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O Pós-Modernismo (RESPOSTAS) • 1

A prosa pós-moderna

1. À beira da morte, Dito mostra sua afeição pelo irmão ao querer conversar a sós com ele. No
trecho, o menino diz que gosta de Miguilim da mesma forma como gosta de sua própria mãe
e Miguilim, demonstrando grande consternação com a vindoura morte do irmão, nos faz
perceber a grande afeição que também ele sentia por Dito.

2. As últimas palavras de Dito são para confortar o irmão dizendo: “vou ensinar o que agorinha
eu sei, demais: é que a gente pode ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim
que acontece acontecendo. A gente deve de poder ficar então mais alegre, mais alegre, por
dentro!”

3. Especificamente nesse texto de Guimarães Rosa, o autor dedica-se a retratar o mundo infantil
de Miguilim em toda a sua amplitude, inclusive no que diz respeito à linguagem. Em trechos
como “mesmo ceguinha mesmo” ou “mesmo com toda coisa que acontece acontecendo” —
contidos nas falas dos meninos —, ou ainda na repetição do nome do personagem, ao invés
do uso de outros elementos coesivos, como em “E o Dito quis rir para Miguilim. Mas Miguilim
chorava aos gritos, sufocava, os outros vieram, puxaram Miguilim de lá”, percebe-se algo da
linguagem infantil. As repetições e construções das frases as tornam diferenciadas quando
comparadas a uma linguagem mais formal, porém são estruturas extremamente comuns na
fala das crianças.

4. O narrador é Riobaldo, jagunço que conta sua história.

5. O interlocutor de Riobaldo é um senhor da cidade, esclarecido. Percebe-se essa característi-


ca pelo fato de que ele toma notas em uma caderneta.

6. A linguagem é regionalista, oral e inventiva, tanto no que diz respeito à sintaxe quanto em
relação ao léxico.

7. Na década de 1930, o regionalismo era realista, procurando denunciar os problemas caracte-


rísticos do Nordeste, tais como a seca, a migração, a exploração do trabalho, etc. Guimarães
Rosa pratica outra forma de regionalismo, na qual o caráter específico do sertão é apenas
um pretexto para a abordagem de temas universais e arquetípicos. Em sua obra, o sertão
não é um espaço geográfico, mas mítico.

8. 4 No início do texto, o narrador diz que a história se passa num lugar longe daqui. O advérbio
de lugar coloca o leitor e o narrador no mesmo ponto.
4 A linguagem apresenta um tom mais infantil, como percebemos na utilização do diminu-
tivo cabecinha e na expressão “um tico de cuspe”. Tal recurso confere à linguagem, no
decorrer da obra, um caráter afetuoso.

9. O início da narrativa assemelha-se ao Era uma vez dos contos de fadas. O fato de a história se passar
num local distante daqui (onde estamos) e de a personagem ser identificada como um certo Miguilim
leva-nos a atribuir à narrativa um caráter mais lendário, indefinido, não histórico.
O Pós-Modernismo (RESPOSTAS) • 2

10. Miguilim, como outras personagens de Guimarães Rosa, possui uma percepção sensorial do
mundo, cuja saudade é traduzida por uma sensação física, e aliviada por um recurso tam-
bém material: “um tico de cuspe” nas ventas. Miguilim, por enquanto, interpreta o mundo
por meio do corpo.

11. Macabéa mostra-se uma mulher que acredita nas pessoas, ingênua, pobre, humilde e muito
sofrida.

12. Tamanha era a simplicidade de Macabéa que, até a leitura das cartas, ela não sabia que sua
vida havia sido — e ainda era — muito ruim. A descoberta se dá apenas no momento em que
a cartomante revela à própria Macabéa como é sua vida, que recebe essa informação como
se fosse uma grande novidade: “Macabéa empalideceu: nunca lhe ocorrera que sua vida fora
tão ruim. Madama acertou tudo sobre o seu passado, até lhe disse que ela mal conhecera pai
e mãe e que fora criada por uma parente madrasta má. Macabéa espantou-se com a revela-
ção: até agora sempre julgara que o que a tia lhe fizera era educá-la para que ela se tornasse
uma moça mais fina.”

13. 4 A voz do narrador aparece claramente nos trechos “Seus olhos estavam arregalados por
uma súbita voracidade pelo futuro (explosão)”. “E eu também estou com esperança enfim”
e “ela que, como eu disse, até então se julgava feliz.”
4 Tal expressão aparece em momentos cruciais no trecho transcrito: a primeira vez é quan-
do a cartomante vai ler as cartas para Macabéa (“Macabéa separou um monte com a mão
trêmula: pela primeira vez ia ter um destino. Madama Carlota (explosão) era um ponto
alto na sua existência”); o segundo momento é quando a cartomante vê uma mudança de
rumo na vida daquela personagem (“E eis que (explosão) de repente aconteceu: o rosto de
madama se acendeu todo iluminado”); o terceiro é a reação de Macabéa diante do belo fu-
turo que a cartomante lhe desenha (“Madama tinha razão: Jesus enfim prestava atenção
nela. Seus olhos estavam arregalados por uma súbita voracidade pelo futuro (explosão).”

14. No trecho transcrito, uma mulher, que veste um casaco marrom, passeia pelo Jardim Zoo-
lógico e vê os leões e a girafa. Percebemos que a banalidade do fato narrado não é típica.
Essa é uma característica da obra de Clarice Lispector, que perscruta o banal em busca de
significados subjacentes.

15. Segundo o texto, a personagem queria adoecer, ou seja, descobrir o ódio que desconhecia.

16. Os parágrafos iniciam-se com a conjunção adversativa mas porque, em busca do ódio, a
personagem depara-se com o amor dos leões e com a inocência da girafa: era primavera, e
aquele não era o lugar para se aprender o ódio.

17. Clarice Lispector centra sua narrativa no mundo interior da personagem. A ação externa é
quase irrelevante para o texto. O narrador preocupa-se em registrar os pensamentos e sen-
sações da personagem, levando o leitor a acompanhar os processos de descoberta que ela
vive.

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