que vem sendo
aplicadas.
A fotografia presente na figura 3 demonstra a situação da avenida em janeiro
de 2017, quando ocorreram obras de reparo no asfalto pela prefeitura municipal.

Figura 3 - Trecho da Av. Augusto Montenegro, km 7.

Fonte: FERREIRA, 2017.

Por se tratar de uma pesquisa que necessita de dados específicos da


população que nem sempre estão disponíveis nos documentos e dados de órgãos
oficiais como o IBGE, decidiu-se, também, realizar a aplicação de um formulário virtual
de pesquisa para levantar alguns outros fatores utilizados em estudos locacionais
como: satisfação com políticas públicas, características de mobilidade urbana da
avenida, equipamentos presentes e a demanda para novos empreendimentos
comerciais e serviços particulares, desde quando o consumidor e sua família habitam
a região, se os mesmos realizam compras na região, entre outras informações que
podem construir uma versão preliminar do perfil do consumidor da região.
O formulário foi disponibilizado de forma online utilizando a ferramenta Google
Forms, gratuita e de fácil utilização. Sua divulgação foi realizada principalmente em
redes sociais, compreendeu moradores da avenida, seus entornos, conjuntos
29
habitacionais e condomínios e edifícios com acesso direto ou imediato à avenida.
Haviam 17 campos para preenchimento, entre respostas de múltipla escolha, textos
contendo opinião ou outras opções que não estivessem disponíveis. Algumas das
questões buscavam levantar informações que o IBGE também levanta em seus
censos, apenas a quesito de informação e conhecimento dos dados atuais - tendo em
vista que o último censo ocorreu em 2010 -, entretanto, não foram utilizadas nas
análises qualitativas posteriores. Por outro lado, informações como demanda de
serviços e empreendimentos foram consideradas e plotadas em mapas. A pesquisa
virtual também auxiliou no levantamento de fatores locacionais.
A figura 4 contém uma captura de tela da página inicial do formulário virtual,
onde havia uma apresentação da pesquisa e do autor, além da captura de dados de
localização como o Código Postal do entrevistado. O formulário completo está
disponível no Apêndice A.

Figura 4 - Formulário Virtual

ORG.: Autor, 2018.

30
3.5 Tabulação e Processamento dos Dados

Com os dados levantados, a próxima etapa foi realizar a organização dos


mesmos. As bases cartográficas obtidas com o IBGE foram listadas para compor um
banco de dados geográficos e também sofreram adequações: a base de setores
censitários, que é codificada aos moldes do Instituto com diversas informações, foi
utilizada para a criação da base cartográfica com os limites dos bairros da cidade.
Optou-se por realizar esse procedimento para que todas as bases tivessem a mesma
origem.
A preocupação com a qualidade dos dados cartográficos a serem utilizados
para as análises futuras também passa pelo processamento de suas projeções
cartográficas, que foram ajustadas para terem maior precisão regional. Em suma, as
feições vetoriais foram projetadas do Sistema de Coordenadas Geográficas SIRGAS
2000 para o Sistema de Coordenadas Projetadas de mesmo nome, SIRGAS 2000, no
fuso 22 S, que compreende o município de Belém e região metropolitana.
Os dados levantados em campo foram organizados de diferentes maneiras:
as localizações geográficas de empreendimentos do Circuito Superior da Economia
foram organizadas em formato vetorial, na representação em pontos com
coordenadas. Devido as configurações do aparelho receptor não permitirem a seleção
do elipsoide de referência SIRGAS 2000, as coordenadas dos pontos foram
imediatamente convertidas. As atividades de campo ocorreram em janeiro de 2018.
Já seus nomes e características foram organizados em um quadro disponibilizado no
Apêndice B.
A tabulação dos dados é de importância crucial para a realização da etapa
posterior: as análises espaciais e qualitativas. Ressalta-se a importância da
organização de dados levantados para um melhor desempenho em qualquer tipo de
metodologia proposta.

3.6 Análises Espaciais e Qualitativas

Com a preparação dos dados, é necessário realizar uma série de análises


visando entender o perfil e a distribuição dos consumidores geograficamente, assim
como entender a lógica do mercado concorrente, ou seja, entender a distribuição dos
31
empreendimentos existentes na área de estudo. Isso significa identificar o padrão de
escolha que os empreendedores utilizaram para a sua instalação. Nesse contexto,
pressupõe-se que as regiões que contem mais empreendimentos construídos, em
número e porte, apresentam uma maior atratividade, cabendo investigar quais
variáveis estão presentes nesses locais e como podem explicar tal relação (MENDES,
2014). Essa investigação pode ser efetuada por meio de abordagens qualitativas e
por meio de análises espaciais.
A análise qualitativa se baseou em recursos visuais proporcionados por
recursos gráficos computacionais e pela analise espacial para visualizar e analisar
padrões de comportamento das variáveis e também para estabelecer uma correlação
espacial de dependência dessas variáveis. Os procedimentos iniciais incluem o
conjunto de métodos genéricos para análise exploratória e visualização dos dados
através de mapas ou gráficos.
O processo de análise espacial compreende um conjunto de procedimentos
encadeados cuja finalidade é a escolha de um modelo que considere explicitamente
o relacionamento espacial presente no fenômeno representado (CÂMARA et al.,
2004). Essas técnicas permitem descrever a distribuição das variáveis de estudo,
identificar observações atípicas e sua relação com vizinhos ao procurar padrões de
distribuição. A partir disso, é possível estabelecer hipóteses, observações e
recomendações para determinados tipos de empreendimentos.
A confecção de mapas temáticos para os fatores locacionais que podem ser
representados deste modo foi feita com a utilização dos softwares ArcGIS 10.5 e QGIS
2.18 – softwares renomados no âmbito das geotecnologias – para embasar o teor
geográfico da pesquisa, considerando a escala do recorte espacial que está sendo
feito. A classificação de intervalos entre dados numéricos foi feita de maneira
automática com a utilização dos algoritmos padrões do software ArcGIS.
Devido a representação da localização geográfica de todos os
empreendimentos comerciais do Circuito Superior ser em formato de pontos, para
realizar a análise do comportamento de tais, a alternativa utilizada foi a estimação
kernel. Esse estimador ajusta uma função bidimensional sobre os pontos demarcados,
calculando a densidade dos mesmos dentro de um raio determinado pelo responsável
pelo processamento (CÂMARA et al., 2004). Sua representação é feita a partir de
rampa de cores onde busca-se representar a intensidade dos eventos de acordo com

32
os valores dos pixels gerados na matriz que representa o resultado da análise. Para
essa análise foi utilizado o algoritmo Mapa de Calor do software QGIS 2.18.
A leitura dos resultados expressos nos mapas e gráficos elaborada permite a
realização dos mais diversos tipos de diagnósticos em qualquer tipo de pesquisa. Para
o presente trabalho, foi criada uma ordem específica de elementos a serem analisados
para a confecção dos diagnósticos esperados.

3.7 Diagnósticos Esperados

Com base na plotagem dos fatores locacionais em mapas, suas análises


espaciais e a análise qualitativa dos dados levantados no formulário de pesquisa
online, espera-se que haja uma base de dados processada para que sejam realizados
diagnósticos de viabilidade locacional para a implantação dos empreendimentos de
maior demanda.
Com as variáveis definidas é necessário aplica-las nas unidades espaciais do
entorno da avenida – nesse caso, foi utilizada a base cartográfica de bairros – para
então definir aquelas potencialmente indicadas para a construção do tipo de
empreendimento que tiver maior demanda. A metodologia é embasada no trabalho de
Mendel (2014) que realizou um estudo de viabilidade para a instalação de shopping
centers no município do Rio de Janeiro. Entretanto, para o presente trabalho, como
não houve um tipo de empreendimento pré-definido, a partir da detecção do tipo de
empreendimento de maior demanda, a análise dos locais adequados utilizou como
principais elementos atrativos:
• Maior quantidade de setores censitários com boa concentração de
renda;
• Maior quantidade de habitantes nos setores próximos a avenida;
• Menor quantidade de concorrentes na proximidade.
Pelo fato da Av. Augusto Montenegro servir como limite entre diversos bairros
da área de estudo, a seleção do local foi feita baseada na criação de sub-regiões com
os bairros com potencial quando acontecer a situação.
A escolha dos elementos atrativos pode variar de acordo com o segmento
comercial do empreendimento, para estudos específicos, é necessário que haja um
direcionamento anterior. Já para estudos mais generalistas, como o presente trabalho,

33
utilizou-se os acima relatados para criar-se uma lógica de investimento, considerando
que a área de estudo vem passando por um processo de expansão urbana recente.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No presente capitulo buscou-se apresentar os resultados obtidos após a


execução da metodologia proposta, considerando os fatores locacionais e suas
variáveis, assim como os resultados de levantamentos em campo e as respostas do
formulário de pesquisa virtual aplicado. Os resultados buscam relacionar os assuntos
embasados teoricamente no capítulo 2 do trabalho em questão.
Por se tratar de uma pesquisa que pode ter resultados para diversas análises,
por fim, encontram-se, também, algumas discussões e recomendações baseadas nos
resultados obtidos. Deste modo, foi possível apresentar os resultados em mapas
temáticos provenientes de análises espaciais, densidade de empreendimentos
comerciais e análises qualitativas provenientes das respostas do formulário virtual.

4.1 Análises Espaciais

Após a coleta e organização de todos os dados necessários para a realização


do estudo, as análises espaciais realizadas com estes geraram resultados
apresentados em mapas. As análises foram realizadas no conjunto dos 11 bairros
interseccionados pela Av. Augusto Montenegro e os 363 setores censitários que
compõem os mesmos. Entre esses setores, 2 não tiveram dados apresentados pelo
IBGE, ação justificada pelas regras do órgão de não divulgar dados de setores que
apresentem menos de 5 domicílios, por questões de segurança.
É importante ressaltar que a análise espacial envolve uma grande gama de
ferramentas mais amplas, que podem utilizar como base diversos dados estatísticos.
Entretanto, nesse trabalho, optou-se por utilizar uma análise mais superficial, com a
representação visual dos dados para fácil interpretação, mas mantendo o teor
cartográfico. O software utilizado para a geração de mapas foi o ArcGIS 10.5, e, para
o processamento dos dados foram utilizados, além deste, o software QGIS 2.18,
através desse procedimento podemos realizar a análise dos dados de forma
qualitativa também.

34
O primeiro fator locacional representado por mapas foi o de demografia. Para
ter um maior detalhamento, sua representação foi feita com base nas informações por
setores censitários. Este fator foi dividido em duas informações principais: média de
rendimento mensal e a quantidade de habitantes por setores censitários.
A média de rendimento mensal por setor censitário foi feita a partir do
cruzamento dos dados obtidos com o IBGE sobre a renda total de cada setor e a
quantidade de domicílios permanentes, utilizando a equação 1, apresentada abaixo.
A classificação das faixas de rendimento foi feita de maneira automática pelo software
ArcGIS, utilizando seu algoritmo nativo. As informações foram representadas em um
mapa temático de única variável.

Equação 1 - Média de Renda por Setor Censitário


(1)
𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎_𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙_𝑑𝑜𝑚𝑖𝑐𝑖𝑙𝑖𝑜𝑠_𝑝𝑜𝑟_𝑠𝑒𝑡𝑜𝑟
𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙_𝑑𝑜𝑚𝑖𝑐𝑖𝑙𝑖𝑜𝑠_𝑝𝑜𝑟_𝑠𝑒𝑡𝑜𝑟

Com a realização do cálculo acima, os resultados foram delimitados por setor


censitário e organizados na figura 5.

35
Figura 5 - Renda Média por Setor Censitário

ORG.: Autor, 2018.

Observa-se uma forte relação da renda com a proximidade do setor à avenida.


Das cinco classes apresentadas na classificação do mapa acima, as cores mais
escuras – que representam a maior concentração de renda dos domicílios do setor –
estão mais presentes nas proximidades da avenida, com algumas exceções
localizadas mais distantes, o que demonstra, também, a grande valorização dos
terrenos localizados nesses locais. Essa informação tem grande importância para a
escolha do local onde será instalado o empreendimento, considerando a localização
de seu público. Nesse caso, percebe-se que os bairros Castanheira, Marambaia,
Mangueirão e Parque Verde possuem uma boa quantidade de setores com renda alta.
Nos casos dos bairros Castanheira e Marambaia, estes, tiveram diferentes
áreas em seus perímetros com instalação de empreendimentos imobiliários para a
população de alta e média renda.
A outra informação dentro do fator locacional demografia que tem grande
importância é a distribuição da população nos bairros de estudo. A análise da

36
distribuição geográfica da população revela informações de grande importância para
a instalação de qualquer tipo de empreendimento, sobretudo serviços que requerem
facilidade de acesso para atendimento. A figura 6 demonstra essa distribuição.

Figura 6 - Número de Habitantes por Setor Censitário

ORG.: Autor, 2018.

Ao analisarmos o mapa, podemos perceber que a distribuição dos habitantes


nos setores censitários da área de estudo possui uma melhor regularidade.
Entretanto, ainda é possível perceber, também, que, ao contrário da concentração da
renda, a maior concentração de habitantes está em setores um pouco mais distantes
da avenida. Essa informação reforça a nova característica da região, onde houve uma
maior valorização das áreas nos entornos da avenida e a sua ocupação é feita por
uma quantidade menor de pessoas, que concentra maior renda.
Também é possível perceber, ao unirmos esses dados com as observações
em campo, que as regiões próximas a avenida têm mais disponibilidade de área para
construção de novos empreendimentos, tendo em vista que a sua ocupação se dá em
grande parte por outros empreendimentos do Circuito Superior, e, principalmente os
37
do Circuito Inferior da economia, podendo estes ser modificados pelos grandes
detentores de capital através da compra dos imóveis.
Outro fator locacional com possibilidade de representação em mapas para a
realização das análises espaciais propostas é a acessibilidade. A Av. Augusto
Montenegro é uma das principais vias responsáveis pela ligação do tradicional centro
de Belém com o distrito de Icoaraci, mas não é a única e, por ter se transformado em
um eixo bem desenvolvido da cidade, além do fato da mesma servir de entrada para
vários bairros da cidade, ao longo dos anos foram criadas outras avenidas e rodovias
para fazer suas ligações internas. A figura 7 mostra essa dinâmica com as principais.

Figura 7 - Vias de Ligação com a Av. Augusto Montenegro

ORG.: Autor, 2018.

Ainda falando de acessibilidade, outra informação a ser destacada nesse fator


locacional é o transporte. O autor Mendes, em seu trabalho de 2014 levantou, junto
as empresas e secretarias responsáveis pelo transporte publico da cidade a existência
de 718 ônibus coletivos, divididos em 65 linhas, organizados por 19 empresas
particulares que tem como rota a avenida. Daquele ano até o ano atual, não foram

38
criadas novas linhas de ônibus, entretanto, não se tem dados quanto ao aumento da
quantidade de veículos circulando. O quadro das linhas levantadas em 2014 está
disponível no Anexo A.
Apesar de parecer uma boa quantidade de ônibus disponíveis para atender a
população da área, a falta de manutenção nos veículos e falta de regularidade de
horários, somados a cada vez maior quantidade de pessoas que transita pela área faz
com que o transporte publico para a Av. Augusto Montenegro seja sinônimo de baixa
qualidade. Além disso, atualmente, a avenida sofre com as obras 4 do sistema Bus
Rapid Transit (BRT), iniciadas em 2012 e ainda não concluídas. Este fator, nos últimos
anos, vem fazendo com que pessoas evitem passar pela avenida e pegar rotas
alternativas, quando possível.
Outro fator locacional a ser representado espacialmente para análise é a
concorrência. Na presente pesquisa, devido ao tratamento do tema ocorrer de forma
generalista, foram levantados todos os empreendimentos comerciais do Circuito
Superior, sua representação foi feita em formato de pontos e, para a análise, foi
elaborado um mapa de densidade de kernel para demonstrar a distribuição e
concentração desses tipos de empreendimentos no entorno da avenida. É importante
que haja o conhecimento das áreas onde há mais empreendimentos, pois,
dependendo do tipo de investimento, pode ser mais interessante estar próximo aos
concorrentes, ou não.
É importante ressaltar que no bairro Parque Verde está localizado um grande
shopping center chamado Parque Shopping, que abriga diversas lojas direcionadas
ao público de classes média e alta, entretanto, o shopping foi considerado um único
empreendimento, e deve ser alvo de estudos mais específicos. Foram levantados, no
total, 92 empreendimentos no entorno da avenida, estando presentes em cada um
dos bairros da área de estudo. A figura 8 contém a representação do mapa de
densidade de empreendimentos.

4O sistema foi aprovado durante a gestão do ex-prefeito Duciomar Costa, a via tem como objetivo fazer
a interligação entre o início da Av. Almirante Barroso, em São Braz, passando pela Av. Augusto
Montenegro e encerrando em Icoaraci. A fase que faz a interligação entre a Av. Almirante Barroso e o
Entroncamento – ponto de encontro entre a mesma e a Av. Augusto Montenegro – foi concluída em
2014, mas a fase final – até Icoaraci – vem sofrendo diversos problemas em sua construção, o que fez
com que a obra esteja durando até os dias atuais.
39
Figura 8 - Densidade de Empreendimentos do Circuito Superior

ORG.: Autor, 2018.

O mapa revela uma maior concentração de empreendimentos no bairro do


Parque Verde, onde está localizado o shopping center. O bairro também é
geograficamente importante pois está localizado praticamente no centro da extensão
da avenida. Também se percebe que, a partir desse bairro (partindo no rumo sul-
norte) os empreendimentos seguem um sentido direcional para o norte da avenida,
região com maior disponibilidade de terrenos, tendo em vista que a região ao sul foi a
primeira a ser ocupada historicamente.
Finalizando os fatores locacionais que podem ser facilmente representados
em forma de mapas para análises espaciais, o mercado imobiliário da região é um
fator a ser analisado. Desta forma, foram levantados os perímetros dos
empreendimentos imobiliários particulares no entorno da avenida, para analisar,
também, suas posições em relação aos empreendimentos comerciais. Tendo em vista
o direcionamento do empreendimento para a população desses condomínios verticais
e horizontais particulares. O resultado está no mapa apresentado na figura 9.

40
Figura 9 - Localização de Condomínios Particulares

ORG.: Autor, 2018.

Percebe-se, mais uma vez, uma grande concentração de empreendimentos


no bairro Parque Verde, o que vem a consolidar essa região como o maior centro de
investimentos da avenida. Ao comparar o mapa da figura 8 com o da figura 9
(densidade de empreendimentos comerciais) confirma-se a relação direta entre a
localização dos empreendimentos comerciais com a localização de condomínios
particulares. As áreas ao norte da avenida apresentam um ambiente com uma
densidade baixa de ambos os tipos de empreendimentos, podendo ser um novo
campo de atuação dos investimentos futuramente.

4.2 Análises Qualitativas

Ainda falando sobre fatores locacionais, para essa pesquisa, as intervenções


e políticas públicas aplicadas pelo Governo na área não tiveram a condição de serem
representadas em formato de mapas. Deste modo, optou-se por levantar a avaliação
dos moradores da avenida e entornos sobre os temas: políticas públicas (projetos
41
sociais, aparelhos públicos), mobilidade urbana e disponibilidade de serviços públicos
na avenida.
Foram obtidas 66 respostas para as perguntas. Para os temas acima, foram
questionadas as opiniões dos moradores quanto aos temas, tendo como opções
qualitativas: “Péssimas”, “Ruins”, “Regulares”, “Boas” e “Excelentes”. O mesmo
formato de opções foi utilizado também para várias outras perguntas no formulário. É
importante ressaltar que a quantidade de respostas é muito pequena se comparada a
quantidade de moradores da avenida, entretanto, a presente pesquisa serve como
modelo para abordagens mais técnicas e específicas para a avenida.
A avaliação dos moradores quanto as políticas públicas desenvolvidas na Av.
Augusto Montenegro atualmente, está representada na figura 10.

Figura 10 - Avaliação das Políticas Públicas

AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS


DESENVOLVIDAS NA AVENIDA
Boas
8% Excelentes
2%

Ruins
33%

Péssimas
33%

Regulares
24%

ORG.: Autor, 2018.

A grande maioria dos moradores avalia as políticas publicas atuais como ruins
ou péssimas, essa avaliação confirma a já existente insatisfação constantemente
lembrada pelos moradores da área mesmo em conversas informais. Os investidores
precisam ter o conhecimento desse dado para que saibam se a área pode ter certa
repulsa para novos habitantes ou mesmo consumidores de seu produto.
42
Quando questionados sobre as avaliações a cerca da mobilidade urbana na
avenida, as respostas, mais uma vez apresentaram reações de reprovação, tendo em
vista a situação da avenida após o inicio das obras do BRT. Dessa vez, entretanto,
não houve avaliação de excelência, como pode ser perceber no gráfico da figura 11.

Figura 11 - Avaliação da Mobilidade Urbana

AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE URBANA NA AVENIDA


Boa
6%
Ruim
21%

Regular
14%

Péssima
59%

ORG.: Autor, 2018.

As opiniões sobre esse fator são de grande importância para o empreendedor


analisar a área onde deve se instalar. A mobilidade urbana na área influencia
diretamente no sucesso do empreendimento, pois se faz necessária para o acesso
dos clientes.
Ainda abordando as avaliações dos moradores da avenida sobre assuntos
que envolvem diretamente o poder público, também foi questionada a avaliação dos
mesmos quanto a disponibilidade de serviços públicos, como: postos de saúde,
órgãos públicos com atendimento, serviços para cidadania, entre outros. O gráfico
contendo as respostas está na figura 12.

43
Figura 12 - Avaliação dos Serviços Públicos

AVALIAÇÃO DA DISPONIBILIDADE DE SERVIÇOS


PUBLICOS NA AVENIDA
Boa
8%

Ruim
36% Péssima
24%

Regular
32%
ORG.: Autor, 2018.

Mais uma vez não houveram respostas para “excelente” e a maioria dos votos
apontou para avaliações negativas quanto a disponibilidade de serviços públicos na
avenida. As respostas demonstram que, apesar da avenida ter sido alvo para a
instalação de vários órgãos públicos, os mesmos não atendem às demandas do local.
Essa informação é de grande importância para o próprio poder público analisar áreas
que podem ser alvo para a instalação de estações de serviços variados.
Um dos objetivos da aplicação do formulário também era levantar informações
sobre os moradores e suas avaliações e demandas dentro dos tipos de
empreendimentos comerciais e serviços particulares, buscando demonstrar o tipo de
pesquisa de mercado que pode ser realizada em grande escala por empresas que
prestem esse tipo de consultoria em geomarketing. Deste modo, também foi feita uma
sessão de perguntas sobre a relação dos moradores com o Circuito Superior da
Economia. Sendo questionadas: a avaliação da disponibilidade de empreendimentos
comerciais na avenida, se realiza compras em empreendimentos da avenida, se
usufrui das opções de lazer, além de quais tipos de empreendimentos comerciais e
serviços particulares deveriam ser instalados na avenida.
A primeira questão buscava levantar a opinião dos moradores quanto a
disponibilidade de empreendimentos comerciais na avenida. Por ser um dos focos
44
principais da pesquisa em questão, os resultados demonstrados na figura 13
requerem atenção especial e podem ser visualizados abaixo.

Figura 13 - Avaliação dos Empreendimentos Comerciais

AVALIAÇÃO DA DISPONIBILIDADE DE
EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS NA AVENIDA
Ruim
1%

Regular
32%

Boa
56%

Péssima
3%
Excelente
8%

ORG.: Autor, 2018.

Quando se fala do investimento particular na avenida, há um maior nível de


satisfação pelos moradores. Esse fato é visualizado ao terem sidas contabilizadas
56% das respostas como “Boa” e 8% como “Excelente”. Esse panorama suaviza um
pouco a análise da área pelos futuros empreendedores, pois revela que ainda há
espaço para investimentos e assim aumentar a avaliação da satisfação dos
moradores.
Outro dado importante foi revelado de acordo com as respostas da pergunta
sobre se os moradores realizam compras em empreendimentos da avenida. As
respostas positivas marcaram 98,5%. Por mais que pareça lógico, é importante ter
essa informação para avaliar a relação dos moradores com os empreendimentos da
sua própria área de moradia. Quando questionados sobre a utilização das opções de
lazer da avenida, as respostas positivas também tiveram bom desempenho e
marcaram 60,3%. Essas duas informações não foram representadas em gráficos por
terem facilidade de interpretação em texto.

45
Finalizando as análises qualitativas, foram questionadas as demandas dos
moradores quanto a tipos de empreendimentos comerciais e serviços particulares.
Mesmo que ambos possam se encaixar no formato de empreendimento particular,
decidiu-se separá-los devido a grande quantidade de opções possíveis de serem
listadas. Também se analisou a possibilidade de certos prestadores de serviços
particulares terem interesse em expandir seus negócios ou abrir filiais, deste modo, é
interessante que hajam dados segmentados.
As perguntas possuíam múltiplas escolhas, podendo o entrevistado selecionar
quais opções de empreendimentos comerciais e serviços particulares deveriam ser
instalados na avenida. As opções foram classificadas de acordo com nomenclaturas
disponibilizadas em revistas eletrônicas especializadas, como o exemplo feito por
Alves (2008) ao explicar os formatos de varejo. A figura 14 demonstra o
comportamento das respostas sobre demanda de empreendimentos comerciais.

Figura 14 - Demanda de Empreendimentos Comerciais

DEMANDA DE EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS


Lojas de Conveniência

Supermercados

Outros

Hipermercados

Lojas de Departamento

Shopping Center

Lojas de Variedades

Lojas de Especialidades Não Alimentícias

Lojas de Especialidades Alimentícias

0 10 20 30 40 50
Quantidade de respostas

ORG.: Autor, 2018.

As maiores demandas, disparadamente, foram para “Lojas de Especialidades


Não Alimentícias” – compreendida por drogarias, farmácias, livrarias, lojas de artigos
esportivos, entre outras especialidades – e “Lojas de Especialidades Alimentícias –
compreendendo franquias de fast food, grandes restaurantes, churrascarias. É
importante ressaltar que, aqui, foi explicado que a pergunta se direcionava aos

46
empreendimentos de grande investimento, tendo em vista que a avenida possui
diversos empreendimentos direcionados a alimentação, porém, de pequeno porte e
para atender demandas comuns.
A terceira maior demanda foi a para Lojas de Variedades, compreendidas por
negócios com a venda de uma grande variedade de produtos semiduráveis, de baixo
valor monetário e de fácil transporte (Alves, 2008). Um dos exemplos comuns em todo
o país são as Lojas Americanas. Há ainda uma boa quantidade de respostas
demandando mais um shopping center na região, entretanto, por ser um
empreendimento de investimento extremamente elevado, normalmente se fazem
estudos específicos para os mesmos. Lojas de Departamento – divididas por
segmento ou linhas de produto, que comercializam bens duráveis e semiduráveis –
têm pouca presença na avenida e representam uma pequena demanda no gráfico.
Já no âmbito dos serviços particulares, foram listados empreendimentos que
contam com a prestação de serviço como mercadoria. Sua listagem foi feita utilizando
como critério a não comercialização de produtos em seu meio – ou pelo menos não
sendo esse o principal foco. A figura 15 demonstra o gráfico com o comportamento
das respostas sobre a demanda de serviços particulares.

Figura 15 - Demanda de Serviços Particulares

DEMANDA DE SERVIÇOS PARTICULARES

Empreendimentos de Educação

Agências Bancárias

Salões de Beleza

Estacionamentos Privados

Escritórios de Advocacia

Academias de Ginástica e Esportes

Escritórios Empresariais

Assistências Técnicas

Consultorios e Clínicas Médicas

0 10 20 30 40 50 60
Quantidade de respostas

ORG.: Autor, 2018.

47
A maior demanda observada foi a para consultórios e clínicas médicas.
Quantidade de respostas que pode ser justificada durante as atividades de campo,
onde foram identificadas poucas opções do gênero na avenida. Os consultórios e
clinicas existentes atuam com poucas especialidades e geralmente se classificam
como “consultórios populares”, por terem atendimentos simples e serem direcionados
ao publico de menor poder aquisitivo, mas que não quer depender do sistema publico
de saúde. Não foram observados hospitais ou clinicas específicas de planos de saúde
particulares.
Há uma grande quantidade de assistências técnicas populares e não
autorizadas pela avenida. Esse tipo de serviço não atende aqueles que demandam
apenas por assistências autorizadas ou de procedimentos específicos, seja para
aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos ou outros tipos de produtos que possam
necessitar desse tipo de serviço. O que justifica esta ser a segunda maior demanda
dentro dos serviços particulares.
A demanda por escritórios empresariais é justificada pela quase inexistência
desse tipo de empreendimento na avenida. Em alguns bairros como a Marambaia e
Parque Verde pode se observar alguns pequenos prédios com salas comerciais,
muitas ainda não ocupadas. O crescimento do investimento na região justifica a
necessidade da maior implantação desse tipo de serviço na área, levando em
consideração a proximidade com vários outros tipos de empreendimentos que podem
ser atendidos pelos escritórios e a proximidade com possíveis clientes, moradores e
transeuntes constantes da região.
Vale a pena ressaltar que a quantidade de respostas obtidas no formulário
virtual é muito pequena e foi utilizada como exemplo de estudos maiores que podem
ser desenvolvidos por empresas que prestam consultorias, sindicatos e outros órgãos
que possam ter interesse em fazer estudos de mercado, estudos locacionais e de
viabilidade para instalação dos mais diversos tipos de empreendimentos.

4.3 Diagnósticos

Ao cruzarmos os mapas dos fatores locacionais e os gráficos de demanda por


tipo de empreendimento é possível realizar os diagnósticos propostos no capitulo 3 do
presente trabalho. A primeira informação a ser levantada foi o tipo de empreendimento

48
de maior demanda: Lojas de Especialidades Alimentícias. Como descrito
anteriormente, esse tipo de empreendimento se refere às franquias de fast food,
restaurantes e churrascarias de grande porte e de preços elevados.
Sendo assim, o próximo passo foi verificar os bairros ou regiões com a maior
concentração de setores censitários com altas médias de renda. Com a utilização das
ferramentas de seleção e busca dos softwares de SIG utilizados, foi aplicada uma
distância de pesquisa de 400 metros – a mesma para calcular a densidade de
empreendimentos –, foram contadas a quantidade de setores com média de renda a
partir de R$2248,72 (valor gerado automaticamente pelo algoritmo de classificação do
software ArcGIS para a classificação dos setores, presente no mapa da figura 4) e
obteve-se o resultado organizado no quadro abaixo, em regiões com os bairros
afetados pela pesquisa.

Quadro 3 – Regiões com maior concentração de renda


Ordem Região
1º Mangueirão
2º Parque Verde
3º Marambaia - Castanheira
ORG.: Autor, 2018.

Logo após a definição dessas regiões, foram levantados os dados referentes


a população. Novamente foram utilizados os setores selecionados a partir da distancia
de pesquisa de 400 metros a partir da avenida, porém, dessa vez, foram levantados
os valores referentes a população habitante dos mesmos. A ordem está organizada
no quadro 4.

Quadro 4 – Regiões com maior concentração de habitantes

Ordem Região
1º Parque Verde
2º Marambaia - Castanheira
3º Mangueirão
ORG.: Autor, 2018.

Para o outro elemento atrativo – menor quantidade de concorrentes nas


proximidades – foram utilizados os dados levantados em campo, quando foram

49
pontuados todos os empreendimentos do Circuito Superior da Economia na avenida.
Foram considerados concorrentes todos os pontos que representavam
empreendimentos comerciais alimentícios, na região Marambaia-Castanheira não
foram encontrados empreendimentos deste gênero. Já na região do Parque Verde,
foram considerados os empreendimentos especificamente a beira da avenida e o
Parque Shopping como um dos concorrentes, por haver uma praça de alimentação
com diversas opções. Os resultados foram organizados no quadro 5.

Quadro 5 – Menor quantidade de concorrentes nas proximidades


Ordem Região
1º Marambaia - Castanheira
2º Mangueirão
3º Parque Verde
ORG.: Autor, 2018.

Ao analisar a variação da posição das regiões na ordem dos quadros,


percebeu-se que há uma compensação e nenhuma das regiões obteve melhor
desempenho nos elementos atrativos definidos. Portanto, como critério de desempate,
escolheu-se a região com melhor desempenho no primeiro critério, tendo em vista que
o mesmo foi o definidor das regiões diagnosticadas.
Desse modo, a região do bairro Mangueirão pode ser apontada como uma
área com boa susceptibilidade a instalação de empreendimentos comerciais do tipo
Lojas de Especialidades Alimentícias, baseado nos dados levantados e a metodologia
executada no presente trabalho. A representação em mapas dos critérios de renda e
população estão representadas nas figuras 16 e 17.

50
Figura 16 - Distribuição da Renda no Mangueirão

ORG.: Autor, 2018


Figura 17 - Concentração Populacional no Mangueirão

ORG.: Autor, 2018.

51
Além disso, o mapa de densidade de empreendimentos também revela que a
região do Mangueirão possui uma concentração média de empreendimentos, o que,
somado a boa concentração de renda e de população, pode representar um ambiente
saudável para os mais diversos tipos de empreendimentos comerciais e serviços
particulares relatados na presente pesquisa. Tal análise pode ser vista na figura 18.

Figura 18 - Densidade de Empreendimentos no Mangueirão

ORG.: Autor, 2018.

Vale a pena ressaltar que, durante o levantamento bibliográfico, verificou-se


que não existem metodologias tidas como as únicas a serem seguidas para estudos
locacionais, vários autores determinam os fatores locacionais e fatores atrativos
baseados em estudos parecidos realizados anteriormente. Quando se fala da
viabilidade para a instalação de empreendimentos comerciais em áreas de expansão
urbana, praticamente não há registros de metodologias específicas, deste modo, a
metodologia aplicada no presente trabalho visou apresentar uma alternativa para tal,
podendo ser melhorada com uma maior disponibilidade de dados e respostas em
pesquisas de mercado como a realizada no formulário online.

52
5. CONCLUSÕES

O objetivo principal do trabalho foi aplicar uma metodologia de analise


espacial para a identificação de áreas potenciais para a instalação de
empreendimentos comerciais em uma área de expansão urbana a partir do
levantamento e representação espacial dos fatores locacionais e analises qualitativas
dos dados levantados em um exemplo de pesquisa de mercado. Esse objetivo foi
conquistado a partir da execução da metodologia adotada em um estudo de caso
específico. Consequentemente após a plotagem dos fatores e da análise dos dados
de demanda, foi possível identificar uma região como área com potencial para a
instalação, não só do tipo de empreendimento com maior demanda, como de vários
outros, tendo em vista a característica econômica e a densidade da concorrência na
região.
A metodologia proposta se mostrou útil para nortear a localização de áreas
potenciais não somente na área de estudo, mas sim para qualquer outra que tenha
características parecidas como passar por um processo de expansão urbana recente.
O desenvolvimento dessa metodologia buscou servir de guia para novas futuras
aplicações, até mesmo mais específicas e direcionadas a um tipo de empreendimento,
além das contribuições a nível cientifico que a mesma proporciona para conhecimento
de várias características dos entornos da Av. Augusto Montenegro, em Belém.
Os fatores locacionais selecionados se adequaram as analises propostas e
expressaram grande aderência para a escolha do local. Destaca-se a importância de
ter acesso a dados sempre atualizados e confiáveis, sendo essa etapa de
levantamento de dados para a pesquisa crucial para o bom desenvolvimento do
trabalho e confiabilidade dos resultados. É importante ressaltar, também, que o
próprio levantamento de dados através de pesquisas particulares acaba sendo um
nicho de trabalho para empresas que prestam consultoria em geoprocessamento e
áreas correlatas.
As variáveis de características do ponto foram descartadas por não haver uma
área pré-definida anteriormente para confirmação da viabilidade, entretanto, não
significa que este fator locacional não tem importância nos estudos locacionais. A
liberdade para a escolha de fatores é justificada pela grande diversidade presente na
literatura sobre o assunto.

53
As análises espaciais foram de simples execução e compreensão, e se
mostraram eficazes e práticas. Mas deve-se ressaltar que existem outros modelos que
podem aumentar a confiabilidade dos resultados através de modelos numéricos e
estatísticos já utilizados para estudos em diferentes áreas do conhecimento.
As analises qualitativas dos dados levantados no formulário de pesquisa
online se mostraram de grande utilidade para o conhecimento do perfil do consumidor
em potencial em toda área de estudo, suas próprias opiniões e demandas são de
grande importância para atrair os tipos de investimentos que podem aumentar a
qualidade de vida e satisfação pessoal dos moradores da região.
A análise final consistiu em relacionar dados observados espacialmente e
qualitativamente para identificar a região com maior potencial para a instalação de um
dos tipos de empreendimentos comerciais com maior demanda. Os resultados se
mostraram satisfatórios, tendo em vista o conhecimento da região do Mangueirão
como uma área de grande movimentação, concentração populacional, e grande
disponibilidade de terrenos que podem ser comprados e modificados pelos grandes
detentores de capital investidor, além de ser uma área geograficamente central da
avenida. A região também abriga o Estádio Olímpico do Pará e a Arena Guilherme
Paraense, ambos, palco de grandes eventos esportivos, musicais e de entretenimento
na avenida, com grande importância para toda a cidade. Essa região também é a
única em que as obras do BRT já estão consolidadas e em funcionamento regular –
ainda que não em fase final –, o que diminui a repulsão que existe com relação a
péssima avaliação da mobilidade urbana da avenida. Acredita-se que, com a
finalização das obras e a atual existência de uma grande estação na região, a mesma
consolide-se como um centro de circulação de capital.
Outras regiões com destaque como o bairro Parque Verde, a região que
compreende os bairros da Marambaia e Castanheira, ao sul da avenida, apresentam
uma grande disponibilidade de terrenos e baixa concentração de empreendimentos
comerciais, por serem originalmente áreas com característica habitacional, entretanto,
a pouca frequência de condomínios particulares e o não impedimento da modificação
do espaço por políticas públicas pode dar a área potencialidade para a instalação de
diversos tipos de empreendimentos comerciais.
Já ao norte da avenida, observa-se uma baixa concentração de
empreendimentos comerciais, contrastada pela maior incidência de empreendimentos

54
imobiliários, apresentando uma boa concentração de habitantes e,
consequentemente, público tanto para empreendimentos comerciais quanto serviços
particulares a serem instalados na região.
Por fim, sugere-se uma ampliação do público atingido pela pesquisa de
demanda feita pelo formulário virtual. A mesma pode apresentar dados mais
atualizados, principalmente, sobre o perfil do consumidor da região, tendo em vista
que os dados censitários foram levantados em 2010, e, desde então, a avenida
passou por diversas modificações. Esse fato se aplica a qualquer outro tipo de
pesquisa em estudos do gênero, que esteja sendo realizada muitos anos após o último
Censo do IBGE.

55
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Complementar nº 027/95 e dá outras providencias.

PEREIRA, F. S.; VIEIRA, I. C. G. Expansão urbana da Região Metropolitana de Belém


sob a ótica de um sistema de índices de sustentabilidade. in Revista Ambiente &
Água. vol. 11, n. 3. Taubaté, 2016. Disponível em: <http://www.ambi-
agua.net/seer/index.php/ambi-agua/article/view/1878/pdf_2> acesso em 15/12/2017.

SANTOS, M. O Espaço Dividido: os dois circuitos da economia urbana. 2ª ed., 1ª


reimpr. São Paulo: Edusp, 2008.

SCHOUMAKER, B. M. La localisation des services. Paris: Éditions Nathan, 1996.

SILVA, A. B. Sistemas de Informações Geo-referenciadas: conceitos e


fundamentos. Campinas: Editora da UNICAMP, 2003.

58
APÊNDICE A – FORMULÁRIO VIRTUAL

59
60
61
62
63
64
65
66
APÊNDICE B – LISTA DE EMPREENDIMENTOS NA AV. AUGUSTO
MONTENEGRO

67
Quadro 6 – Lista de Empreendimentos do Circuito Superior na Av. Augusto Montenegro

Nº Nome do Empreendimento Descrição


1 Laboratório EMED Laboratório de análises clínicas
2 Centro Educacional Escola de ensino infantil
3 Centro de Endoscopia Digestiva Clínica
4 Extrafarma Farmácia
5 Colégio Sophos Escola de ensino infantil, fundamental e médio
6 Banco Bradesco Banco
7 BigBen Farmácia
8 Lider Augusto Montenegro Supermercado
9 Pague Menos Farmácia
10 Cia. Paulista de Pizza Franquia de Pizzaria
11 Posto Shell Posto de Gasolina
12 McDonalds Franquia de Fast Food
13 Cursinho Sophos Curso Pré Vestibular
14 Colégio Paulista Escola de ensino infantil, fundamental e médio
15 Formosa Mix Hipermercado
16 Posto Ipiranga Posto de Gasolina
17 Pharmapele Farmácia de Manipulação
18 Laboratório Paulo Azevedo Laboratório de análises clínicas
19 Extrafarma Farmácia
20 Ricardo Eletro Loja de Variedades
21 Colégio Avante/Pequeno Príncipe Escola de ensino infantil, fundamental e médio
22 Academia Belfit Academia de musculação
23 Lojas Americanas Loja de Variedades
24 Mônaco Motocenter Revenda de moto
25 Supermercado Nazaré Supermercado
26 NewLife Academia Academia de musculação
27 CEMPT – Medicina do Trânsito Clínica
28 Clean Center Loja de Especialidades Não Alimentícias
29 2503 Cross Training Academia de crossfit
30 Posto ICCAR Posto de Gasolina
31 Ativa Fisiocenter Clínica
32 Belém Rio Garagem de empresa de transportes
33 UNICID-EAD Polo Universitário (EAD)
34 Traxx Motocenter Revenda de moto
35 SIEPA - Cursos Técnicos Curso Técnico
36 BigBen Farmácia
37 Extrafarma Farmácia
38 Posto Shell Posto de Gasolina
39 Gracie Team JJ Academia de Jiujitsu
40 Mix Varejo Supermercado
41 Posto BR Posto de Gasolina
42 Armazém Supermercado
43 BigBen Farmácia
44 Extrafarma Farmácia
68
45 Colégio CEI Escola de ensino fundamental e médio
46 Posto Shell Posto de Gasolina
47 White Martins Empresa de Suprimentos Hospitalares
48 Posto Shell Posto de Gasolina
49 Colégio Impacto Escola de ensino fundamental e médio
50 Dicasa Loja de Especialidades Não Alimentícias
51 Hyundai Revenda de automóveis
52 Vialoc Garagem de empresa de transportes
53 Atacadão BR Hipermercado
54 Sport Company Academia de musculação
55 Lider Atacado e Varejo Hipermercado
56 Academia Lú Academia de musculação
57 Vincit Crossfit Academia de crossfit
58 Extrafarma Farmácia
59 Subway Franquia de Fast Food
60 Posto Ipiranga Posto de Gasolina
61 Pavan Churrascaria de grande porte
62 Banco do Brasil Banco
63 Banpará Banco
64 Wizard Escola de Idiomas
65 Correios CDD Mangueirão Centro de Distribuição dos Correios
66 Escola Técnica Albert Eistein Curso Técnico
67 Fit.Com Academia Academia de musculação
68 Castilla Idiomas Escola de Idiomas
69 Laboratórios Amaral Costa Laboratório de análises clínicas
70 Belemzão Alimentos Supermercado
71 Caixa Economica Banco
72 Drogarias Globo Farmácia
73 Correios Agência dos Correios
Faculdade/Escola de ensino fundamental e
74 FEAPA - CEEP médio
75 Posto ICCAR Posto de Gasolina
76 Domino's Franquia de Pizzaria
77 Hipersol Loja de Variedades
78 Aslan Escola de Idiomas
79 Laboratórios Paulo Azevedo Laboratório de análises clínicas
80 Montenegro Veículos Revenda de automóveis
81 M10 Academia Academia de musculação
82 Power Fitness Academia de musculação
83 NEPAM Curso Técnico
84 Colégio Santa Madre Escola de ensino infantil, fundamental e médio
85 Posto Ipiranga Posto de Gasolina
86 Churrascaria Boi D'Ouro Churrascaria de grande porte
87 Bom de Barro Loja de Especialidades Não Alimentícias
88 BigBen Farmácia
89 Blue Academia Academia de musculação
90 IETAAM Curso Técnico
69
91 Colégio Impacto Escola de ensino fundamental e médio
92 Rede Celpa Estação de empresa de energia elétrica

70
ANEXO A – LINHAS DE ÔNIBUS QUE CIRCULAM NA AV. AUGUSTO
MONTENEGRO

71
Quadro 7 – Linhas de Onibus que circulam na Av. Augusto Montenegro

LINHAS DE ÔNIBUS PASSAGEIROS. Nº OPER EMPRESA LINHAS DE ONIBUS PASSAGEIROS Nº-OPER EMPRESA
ÁGUAS LINDAS - 6.940 12 Águas Lindas ICUÍ - VER-O-PESO 10.266 06 Viação Forte
PÁTIO BELÉM Transportes
ÁGUAS LINDAS - 6.311 10 Barata Transportes JADERLÂNDIA - 3.606 14 Viação Forte
PTE. VARGAS FELIPE PATRONI
ÁGUAS LINDAS - 8.655 12 Águas Lindas JARDIM SIDERAL - 6.638 14 Viação Icoaraci
VER-O-PESO Transportes PÇA. DOM PEDRO II
ÁGUAS NEGRAS - 3.981 08 Viação Princesa JULIA SEFFER - 8.033 12 Barata Transporte
SÃO BRÁS PÁTIO BELÉM
ANANINDEUA - PTE. 13.018 23 Barata Transportes MARITUBA – 4.123 08 Autoviária Paraense
VARGAS ICOARACI
BENGUÍ - FELIPE 7.896 14 Transportes Nova MORADA DO SOL - 2.992 08 Trans’uni
PATRONI Marambaia SÃO BRÁS – STC
BENGUÍ - VER-O- 9.809 13 Transportes Nova OUTEIRO - 4.042 16 Trans’uni
PESO Marambaia CASTANHEIRA
(TAPANÃ)
CANARINHO - PTE. 1.570 04 Transportes Nova OUTEIRO - ICOARACI 3.256 12 Trans’uni
VARGAS Marambaia – STC
CONJ. MAGUARI - 3.024 10 Belém Rio OUTEIRO - SÃO 3.665 20 Viação Primvera
(ALTE. BARROSO) BRÁS (A e B)
CONJ. MAGUARI - 2.663 10 Belém Rio OUTEIRO - SÃO 8.246 01 Viação Icoaraci
(ÁLV. CABRAL) BRÁS (B)
CORDEIRO DE 3.872 06 Transporte Nova OUTEIRO / PRATINHA 4.314 12 Trans’uni
FARIAS- Marambaia - PÇA. SÃO
CASTANHEIRA CRISTÓVÃO – STC
CORDEIRO DE 6.480 10 Transporte Nova PAAR - VER-O-PESO 12.504 21 Viação Forte
FARIAS - PTE Marambaia
VARGAS
CORDEIRO DE 6.675 10 Transporte Nova PARACURI - VER-O- 743 09 Belém Rio
FARIAS - VER-O- Marambaia PESO (ICOARACI)
PESO
DISTRITO 15.760 21 Barata Transportes RIO 40 HORAS - PTE. 3.926 08 Viação Forte
INDUSTRIAL- PÁTIO VARGAS
BELÉM
DISTRITO 2.357 06 Barata Transportes SATÉLITE - FELIPE 6.933 10 Belém Rio
INDUSTRIAL - SÃO PATRONI
BRÁS
EDUARDO ANGELIM - 4.072 09 Trans’uni SATÉLITE - PTE. 1.071 02 Viação Icoaraci
SÃO BRÁS – STC VARGAS (SIDERAL)
EDUARDO ANGELIM - 3.806 10 Transporte Nova SATÉLITE – UFPA 10.905 28 Viação Rio Guamá
VER-O-PESO Marambaia
FAMA/FIDELIS – 0 02 Viação Princesa SATÉLITE - VER-O- 5.508 11 Belém Rio
ICOARACI PESO
FAMA/FIDELIS - SÃO 0 01 Viação Princesa SIDERAL - PTE. 3.911 03 Vianorte
BRÁS VARGAS
FÉ EM DEUS - SÃO 0 06 Vianorte SIDERAL - SHOPPING 2.179 06 Viação Icoaraci
BRÁS CASTANHEIRA
GUAJARÁ - VER-O- 16.027 23 Vianorte TAPAJÓS - VER-O- 2.090 04 Viação Icoaraci
PESO PESO (VIA
MONTENEG)

72
ICOARACI – ALTE. 4.556 39 Viação Princesa TAPANÃ - FELIPE 10.713 15 Transportes Nova
BARROSO-AEB PATRONI Marambaia
ICOARACI - ALTE 12.530 07 Expresso Marajoara TAPANÃ –UFPA 1.506 06 Viação Guajará
BARROSO (B)
ICOARACI - CENTRO 0 29 Transporte Nova TAPANÃ – VER-O- 7.244 13 Transportes Nova
(CENTENÁRIO) Marambaia PESO Marambaia
ICOARACI - CENTRO 0 10 Vianorte TAPANÃ II - VER-O- 12.053 20 Transportes Nova
COMERCIAL PESO Marambaia
ICOARACI - CIDADE 3.713 24 Viação Forte TENONÉ - PÁTIO 4.122 08 Vialoc
NOVA (A e B) BELÉM
ICOARACI - 3.651 13 Vianorte TENONÉ - PTE. 5.151 08 Vialoc
MARITUBA (A e B) VARGAS
ICOARACI - PTE. 1.788 08 Viação Princesa TENONÉ - VER-O- 4.570 05 Belém Rio
VARGAS (BERREDOS PESO (ALACID
NUNES)
ICOARACI - SÃO 478 21 Viação Princesa TENONÉ - VER-O- 3.328 04 Belém Rio
BRÁS PESO
(LARANJEIRAS)
ICOARACI - 1.194 04 Viação Princesa TOCANTINS - PTE. 235 04 Vianorte
SHOPPING VARGAS
CASTANHEIRA
ICOARACI - VER-O- 8.418 25 Viação Princesa UFPA - CIDADE NOVA 6.684 10 Viação Guajará
PESO VI
UNAMA BR-316 – PT 4.751 06 Barata Transportes TOTAL 61 linhas 801.375 718 15
VARGAS
Fonte: MENDES, 2014

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