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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

JOGAR E/OU BRINCAR? VAMOS ENTENDER!

Olá meus amigos, depois de entender um pouco sobre o jogo e sua íntima
relação com a nossa vida social, vamos, a partir de agora, procurar melhorar
nosso entendimento sobre o que seria jogar e/ou brincar? Será que podemos
pensar nessas duas ações separadamente, ou uma depende da outra? Jogar e
brincar tem o mesmo significado?

O jogar e o brincar são inerentes à vida de qualquer ser humano. Todos


nós já nos deparamos com situações que envolveram jogos e/ou brincadeiras,
não só na infância, mas em todas as fases de nossas vidas. Segundo Huizinga
(2007, p.4), ―no jogo existe alguma coisa ‗em jogo‘ que transcende as
necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação‖. Quem nunca
soltou pipa, brincou de casinha, escolinha, pião, baleado, dominó, dama, barra-
bandeira, dono da rua, enfim, todos esses jogos/brincadeiras que são bem
íntimos à nossa realidade?
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os atos de brincar e jogar são indispensáveis à vida social e sempre


estiveram presentes em qualquer povo, desde os mais remotos tempos.
Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a
socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um adulto
capaz de enfrentar desafios e de participar da construção de um mundo mais
igual, tanto do ponto de vista econômico quanto político, social e cultural.

O jogo e a brincadeira são atividades que envolvem a ludicidade. Bruhns


(1993), citado por Fensterseifer (2008, p. 270),

(...) concebe a atividade lúdica como prática social real das


relações sociais, como produto coletivo da vida humana,
podendo se manifestar no jogo, no brinquedo e na brincadeira,
desde que possua características como desinteresse,
seriedade, prazer, organização, espontaneidade.

O jogo, nas suas diversas formas,


auxilia no processo ensino-
aprendizagem da capacidade
imaginativa, na possibilidade de
interpretação, na tomada de decisão, na
criatividade, no levantamento de
hipóteses, na obtenção e organização
de dados e na aplicação dos fatos e dos
princípios a novas situações, as quais,
por sua vez, acontecem quando
jogamos, quando obedecemos a regras,
quando vivenciamos conflitos numa
situação real, etc. Através do brincar e
do jogar, o aluno forma conceitos (os
quais estão inseridos em nossa
sociedade), seleciona ideias, estabelece
relações lógicas, integra percepções, faz
estimativas compatíveis com suas
possibilidades e, o que é mais
importante, se sociabiliza.

O jogo é uma atividade rica e de grande efeito que corresponde às


atividades lúdicas, intelectuais e afetivas. É uma atividade que estimula a vida
social à medida que representa os diferentes papéis assumidos na sociedade,
desde as relações de poder (empregado x patrão, pai/mãe x filho, professor x
aluno) até as estruturas de ações comunitárias (nas diferentes profissões, na
igreja, no círculo de amigos). No campo social, os jogos permitem que o
trabalho em grupo se estruture e que os alunos estabeleçam relações de
trocas, que aprendam a esperar sua vez, que se acostumem a lidar com
regras, conscientizando-se de que podem ganhar, perder ou simplesmente
jogar. Luise Weisse (1992, p. 65) afirma que ―através do brinquedo, a criança
inicia sua integração social, aprende a conviver com os outros, a situar-se
frente ao mundo que a cerca. Ela se exercita brincando.‖
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Segundo Piaget (1967), ―o jogo não pode ser visto apenas como
divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o
aprendizado [grifo nosso] cognitivo, afetivo, social e moral.‖ Em outras palavras,
através do jogo se processa a construção do conhecimento.

Os alunos, desde pequenos, estruturam seu espaço e seu tempo,


desenvolvem a noção de causalidade, chegando à interpretação e, finalmente, à
sistematização. Além disso, os alunos ficam mais motivados para usar a
inteligência, pois querem entender melhor o jogo. Dessa forma, esforçam-se
para superar problemas, agindo nos planos cognitivo, afetivo, social e cultural,
sendo estes problemas referentes a cada faixa etária. Por fim, estando mais
motivados, os alunos ficam mais atentos durante o jogo.

―Nos domínios da psicologia, da dinâmica fisiológica, da memória,


inteligência, raciocínio, vontade, virtudes de honra, disciplina, lealdade e
obediência às regras, a brincadeira é o processo iniciador da criança‖
(CASCUDO, 2003, p. 145). Brincar não é perda de tempo nem é simplesmente
uma forma de preencher o tempo. A criança que não tem oportunidade de
brincar sente-se deslocada. A brincadeira possibilita o aprendizado integral da
criança, já que, ao brincar, ela se envolve afetivamente, opera mentalmente e
convive socialmente. Tudo isso ocorre de maneira envolvente, de modo que a
criança despende energia, imagina, constrói normas e cria alternativas para
resolver imprevistos que surgem no ato de brincar.

O jogo e a brincadeira, portanto, mesmo podendo ser definidos


separadamente, agem em conjunto, pois as atividades de jogar e brincar
propriamente ditas não se separam. Além disso, os conceitos devem moldar-se
à realidade social sem perder sua essência, e conectar-se com a totalidade dos
fatos presentes no cotidiano.

De acordo com o dicionário, o que significa?

- Jogar: do latim ―jocare‖: entregar-se ao ou tomar parte no jogo de; executar


as diversas combinações de um jogo; aventurar-se ou arriscar-se ao jogo;
perder no jogo; dizer ou fazer brincadeira; harmonizar-se.

- Brincar: ―de brinco+ar‖; divertir-se infantilmente; entreter-se em jogos de


criança; recrear-se; distrair-se; saltar; pular; dançar, (...) (Dicionário da Língua
Portuguesa – Aurélio, 1986)

Pois bem! Agora que temos um entendimento melhor sobre o que é


brincar e/ou jogar, que tal realizarmos algumas atividades? Vamos entrar no
mundo das brincadeiras e conhecer a importância desse conteúdo para as
aulas de educação física.

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