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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Curso de Direito

ANA LÚCIA MONTEIRO DE PAULA

JUDICIALIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS NO PROCESSO DE


GARANTIA DO DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE.

BELO HORIZONTE

2020-2
ANA LÚCIA MONTEIRO DE PAULA

JUDICIALIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS NO PROCESSO DE


GARANTIA DO DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE.

Artigo Científico Jurídico apresentado à


Universidade Estácio de Sá, Curso de
Direito, como requisito parcial para
conclusão da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso.

Orientador (a): Prof. (a).

Belo Horizonte
2020.2
RESUMO
Este trabalho trata-se de um estudo da legislação com a finalidade de
mostrar a importância do direito tributário nas Entidades sem fins lucrativos. As
entidades em sua grande maioria têm seu financiamento oriundo de doações
do setor privado, que por sua vez recebe incentivos fiscais. Essa transação
demanda uma prestação de contas relatando com transparência como foram
aplicados os recursos e todas as atividades relacionadas ao aporte recebido. A
importância da assessoria de profissionais capacitados em instituições do
terceiro setor, visando um serviço com clareza, pautado pela transparência e
exatidão. Serviços tais, que permitam que as instituições possam gozar das
prerrogativas legais. Sendo o objetivo principal do trabalho, realizar uma
análise acerca das legislações que abarcam o terceiro setor, sobretudo as que
garantem a manutenção da imunidade e das isenções tributárias. Além de
pontuar a importância da atuação de profissionais da área jurídica nestas
instituições.

Palavras chave: terceiro setor; legislação; tributos.


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 4
2 OBJETIVO GERAL 6
2.1 Objetivos Específicos 6
3 JUSTIFICATIVA 6
4 METODOLOGIA 7
5 CONSIDERAÇÕES SOBRE DO TERCEIRO SETOR 8
6 ASPECTOS FORMAIS E LEGAIS PARA A CRIAÇÃO DE UMA ENTIDADE
DO TERCEIRO SETOR 9
7 A TRIBUTAÇÃO DASCENTIDADES DO TERCEIRO SETOR 10
7.1 IMUNIDADE VERSUS ISENÇÃO TRIBUTÁRIA 12
8 IMPORTÂNCIA DA ASSESSORIA JURÍDICA NAS ENTIDADES DO
TERCEIRO SETOR
_________________________________________________________________14
9 CONSIERAÇÕES FINAIS 16
REFERÊNCIAS 19

1. INTRODUÇÃO

O direito à saúde é enfatizado no art. O artigo 126 da Constituição


federal de 1988, que traz a previsão que a saúde é direito de todas as pessoas
e responsabilidade do Estado, devendo ser protegida e promovida por meio de
políticas públicas. O principal objetivo dessas políticas é alocar recursos do
governo para garantir que sejam mais bem adaptados às principais
necessidades da população 1.
1
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, outubro de 1988. Brasília, DF,
Disponível em:
No entanto, é importante ressaltar que esse direito não é absoluto e
deve obedecer às restrições constitucionais. É neste aspecto que se
desenvolve o debate, tendo presente que, por um lado, o poder judicial não
pode desistir de julgar os motivos que lhe são apresentados, por outro lado, o
Poder Público tende ao desequilíbrio em razão das decisões que se vê
obrigado a cumprir 2.

Em decorrência do envelhecimento da população, da falta de medidas


preventivas, crises econômicas entre outros, a busca por serviços de saúde,
medicamentos, exames, procedimentos cirúrgicos através do judiciário
tornou-se recorrente, aumentando os custos do orçamento da saúde.

Como muitos cidadãos não conseguem obter atendimento, exame,


tratamento, cirurgia e medicamentos pelo SUS, alguns entraram com ações
judiciais com base nas características do direito básico à saúde na tentativa
de obrigar o Estado a prestar esses serviços. Nesse sentido, muitas são as
ações judiciais que têm finalidades semelhantes e beneficiam determinados
pacientes autores da ação 3

Ante as considerações, este trabalho dará enfoque ao direito à saúde,


sob o aspecto da judicialização, considerando os impactos no orçamento do
Estado.

O artigo tratar-se-á do direito fundamental, bem como da sua


construção e a forma como são inseridos no ordenamento jurídico brasileiro
pela Constituição de 1988, e das lutas travadas contra as injustiças como um

https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.asp.

2
CARVALHO, Geraldo Guilherme Ribeiro. COSTA, Irene Pereira. A judicialização
como forma de garantir o direito à saúde no Brasil.rev. Revista Jus Navigandi, ,
2018.Disponivel em: https://jus.com.br/artigos/70813/a-judicializacao-como-forma-de-garantir-o-
direito-a-saude-no-brasil/3. Acesso em 29 de set. 2020.

3
CARVALHO, Geraldo Guilherme Ribeiro. COSTA, Irene Pereira. A judicialização
como forma de garantir o direito à saúde no Brasil.rev. Revista Jus Navigandi, ,
2018.Disponivel em: https://jus.com.br/artigos/70813/a-judicializacao-como-forma-de-garantir-o-
direito-a-saude-no-brasil/3. Acesso em 29 de set. 2020.
reflexo pela busca em atender às demandas sociais e garantir a manutenção
do Estado Democrático de Direito.

Ainda neste tema será abordado a criação do SUS, as garantias prevista


na lei 8080/1990, mostrando a participação social, como uma forma de luta em
defesa do direito à saúde apresentando mudanças no conceito de saúde e a
proposição da saúde preventiva.

E por fim, o papel do poder judiciário no que se refere às garantias dos


direitos fundamentais.

Para construção de argumentos que sustentem o presente trabalho,


optou-se pelo uso de métodos dialéticos e quantitativos. Valendo-se de
mecanismo de busca Doutrinas, artigos científicos, legislação, jurisprudências,
monografias, revistas e estatísticas de instituições oficiais.

Diante do exposto, esta pesquisa visa desvelar as dificuldades


encontradas na efetivação do direito à saúde, que tem inspirado o fenômeno
judicial e seus impactos.

2. DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE


2.1 Constituição Federal 1988

Figurando na constituição Federal de 1988, os direitos fundamentais são


considerados como direitos válidos para todos os povos em todos os tempos,
por apresentarem como característica a origem da própria natureza humana e
como o caráter inviolável, intemporal e universal (BRASIL, 1988). 4

A construção dos direitos fundamentais foi gradual ao longo dos anos,


sendo resultado de pesquisas acadêmicas, bases teóricas e sobretudo das

4
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, outubro de 1988. Brasília, DF,
Disponível em:
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.asp.
lutas travadas contra as injustiças. De modo que esses direitos não podem ser
5
transferidos a terceiros, são indissociáveis e possuem aplicabilidade imediata.

Os direitos fundamentais são aplicados não somente nas relações entre


o Estado e o cidadão, mas também nas relações entre os particulares-
cidadãos, daí sua importância para a sociedade e para o Estado Democrático
de Direito brasileiro (Silva, 2017).6

A declaração internacional dos direitos humanos ocorrida em Nova


Iorque em 1948, foi essencial para o reconhecimento dos direitos sociais,
dentre eles o direito à saúde. A constituição da república brasileira, também se
inspirou nas declarações de direitos humanos referente aos direitos sociais,
sobretudo ao art. XXV:7

Art. XXV – Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de


assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive
alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços
sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego,
doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios
de subsistência em circunstâncias fora de seu controle (DIDHU,
1948).

A Constituição de 1988 trouxe consigo um grande avanço para os


direitos fundamentais, pois, com a sua promulgação ocorreu a instituição dos
direitos fundamentais e da proteção jurídica da sociedade associado à defesa
do corpo social e a tutela dos direitos subjetivos. Dando à saúde à devida
importância e tratando-a, como direito fundamental.

Desde a sua promulgação, a positivação destes direitos tem o objetivo


de assegurar às pessoas condições de uma vida digna e a certeza da proteção
do Estado. De maneira que os indivíduos possam gozar dos direitos

5
SILVA, Renata Custodio de Oliveira Domingueti. Os Direitos Fundamentais na
Constituição Federal: Evolução Historica eSuas Dimensões . 2017. Revista Ambito
Jurídico. Disponível em:https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/os-direitos-
fundamentais-na-constituicao-federal-evolucao-historica-e-dimensoes/. Acesso em: 01 maio
2017.
6
- Ibid.,p.02.
7
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assembleia Geral das Nações Unidas.
Nova Iorque, 1948. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-
content/uploads/2018/10/DUDH.pdf
fundamentais em condições de igualdade de forma a promover proteção e
garantias dadas pelo próprio estado de direito (GOTTI, 2012). 8

O princípio dignidade da pessoa humana, prevista no artigo 1º, inciso III


da Constituição Federal, cuja intenção, na qualidade de princípio fundamental,
é garantir ao homem o mínimo de direitos que devem ser respeitados pela
sociedade e pelo poder público, de forma a preservar a valorização do ser
humano (BRASIL, 1988).9

O direito à saúde é um direito fundamental e está inserido no rol dos


direitos sociais. Os direitos sociais são assegurados pela constituição federal
de 1988, em seus artigos 6º e 196:

Art. 6° São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição (BRASIL, CRFB, 1988).

O art. 196 traz em sua redação um conceito amplo de proteção à saúde


que inclui a medicina preventiva que substitui a medicina curativa que outrora
regia os serviços de saúde. Com a Constituição o Estado passa a ter o dever
de realizar ações de promoção, proteção e recuperação da saúde.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação (BRASIL, CRFB, 1988).

Ingo Wolfgang Sarlet, entende que os direitos fundamentais são


posições jurídicas relativas às pessoas que, em função do seu conteúdo e
importância, foram concretizadas pelo direito constitucional positivo no texto da
Constituição. Ainda segundo o Sarlet, os direitos fundamentais são os direitos
positivados na ordem jurídica que abrangem todos os demais direitos e
protegem a liberdade, a igualdade e a solidariedade. 10
8
GOTTI, Alessandra. Direitos Sociais Fundamentos, regime jurídico, Implementação e Aferição
de Resultados. São Paulo: Ed. Saraiva.2012
9
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, outubro de 1988. Brasília, DF,
Disponível em:
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.asp.
10
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 8. ed. rev. atual. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2007.
De acordo com Hesse (1991), para que a constituição tenha força
normativa é indispensável interpretá-la de modo a buscar sua plena eficácia,
que possui como principal finalidade atender os anseios e necessidades sociais
do Estado dentro da realidade social11.

As supramencionadas normas constitucionais são de caráter


programático, ou seja, anseiam alcançar metas que constituem os próprios fins
sociais do Estado, sendo destinadas solidariamente a todos os entes políticos
integrantes da organização federativa, os quais não podem converter os
direitos sociais em meras promessas institucionais, sob pena de macular-se os
enunciados da Carta Magna.12

Destarte, o autor José Cretella Júnior (2002), na obra “Comentários à


Constituição de 1988”, citando Zanobini, afirma a relevância da saúde,
entendida como pressuposto básico do exercício dos demais direitos
fundamentais:13

Nenhum bem da vida apresenta tão claramente unidos o interesse


individual e o interesse social, como o da saúde, ou seja, do bem-
estar físico que provém da perfeita harmonia de todos os elementos
que constituem o seu organismo e de seu perfeito funcionamento.
Para o indivíduo, saúde é pressuposto e condição indispensável de
toda atividade econômica e especulativa, de todo prazer material ou
intelectual. O estado de doença não só constitui a negação de todos
estes bens, como também representa perigo, mais ou menos
próximo, para a própria existência do indivíduo e, nos casos mais
graves, a causa determinante da morte. Para o corpo social a saúde
de seus componentes é condição indispensável de sua conservação,
da defesa interna e externa, do bem-estar geral, de todo progresso
material, moral e político (CRETELLA JÚNIOR, 2002, p. 4331).

A plena eficácia da constituição é uma norma jurídica munida de


imperatividade. O princípio da força normativa da constituição deve ser
adjudicado a suas normas total efetividade, de acordo com a sua soberania,
como lei fundamental de um estado que impõe legitimidade para o resto do
ordenamento jurídico.

11
HESSE, Konrad – A Força Normativa da Constituição. Tradução de Gilmar Ferreira Mendes.
Porto Alegre: safE, 1991.
12
- Ibid.,p.87
13
JÚNIOR, José Cretella,. Comentários à Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2002.
2.2 Direito à Saúde – SUS

No final da década de 80 ocorreu a 8º conferência Nacional de Saúde,


que se tornou um marco por debater o aprofundamento de temas que vieram a
fomentar a Assembleia Nacional constituinte.

No início da década de 90, a participação social, já figurava uma


trajetória da mobilização social em defesa do direito à saúde trazendo inovação
para o setor fundamentadas na concepção da saúde preventiva.

Em 19 de setembro de 1990, foi aprovada a lei orgânica da saúde, a lei


8080. A partir dessa lei foi instituído o sistema único de saúde, o SUS, que
propõe um conjunto de ações e serviços de saúde, geridos de forma
descentralizada pelas instituições públicas federais, Estaduais e municipais, da
administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público,
neste cenário a iniciativa privada participa do Sistema Único de Saúde em
caráter complementar (BRASIL, 1990).14

O SUS surgiu com a finalidade de rearranjar as ações de saúde do


Estado, tendo como princípios oferecer os cuidados da saúde de forma
universal, com equidade e integralidade.

A gestão participativa é outra proposta do SUS, que foi concebida a


partir da lei 8.142 de dezembro de 1990, que dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde, neste aspecto os
cidadãos, como conselheiros de saúde tem o poder deliberativo nas
conferências, onde decidem sobre os recurso financeiros aplicados na saúde
em cada esfera do governo, e ainda permite a comunidade a participar nas
proposições de políticas públicas baseadas no realidade local para que
atendam a demanda da região conforme redação do art.1 em seu § 2° da
referida lei.15

14
Brasil. Lei 8080 de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre a organização do SUS
disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. acesso em 20/09/2020.
15
Brasil. Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de
recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm.
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo,
órgão colegiado composto por representantes do governo,
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na
formulação de estratégias e no controle da execução da política de
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos
econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo
chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo
(BRASIL,1990).

A redação do art. 198 da constituição da República demonstra que o


SUS objetiva proporcionar bem estar social à população. 16

Art. 198 As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede


regionalizada e hierarquizada, e constituem um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes.

I-Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II-Atendimento integral, com prioridade para as atividades


preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III – Participação da comunidade.

Parágrafo único – O sistema único de saúde será financiado, nos


termos do artigo 195, com recursos do orçamento da seguridade
social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
além de outras fontes. (BRASIL, CRFB, 1988).

O art. 2º da lei 8080 /90 regulamenta o preceito disposto no art. 198 da


constituição, quando em sua redação destaca que a saúde é um direito
fundamental do ser humano, devendo o Estado prover condições
indispensáveis ao seu pleno exercício . Dessa forma, o SUS tem o objetivo de
garantir esses direitos sob o escopo das diretrizes: equidade, universalidade e
integralidade, ressaltando que a universalidade é a garantia de saúde com o
direito de todos, e o Estado é o responsável por projetar mecanismos
institucionais que garantam o acesso aos serviços sem limitação ou
impedimentos(SOUZA, 2014) 17

16
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, outubro de 1988. Brasília, DF,
Disponível em:
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.asp.

17
.SOUZA, Aione Maria da Costa; Universalidade da saúde no Brasil e as contradições da
sua negação como direito de todos. R. Katál., Florianópolis, v. 17, n. 2, p. 227-234, jul./dez.
2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rk/v17n2/1414-4980-rk-17-02-0227.pdf. Acesso
em : 2/09/2020.
É oportuno ressaltar que o SUS é um sistema de saúde complexo, e ao
longo do tempo demonstrou sua ineficiência na efetivação da saúde como
pretendia na sua criação, ficando clara as evidencias que assinalam os limites
de sua atuação, de forma que o judiciário tenha que intervir na administração
pública para que os direitos elencados na constituição e demais legislações
sejam garantidos.

3. A CRISE NA SAÚDE

A crise da saúde ocorre por vários motivos, dentre eles os recursos


públicos limitados em face dos serviços públicos intermináveis cuja a execução
cabe ao Estado.

No escopo da saúde a crise deve ser considerada sobretudo sob os


aspectos da deficiência na estrutura física, a falta de disponibilidade de
materiais, equipamentos.18

O SUS nunca teve recursos suficientes para a concretização plena dos


seus princípios e vem sofrendo restrições muito importantes no período mais
recente, com a Emenda Constitucional 95 e outras medidas que reduziram os
recursos da saúde.

A atenção primária porta de entrada do SUS, que é de responsabilidade


da esfera municipal é onde se deve realizar a promoção da saúde de forma
eficaz visando a diminuição de doenças crônicas e a não agudização das
mesmas, que se transformam em demandas de alto custo, que por sua vez
podem se tornar uma judicialização por um leito ou por medicamentos.
(BRASIL, 2017).19

18
MADEIRO. C.V.Ricardo. Crise na Saúde Pública, R. Jurídica Consulex, Nº 397, ano XVII,
p.18-23, Ago/2019.Disponível: https://consulex.com.br/crise -na saude - publica/22-0158-
7162.pdf. acesso em:19 /09/2020.
19
BRASIL. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. : Aprova a Política Nacional de
Atenção Básica,estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica,
no âmbito do Sistema Único de Saúde(SUS).. 1. ed. BRASÍLIA, DF: Ministério da Saúde, 21
set. 2017. Disponível em:
https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/19308123/do1-2017-
09-22-portaria-n-2-436-de-21-de-setembro-de-2017-19308031. Acesso em: 20 set. 2020.
A ineficiência da atenção primária tem contribuído cada vez mais para a
superlotação em hospitais públicos, que por sua vez tem filas onde milhares de
pessoas padecem esmolando um procedimento eletivo, exames, consultas ou
medicamentos.

A cena de pacientes em macas pelos corredores de hospitais a espera


de um leito em enfermaria ou em unidades de cuidados intensivos é
corriqueira nos noticiários diário. Isto se deve a deficiência no número de leitos,
falta de profissionais médicos e falta de estrutura em geral.

A precariedade dessa situação fere a dignidade do povo enquanto


usuário e dos profissionais que convivem diariamente com a falta de estrutura e
o sofrimento alheio. Tal circunstância impede o diagnóstico precoce e contribui
para uma piora nos prognósticos.20

Em virtude da ineficiência do Estado em garantir os direitos


fundamentais, principalmente o direito público subjetivo à saúde, objeto deste
estudo, que os cidadãos recorrem ao judiciário para garantir o cumprimento
das leis. 21

4. O PAPEL DO PODER JUDICIÁRIO NA ÁREA DA SAÚDE

Sobre o aspecto dos direitos sociais garantidos pela Constituição , o


Judiciário é cuidadoso no sentido de não permitir que o Estado negligencie os
direitos sob o pretexto de que são normas programáticas. Isso não justifica,
porém, descartar-se o problema da escassez de recursos como ilusório ou
secundário.

22
Barroso define a judicialização como:

20
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Fórum do Judiciário para a Saúde. Brasília, DF,
2014. Disponível em: . Acesso em: 11 ago. 2014

21
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à
saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a
atuaçãojudicial. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/estudobarroso.pdf>. Acesso em:
22 set. 2018.

22
Ibidem. p. 5
Judicialização significa que algumas questões de larga repercussão
política ou social estão sendo decididas por órgãos do Poder
Judiciário, e não pelas instâncias políticas tradicionais: o Congresso
Nacional e o Poder Executivo (…). Como intuitivo, a judicialização
envolve uma transferência de poder para juízes e tribunais, com
alterações significativas na linguagem, na argumentação e no modo
de participação da sociedade. O fenômeno tem causas múltiplas.
Algumas delas expressam uma tendência mundial; outras estão
diretamente relacionadas ao modelo institucional brasileiro .

É cada vez mais recorrente a intervenção do judiciário para garantir a


efetivação do direito à saúde. Baseado nos critérios de necessidade e
urgência, o juiz deve proteger os direitos subjetivos invocados, respeitando e
não comprometendo o direito da coletividade. Portanto, o que for concedido a
um indivíduo não pode ser negado aos demais, de maneira que a decisão deve
ser extensiva a todos com necessidades semelhantes (Santos Junior -2018). 23

Apesar das legislações sobre o direito fundamental à saúde, o Estado


não consegue prover todas as necessidades em saúde da população. A
configuração prestacional do Estado apresenta dificuldades de ser definido,
pois, exige a efetivação de políticas públicas no sentido de atuar na sociedade
como um todo. A primeira dificuldade é o fato de que a constituição não definiu
em que consiste o objeto do direito à saúde (SARLET, 2007b, p. 12). 24

A judicialização do direito à saúde, ganhou importância teórica e prática


que envolve os mais diversos setores, perpassando pela sociedade civil como
um todo, os gestores públicos, os profissionais da área da saúde e os
operadores do direito.

Assim, verifica-se que o empenho pela superação do complexo


problema que envolve a judicialização das políticas de saúde e a importância
de seu conteúdo envolve a coletividade, devendo o executivo, legislativo e

23
SANTOS, Rosilene dos, JUNIOR Antonyo Leal Direito Constitucional , Revista 170
Revista Âmbito Jurídico nº 169 – Ano XXI – Fevereiro/2018.
Disponivel:https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/03/em-uma-decada-judicializacao-da-
saude-publica-e-privada-cresce-130.shtml

24
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 8. ed. rev. atual. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2007a.
judiciário e a sociedade brasileira discutirem sobre o tema (SANTOS e
JUNIOR, 2018).25

Para Mendes, (2012) a intervenção do poder judiciário é fundamental


para o efetivo exercício da cidadania e que as decisões judiciais tem
significado um forte ponto de tensão entre os elaboradores e executores das
políticas públicas, que se veem forçados a garantir que os direitos sociais das
mais diversas áreas,muitas vezes contrastantes com a política estabelecida
pelos governos para a área de saúde e que estão além das possibilidades
orçamentárias do Estado (MENDES, 2012). 26

De acordo com a notícia divulgada em 19 de março de 2019, no jornal


Folha de São Paulo, um estudo solicitado pelo Conselho nacional de Justiça,
mostra que os números referentes a ações judiciais relativas á saúde no
Brasil teve um aumento de130% no período de 2008 a 2017. Essas demandas
contra o SUS e a Saúde Suplementar requerem desde novos medicamentos,
procedimentos de alta complexidade a leitos hospitalares e consultas. 27

O papel importante do Poder Judiciário é o de interpretar a norma, de


forma que venha resguardar os direitos adquiridos pela própria norma e ao
mesmo tempo assegurar o respeito ao ordenamento jurídico 28.

Barroso (2007), afirma que o sistema de saúde apresenta indícios de


perecer em virtude do excesso de judicialização, falta de critério e
voluntarismos diversos. Conforme o autor, as decisões extravagantes que

25
SANTOS, Rosilene dos, JUNIOR Antonyo Leal; Direito Constitucional , Revista 170
Revista Âmbito Jurídico nº 169 – Ano XXI – Fevereiro/2018.
Disponivel:https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/03/em-uma-decada-judicializacao-da-
saude-publica-e-privada-cresce-130.shtml

26
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Direito Constitucional. 7. ed.
rev. atual. São Paulo Saraiva: 2012.
27
FOLHA de São Paulo: Em uma década, judicialização da saúde pública e privada cresce
130%. Em uma década, judicialização da saúde pública e privada cresce 130%. 2019.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/03/em-uma-decada-judicializacao-
da-saude-publica-e-privada-cresce-130.shtml. Acesso em: 20 set. 2020.
28
Rosa, Tatiana. Judicialização da Saúde: CONASS e conselho nacional de justiça
debatem a questão das ações Judiciais na saúde. R. Consensus. 2016. Nº 19 abril, maio e
junho de 2016, p. 12-17.disponível em:
https://www.conass.org.br/biblioteca/pdf/revistaconsensus_19.pdf. Acesso em: 20/09/2020.
condenam a Administração Pública ao custear tratamentos implausíveis,
quanto a acessibilidade ou essencialidade, também obsevado em
medicamentos experimentais sem eficácia comprovada e terapias
alternativas.29

Os excessos e inconsistências além de problemáticos entre si, colocam


em risco o prosseguimento das políticas de saúde públicas transtornando a
atividade administrativa e evitando o uso racional dos recursos públicos.
Embora a jurisprudência brasileira tem a prerrogativa de impedir que políticas
coletivas, direcionadas à promoção da saúde, sejam devidamente
implementadas, o excesso de Judicialização das decisões políticas pode
impedir as garantias previstas na Constituição Federal. Revelando assim a
concessão de privilégios a alguns jurisdicionados em detrimento da
coletividade, que continua dependente das políticas universalistas
implementadas pelo Poder Executivo.(BARROSO, 2007). 30

A garantia do direito fundamental à saúde se esbarra uma série de


conflitos. dentre eles o princípio do mínimo existencial, da reserva do possível e
o da dignidade humana, este último, compreendido por Ingo Sarlet como : 31

Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e


distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo
respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade,
implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres
fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer
ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir
as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de
propiciar e promover sua participação ativa co-responsável nos
destinos da própria existência e da vida em comunhão dos demais

seres humanos (SARLET, 2012, p. 64).

29
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à
saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial
2007. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/estudobarroso.pdf>. Acesso em: 22 set.
2020.
30
Ibidem. p. 3
31
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 11. ed. rev. atual. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2012.
De acordo com os artigos 1º,5º e 6º da Constituição Federal de 1988,
que trata os direitos fundamentais: o direito à saúde, à educação e à
alimentação são elencados como os três pilares que sustentam o conceito de
mínimo existencial.32

Contudo, a dimensão positiva dos direitos sociais toam como


embasamento avesso à judicialização, ao se interpretar que o art.6º da CF
trata-se de uma norma progmática com, alta densidade semântica e baixa
efetividade social e jurídica, limitando-se a estabelecer planos e diretrizes a
serem implementados pelo Estado para efetivação desses direitos (kremer
2006). 33

Nessa perspectiva, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar


Mendes afirma: 34

A dependência de recursos econômicos para a efetivação dos


direitos de caráter social leva parte da doutrina a defender que as
normas que consagram tais direitos assumem a feição de normas
programáticas, dependentes, portanto, da formulação de políticas
públicas para se tornarem exigíveis. Nesse sentido, também se
defende que a intervenção do Poder Judiciário, ante a omissão
estatal quanto à construção satisfatória dessas políticas, violaria o
princípio da separação dos Poderes e o princípio da reserva do
financeiramente possível. (MENDES e BRANCO, 2012p. 706).

Em contrapartida observa-se o princípio da reserva do possível , que


limita a atuação do Estado em efetivar o direito à saúde de acordo com suas
possibilidades orçamentárias. De modo que, o Estado, baseado no principio
da reserva do possível pode apenas ser obrigado a prestar determinada ação
ou serviço em benefício de alguém se isso não onerar os cofres públicos de

32
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, outubro de 1988. Brasília, DF,
Disponível em:
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.asp.

33
KRAMER, Ana Cristina. O Poder Judiciário e as ações na área de saúde. 2006 Disponível
em:2006

34
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Direito Constitucional. 7. ed.
rev. atual. São Paulo Saraiva: 2012.
maneira que inviabilize a prestação da ação ou serviço a outras pessoas, nem
comprometa a implementação de políticas públicas em outras áreas sociais
(kremer 2006).35

Com relação ao principio da reserva do possível, há discordâncias entre


as correntes doutrinárias. Por ter sido criada pelo direito alemão, não poderia
ter aplicação no direito brasileiro, Andreas Krell concorda com essa doutrina e
afirma que :36

O princípio da reserva do possível consiste em uma falácia,


decorrente de um Direito Constitucional comparado equivocado, na
medida em que a situação social brasileira não pode ser comparada
àquela dos países membros da União Européia (KRELL, 2012, p 53).

Referente a aplicação do principio da reserva do possível no direito a


saúde o autor entende:37

Se os recursos não são suficientes, deve-se retirá-los de outras


áreas (transportes, fomento econômico, serviço da dívida) onde sua
aplicação não está tão intimamente ligada aos direitos mais
essenciais do homem: sua vida, integridade e saúde. Um relativismo
nessa área poderia levar a ponderações perigosas e anti-humanistas
do tipo ‘por que gastar dinheiro com doentes incuráveis ou
terminais? (KRELL, 2012, p.53).

Ante ao embate entre o princípio do mínimo existencial e o princípio da


reserva do possível, cabe buscar um recurso através do critério da
ponderação, que deverá ser elaborado de acordo com cada caso concreto,

35
KRAMER, Ana Cristina. O Poder Judiciário e as ações na área de saúde. 2006 Disponível
em:2006

36
KRELL, Andreas Joachim. Direitos Sociais e Controle Judicial no Brasil e na Alemanha: os
(des)caminhos de um direito constitucional “comparado”. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris
Editor, 2002, p. 53-54. 25

37
KRELL, Andreas Joachim. Direitos Sociais e Controle Judicial no Brasil e na Alemanha: os
(des)caminhos de um direito constitucional “comparado”. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris
Editor, 2002, p. 53-54. 25
valendo-se do princípio da proporcionalidade. Nesse aspecto, o Ministro Gilmar
Mendes considera que: 38

Ante a impreterível necessidade de ponderações, são as


circunstâncias específicas de cada caso que serão decisivas para a
solução da controvérsia. Há que se partir, de toda forma, do texto
constitucional e de como ele consagra o direito fundamental à saúde

(MENDES, 2011, p. 685).

Ainda sobre o conflito desses princípios em relação ao direito à saúde,


Ingo Sarlet se manifestou:39

Embora tenhamos que reconhecer a existência destes limites fáticos


(reserva do possível) e jurídicos (reserva parlamentar em matéria
orçamentária) implicam certa relativização no âmbito da eficácia e
efetividade dos direitos sociais prestacionais, que, de resto, acabam
conflitando entre si, quando se considera que os recursos públicos
deverão ser distribuídos para atendimento de todos os direitos
fundamentais sociais básicos (...) em se tendo em conta que a nossa
ordem constitucional (acertadamente, diga-se de passagem) veda
expressamente a pena de morte, a tortura e a imposição de penas
desumanas e degradantes mesmo aos condenados por crime
hediondo, razão pela qual não se poderá sustentar - pena de ofensa
aos mais elementares requisitos da razoabilidade e do próprio senso
de justiça - que, com base numa alegada (e mesmo comprovada)
insuficiência de recursos – se acabe virtualmente condenando à
morte a pessoa cujo único crime foi o de ser vítima de um dano à
saúde e não ter condições de arcar com o custo do tratamento
(SARLET,1988,p.13).

O que está em jogo, na complexa ponderação aqui analisada, é o direito


à vida e à saúde de uns versus o direito à vida e à saúde de outros. Não há

38
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Direito Constitucional. 7. ed.
rev. atual. São Paulo Saraiva: 2012.
39
SARLET, Ingo Wolfgang. Algumas considerações em torno do conteúdo, eficácia e
efetividade do direito à saúde na Constituição de 1988. Revista Eletrônica sobre a Reforma
do Estado. Salvador, n. 11, set. 2007.
solução juridicamente fácil nem moralmente simples nessa questão.
(BARROSO, 2007).40

Desta forma, fica evidente que a ponderação de interesses,


considerando as peculiaridades de cada caso concreto, é a melhor forma de se
estimar o grau de imprescindibilidade da concessão da tutela pelo Poder
Judiciário nos casos de omissão do Estado em efetivar o direito à saúde, de
modo que, quando constatada a urgência da medida jurisdicional, o argumento
da reserva do possível deverá ceder para que a saúde e a integridade do
paciente sejam preservadas.41

40
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à
saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial
2007. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/estudobarroso.pdf>. Acesso em: 22 set.
2020.
41
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à
saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial
2007. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/estudobarroso.pdf>. Acesso em: 22 set.
2020.
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista o direito à saúde, acredita-se que a omissão do Estado na


implementação de políticas públicas voltadas à promoção e manutenção da
saúde dos cidadãos, seja a principal causa da judicialização da saúde.

De modo que para que seus direitos sejam reconhecidos perante ao


Estado, recorem ao poder judiciário. Assim, por meio da via judicial, são feitos
pedidos para cada caso com base no direito fundamental à saúde.

No entanto, medidas para mitigar a judicialização da saúde podem ser


inseridas nas políticas públicas, tais como: qualificação dos profissionais, com
foco na humanização, assistência e soluções em saúde; criar ferramentas de
informação e comunicação clara das políticas de atendimento disponíveis na
rede de atenção. De forma geral dar efetividade à estratégia a saúde da
família - PSF; fortalecer, qualificar e expandir as ações de prevenção,
promoção e proteção da saúde para atender a demanda da Atenção Básica.
Pois, a efetividade da atenção Básica é essencial para reduzir a judicialização,
sob o aspecto da prevenção de doenças e da promoção da saúde.

Conclui-se que é urgente que o Judiciário tome ações mais


coordenadas e estratégicas para tornar o processo decisório efetivo e
universal, buscando sempre o equilíbrio entre os interesses de ambas as
partes, buscando o bom senso e ponderando princípios e direitos para obter o
melhor desfecho em um determinado caso. Visando sempre a realização dos
objetivos principais do direito fundamental à saúde, que é o de garantir aos
cidadãos uma vida saudável, o acesso à saúde e a prerrogativa de litigar por
seus direitos individuais.
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legitimidade democrática. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2008-dez-
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2007. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/estudobarroso.pdf>. Acesso em: 22 set.
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no âmbito do Sistema Único de Saúde(SUS).. 1. ed. BRASÍLIA, DF: Ministério da Saúde, 21
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