Você está na página 1de 6

2.

2 ARSÊNIO
O elemento Arsênio é considerado um semi-metal que incide naturalmente na crosta
terrestre, em mais de 200 minerais conhecidos e, também, está presente em nosso corpo. Este
elemento é liberado ao meio ambiente por processos naturais como: o contato de corpos
hídricos com rochas na presenta do elemento (dissolução), erupções vulcânicas, dispersão de
poeiras, dentre outros e, por processos antropogênicos como a: aplicação de agrotóxicos,
mineração de metais não ferrosos e fundição, combustão de carvão e madeira e incineração de
lixo. (EAM, 2012) “Suas incidências em graus elevados no meio ambiente e suas
consequências nocivas - principalmente por contaminação de águas e seu consumo
(Hidroarsenismo) - tornaram-se uma problemática mundial, pois o Arsênio é considerado o
elemento contaminante mais prejudicial à saúde humana, por acometer aproximadamente 40
milhões de pessoas no mundo com doenças graves (CUNHA & DUARTE, 2008)”.

2.2.1 CARACTERÍSTICAS
A dispersão de Arsênio ao ambiente vincula-se à sua configuração química e/ou sua
interação com outros elementos presentes no meio: O Arsênio, por si próprio, é insolúvel em
água, entretanto, combinado a outros compostos químicos, torna-se solúvel e com alto
potencial de contaminação dos lençóis freáticos nas suas formas orgânicas e inorgânicas, onde
as formas inorgânicas dispõem-se com tri ou pentavalência, sendo a primeira forma a mais
tóxica, ilustrada pelos compostos: Trióxido de Arsênio (As 2O3 → As+3 + O-2) e Arsenito de
Sódio (NaAsO2 → Na+ + [AsO2]n -n, As com nox +3), mais abundantes em sua categoria
(EAM, 2012).

O elemento em questão é introduzido nos corpos d’água por deposição atmosférica,


dissolução de rochas, ação de efluentes industriais, resíduos de mineração, etc.; ademais, nos
solos, o As pode ser encontrado inerte ou com pouca mobilidade, combinado a óxidos de
ferro, alumínio e magnésio, todavia, pode adquirir mobilidade, ao libertar-se da fase sólida
por condições redutoras do pédon, que o habilitam à contaminação dos lençóis freáticos
(EAM, 2012).

A maior toxicidade de compostos com a presença de Arsênio está atrelada à sua maior
capacidade de solubilidade e mobilidade na água e em líquidos biológicos. O grau de
toxicidade dos compostos é descrita na ordem crescente de toxicidade: Arsênio elementar <
Compostos Arsônicos < Compostos pentavalentes orgânicos < Arsenatos inorgânicos <
Compostos trivalentes inorgânicos < Arsenitos inorgânicos < Arsina; outras espécies químicas
como a Arsenocolina (AsC - (CH3)3As+CH2CH2OH) e Arsenobetaína (AsB -
(CH3)3As+CH2COO-) são consideradas com baixa toxicidade e, a Arsina (AsH 3), tida como
composto inorgânico mais perigoso, por ser inflamável, em temperatura ambiente, além de
provocar hemólise e falhas renais ao homem (ASSIS, 2006). Os casos de contaminação por
Arsênio estão associados à ingestão de água ou alimentos que possuam concentrações
elevadas. Os compostos arsênicos estão prendidos à propensão cancerígena quando há a
ingestão desse contaminante, além de problemas cardiorrespiratórios, perturbações
neurológicas e sintomas iniciais, como: vômito, diarréia, dor muscular, fraqueza,
formigamento, lesões dérmicas, dentre outras, representados na figura seguinte:

Figura x. Lesões dérmicas em pés e mãos pela contaminação de As.


Fonte: google imagens.

2.2.2 LEGISLAÇÃO
A conjuntura legislativa que almeja podar e administrar as emissões de Arsênio ao
meio ambiente, estipula limites de concentração do elemento aos diversos usos das águas e
apropriação dos solos para manter a integridade da saúde pública, evitando futuras
calamidades, lê-se na tabela abaixo:

Tabela x. Orientações e definições de concentração de As.


Meio Concentração Comentário Referência
Água potável 0,01 mg/L Padrão de potabilidade Portaria 2914/2011
15 mg/kg* Valor de Prevenção
35 mg/kg* VI cenário agrícola-APMax
Solo CONAMA 420/2009
55 mg/kg* VI cenário residencial
150 mg/kg* VI cenário industrial
10 μg/L VMP (consumo humano)
Água
200 μg/L VMP (dessedentação de animais) CONAMA 396/2008
subterrânea
50 μg/L VMP (recreação)
Águas doces1 0,01 mg/L VM (classes 1 e 2) CONAMA 357/2005
0,14 μg/L VM – pesca/cultivo de
organismos (classe 1)
0,033 mg/L
VM (classe 3)
VM (classe 1)
0,01 mg/L
1 VM pesca/cultivo de organismos
Águas salinas 0,14 μg/L CONAMA 357/2005
(classe 1)
0,069 mg/L
VM (classe 2)
VM (classe 1)
0,01 mg/L
Águas VM pesca/cultivo de organismos (
0,14 μg/L CONAMA 357/2005
salobras1 classe 1)
0,069 mg/L
VM (classe 2)
Efluentes1 0,5 mg/L Padrão de lançamento CONAMA 430/2011
1
Arsênio Total; * = peso seco; VI = Valor de Investigação; APMax = Área de Proteção Máxima; VMP = Valor
Máximo Permitido; VM = Valor Máximo.

Fonte: retirada de EAM, 2012 (Ficha de Informação Toxicológica).

A tabela acima expressa os níveis aceitáveis de concentração para usos da água e do


solo, regidos pela Portaria 2914 do Ministério da Saúde a qual é específica quanto parâmetros
de qualidade de água e restringe a concentração de As para água potável a 0,01 mg/L, assim
como das Resoluções do CONAMA 357/05 e 396/08 atribuindo as concentrações de As Total
para águas superficiais (em mg/L) e águas subterrâneas (em μg/L), respectivamente, além da
Resolução 420/09 que restringe valores de controle do Arsênio no solo (em mg/Kg de peso
seco amostral) para os diversos usos da terra, considerando suas localidades.

2.2.3 PRÉ-TRATAMENTO DA CONTAMINAÇÃO POR ARSÊNIO


O tratamento preliminar adequado à remoção de Arsênio de corpos hídricos sintetiza-
se no cronograma: co-precipitação e adsorção, adição de cal, uso de meios sortivos, troca
iônica, utilização de membranas e remoção microbiológica; dividido em duas fases, onde na
1ª há a aferição do grau de contaminação do líquido para posterior tratamento apropriado
(SPERLING, 2002).

Segundo Sperling (2002), o cronograma é explicitado em:

Adição de cal: a utilização de cal, seja como óxido ou na


forma hidratada, permite que o hidróxido precipitado atue
como sorbente. A eficiência desta técnica situa-se no intervalo
de 40 a 70 % de remoção de arsênio, sendo mais eficiente em
faixas mais elevadas de pH (10.6-11,4).

Adsorção por ferro: os precipitados de ferro, formados pela


oxidação do ferro dissolvido na água, apresentam uma forte
afinidade para adsorção de arsênio.
Outros meios sortivos: como meios sortivos podem ser
utilizados ainda a alumina ativada, o carvão ativado, a bauxita
ativada e óxidos de titânio e silício.

Troca iônica: trata-se de processo tradicionalmente utilizado


para remoção de contaminantes.

Técnicas de membrana: uso de membranas de alta eficiência


que promovem a retenção física do arsênio.

Uso de microrganismos: podem ser utilizados microrganismos


capazes de oxidar o arsênio em condições de pH neutro, tais
como as ferrobactérias, ou ainda a assimilação de arsênio por
algas.

O cronograma de Tratamento de remoção de Arsênio prostrou-se com duas etapas,


onde a segunda dividiu-se em 6 outras etapas que funcionam como mecanismo físicos,
químicos e biológicos para a subtração do elemento poluente.

2.3 CIANETOS
É uma classe de compostos orgânicos e inorgânicos que possuem o grupamento ciano
(C N) em sua composição. Encontram-se normalmente em forma de íon (CN-), tiocianatos e
cianatos, que proporcionam a esse grupo químico, variedade de características. Estes
elementos podem ser simples - facilmente convertidos em gás cianídrico - dos quais: metais
alcalinos e alcalinos terrosos e o ácido cianídrico (HCN) fazem parte; e complexos, os quais
requerem mecanismos mais específicos para decompô-los (FOSFERTIL).

2.3.1 CARACTERÍSTICAS
Os compostos de cianeto são utilizados na extração e recuperação de minerais a partir
das minas (especialmente prata e ouro), na galvanização de metais, produção de nylon,
plástico, sabão, detergentes, fertilizantes, medicamentos contra o câncer e pressão arterial,
dentre outros; os descartes desses processos, geralmente, compõem os efluentes que
contaminarão os corpos receptores e gerarão impactos ambientais relacionados à alteração ou
degradação da qualidade de água, sobretudo envolvendo a biota aquática, o seu habitat e o
consumo humano (FOSFERTIL).

Os cianetos livres (CN- e HCN) são tóxicos a todo tipo de vida aeróbia, pois seu efeito
sobre o organismo é o bloquear o transporte de oxigênio no metabolismo. São absorvidos
ligeiramente via cutânea, via respiração ou ingestão, e conduzidos pelo plasma do sangue,
afetando enzimas importantes promotoras da respiração celular.A toxicidade do íon cianeto
está estreitamente ligada à capacidade de dissociação do íon complexo, habilitando a
liberação de compostos tóxicos que são os cianetos livres (FOSFERTIL).

2.3.2 LEGISLAÇÃO
Uma norma que rege os níveis de concentração para cianetos é a Resolução do
CONAMA de número 430/11 a qual prevê nos seus limites: concentrações igual ou abaixo de
1 mg/L de cianetos para quaisquer tipos e usos das águas previstos na Resolução 357/05 do
mesmo Conselho, visando o auto grau de toxicidade e periculosidade que os cianetos,
especificamente os cianetos livres, oferecem à saúde humana. Vide tabela abaixo.
Tabela y. Valores máximos de concentração para cianetos.
Parâmetros Inorgânicos Valores Máximos Referência
Cianeto total 1.0 mg/L CONAMA 430/11
Cianeto livre (destilável por ácidos fracos) 0,2 mg/L CONAMA 430/11
Fonte: editada de Resolução 430/11 do CONAMA.

2.3.3 TRATAMENTO DA CONTAMINAÇÃO POR CIANETOS


O tratamento para remoção de cianetos em efluentes acontece, sobretudo, de duas
maneiras: Degradação natural e Oxidação através de produtos químicos específicos. A
Degradação natural processa-se na acumulação do efluente poluído em barragens por tempo
determinado até que os compostos mais complexos sejam consumidos por reações químicas
diversas, fato comprovado pela não produção de efluente específico ao descarte do processo;
a Oxidação desenvolve-se com a adição de reagentes químicos (peróxido de hidrogênio,
hipoclorito de sódio, ozônio, etc.) ao corpo poluído para consumir os elementos mais tóxicos
e tiocianatos, entretanto, pode produzir outros elementos poluentes ao sistema
(FOSFERTIL)..
Por outra perspectiva, uma forma bastante eficiente de eliminar cianetos livres e
tiocianatos é a utilização do lodo biológico, chegando a consumir 99,9% dos poluentes,
mostrando-se limitado para com cianetos complexados, sendo sua degradação parcial
(FOSFERTIL).

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, R. A. Aperfeiçoamento e aplicações de uma metodologia para análise de


especiação de arsênio por eletroforese capilar com detector de ICPMS. Rio de Janeiro:
PUC, 2006. p.54.
CUNHA, P. D. R.; DUARTE, A. A. L. S. Remoção de Arsénio em águas para consumo
humano. Braga: Universidade do Minho, 2008.

EAM (DIVISÃO DE TOXICOLOGIA, GENOTOXICIDADE E MICROBIOLOGIA


AMBIENTAL). Arsênio - Ficha de Informação Toxicológica. São Paulo: CETESB, 2012.

FOSFERTIL. Justificativas técnicas para alterações do Parâmetro cianeto. Disponível


em: <
http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/DD773F47/PropCianeto357_Fosfertil.pdf >
Acesso em: 29 junho 2014.

SPERLING, E. Considerações sobre o problema do Arsênio em Águas De


Abastecimento. VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Belo
Horizonte: SIBESA, 2002.

Você também pode gostar