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A percepção dos jovens frequentadores das batalhas de MC’s sobre

juventude e violência e a relação com seu contexto social imediato.

1. INTRODUÇAO.

Partindo do pressuposto que os jovens frequentadores das batalhas


de mc’s tem interpretações da realidade e principalmente das normas, diferente
do grupo social majoritário, onde essa interpretação diferenciada, não advém
unicamente pela identidade de grupo e sua construção social.

A identidade de grupo, seria responsável pela identificação dos


indivíduos com o grupo, os laços que os ligam, também gerador de diferenças
de percepção, porem o que desejamos tratar aqui são as percepções gerados
por situações de exclusão de um grupo, no acesso a determinados interesses,
como esse grupo vai se diferenciando do grupo maior e dos demais grupos.

Sabemos portanto que na garantia da coesão social do grupo maior,


existem questões mais genéricas, questões essas, que perpassam por
diversos grupos menores, que possuem suas especificidades incomuns ao
grupo maior, mas nem sempre conflitantes.

Minha analise aqui, não se detém unicamente a esse fato das


diferenças dos valores dos grupos menores que constituem um grupo maior,
mas num processo onde determinados grupos menores começam a se
diferenciar radicalmente do grupo maior, até em questões genéricas, não só
pela questão de construção comum da identidade do grupo, mas o grupo se
resinifica e se especifica por uma situação de exclusão, de acessos genéricos
no grupo maior.

Utilizarei um exemplo fictício para tonar mais claro o que desejo


expressar. Imagine uma grande propriedade habitada por um grupo familiar de
cem membros, que se dividem em pequenas propriedades com dez membros
cada, cada pequena propriedade tem características próprias, por exemplo
uma se desenvolve mais no cultivo de milho, outra na pesca e na caça e por
conseguinte seguem cada com suas características econômicas e culturais.
Temos questões comuns a todos, a propriedade possui regras comuns, e
muitos costumes são genéricos ao grupo maior, as regras podem mudar
conforme os conflitos rotineiros de cada grupo 1 debatidos em assembleia.
Agora imagine que o fornecimento de agua comum a propriedade começa a
ser racionado, porem racionado para um único pequeno grupo, por qualquer
motivo que seja, esse pequeno grupo mudará seu comportamento não só em
relação a agua, mas a todo o restante do grupo maior dependendo do caminho
tomado para esse decisão e posições mais drásticas podem ser tomadas se
esse pequeno grupo não se identificar com a justificativa dessa decisão.

Veja que no exemplo a mudança de comportamento do pequeno


grupo e a construção de novos modos de relação se darão, não por sua
característica organizacional de grupo, mas por conta de não conseguir mais
impor seus interesses na disputa com os grupos e levar o ônus da situação, o
que desejo tratar aqui são os desdobramentos dos conflitos de interesses nos
grupos e como os grupos mais fracos tendem a criar modos de resistência e
até de negação do grupo maior.

2. “SEUS VALORES NÃO SÃO OS MEUS VALORES”2

Sabemos segundo SIMEL(1858-1918) que existem questões


comuns aos grupos, questões essas que os inserem num grupo maior,
identificações mais gerais, exemplificando, hipoteticamente um furto é
socialmente condenado pelos indivíduos do campo, da cidade ou para um

1
SIMEL, Georg (1858-1918). Grandes cientistas sociais, Sociologia, organizado por Moraes
Filho, Evaristo, 1914, São Paulo: Editora Ática,1983 p.90-188.

2
Fala comumente utilizada entre as juventudes modernas.
grupo de pescadores, no entanto a interpretação de um grupo de jovens da
periferia pode ser entre as quatro, a mais diferente, mostrando que questões
que esperaria ser genéricas aos grupos não sejam a esse grupo especifico.

O que faz com que esse grupo perca a identificação com questões
genéricas aos demais? Sabemos que podem haver infindas possibilidades que
podem seguir logicas, mas que não daremos conta dessa totalidade, tais como
o recorte sócio espacial a condição de classe econômica, questões étnicas
raciais, culturas regionais entre outras. O que gostaria de observar quais
comportamentos, percepções e ressignificações geradas por grupos excluídos
no caso especifico aqui tratado de jovens cantores de rap da periferia.

Nos cabe aqui um recorte onde gostaria de trazer como exemplo


uma situação vivenciada em campo.

Descrição de uma visita de campo em uma batalha mc´s

Era sexta feira a noite e me recordei que sempre havia batalhas de


mc’s na praça as sextas, por não frequentar mais aquele local não estava certo
se haveria alguma atividade, procurei nas mídias sociais informações, no
Instagram, na página especifica do evento, não tinha informações e notei pela
data das postagens, que já havia um bom tempo que não era atualizada, então
fiquei na dúvida se aquele evento de frequência semanal ainda ocorria. Eu
estava desocupado, mesmo com a incerteza de ocorrer ou não as batalhas
decidir ir mesmo assim.

Ao chegar no local estranhei, fiquei um pouco intimidado. Estava em


uma praça pública e de longe pude observar um círculo de aproximadamente
uns vinte jovens, dei mais alguns passos em direção ao local, ao chegar um
pouco mais próximo procurei entre eles alguém conhecido, avistei um rapaz
que quando criança chegou a dançar break dance comigo, fui até ele, o
cumprimentei, ele me perguntou se eu ia batalhar, disse que não, que apenas
iria observar.

Ao observar um pouco ao meu redor pude ver outros grupos como


skatistas, religiosos, estudantes e umas barracas de feira.
As batalhas começaram vemos os Mc's trazendo rimas
improvisadas, carregadas de ideologia, de protestos e também eles atacam
seus oponentes buscando falar algo de desagradável ao seu oponente e
agradável ao público.

Pouco tempo depois da batalha dar início, foi interrompida com


gritos vindos da praça, um homem gritava “ladrão pega ladrão”, os jovens
pularam os bancos e saíram correndo atrás desse possível “ladrão” e falaram:
“é ladrão má, pega ladrão... ei rapaz não pode roubar aqui não”. Todos que
estavam na batalha saíram correndo em perseguição, pouco tempo depois eles
voltam ofegantes da corrida, sorrindo e falando, “pow o cara pulou a catraca
ma... isso lá é errado ... até eu pulo a catraca... o ônibus é público errado é
pagar passagem”, pude perceber que a pessoa que deu o primeiro grito foi o
funcionário da empresa de ônibus.

Essa situação me trouxe reflexões e questionamentos, um fato que


percebi, foi na própria organização da praça onde havia uma diversidade de
grupos heterogêneos em suas atividades especificas, esses grupos
aparentemente não pareciam comunicar-se entre si, porem com o ocorrido do
possível ladrão, houve uma comunicação como de uma regra que era tácita
nos grupos expressa na fala “aqui não pode roubar”, era um local proibido de
roubo, e logo após descobrirem que a infração seria pular a catraca e não
roubo os jovens não só não reprovam a situação como se identificam, o
funcionário que faz o alerta, parece agir por impulso e não conhecer as regras
daquele espaço e como os seus frequentadores interpretam determinadas
situações , pude ver uma relação intima , entre indivíduos , cultura, espaço
geográfico especifico e uma ligação com suas interpretações de situações
cotidianas, porem isso foi uma situação especifica e dela nada pude concluir , o
que tive foi apenas algo que chamou a minha atenção para ser investigado.

De entender o contexto daqueles jovens, de como esse contexto


possa estar ou não ligado as formas que eles assumem e interpretam a
violência cotidiana, buscar por assim então entender, como a juventude
contemporânea lhe dar com a violência, como a interpreta, sua relação direta e
indireta com a violência presenciada e vivenciada de forma recorrente no dia a
dia das juventudes brasileiras.

3. NÃO É SÓ OBEDIÊNCIA AO GRUPO, É TAMBÉM,


DESOBEDIÊNCIA CIVIL.

O processo com jovens da periferia que estão em contato com a


violência e a criminalidade, estaria ligado não só as identidades de grupo ou
questões de classe, como já foi dito, nós temos um grupo gerando seus
próprios valores, porém não unicamente por sua situação de grupo, mas por
uma condição de exclusão e conflito, que será tratada mais à frente.

Há uma desobediência civil, a sociedade como grupo maior,


principalmente representado pelo Estado, a mídia e o mercado de consumo.

Das quais são instituições que estruturam valores e são estruturadas


na perspectiva de BOURDIEU (2001).

Vamos pegar um exemplo: o Estado se legitima pela concordância


moral social, que os indivíduos não devem desobedecer determinadas normas,
porém o mesmo Estado administrativo, deve contrapartidas, a exemplo em
políticas públicas. Essas políticas públicas não atingem determinados grupos e
classes sociais, esses indivíduos são excluídos e sentem, percebem isso logo
negam o grupo e desobedecem a coerção do grupo maior.

4. SERVIDÃO NÃO É OBEDIENCIA CEGA3.

A coesão grupal não se dá unicamente pela centralização da


força política e da violência legitimada pelo Estado moderno 4 , existem outros
fatores bem expressos por SIMEL(1858-1918), como os costumes dos grupos
que são feitos no cotidianos, nas relações dos indivíduos uns com os outros,
nos costumes.

3
Ver em: SIMEL, Georg (1858-1918). Grandes cientistas sociais, Sociologia,
organizado por Moraes Filho, Evaristo, 1914, São Paulo: Editora Ática,1983 p.111-112 .

4
Trato aqui da percepção de Marx Weber sobre o Estado, ver melhor em: A
política como vocação, referencias.
Ao falar das normas sociais legitimadas no Estado pensa
que a coerção estatal se expressa unicamente na centralização da força e por
deter o uso legitimado da violência, Simel afirma que não , conforme citado
anteriormente discorrerá sobre a importância que o sentido dessas normas ou
costumes devem fazer para os indivíduos e os grupos, o rei não é rei
unicamente por sua condição de herdeiro do trono ou por uma norma
legalizadora, mas por que seus súditos o fazem rei, ai está umas das funções
do sufrágio universal na democracia moderna.
Quando o autor trata sobre líderes e liderados ele fala
que o líder não exerce a sua liderança de forma imponente, mas que ele está
sujeito aos seus liderados, e que os seus liderados devem se identificar com
sua condição de líder. SIMEL(1858-1918).
Tal analogia cai muito bem para o que desejo tratar a
seguinte, pois levanto a hipótese que a exclusão do grupo ao acesso a
determinados direitos genéricos ao grupo maior, faz com que esse grupo
excluído não reconheça mais a liderança (coerção) genérica que o alinha com
o grupo maior.

O servo não ver sentindo em ter obediência a um senhor, que em


nada o beneficia, como individuo, nem grupo, e assim, aquelas normas tem
apenas seu valor punitivo(centralização do poder), onde o valor moral da
punição, nesses grupos, vai se esvaindo. Onde o próprio valor de culpa que a
punição tenta gerar fazendo com que o indivíduo ou grupo transgressor
perceba que confrontou uma regra consensual, de nada vale, pois o indivíduo
não tem para si a ideia de estar prejudicando seu grupo que já não se identifica
como grupo inteiramente integrado ao grupo maior, e aquele valor moral não
tem significação alguma.5

5. A FORÇA DE COERÇÃO DO PODER SE ESVAI.

5
Não quero jamais afirmar aqui, que toda desobediência está ligada ao caso em
questão, sabendo que existem infinitas motivações que movimentam os atores sociais, que
elas podem confluir, divergir e dar resultados imprevisíveis, o que busco aqui é descobrir se
uma dessas motivações é substanciada pela hipótese em questão, se sim, ela por assim dizer
não daria conta de responder o complexo do real , mas apenas um recorte dessa realidade. E
se for plausível dentro desse recorte, testado em outros momentos.
Quando o Estado, a sociedade não trata de forma
igualitária os diferentes grupos sociais ou não consegue fazer com que os
indivíduos não percebam essa desigualdade, este Estado perde sua força de
coerção e harmonização dos grupos, ou seja, torna-se um Estado fraco, onde a
centralização do poder não dá conta dos movimentos dos grupos.

Ele precisa ser legitimado por esses grupos, caso


contrário os grupos excluídos e não controlados se distanciarão da tentativa de
harmonização social, criarão seu próprio modo de organização, que pode
acabar sendo divergente ao todo sócio estatal.

A exemplo de determinados grupos, onde a força punitiva do Estado


age com mais força e severidade, estes grupos começarão, não só a
questionar o porquê do tratamento diferenciado, como o próprio respeito ao
setor jurídico será questionável.

Sendo assim, o medo da pena, da punição, já não basta para conter


determinadas ações, pois o valor moral intrínseco na punição, se perde 6.

Essa lógica fica bem expressa na teoria de SIMEL(1858-1918) sobre


a organização dos grupos sociais, no caso do exemplo usado pelo autor, ele
trata das relações entre os indivíduos para relações de grupo e instituições
normativas.

A partir da fala de SIMEL(1858-1918), podemos compreender como


a máquina estatal na sua forma de manipular o poder, gera a condição para
essa “desobediência civil” e quando se comporta como um Estado fraco em
suas estratégias de controle. Onde não consegue manter a legitimação da sua
dominação e permite determinadas fissuras, falhas, na incorporação dessa
estrutura e na sua exteriorização.

Portanto como questionamento trago a reflexão de Foucault em


relação ao sistema punitivo.

6
É comum a reincidência e a falta de culpa no sistema penal por exemplo.
Analisar antes os “sistemas punitivos concretos”, estudá-los como
fenômenos sociais que não podem ser explicados unicamente pela armadura
jurídica da sociedade nem por suas opções éticas fundamentais; recolocá-los
em seu campo de funcionamento onde a sanção dos crimes não é o único
elemento; mostrar que as medidas punitivas não são simplesmente
mecanismos “negativos” que permitem reprimir, impedir, excluir, suprimir; mas
que elas estão ligadas a toda uma série de efeitos positivos e úteis que elas
têm por encargo sustentar (e nesse sentido, se os castigos legais são feitos
para sancionar as infrações, pode-se dizer que a definição das infrações e sua
repressão são feitas em compensação para manter os mecanismos punitivos e
suas funções. (FOUCAULT 1999)

Entender a criminalidade na juventude e a criminalização da


juventude unicamente como uma questão juridicamente reprovável e
socialmente inaceitável é se propor a uma análise comum, observar que dentro
dos mecanismos das nossas organizações sociais há pontos de interesses de
classe e de grupos, que podem ser advindos de tais problemáticas e que
poderão servir como formas de controle e manipulação social é muito
importante na complexificaçao nas formas de atuação da sociedade.

Nas quais tais conflitos de interesses geram essas exclusões e


portanto a criação de grupos cada vez mais fechados, criadores de seus
valores próprios, cada vez menos identificados com as normas do Estado e
geradores de suas próprias normas e costumes, que se constituem vendo o
todo social como inimigos ou diferentes de seus grupos.

6. FRUTOS DE UMA MESMA ARVORE.

A substancia que faz um jovem da periferia pular a catraca, uma


senhora desviar pequenos produtos do seu trabalho e do rapaz que rouba um
celular, pode ser mais semelhante e aproximada do que se imagina.

Não falo unicamente de uma condição econômica de classe, mas de


uma desobediência civil, onde as normas perdem sua legitimidade em
determinados grupos.
Por esses grupos não se identificarem com tais regras nem com o
mantenedor delas (sociedade e Estado), sendo que essas regras claramente
beneficiam uns e excluem outros, dificilmente carregaram culpa moral por tais
atos, o máximo que os controla em tais atos é a possibilidade de punição.

Não que um grupo, que não sofra tais exclusões, não esteja sujeito a
desvios morais e desobediência. O caso em especifico que desejo tratar é uma
das motivações que levam grupos excluídos a desobedecer e não generalizar e
afirmar que toda situação de desobediência ou infração a normas e costumes,
se resumem a processos de exclusão grupal.

Esta exclusão não resultara só na desobediência civil de


resistência, tratada muito bem nas rimas de rap, porém também será
responsável pela ressignificação da realidade 7, o significado de violência para
um jovem da periferia não é o mesmo de um jovem de bairros nobres, esse
significado não se constrói unicamente por uma questão de classe econômica
que é o que salta logo aos olhos de determinados avaliadores , outros fatores
como os de grupo serão influentes, a economia pode ser um fator
determinante no afundamento das desigualdades e no delineamento da forma
desses grupos, mas não será única na permanência das desigualdades e nem
será se o Estado e a sociedade decidir na resolução delas.

A gênese dessas desigualdades, está no cotidiano, no dia a dia.


Esses grupos vão além, se institucionalizam e criam regras, já que com o
crescimento do grupo e das diferenças, as normas de conduta tácitas
(costumes) não dão conta da tentativa de organização grupal. Temos como
exemplo as facções que constroem e institucionalizam seus valores, outro
exemplo é no rap, dificilmente você será condenado por ser a favor de um
assalto a banco, mas será tratado possivelmente até de modo hostil se você
desonrar sua mãe com palavras de ofensa.

7
Os novos significados podem ser construídos, a partir do modo que os indivíduos se
relacionam cotidianamente diferente com determinadas situações, esses novos significados
podem surgir de diversas formas, Marx Weber por exemplo trata do novo significado que a
reforma protestante traz ao sentido de vocação. Esses grupos criam novos significados que se
divergirão do todo social, como já foi exemplificado de que um roubo para um jovem de
classe média é bem diferente para um jovem da periferia. E como dito essa interpretação não
se diverge unicamente pela situação de classe, outras questões perpassam a problemática.
Isso não significa que os valores não se atravessam que são
estruturas fechadas e completamente paralelas, eles coexistem se comunicam,
desarmonizam-se e se constroem.

Muito bem expresso no mundo do consumo. O jovem do rap, tão


quanto o jovem do bairro nobre, quer um iphone ou viajar para Europa. A
resistência do jovem do rap não é só a de criar um novo mundo, também é:
uma luta, para entrar no mundo que o excluí as formas que ele encontrará para
entrar então condição é que podem as vezes divergir da correta e consensual
para a maioria.

7. Teu valor não é o meu, mas o que tu tem, eu também quero


(ação e estrutura).

Os grupos excluídos e não controlados se distanciarão da tentativa


de harmonização social, criarão seu próprio modo de organização, que pode
acabar sendo divergente ao todo social.

No entanto esse grupo não se faz independente, ele ainda está


imerso no todo social e muitos dos seus valores coexistirão de forma paralela
ao grupo majoritário ou de outros modos específicos do grupo.

As noções de certo e errado podem permanecer a mesmas,


valores podem perpassar sim esses grupos excluídos, pois quando se gera um
grupo fechado ele não gera um novo modo de sociedade ele apenas cria
mecanismos de se manter, sem contar que a construção de novos valores não
significa o fim imediato de outros , se percebemos a sociedade segundo SIMEL
onde o social se constitui na interação desses indivíduos saberemos que
mesmo nesses pequenos grupos, haverá indivíduos que incorporam as novas
práticas em partes , alguns mais outros menos e que essas práticas e novos
significados se ligam a outras anteriores.

Tendo em vista o caos social, o que busco aqui no sentindo de


SIMEL, mais delimitado em WEBER com o método de tipo ideal é: exagerar
certas situações sociais a partir da abstração de uma parte da realidade,
correspondendo unicamente a esse recorte estudado, e que
consequentemente não se encontra no real, ou seja, assumo a existência de
uma totalidade, mas não abordo ela, apenas um mero fragmento, que a partir
de um recorte busco analisar

Esclarecidas pois algumas questões metodológica, retomemos o fio


de nossa reflexão, o que desejo dizer que existem valores comuns mesmo nos
grupos excluídos do qual gostaria de tratar aqui do consumo.

Os jovens das batalhas de MC’s dentro desse processo de


resistência e de desobediência, apresentam uma característica comum ao
restante da sociedade, querem o poder de consumo, de entrar na lógica de
comprar mercadorias. Eles falam muito de ostentação, a ponto de até por
serem privados a vida toda do mundo do consumo, apresentar uma forma que
para o restante da sociedade seja exagerada.

O interessante aqui para nossa reflexão é que na hipótese que


levanto, esses jovens apresentarão caminhos que se divergem moralmente da
sociedade como um todo para alcançar a finalidade do consumo, como dito
anteriormente esse jovem quer um celular de última geração tanto quanto um
jovem do grupo majoritário seja ele de classe média ou classe pobre, porem os
caminho para se chegar esse objetivo pode ser bem diferente e que não só a
situação de classe é determinante nessas diferenciações .Não só na ação
social, mas no seu próprio processo racional, no sentido das ações que os
levarão ao consumo.

8. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS.

BOURDIEU, Pierre. 1983. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco


Zero.P.112-121disponívelem:
<http://www.observatoriodoensinomedio.ufpr.br/wpcontent/uploads/2014/04/a-
juventude-e-apenas-uma-palavra-bourdieu.pdf. Acesso em: 28 ago. 2016

BOURDIEU, Pierre. 2001 Meditações Pascalianas Rio de Janeiro: Bertrand


Brasil. 2001. 324p.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel
Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987. 288p.

SIMEL, Georg (1858-1918). Grandes cientistas sociais, Sociologia, organizado


por Moraes Filho, Evaristo, 1914, São Paulo: Editora Ática,1983 p.90-188.

WEBER, M. A Política como vocação. In: WEBER, M. Ciência e Política: duas


vocações. São Paulo: Cultrix, 2011.

WEBER, Marx (1905), A ética protestante e o espirito do capitalismo. In: O


conceito de vocação em Luthero. São Paulo: EDITORA SCHWARCZ LTDA,
Companhia das Letras, 2007.

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