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18/08/2019 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal

Pesquisa de Jurisprudência

Decisões Monocráticas

RE 787048 / RS - RIO GRANDE DO SUL


RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 21/06/2019

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-140 DIVULG 27/06/2019 PUBLIC 28/06/2019

Partes

RECTE.(S) : ANGELA VERBENO


ADV.(A/S) : EDUARDO SCHUMACHER E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S) : ESPÓLIO DE JOSÉ RONALD BERTAGNOLLI
INTDO.(A/S) : VERÔNICA BERTAGNOLLI
INTDO.(A/S) : MARCELO BERTAGNOLLI
INTDO.(A/S) : MANOELA BERTAGNOLLI
ADV.(A/S) : RAMIRO DAVIS E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : RODOLFO CAMPANI NYGAARD
ADV.(A/S) : ANGELINA PICCOLI AGRIFOGLIO

Decisão
Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão assim ementado:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUCESSÕES. PARTICIPAÇÃO DA COMPANHEIRA NA SUCESSÃO
APENAS EM RELAÇÃO AOS BENS ADQUIRIDOS ONEROSAMENTE NA VIGÊNCIA DA UNIÃO
ESTÁVEL. EXCLUSÃO DOS BENS PARTICULARES. APLICAÇÃO DO ART. 1790 DO CC.
CONSTITUCIONALIDADE. 1. Ao estabelecer no art. 1790 do CC que a companheira
ostenta a condição de herdeira, em concorrência com descendentes do
falecido, apenas em relação aos bens particulares, ao invés da propalada
violação ao princípio a igualdade, quis o legislador prestigiar a igualdade
material, tratando de forma diferente situações reconhecidamente desiguais.
2. Embora sejam ambas entidades familiares, casamento e união estável são
figuras jurídicas distintas, distinção essa feita pela própria Constituição
ao proclamar que para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei
facilitar sua conversão em casamento (art. 226, § 3º). Ora, não haveria de
estabelecer facilidade para conversão de um instituto em outro, se o
Constituinte não os considerasse figuras jurídicas diferentes. 3. A
constitucional idade do art. 1790 do Código Civil foi proclamada pelo Órgão
Especial deste Tribunal, quando do julgamento da incidente de
inconstitucionalidade n.º 70029390374, decisão que, nos termos do art. 211
do Regimento Interno desta Corte, desfruta de força vinculante interna no
âmbito deste Tribunal. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME” (pág. 50 do documento
eletrônico 8). Neste RE, fundado no art. 102, III, a, da Constituição,
alega-se, em suma, ofensa aos arts. 1°, III, e 226, § 3°, da mesma Carta. Em
26/8/2014, determinei a devolução destes autos ao Tribunal de origem para
que fosse observado o disposto no art. 543-B do Código de Processo
Civil/1973, tendo em vista a repercussão geral reconhecida no RE 646.721-
RG/RS (documento eletrônico 10). Posteriormente, antes da nova remessa dos
autos a esta Corte, a Terceira Vice-Presidência do Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Sul, com base no julgamento do RE 646.721-RG/RS (Tema 498 da
Repercussão Geral) pelo Supremo Tribunal Federal, devolveu o processo ao
órgão prolator do acórdão impugnado para o juízo de adequação, nos termos do
art. 1.030, II, do Código de Processo Civil. Todavia, o referido órgão
manteve o seu entendimento em acórdão assim ementado: “AGRAVO DE
INSTRUMENTO. SUCESSÕES. INVENTÁRIO. PARTILHA HOMOLOGADA NA ORIGEM. RECURSO
PREJUDICADO. Julga-se prejudicado o agravo de instrumento interposto contra
decisão interlocutória proferida no bojo do inventário quando já homologada
partilha na origem, estando atualmente processo extinto. JULGARAM O RECURSO
PREJUDICADO. UNÂNIME” (pág. 21 do documento eletrônico 15). Assim, como o
órgão julgador recusou-se a se retratar, o recurso extraordinário foi

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admitido e remetido a este Tribunal, consoante o art. 1.030, V, c, do CPC. A
pretensão recursal merece acolhida. Isso porque o acórdão recorrido está em
dissonância com o entendimento desta Corte, firmado no julgamento do RE
646.721-RG/RS (Tema 498 da Repercussão Geral), de relatoria do Ministro
Marco Aurélio, e do RE 878.694-RG/MG (Tema 809 da Repercussão Geral), de
relatoria do Ministro Roberto Barroso, no sentido de que não é legítimo
diferenciar, para fins sucessórios, os cônjuges e os companheiros, ou seja,
a família formada pelo casamento e a formada por união estável. Na ocasião
do referido julgamento, o Pleno do Supremo Tribunal Federal fixou tese de
repercussão geral, nos seguintes termos: “É inconstitucional a distinção de
regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do
CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas
de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002”. Isso posto, conheço do
recurso extraordinário e dou-lhe provimento (art. 557, § 1°-A, combinado com
o art. 543-B, § 4°, ambos do CPC/1973). Publique-se. Brasília, 21 de junho
de 2019. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

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