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ESTÁGIO I - METODOLOGIA

Professor Me. João Batista Pereira


Atualização: Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva

graduação
ADMINISTRAÇÃO

MARINGÁ-pr
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva


Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenação de Marketing: Bruno Jorge
Coordenação Comercial: Helder Machado
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Curso: Reginaldo Aparecido Carneiro
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Jaime de Marchi Junior, José Jhonny Coelho, Luiz
Fernando Rokubuiti e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo
Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Gabriela Fonseca Tofanelo, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina
Kutsunugi e Maria Fernanda Canova Vasconcelos.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR


CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
a distância:

C397 Estágio I - Metodologia/ João Batista Pereira, Patrícia Ro
drigues da Silva. Maringá - PR, 2012.
197 p.

“Graduação em Administração - EaD”.


1. Administração. 2. Metodologia científica. I.Título.

CDD - 22 ed. 658


CIP - NBR 12899 - AACR/2

“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site PHOTOS.COM.

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ESTÁGIO I - METODOLOGIA

Professor Me. João Batista Pereira


Atualização: Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva
APRESENTAÇÃO DO REITOR

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos.
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no
mundo do trabalho.

Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos
nossos fará grande diferença no futuro.

Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso


de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos
brasileiros.

No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas


do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-ex-
tensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que
contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.

Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação
continuada.

Professor Wilson de Matos Silva


Reitor

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Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de
Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se
fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da
realidade social em que está inserido.

Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.

Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.

Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.

Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!

Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo

Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR

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APRESENTAÇÃO

Livro: ESTÁGIO I – METODOLOGIA


Professor Me. João Batista Pereira
Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva

Caro acadêmico, é com muito prazer que apresento a você o livro de Estágio I – Metodologia do
curso de Administração. O material que será apresentado procurará demonstrar a importância
do conhecimento científico não somente para o universo acadêmico, mas também para o
mundo corporativo.

Minha experiência como docente do curso de Administração me trouxe reflexões, que por
muitas vezes percebi ser os anseios também de meus alunos. Anseios esses que circundam
desde o desenvolvimento de trabalhos em sala de aula, passam pelas expectativas e
ansiedades da monografia e, posteriormente, chegam ao ambiente empresarial, quando estes
egressos deparam-se com as exigências e competitividade do mercado de trabalho.

Você pode se perguntar: por que aprender sobre ciência? Sobre métodos de pesquisa? Sobre
desenvolvimento de projetos, artigos e trabalhos monográficos? Posso dizer a você que, a
partir do momento em que entendemos o “esquema” dos métodos de pesquisa, nossa vida
enquanto planejamento se torna mais fácil, pois a partir desse momento passamos a estruturar
melhor todos os projetos que pensamos em desenvolver.

Mas, antes de falarmos do método de pesquisa em si, torna-se importante refletir sobre os
aspectos epistemológicos da pesquisa científica, iniciando sobre uma reflexão do que é ciência
e a sociedade do conhecimento.

Eu poderia acrescentar vários termos técnicos para falar em ciência e também conhecimento,
mas, vamos, primeiramente, tentar fazer algumas reflexões sobre esses assuntos e entendê-los
dentro do nosso cotidiano. Não tentemos compreender a ciência da forma mais difícil, como um
agrupamento de fatos, leis ou teorias, mas sim, como uma forma de compreensão da realidade
que permite adentrar em novos campos de desenvolvimento do conhecimento. Campos esses
que, por muitas vezes, serão questionados ou refutados por outros pesquisadores, mas daí,
estudante, que temos mais uma vez a grande riqueza da ciência sendo explorada, pois, ao
questionar ou refutar um fenômeno, novas pesquisas serão realizadas e o aprimoramento
contínuo do conhecimento não deixa de acontecer.
ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 7
A crítica é um elemento muito importante dentro da ciência pois é por meio dela que deixamos
de ser plenamente sujeitos à conformação e alienação diante dos fatos explicitados. A partir
do momento em que o pesquisador “não concorda” com os resultados e explicações existentes
sobre determinado fenômeno, ele busca novos caminhos e formas de explicação.

Então, posso dizer a você, estudante, que o olhar crítico do pesquisador é tão importante
quanto a sua concordância diante de um fenômeno, pois assim, esse pesquisar poderá dar
continuidade ao que chamamos de espiral do conhecimento, um processo de transformação
que não se finda, e tornou-se uma constante na sociedade atual.

Assim, podemos seguir a ideia de muitos autores ao tratarem da sociedade atual como
“sociedade do conhecimento”. Grande parte das pessoas já ouviu este termo. Porém, temos
que nos perguntar: o que é conhecimento? De que tipo de conhecimento o termo se refere?

A sociedade do conhecimento pode ser vista como um novo trunfo do mundo contemporâneo.
Podemos perceber que a cada dia que passa as pessoas estão mais inteligentes, as tecnologias
mais avançadas e os processos cada vez mais acelerados. Cabe a nós pesquisadores,
estudantes e cientistas descobrirmos novas formas de explorar esse potencial da nova
sociedade e conseguir atender suas necessidades, bem como satisfazer suas expectativas.

Podemos dizer que o indivíduo do século XXI está em busca de significados sobre o mundo
que o circunda. A construção da identidade dos novos indivíduos acontece ao longo de sua
existência, por meio de suas relações e descobertas. Não estamos em um mundo estagnado,
mas em um processo de mutação constante.

O conhecimento tornou-se passageiro. Já não é possível “terminar” os estudos e a qualificação,


pois o mundo está em processo de mutação e para acompanhá-lo é necessário se atualizar
constantemente. Em outros tempos, era possível ter uma quantidade de conhecimento
suficiente para se “viver” em sociedade, hoje, principalmente devido à evolução dos recursos
tecnológicos e também ao acesso que as pessoas têm às informações, os acontecimentos
e descobertas tornam-se ultrapassados cada vez mais rápido, daí a necessidade de novos
estudos, experiências e descobertas.

Este é um fluxo sem fim. Você, estudante, tem o papel de se tornar a força motriz da gestão do
conhecimento. E é por meio da ciência e da pesquisa que estes novos conhecimentos podem
ser desenvolvidos, comprovados e validados.

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Outro aprendizado que tive ao longo da minha formação acadêmica e profissional foi o de
deixar o “achismo” de lado, por exemplo: “Eu acho que isso é correto. Eu acho que não houve
mudança. Eu acho que existem outras possibilidades”. Na pesquisa científica não podemos
“achar”, mas devemos sempre procurar.

A magia de se trabalhar o conhecimento científico está em comprovar por meio da pesquisa as


possibilidades levantadas a priori, por meio da utilização de instrumentos de coleta de dados
adequados e análises fundamentadas. É também de nem sempre confirmar as hipóteses
levantadas ao se tratar de um problema de pesquisa.

A maior satisfação de um pesquisador está em gerar o conhecimento por meio de sua


produção, de sua pesquisa, e assim promover uma nova perspectiva para a sociedade e todos
os elementos que a compõem.

O conhecimento é infinito, por isso, sinta-se à vontade para explorá-lo e tornar-se familiarizado
dele. Não existem limites, mas sim, processos e etapas que facilitam o desenvolvimento
sólido do conhecimento, são os métodos de pesquisa que abordaremos mais adiante. O mais
importante aqui, é que você estudante, possa inicialmente refletir sobre as perspectivas de
pesquisa que pode realizar, sobre as novas descobertas que pode fazer e principalmente,
sobre as contribuições que pode dar ao mundo contemporâneo.

Apresento a discussão acima para mostrar a você o que trata este livro.

Na unidade I serão apresentadas algumas especificações sobre o Ensino Superior, os tipos


de conhecimento existentes e também a relação que o nível Superior de Ensino tem com a
pesquisa.

Na unidade II serão apresentadas algumas discussões acerca do método científico, bem como
o seu desenvolvimento histórico. Nesta unidade, também conheceremos um pouco da história
de Galileu Galilei, Francis Bacon e Descartes, pois foram os precursores do método científico.

Já na unidade III, apresentar-se-á os principais elementos para a construção do texto científico,


os métodos de pesquisa e as principais abordagens da pesquisa científica.

Na unidade seguinte, a quatro, será abordado o conteúdo que trata da classificação


e caracterização da pesquisa científica, a elaboração de um projeto de pesquisa e os
procedimentos de coleta e interpretação de dados.
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A última unidade terá como conteúdo o material intitulado Princípios gerais para a elaboração e
apresentação de trabalhos acadêmicos e científicos do CESUMAR. Todo trabalho acadêmico
e científico tem uma forma própria de ser apresentado. Este aprendizado se dará com esta
última unidade.

Meu objetivo ao elaborar este material foi o de instigá-lo não somente sobre o conhecimento
científico, mas principalmente sobre as transformações que a pesquisa científica pode trazer
para as pessoas e para a sociedade. Além disso, não tem como intuito trazer receitas para que
utilize em suas pesquisas, mas sim mostrar caminhos, por meio dos métodos, para que possa
traçar e ter as suas próprias descobertas.

Espero que possa cumprir com o meu papel de instigadora e orientadora, para que você
estudante da Educação a Distância do CESUMAR tenha um crescimento reflexivo e intelectual.

Tenha bons estudos!

Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva

10 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


SUMÁRIO

UNIDADE I

A EDUCAÇÃO SUPERIOR, A CIÊNCIA E OS TIPOS DE CONHECIMENTO

A EDUCAÇÃO SUPERIOR......................................................................................................17

O PROCESSO DE PESQUISA NOS CURSOS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR........................24

OS DIFERENTES TIPOS DE CONHECIMENTO....................................................................31

O CONHECIMENTO POPULAR (OU SENSO COMUM) .......................................................32

O CONHECIMENTO RELIGIOSO...........................................................................................35

O CONHECIMENTO FILOSÓFICO..........................................................................................36

O CONHECIMENTO CIENTÍFICO...........................................................................................37

A CIÊNCIA................................................................................................................................42

UNIDADE II

MÉTODO CIENTÍFICO

O MÉTODO..............................................................................................................................54

O MÉTODO CIENTÍFICO E SEU DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO....................................59

GALILEU GALILEI (1564 – 1642) ............................................................................................61

FRANCIS BACON (1561 – 1626) ............................................................................................65

RENÈ DESCARTES (1596 – 1650) .........................................................................................70

OS DIFERENTES TIPOS DO MÉTODO CIENTÍFICO ...........................................................74

O MÉTODO INDUTIVO ...........................................................................................................76

O MÉTODO DEDUTIVO .........................................................................................................78


UNIDADE III

O TEXTO CIENTÍFICO E A PESQUISA CIENTÍFICA

A CONSTRUÇÃO DO TEXTO CIENTÍFICO............................................................................85

O TEXTO CIENTÍFICO............................................................................................................86

O FICHAMENTO COMO UMA TÉCNICA DE PESQUISA ......................................................94

MÉTODOS DE PESQUISA......................................................................................................97

PESQUISA QUALITATIVA .......................................................................................................98

PESQUISA QUANTITATIVA...................................................................................................101

PRINCIPAIS ABORDAGENS DA PESQUISA CIENTÍFICA:


FUNCIONALISMO, ESTRUTURALISMO, FENOMENOLOGIA E DIALÉTICA (MARXISMO) ....105

FUNCIONALISMO.................................................................................................................109

ESTRUTURALISMO.............................................................................................................. 110

FENOMENOLOGIA ............................................................................................................... 111

DIALÉTICA ............................................................................................................................ 112

UNIDADE IV

O PROJETO DE PESQUISA E A CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA .................................................................... 119

CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ...................................................130

PROCEDIMENTOS DE COLETA E DE INTERPRETAÇÃO DE DADOS .............................136


UNIDADE V

PRINCÍPIOS GERAIS PARA ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS


ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS DO CESUMAR

PRINCÍPIOS GERAIS PARA ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS


ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS DO CESUMAR ..................................................................154

conclusão.........................................................................................................................194

REFERÊNCIAS......................................................................................................................195
UNIDADE I

A EDUCAÇÃO SUPERIOR, A CIÊNCIA E OS


TIPOS DE CONHECIMENTO
Professor Me. João Batista Pereira
Atualização: Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva

Objetivos de Aprendizagem

• Conhecer as principais características da Educação Superior.

• Demonstrar o que se espera de um aluno que cursa a Educação Superior.

• Apresentar os conceitos básicos da pesquisa.

• Estudar os diferentes tipos de conhecimento e o que é ciência.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• O aluno e a Educação Superior

• O Processo de pesquisa nos cursos da Educação Superior

• Os diferentes tipos de conhecimento: popular, religioso, filosófico e científico

• A ciência
INTRODUÇÃO

Olá, nesta unidade serão apresentadas algumas discussões essenciais aos alunos que cursam
a Educação Superior.

Iniciarei a unidade com considerações sobre o que é a Educação Superior, bem como o que se
espera do aluno que a cursa. Quando entendemos o que fazemos, o faremos melhor. Assim,
meu intuito é fazer com que você estudante entenda as diferenças entre a Educação Superior
e os Ensinos Médios e Fundamentais, para que seus estudos sejam mais proveitosos.

Em seguida, vamos discutir o que é a pesquisa. A imagem que muitas vezes temos do
pesquisador é a de alguém que foge das características do cidadão comum: seria excêntrico,
vivendo em um mundo à parte no qual se encontra seu laboratório e que dedica sua vida
somente às suas pesquisas. Queremos, com esta discussão, que você entenda que a pesquisa
é algo simples. Também pretendo que você compreenda que todo Curso da Educação Superior
necessita que o aluno aprenda as bases da pesquisa em sua área de formação.

Finalizando esta unidade, apresentarei os diferentes tipos de conhecimento, para que haja
uma compreensão sobre o que é o conhecimento científico, e consiga também entender as
outras formas de conhecimento existentes.

A EDUCAÇAO SUPERIOR
Fonte: PHOTOS.COM

“A educação é um processo histórico de criação do homem para a sociedade e


simultaneamente de modificação da sociedade para benefício do homem”.
Álvaro Vieira Pinto. Conceito de Educação (1986, p. 39).

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 17


O Ensino Superior é uma etapa da vida do estudante que, por muitas vezes, não é encarada da
maneira devidamente correta. Ao iniciar cada período letivo, procuro fazer uma pesquisa com
os meus estudantes sobre o que vieram buscar em um Curso Superior, a resposta é unânime:
“buscar conhecimento”. Continuo a pesquisa e instigo o porquê da escolha de um curso de
Administração, não há surpresa nas respostas, pois a maioria afirma com veracidade: “Quero
aprender a administrar uma empresa”.

O que percebo diante desse fato é que o ser humano tem uma necessidade intermitente de
encontrar respostas. Mas o Ensino Superior é uma fase da vida de cada estudante que deve
suscitar a busca por respostas, inclusive por meio de suas próprias conclusões e pesquisas.
Não estamos falando aqui de uma etapa “engessada” do processo educacional, mas de uma
fase que deve ser marcada pela autonomia e liberdade, em que cada um tem seus próprios
objetivos e anseios e poderá atendê-los por meio das ferramentas e direcionamentos dos
professores.

Sobre a Educação Superior, cabe a afirmação de Antonio Joaquim Severino no livro


Metodologia do Trabalho Científico, ao dizer que “o ingresso no curso superior implica uma
mudança substantiva na forma como professores e alunos devem conduzir os processos de
ensino e aprendizagem” (SEVERINO, 2007, p. 22). O que Severino quer dizer é que mesmo
que todos os processos de ensino e aprendizagem dependam dessas relações entre aluno e
professor, existe uma mudança no grau de condução das atividades de pesquisa.

A implementação do processo de ensino/aprendizagem no Ensino Superior precisa ser


intencionalmente assumida e efetivamente praticada por todas as partes envolvidas, caso
contrário, a possibilidade de perder a consistência e eficácia, bem como comprometer todo o
processo, é totalmente possível.

Severino (2007) afirma ainda que a Educação Superior tem uma tríplice finalidade:
profissionalizar, iniciar a prática científica e formar a consciência político-social do estudante.

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E, ao cumprir com esses objetivos, a Educação Superior expressa sua destinação última que
é contribuir para o aprimoramento da vida humana na sociedade.
A Universidade, em seu sentido mais profundo, deve ser entendida como uma entidade
que, funcionária do conhecimento, destina-se a prestar serviço à sociedade no contexto
da qual ela se encontra situada [...] para dar conta desse compromisso, a Universidade
desenvolve atividades específicas, quais seja, o ensino, a pesquisa, a extensão.
Atividades essas que devem ser efetivamente articuladas entre si, cada uma assumindo
uma perspectiva de prioridade nas diversas circunstâncias histórico-sociais em que os
desafios humanos são postos (SEVERINO, 2007, p. 23).

A Educação Superior deverá proporcionar a quem cursa, sua autonomia intelectual. Este
é o diferencial que um curso da Educação Superior carrega consigo. Daí a diferença de
metodologia de educação na Educação Superior, no qual o aluno tem um papel mais ativo: ele
tem que desenvolver o autoaprendizado, pois os professores orientam e norteiam o estudante
na busca do conhecimento.

Pode-se dizer ainda que, na Educação Superior se dá um processo em que o conhecimento se


produz, se reproduz, se conserva, se sistematiza, se organiza, se transmite e se universaliza,
e acaba por disseminar seus resultados no seio da sociedade (SEVERINO, 2007). Nesta
perspectiva, o que você, estudante, deve gravar é que o Ensino Superior torna-se o “berço” de
novos procedimentos, práticas, fórmulas e processos, que por meio da pesquisa podem ser
explorados e desenvolvidos para um benefício comum.

Mas, como o aluno se torna este agente ativo na construção de seu próprio conhecimento?
João Álvaro Ruiz, em sua obra Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos
(2006), oferece “dicas” para entendermos como esta mudança se dá:
Quem acaba de entrar para a faculdade percebe que muita coisa mudou, e deve
perceber que também ele precisa mudar, especialmente na responsabilidade, na
autodisciplina e na maneira de conduzir sua vida de estudos, para tirar o maior proveito
possível da excelente oportunidade de crescimento cultural que a faculdade oferece
(RUIZ, 2006, p. 20).

Ruiz (2006) ainda sugere algumas atitudes práticas que o aluno que cursa a Educação Superior

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deverá adotar. A seguir, estão as sugestões de Ruiz (2006), adaptadas à nossa realidade. Vale
a pena conferir, e procure adotar estas sugestões, pois são de grande valia.

Dicas para você organizar seus estudos

• Tempo para estudar: se você perguntar a alguém que atingiu os seus objetivos, por certo
esse responderá que foi por esforço e a correta utilização do tempo. Porém, para que o
tempo seja encontrado é necessário reorganizar nossas vidas. Procure encontrar, entre
os seus afazeres, tempo para estudar. Por exemplo: se você estudar 2 horas por dia, na
semana serão 14 horas e no mês 56 horas.

• Uma atenção especial: não deixe para estudar apenas quando estiver próximo do prazo
de provas e/ou entregas de trabalhos, pois isso lhe sobrecarregará.

• Aproveite melhor seus estudos: sugerimos que, ao estudar, você faça anotações (re-
sumos, apontamentos ou fichamentos) sobre o conteúdo do texto que está lendo. Ao ler
e anotar, o seu cérebro estará fazendo duas atividades e, por certo, a assimilação dos
conteúdos se dará de forma mais significativa.

• Programação e utilização do tempo: encontrado tempo para os estudos, devemos de-


terminar os horários para tanto. Tenha um compromisso com você mesmo: estudar nos
horários encontrados.

• Deixamos, ao final desta unidade, um modelo de cronograma para ser utilizado. Sugerimos
que o cronograma seja afixado em um local que possa ser visto constantemente (e um mural,
na porta do guarda-roupa ou da geladeira, no espelho utilizado para se trocar entre outros
tantos locais). Dessa maneira, você se lembrará do compromisso para consigo mesmo.

• Local apropriado para estudar: nos dias e horários encontrados para os seus estudos,
procure fazê-lo em um local apropriado. O ideal é que se tenha um local silencioso, bem
iluminado e ventilado, com uma mesa e cadeira confortáveis. Caso esse local não exista
em sua casa, indicamos ir até uma biblioteca ou outro espaço que seja um ambiente mais
indicado para estudar.

• É possível estudar em diversos lugares: atualmente, a maioria das pessoas encontra-se


sobrecarregada de atividades: porém, a carga horária de trabalho não pode servir de
justificativa para que não se estude. Há a possibilidade de se desenvolver técnicas para

20 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


que estudemos em diversos locais. Quem já não viu alguém lendo dentro de um ônibus, na
fila de um banco ou então na recepção de um consultório médico ou odontológico? Logo,
aproveite as situações que lhe são apresentadas no dia a dia e estude.

• Persevere: sabemos das dificuldades enfrentadas por todos atualmente, e que adotar o
que indicamos aqui, no princípio, pode não ser fácil. Cabe, portanto, perseverar. O que
pode motivá-lo a suplantar as dificuldades que possam surgir são os objetivos que você
pretende alcançar.

• Lembre-se, também, que as oportunidades podem não surgir novamente.

Outra questão que merece ser esclarecida são as matérias que compõem o currículo dos
cursos. Muitas vezes, achamos “estranho” que determinadas matérias façam parte da nossa
formação. Afinal, para que nós cursamos a Educação Superior? Para aprendermos uma
profissão (educação tecnicista), ou para compreendermos o mundo no qual vivemos (educação
humanista)?

Esta possível contradição (educação tecnicista versus educação humanista), atualmente, não
existe. Um curso superior deve permitir aos alunos que aprendam os fundamentos técnicos de
sua área de formação para que possa se inserir no mercado de trabalho, mas também deve
proporcionar o entendimento do mundo em que vivemos. Neste momento, recorreremos à Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei 9394/1996 – para que entendamos
como esta Lei define as finalidades da Educação Superior. Embora longa, a citação adiante
nos permitirá compreender melhor o que se espera de um aluno formado em um curso da
Educação Superior:
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do
pensamento reflexivo;
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da
sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento
da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver
o entendimento do homem e do meio em que vive;
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através da
educação, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e
possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 21


sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada
geração;
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular
os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e
estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão
das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e
tecnológica geradas na instituição (BRASIL, 2010, grifos nossos).

Nota-se, especialmente nos incisos I, II e VI, que a Lei que rege a Educação Nacional deixa claro
que a formação dos alunos na Educação Superior não deve apenas contemplar os aspectos
técnicos. Um graduado na educação superior, portanto, deve possuir os conhecimentos
técnicos do curso que se graduou, e também, conhecimentos que o permitam compreender
o mundo no qual vive. Esta compreensão ampla (técnica e humanista) é outro diferencial que
a Educação Superior possui.

Assim, torna-se possível compreender porque disciplinas da área de humanas (Psicologia, por
exemplo), ou discussões como ética empresarial fazem parte da nossa grade curricular, pois
nos proporcionam uma visão mais ampla do mundo e das pessoas.

Ao finalizar este tópico, torna-se importante as discussões aqui efetuadas. Foram apresentadas
de forma sucinta algumas características da Educação Superior, o que se espera de um
aluno que se gradue na mesma e elencadas algumas “dicas” para você organizar seus
estudos. Procure refletir a respeito, pois é necessário que mudemos nossa postura perante o
conhecimento que se apresenta em um curso de graduação.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científi co. São Paulo: Cortez, 2007. CAPÍ-
TULO 1 – Universidade, Ciência e Formação Acadêmica.

22 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


TEIXEIRA, Anísio. Ensino Superior no Brasil: análise e interpretação de sua evolução até 1969. Rio
de Janeiro: Editora da Fundação Getulio Vargas, 1989.

O desenvolvimento do sistema de educação superior, no Brasil, pode ser considerado um caso atípico
no contexto latino-americano. Desde o século XVI, os espanhóis fundaram universidades em suas
possessões na América, as quais eram instituições religiosas, que recebiam a autorização do Sumo
Pontífi ce, através de Bula Papal. O Brasil Colônia, por sua vez, não criou instituições de ensino supe-
rior em seu território até início do século XIX, ou seja, quase três séculos mais tarde.
Para graduarem-se, os estudantes da elite colonial portuguesa, considerados portugueses nascidos
no Brasil, tinham de se deslocar até a metrópole. Na Colônia, o ensino formal esteve a cargo da
Companhia de Jesus: os jesuítas dedicavam-se desde a cristianização dos indígenas organizados em
aldeamentos, até a formação do clero, em seminários teológicos e a educação dos fi lhos da classe
dominante nos colégios reais. Nesses últimos, era oferecida uma educação medieval latina com ele-
mentos de grego, a qual preparava seus estudantes, por meio dos estudos menores, a fi m de poderem
freqüentar a Universidade de Coimbra, em Portugal.
Essa universidade, confi ada à Ordem Jesuítica, no século XVI, tinha, como uma de suas missões, a
unifi cação cultural do Império português. Dentro do espírito da Contra-Reforma, ela acolhia os fi lhos
da elite portuguesa que nasciam nas colônias, visando a desenvolver uma homogeneidade cultural
avessa a questionamentos à fé Católica e à superioridade da Metrópole em relação à Colônia.
A Universidade de Coimbra, no dizer de Anísio Teixeira, foi a “primeira universidade”: nela se gra-
duaram, em Teologia, Direito Canônico, Direito Civil, Medicina e Filosofi a, durante os primeiros três
séculos de nossa história, mais de 2.500 jovens nascidos no Brasil.
Em 1808, a Família Real Portuguesa fugiu de Lisboa rumo ao Brasil, para escapar das tropas napoleô-
nicas que haviam invadido Portugal. Quando chegou na Bahia, Dom João VI, então Príncipe Regente,
recebeu a solicitação dos comerciantes locais no sentido de ser criada uma universidade no Brasil;
para tanto, dispunham-se a colaborar com uma signifi cativa ajuda fi nanceira. Em vez de universidade,
Salvador passou a sediar o Curso de Cirurgia, Anatomia e Obstetrícia. Com a transferência da Corte
para o Rio de Janeiro, foram criados, nessa cidade, uma Escola de Cirurgia, além de Academias
Militares e a Escola de Belas Artes, bem como o Museu Nacional, a Biblioteca Nacional e o Jardim

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 23


Botânico.
Durante o período da Regência, foram criados, em 1827, dois cursos de Direito: um em Olinda, na
região nordeste, e outro em São Paulo, no sudeste. Além desses cursos, a Escola de Minas foi criada
na cidade de Ouro Preto que, como o nome indica, situava-se na região de extração de ouro. Embora
a criação dessa Escola date de 1832, ela foi instalada somente 34 anos mais tarde.
As primeiras faculdades brasileiras – Medicina, Direito e Politécnica – eram independentes umas das
outras, localizadas em cidades importantes e possuíam uma orientação profi ssional bastante elitista.
Seguiam o modelo das Grandes Escolas francesas, instituições seculares mais voltadas ao ensino
do que à pesquisa. Tanto sua organização didática como sua estrutura de poder baseavam-se em
cátedras vitalícias: o catedrático, “lente proprietário”, era aquele que dominava um campo de saber,
escolhia seus assistentes e permanecia no topo da hierarquia acadêmica durante toda a sua vida.
No período imperial, apesar das várias propostas apresentadas não foi criada uma universidade no
Brasil. Isto talvez se deva ao alto conceito da Universidade de Coimbra, o que difi cultava a sua subs-
tituição por uma instituição do jovem país. Assim sendo, os novos cursos superiores de orientação
profi ssional que se foram estabelecendo no território brasileiro eram vistos como substitutos à univer-
sidade.
Fragmentos de Arabela Campos Oliven – Histórico da Educação Superior no Brasil (p. 24).
Texto na íntegra, disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001393/139317por.pdf>.
Acesso em: 13 jul. 2011.

O prOCESSO DE pESQuISA NOS CurSOS DA EDuCAçãO SupErIOr


Fonte: PHOTOS.COM

Na introdução desta unidade já se argumentou sobre a visão que grande parte da sociedade
tem do pesquisador. Você recorda? Vamos relembrar. Dissemos que a imagem que muitas
vezes temos do pesquisador é a de alguém excêntrico, vivendo em um mundo à parte no qual
se encontra seu laboratório. Queremos ressaltar, mais uma vez, que essa imagem é distorcida,
24 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância
e que o pesquisador é um ser humano como todos nós, e que tem como atividade profissional
a pesquisa.

Vamos iniciar nossa discussão conceituando o que é pesquisa. Segundo Gil (2002, p. 17),
“pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo
proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Complementando essa afirmação,
cabe a concepção de Richardson (2008, p. 15) de que “a única maneira de aprender a pesquisa
é fazendo pesquisa”.

Necessitamos entender o que Gil e Richardson afirmaram. Quando Gil diz que pesquisa é um
procedimento racional, significa que na pesquisa utilizamos a razão. Ou seja, devemos aceitar
explicações que somente sejam possíveis de serem verificadas. Um pesquisador, portanto,
não pode aceitar resultados para sua pesquisa que tragam explicações além da realidade. O
conhecimento popular (ou senso comum), muitas vezes explica um fenômeno, como a falta
de chuva em determinada região, como “vontade de Deus”. Esta forma de dar resposta aos
problemas apresentados (no caso, a falta de chuva) é válida para o homem comum, não para
o pesquisador. Esse deverá buscar, cientificamente, o “porquê” da falta de chuva.

Quando Richardson aborda a necessidade de se fazer a pesquisa para aprender, fala-se da


necessidade de contato do pesquisador com o fenômeno estudado. Não existe aprendizado
se não houver a prática. Sendo assim, cabe a você, estudante, tornar-se o grande explorador
da sociedade do conhecimento para realmente aprender a fazer pesquisa.

Ainda para o autor Richardson (2008), uma forma de desenvolver a aprendizagem é por meio
de conversas com pesquisadores experientes, para que dessa forma possamos ter maior
compreensão dos problemas da pesquisa que geralmente são tratados em manuais e textos.
A experiência de pesquisadores virá a nortear sobre etapas de pesquisa, procedimentos,
ferramentas de interpretação e análise, além dos próprios conceitos sobre o fenômeno que se
quer estudar. Richardson destaca ainda que o contato com pesquisadores mais experientes
permite adquirir destreza para resolver dificuldades rotineiras do processo de pesquisa, tais

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 25


como procurar bibliografia relevante ao problema pesquisado, transformar uma ideia em um
problema de pesquisa, escrever um projeto e relatório final.

Sobre procedimentos, destaca-se outro ponto abordado por Gil de que a pesquisa é um
procedimento sistemático. O Minidicionário Aurélio conceitua sistemático como “1. relativo a,
ou que segue um sistema. 2. Ordenado, metódico [...]” (FERREIRA, 2009). Podemos concluir,
então, que a pesquisa é algo ordenado, que não é efetuada de qualquer maneira, pois deve
seguir um método (a discussão sobre método se dará na unidade II).

Um último ponto abordado por Gil (2002) é que a pesquisa oferece resposta aos problemas
propostos. Ou seja, não há pesquisa se não temos um problema a ser respondido, e frisa-se
que cada pesquisa oferece respostas a apenas um problema. Exemplificando: um dia alguém
se perguntou “por que os objetos, quando soltos no ar, caem no chão?” Neste momento foi
iniciada a pesquisa que, posteriormente, teve como resultado a lei da gravidade.

“Os diversos problemas que surgem no processo de pesquisa não devem desencorajar o principiante,
a experiência lhe permitirá enfrentar as difi culdades e obter produtos adequados” (RICHARDSON,
2008, p. 15).
“Não se existe fórmula mágica e única para realizar uma pesquisa ideal; talvez não exista nem
existirá uma pesquisa perfeita. A investigação é um produto humano, e seus produtores são seres
falíveis. Isto é algo importante que o principiante deve ter ‘em mente’: fazer pesquisa não é privilégio
de alguns poucos gênios. Precisa-se ter conhecimento da realidade, algumas noções básicas da
metodologia e técnicas de pesquisa, seriedade e, sobretudo, trabalho em equipe e consciência so-
cial” (RICHARDSON, 2008, p. 15).
“A pesquisa pode ser os seguintes objetivos: resolver problemas específi cos, gerar teorias ou avaliar
teorias existentes” (RICHARDSON, 2008, p. 16).
“Na Universidade, ensino, pesquisa e extensão efetivamente se articulam, mas a partir da pesquisa,
ou seja: só se aprende, só se ensina, pesquisando; só se presta serviços à comunidade, se tais servi-

26 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


ços nascerem e se nutrirem da pesquisa” (SEVERINO, 2007, p. 24).
“Na Universidade, a pesquisa assume uma tríplice dimensão: uma dimensão epistemológica, na pers-
pectiva do conhecimento; uma dimensão pedagógica, na perspectiva da relação com a aprendizagem;
e, uma dimensão social, na perspectiva da extensão” (SEVERINO, 2007, p. 26).
“Pesquisar é ir a campo, ver pessoas e fatos, fazer perguntas e anotar respostas” (TOMANIK, 2004,
p.133).

Embora a medicina e a física sejam as áreas nas quais as pesquisas têm mais visibilidade,
não são somente essas áreas do conhecimento que fazem pesquisa. Na administração, por
exemplo, são alguns tipos de pesquisa para responder a problemáticas: pesquisa de mercado,
pesquisa de clima organizacional, pesquisa de satisfação do cliente, pesquisa de marketing.

Para que este quadro de pesquisa seja melhor visualizado, a seguir apresentarei uma situação
do cotidiano de um Administrador, em que certamente as práticas de pesquisa serão utilizadas.

O Caso de Francisco
Francisco trabalha na loja de departamentos “Compre Sempre” há mais ou menos 4 anos. Durante
um período de avaliação da gerência, Francisco foi promovido a Gestor de Pessoas em sua Filial. A
loja “Compre Sempre” conta com aproximadamente 70 funcionários na unidade em que Francisco se
tornou gestor de pessoas.
De imediato Francisco passou a traçar planos de desenvolvimento e planejamentos para melhor con-
duzir as atividades da loja, o que foi inclusive uma exigência de seus gerentes. Depois de desenvolvi-
dos os planejamentos, Francisco se deparou com um impasse, a resistência dos funcionários para a
implementação dos planos.
Foi quando Francisco percebeu que havia muitos elementos comportamentais a serem tratados entre
os funcionários, mas a gerência não tinha se atentado a isso. E agora? Como comprovar a gerência
que havia outras prioridades antes de implantar o planejamento desenvolvido? Foi quando Francisco
pensou: “É hora de fazermos uma pesquisa de clima organizacional”!

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 27


Ao expor o fato à gerência, eles fi caram em dúvida sobre a aplicação da pesquisa, e principalmente
questionaram Francisco sobre quem desenvolveria e aplicaria tal pesquisa. Mas como Francisco ha-
via cursado Administração, já tinha modelos de pesquisas de clima que poderiam ser adequadas à
realidade da loja.
A pesquisa de clima foi feita, e Francisco conseguiu avaliar o clima organizacional da loja “Compre
Sempre”. A partir dos dados levantados por meio da pesquisa, foi possível trabalhar elementos que
estavam “debaixo do tapete”, verifi car quais eram os problemas que permeavam as relações interpes-
soais, e até mesmo verifi car o rendimento.
A empresa passou a ter uma gestão mais transparente, e consequentemente estava pronta para
executar os planejamentos elaborados por Francisco.
O exemplo de Francisco é um caso fi ctício, mas espero que tenha esclarecido uma das utilida-
des da pesquisa pelos Administradores.
Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Outro ponto bem importante de trabalho no âmbito da pesquisa é a disciplina do estudo. Já


abordei sucintamente este elemento ao dar algumas dicas sobre organização de estudos,
contudo, agora vou destacar, a partir das ideias de Severino (2007), a necessidade de se criar
um plano de estudos para que a atividade de pesquisa seja bem-sucedida.

Severino (2007) afirma que a metodologia de estudo pressupõe um mínimo de organização


para tornar-se mais produtiva. Essa organização da vida de estudo, poderá ser observada no
fluxograma da vida de estudo proposto por Severino, que poderá ser visualizado a seguir:

28 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


ESTUDO EM CASA
AULA AULA

Participação Participação
Revisão Preparação

· Exposição de · Reorganização da · Releitura e reestudo · Retomada e


segmentos da matéria exposta ou da documentação da esclarecimentos de
matéria. debatida em classe aula anterior. pontos da unidade
mediante anterior.
· Discussão ou debate · Contrato prévio com
de temas a partir de nova unidade · Exploração de
textos com sínteses. programada: roteiro, segmentos
textos, questionário. programados.
· Determinação de
DOCUMENTAÇÃO · Aprofundamento de · Discussão e debates.
novas tarefas.
estudo mediante
exploração de · Determinação de
instrumentos novas tarefas.
complementares.

Elaboração de tarefas específicas: fichamentos,


exercícios, relatórios, etc.

RECURSO AOS
INSTRUMENTOS
COMPLEMENTARES

Figura 1: Fluxograma da vida de estudo


Fonte: Severino (2007, p. 47).

Esse fluxograma foi apresentado não no intuito de “congelar” o olhar sobre os processos de
estudo de cada um. Quando escolhi colocá-lo neste livro, foi para que você, aluno, pudesse
visualizar um esquema que pode facilitar o processo de aprendizagem. Assim, podemos
citar aqui a concepção de Gil (2002, p. 19) de que “o planejamento da pesquisa pode ser
definido como o processo sistematizado mediante o qual se pode conferir maior eficiência à
investigação para em determinado prazo alcançar o conjunto das metas estabelecidas”.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 29


Ademais, quando falamos em planejamento, estamos falando em uma forma de otimização do
tempo. Para Ruiz (2006, p. 21), “o progresso é, em grande parte, uma luta contra ponteiros do
relógio [...] o primeiro passo para quem quer estudar consiste em reorganizar a vida de maneira
a abrir espaços para o estudo e planejar o melhor aproveitamento possível de seu tempo”.

Então, o que podemos observar é que Gil e Ruiz abordam a necessidade de planejamento e
organização para que as pesquisas sejam melhor desenvolvidas no que diz respeito a etapas
e tempo. Não estou aqui me esquecendo do estudante que estuda após uma longa jornada de
trabalho, mas isso não o exime de se organizar para estudar também além do horário previsto
e estipulado pelo curso.

Além disso, as atividades de pesquisa, quase sempre acabam sendo realizadas fora das
Universidades, fora das salas de aulas e ambientes acadêmicos, ou seja, o pesquisador
precisa administrar seu tempo para a coleta de dados, observação e contato com o fenômeno
a ser explorado.

E, este aprofundamento da vida científica, começa a exigir de você, estudante, uma nova
postura que além de criativa, precisa ser crítica e inovadora. Por meio das atividades de
pesquisa no Ensino Superior, você chega a um novo patamar, mais exigente e estruturado.

A aprendizagem, em nível universitário, só se realiza mediante o esforço individualizado e autônomo


do aluno (SEVERINO, 2007, p. 38).

Todo curso da Educação Superior tem a necessidade de que seus alunos tenham as bases da
pesquisa, pois usarão essas bases na sua atuação profissional. Ademais, temos que entender

30 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


que o conhecimento que o homem comum possui é diferente do conhecimento que obtemos
na Educação Superior, na qual temos acesso ao conhecimento científico.

Precisamos diferenciar os tipos de conhecimento que o ser humano produziu até hoje. É o que
se fará a seguir.

OS DIFERENTES TIPOS DE CONHECIMENTO


Fonte: PHOTOS.COM

Este tópico tem como objetivo apresentar a você as diferentes formas de conhecimento
desenvolvidas pelo homem ao longo da história. Segundo Richardson (2008, p. 20), “a principal
ferramenta de sobrevivência do homem é sua mente”.

Essa afirmação de Richardson nos permite fazer uma reflexão sobre nossa capacidade
de pensar e ter consciência. A humanidade é dotada de “cérebros”, seres pensantes,
pesquisadores, descobridores. São essas mentes que colaboram para o desenvolvimento
acelerado e contínuo da sociedade.

Uma das principais características do ser humano é a capacidade de pensar. Outra é


a necessidade que temos de explicar o mundo que está a nossa volta. Para exemplificar,

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 31


perguntas simples, como “de onde viemos”, “para onde vamos após a morte” geraram tipos de
conhecimentos ainda presentes em nossa sociedade – o filosófico e o religioso.

Porém, não são apenas esses os tipos de conhecimentos existentes. Passemos ao


entendimento dos diferentes tipos de conhecimento.

O CONHECIMENTO POPULAR (OU SENSO COMUM)

Antes de adentrarmos às características desta forma de conhecimento, vamos exemplificá-lo


para que possamos diferenciá-los de outros.

Lakatos e Marconi (2010) apontam o exemplo da agricultura. Esta é uma das atividades
humanas mais antigas. Ao longo do tempo, o homem foi aprendendo a época de plantar,
de colher, a necessidade de se adubar a terra, de defender as plantações contra as ervas
daninhas e pragas. Na Idade Média, o homem já havia descoberto a necessidade de se fazer
o rodízio de campos. O homem medieval descobriu que não se deveria, por exemplo, plantar
trigo por dois anos consecutivos no mesmo campo, pois isto poderia esgotar a fertilidade
do solo. Portanto, dividia-se a propriedade agrícola em três partes distintas: enquanto duas
estavam sendo utilizadas para a agricultura, a terceira não era utilizada para o plantio.

As mesmas autoras afirmam que a verdadeira revolução agrícola, ocorrida ainda durante a
Idade Média, não foi a introdução de novas ferramentas (como o arado), mas sim a descoberta
do cultivo do trevo e do nabo. Com esta descoberta, aquela parte da terra que ficava em
repouso poderia ser cultivada com essas duas culturas. Descobriu-se que os cultivos do nabo
e do trevo revitalizavam o solo (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Este tipo de conhecimento do agricultor, que utiliza as práticas ensinadas pelos mais velhos ou
mais experientes, é que chamamos de “conhecimento popular”.

Vamos a outro exemplo de conhecimento popular. Sugerimos que você faça uma pergunta

32 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


em um grupo de amigos, família, ou mesmo na sua sala de aula. Quando vamos a uma festa
e exageramos na comida e/ou na bebida, podemos ficar “ruins” do fígado. Pergunte ao grupo,
qual o chá que devemos tomar? Muito provavelmente a resposta que obteremos é “boldo”.
Como sabemos que o chá de boldo faz bem ao fígado? Da mesma maneira que o agricultor
foi acumulando conhecimentos sobre a agricultura: a informação foi passada de geração em
geração.

O conhecimento popular tem a vantagem de contar com a sabedoria acumulada pelo homem
ao longo do tempo. E também se apresenta como um dos caminhos para o acesso ao
conhecimento. Mas também tem desvantagens.

A seguir, vamos apresentar as características do conhecimento popular e entenderemos isto


melhor. As principais características do conhecimento popular são o mesmo ser:
a) Superficial: isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar
simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “porque o
vi”, “porque o disseram”, “porque todo mundo diz” (ANDER-EGG, apud LAKATOS;
MARCONI, 2008, p. 17).

Vamos tomar como exemplo o chá de boldo: por que a maioria das pessoas tem este
conhecimento? Provavelmente, porque ouviram de alguém (“porque todo mundo diz”, “porque
o disseram”), porque alguém pode ter visto um amigo ou parente tomar o chá e ficar bem
(“porque o vi”). Quando abordamos algum fenômeno pelo conhecimento popular, não estamos
preocupados em entender o “porquê” aquele fenômeno acontece. No caso do chá de boldo,
não nos perguntamos qual o princípio ativo que a planta de boldo tem, e que consegue
combater nosso mal-estar.

Outra característica do conhecimento popular é o mesmo ser “b) sensitivo: ou seja, referente
a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária” (ANDER-EGG, apud LAKATOS;
MARCONI, 2008, p. 17). Vamos entender melhor esta característica. No conhecimento
popular não há o rigor da experiência científica. A pessoa que se propõe a conhecer algo
carrega consigo seus valores e sua experiência de vida. Desta maneira, se a pessoa crê

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 33


que determinado chá pode lhe curar, pode acontecer de, só por crer, a cura acontecer. Os
pesquisadores, quando fazem testes com medicamentos novos, levam este fator a sério.

Outra característica do conhecimento popular é o mesmo ser subjetivo. Ou seja, é a própria


pessoa “[...] que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto os que adquirem por
vivência própria quanto os por ‘ouvi dizer’” (LAKATOS; MARCONI, 2010. p. 17). Assim,
a pessoa que organiza este conhecimento por si só pode, por exemplo, fazer uma relação
de causa-efeito que não tenha a ver com a realidade dos fatos. Vamos exemplificar para
entendermos melhor.

Você sabe o que é o “mal de sete dias”? Esse é o nome que ainda se dá ao tétano neonatal. O
nome “mal de sete dias” é porque o recém-nascido que contrai o tétano leva, em média, sete
dias para morrer. A tesoura utilizada para cortar o cordão umbilical nos partos feitos em casa
geralmente é a causadora da doença. As mães que não sabem disto usam diversos meios
para tentar impedir o “mal de sete dias”. Usualmente, deixam a criança em um quarto fechado,
sem ventilação, como forma de proteção (VIEIRA, 2005).

O que se pode concluir disto é que, provavelmente, algum recém-nascido que não contraiu
tétano deve ter sido deixado em um quarto fechado e sem ventilação. Assim, a relação entre
a criança não ter tétano e ser isolada em um quarto foi observada, e tornou-se parte do
conhecimento popular. Notaram como a subjetividade está presente? Foi a observação de
alguém sobre os cuidados que se teve com um recém-nascido que não sofreu o “mal de sete
dias”, que deve ter disseminado os “cuidados que se deve ter ao nascer um bebê”.

Outra característica do conhecimento popular é apontada por Lakatos e Marconi (2010): o


mesmo ser assistemático. Ou seja, não há uma sistematização das ideias, uma organização
das mesmas, muito menos a tentativa de comprová-las.

Por fim, as mesmas autoras apontam como característica do conhecimento popular o fato do
mesmo ser acrítico. E o que é ser acrítico? É a aceitação do conhecimento popular como uma
verdade que não se questiona (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Gostaria de salientar que o conhecimento popular tem sua significação na sociedade, e que o
mesmo não deve ser menosprezado, sob a pena de perdermos importantes informações que
a cultura popular acumulou ao longo do tempo.

34 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Vamos entender melhor como o conhecimento popular pode ser utilizado. Os indígenas
possuem toda uma experiência acumulada sobre as plantas e animais da floresta. Assim,
eles podem ser importantes fontes de informação para os pesquisadores de medicamentos.
Mesmo sem saber o “porquê” uma erva cura uma doença, o conhecimento acumulado por
gerações pode auxiliar em muito a quem queira pesquisar tal erva.

Façamos um paralelo entre o conhecimento popular e a área da Administração. Suponhamos


que você tenha que organizar o setor de entrega de produtos (logística) em uma empresa.
Os motoristas da mesma têm um conhecimento acumulado sobre as rotas e clientes a serem
atendidos. Logicamente, eles não possuem o conhecimento científico sobre logística. Mas,
a experiência acumulada permite que os mesmos possam colaborar com sugestões para a
organização da entrega.

Vamos, agora, discutir os outros tipos de conhecimento. Passemos ao conhecimento religioso.

O CONHECIMENTO RELIGIOSO

O conhecimento religioso apresenta algumas características, para Lakatos e Marconi (2010)


são:

a) Inspiracional: foi descoberto por meio do sobrenatural (Deus, por exemplo).

b) Infalível: como não é possível aferir a sua veracidade (é uma questão de fé). Logo, o co-
nhecimento religioso é conhecido como aquele que não falha.

c) Valorativo: tem sua base em ensinamentos sagrados, que não podem ser submetidos à
observação. Em outras palavras, sua validade existe porque teve origem divina.

d) Sistemático: é uma forma de conhecimento organizado de mundo, pois prega uma “[...]
origem, significado, finalidade e destino” (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 61).

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 35


e) Não verificável: por ser uma questão de fé o conhecimento religioso não pode ser verifi-
cado. Por exemplo, como comprovar se Jesus Cristo caminhou sobre as águas, ou se fez
a multiplicação dos pães?

Salientamos, mais uma vez, que o conhecimento religioso é uma questão de fé. A ciência
não tem mecanismos para conseguir comprovar o que está contido na Bíblia Cristã, ou em
qualquer outro livro sagrado.

O CONHECIMENTO FILOSÓFICO

O conhecimento filosófico emerge da observação dos fenômenos por meio da lógica e não
de experiências práticas em laboratórios. Logo, não pode ser comprovado pelos métodos
científicos, pois não podem ser mensurados. Assim como o conhecimento religioso, o
conhecimento filosófico é não verificável (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Outra característica do conhecimento filosófico é que o mesmo é racional, pois consiste em


um conjunto de enunciados logicamente correlacionados. A filosofia utiliza a lógica como
instrumento para chegar a conhecimentos verdadeiros (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Aristóteles, um dos maiores filósofos que a humanidade já conheceu, utilizou o silogismo. O


silogismo parte de uma premissa maior, seguida de uma premissa menor e, posteriormente,
a conclusão. Um exemplo para que possamos entender melhor: os pássaros voam (premissa
maior), o corvo é um pássaro (premissa menor), logo, o corvo voa (conclusão).

Esta forma de raciocinar pode nos parecer estranha, mas a filosofia nos ensina a pensar
de maneira correta e a conseguir fazer inferências entre fatos e/ou objetos. Finalmente, o
conhecimento filosófico é racional, pois se utiliza da razão humana para chegar às suas
conclusões, como no caso do silogismo apontado acima.

Vamos discutir o conhecimento científico.

36 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


O CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Após discutirmos os conhecimentos popular, religioso e filosófico, vamos agora ver as


características do conhecimento científico. É esse conhecimento que se discute na Educação
Superior. Vamos, portanto, prestar bastante atenção para que possamos entender o tipo de
conhecimento que temos acesso na Faculdade.

Lembra-se quando definimos, anteriormente, pesquisa? Caso não se recorde, vamos


relembrar: “pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem
como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos” (GIL, 2002, p. 17). É
mediante a pesquisa que obtemos o conhecimento científico.

Logo, a primeira característica do conhecimento científico é ser racional. Ou seja, ele é real
(factual), e passível de ser comprovado pela experiência (LAKATOS; MARCONI, 2010). Vamos
observar algo muito importante: na área de humanas, por exemplo, muitas pesquisas não
têm experimentos de laboratório. Nem por isso as pesquisas nesta área deixam de produzir
conhecimento científico.

Richardson (2008) faz uma abordagem histórica sobre o método e o conhecimento científico,
que, para efeito de entendimento, vale a pena ser citada, principalmente por tratar de
grandes filósofos da humanidade. A ideia de método vem da época de Demócrito e Platão ao
empreenderem tentativas para fazer uma síntese teórica da experiência adquirida na aplicação
dos métodos de conhecimento. Aristóteles criou o método indutivo para inferir logicamente as
características de um fenômeno. Também fazendo parte de todo este processo, está Galileu
Galilei, que insistia na necessidade de elaborar hipóteses e submetê-las a provas experimentais
(RICHARDSON, 2008).

Outra característica do conhecimento científico é ser contingente. Ou seja, é possível verificar


se o mesmo é verdadeiro ou falso. Ainda é sistemático, pois é ordenado e suas descobertas
podem gerar teorias (LAKATOS; MARCONI, 2010).

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 37


Quero chamar a atenção para a característica que vamos abordar agora: a verificabilidade.
Todo conhecimento científico é passível de ser verificado. Caso não o seja, ele não pertence
ao âmbito da ciência (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Finalmente, duas outras características não menos importantes: o conhecimento científico é


falível (não definitivo), e assim, ele é aproximadamente exato (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Prestemos atenção para essas duas últimas características. Aparentemente pode parecer
estranho que um conhecimento que pode ser comprovado seja falível e aproximadamente
exato. Vamos esclarecer estes dois pontos.

Primeiro, o conhecimento científico é falível (não definitivo), porque ele sempre pode ser
alterado e/ou superado. Pensemos da seguinte maneira: se o conhecimento científico fosse
definitivo, a ciência não teria evoluído. Raciocinemos um pouco: o telefone celular só existe
porque o conhecimento que havia sobre telefones (o fixo) era não definitivo. Assim, os cientistas
se apoderaram do conhecimento que havia sobre o telefone fixo, e conseguiram fazer esse
conhecimento avançar a ponto de termos um telefone que nos permite entrar em contato com
outras pessoas de qualquer lugar aonde haja sinal da operadora.

Vamos a outro exemplo? O automóvel: caso o conhecimento científico fosse não definitivo
ainda estaríamos andando nos primeiros automóveis montados por Henry Ford. A certeza da
falibilidade do conhecimento científico é que levam as pessoas a buscarem inovar o que já
existe, e procurar descobrir aquilo que ainda não existe (como os “medicamentos inteligentes”,
que só combaterão as células doentes, em fase de desenvolvimento).

Vamos ao segundo ponto: o conhecimento científico é aproximadamente exato. Este fato


está diretamente ligado à falibilidade. Por ser falível é que o conhecimento científico é
aproximadamente exato, pois pode ser alterado a qualquer momento.

Para tentar aproximar o conhecimento científico da realidade, Richardson diz que os


fundamentos do método científico são seguidos de forma inconsciente por muitas pessoas.

38 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Buscando explicitar este fato, Pease e Bull (1996 apud RICHARDSON, 2008) criam uma
estrutura que norteia pesquisas realizadas em diversas áreas de conhecimento, que integram
cinco elementos, são eles:

• A meta, como o objeto de estudo.

• O modelo, como qualquer abstração do que está sendo trabalhado ou estudado.

• Os dados, como as observações realizadas para representar a natureza do fenômeno.

• A avaliação, como o processo de decisão sobre a validade do modelo.

• A revisão, como o processo em que são feitas mudanças necessárias ao modelo.

Os autores partem do pressuposto de que esses cinco elementos consistem em aspectos


fundamentais do método científico. E, sua compreensão permitirá entender o uso e as
limitações desse método.

Escrever uma monografi a


Uma monografi a sobre a utilização de ferramentas de controle gerencial (ou qualquer outro fenômeno)
começa com uma série de pesquisas e de anotações (primeira versão do modelo). Posteriormente,
transforma-se em um relatório parcial (segunda versão do modelo) que deve ser lido pelo orientador.
Após algumas revisões, a monografi a está pronta para ser divulgada (terceira versão do modelo). Pelo
esquema:
- Meta: escrever uma monografi a.
- Modelo: relatório parcial.
- Dados: comentários do orientador ou outras pessoas.
- Avaliação: comparação dos comentários.
- Revisão: um novo relatório.
O progresso acontece com a preparação de novos relatórios.
Fonte: Elaborado pela autora, 2011. Adaptado de Richardson (2008).

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 39


Torna-se importante aqui, destacar mais uma vez que esses elementos não tratam de uma
forma de engessamento do método científico, mas tratam de uma forma visual de entender
o conhecimento científico, principalmente pelo fato de que, quando um pesquisador utiliza
o método científico para investigar algo ou estudar a natureza, ele já está pensando
cientificamente.

A descoberta do conhecimento científico trata de um conjunto de procedimentos lógicos e


também técnicas operacionais que permitem o acesso às relações causais constantes nos
fenômenos (SEVERINO, 2007).

Um exemplo de conhecimento científico em administração: “A baixa luminosidade no ambiente


de trabalho causa atraso no processo produtivo, e também diminui a qualidade de vida dos
trabalhadores no ambiente de trabalho”. Experiência de Hawthorne coordenada por Elton
Mayo em 1927 para determinar a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos
operários, medida por meio da produção.

CONHECIMENTO CIENTÍFICO
A defi nição do conhecimento científi co se inicia a partir da explicação do defi nir (DEMO, 2000). Para o
autor, toda defi nição é apenas aproximativa, pois, nenhum fenômeno tem contornos nítidos. O defi nir
fi ca então como impor limites empobrecendo ou até mesmo deturpando o fenômeno, já que este é
reduzido a ser encarcerado dentro de limites. É necessário estabelecer compromisso. São arquiteta-
das hipóteses de trabalho que sugerem centralidades sempre questionáveis, e nesse sentido, defi nir
conhecimento científi co supõe o ponto de vista de quem defi ne. Dependendo da metodologia científi ca
em jogo, obtêm-se resultados diferentes e por vezes irreconciliáveis. O uso da abordagem dialética
afi na melhor a complexidade dos fenômenos não lineares ao mesmo tempo de reconhece seu contex-
to hermenêutico, aceitando o limite natural de todo o processo defi nitório: na defi nição de termos são
utilizados termos ainda não defi nidos.
O autor reponta um tema metodológico sobre a vocação analítica do conhecimento cientifi co, a aná-

40 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


lise. Analisar significa decompor um todo nas partes, desfiando uma a uma, em particular as mais
importantes. Ou seja, uma atividade desconstrutiva que admite ser o todo apenas o ajuntamento das
partes, que quando dividido, não resta nada do todo, somente suas partes. E se o caminho de volta
é feito, obtém-se de novo o todo, mas de maneira reversível. Diante do desafio de captar a dinâmica,
a análise se apresenta com expectativa contraditória, pois, espera poder descobrir nela o lado inva-
riante da dinâmica. O autor acredita que somente se entende a variação quando se descobre como
invariavelmente varia.
Na tentativa de definição do conhecimento científico, primeiramente é conveniente distinguir termos
como ciência, conhecimento científico, tecnologia, pesquisa; em segundo, se prefere reconstruir a
construir conhecimento; terceiro, considera-se útil a distinção entre teoria e prática; quarto, para fins
de sistematização distinguir os quatro tipos de pesquisa: teórica, metodológica, empírica e prática.
Feito isso, acrescenta-se que nenhum tipo de pesquisa é auto-suficiente. As pesquisas são ideológi-
cas, no sentido de que implicam posicionamento implícito por trás de conceitos e números. Entrando
no problema da demarcação cientifica, levando em conta as observações já tecidas anteriormente,
no campo científico é sempre mais fácil apontar o que as coisas não são: senso comum, sabedoria
ou bom-senso, ideologia e paradigma específico. Sendo então o conhecimento, do ponto de vista
dialético alimentado pelo questionamento e pela duvida metódica, propondo-se então, que somente é
científico o que for discutível.
Quanto aos critérios formais da demarcação científica, o autor afirma que, para que o discurso possa
ser reconhecido como científico, o mesmo precisa ser lógico, sistemático, coerente e, sobretudo bem
argumentado. Constituem o discurso científico: coerência, sistematicidade, consistência, originalida-
de, objetivação e discutibilidade. Tais critérios podem ser organizados de outras formas, mas sempre
têm em comum o propósito de formalização, quer dizer, pode ser analisado em suas partes recor-
rentes. Segundo o autor, essa parte é a que poderia ser correta. A parte incorreta é a tendência de
reduzirmos a realidade ao que nela é mais formalizável, ou seja, a redução do fenômeno às faces mais
manipuláveis por instrumentos empíricos. Os critérios políticos da cientificidade trazem para a discus-
são o sentido ético do conhecimento. Um fenômeno de tamanha interferência em toda sociedade que
não pode ser visto apenas como um exercício metodológico de laboratório. Então, torna-se primordial
levar em conta: a intersubjetividade, autoridade por mérito, relevância social e ética.
No que diz respeito a complexidade, Demo (2000), afirma que, até se pode ir de complexidade maior
para menor, mas não se pode sair dela. A realidade é imprecisa e o conhecimento encontra na incer-
teza menos sua negação, do que sua dinâmica inovadora. Não é possível conhecer tudo e perfeita-
mente, no entanto, a ciência cultiva a confiança inabalável na ilimitação da capacidade científica de
avançar. O autor reforça dizendo que não existiria algo que determinasse o limite final, e expõe como
“incapacidades” da ciência a falibilidade, instabilidade e então, a inabilidade de alcançar algo definiti-
vo. A ciência cresce e muda de direção e com isso, novos conhecimentos nem sempre confirmam os

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 41


anteriores, os paradigmas segue por vezes meio a polêmicas acirradas e irreconciliáveis.
Fonte: Elaborado pela autora, 2011. Refl exões a partir da Obra de Pedro Demo: Metodologia do
Conhecimento Científi co. São Paulo: Atlas, 2000.

Após falar sobre o conhecimento científico, quero falar com você sobre a ciência, que mediante
as pesquisas, produz o conhecimento científico. Nós já entendemos o que é pesquisa e os
tipos de conhecimento. Agora, vamos conhecer o que seja a ciência.

A CIÊNCIA

Vamos iniciar esta discussão trazendo duas definições do que seja ciência:
A palavra ciência pode ser assumida em duas acepções: em sentido amplo, ciência
significa simplesmente conhecimento, como na expressão tomar ciência disto ou
daquilo; em sentido restrito, ciência não significa um conhecimento qualquer, e sim um
conhecimento que não só apreende ou registra fatos, mas também os demonstra pelas
suas causas determinantes ou constitutivas (RUIZ, 2006, p. 128).

Ainda Trujillo Ferrari (apud LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 62) afirma que “a ciência é todo
um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento de um
objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”.

É o sentido restrito apontado por Ruiz (2006) que necessitamos entender. Tanto este autor,
quanto Trujillo Ferrari deixam claro que a ciência tem como pressupostos a racionalidade e
verificabilidade do objeto de estudo. Em outras palavras: a ciência não aceita explicações que
não sejam passíveis de serem comprovadas pela experimentação.

Apresentamos, a seguir, as características da ciência apontadas por Ruiz (2006):

• Conhecimento pelas causas: a ciência busca conhecer as causas dos objetos, ou fenô-
menos que estuda. Lembra-se do conhecimento popular? Esse tipo de conhecimento não

42 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


se preocupava com as causas, ao contrário da ciência e do conhecimento científico.

• Profundidade e generalidade de suas conclusões: ao buscar as causas de determinado


fenômeno, a ciência consegue exprimir suas conclusões em enunciados que servem para
todos os fenômenos da mesma espécie. Vamos exemplificar: ao estudar porque um objeto
cai se deixado solto no ar, o cientista terá a possibilidade de criar um enunciado: “todo
objeto, se deixado solto no ar, cairá”. Notou como de um estudo particular podemos chegar
a um enunciado geral.

• Finalidade teórica e prática: o desejo do homem de conhecer é satisfeito, também, pela


ciência. As primeiras pesquisas que o homem desenvolveu visavam apenas os aspectos
teóricos, como conhecer o mundo a sua volta. A seguir, o homem passou a desenvolver ci-
ência no sentido prático, aplicando os conhecimentos adquiridos em avanços tecnológicos
que permitissem uma melhor condição da vida humana.

• Objeto formal: um mesmo objeto pode ser atingido por diferentes modos de conhecer
(lembra-se dos tipos de conhecimento?). O que diferencia a ciência é a forma como se
aborda um objeto de estudo: a ciência propõe a experimentação, bem como se limita ape-
nas às evidências dos fatos.

Vamos deixar mais claro: lembra-se do chá de boldo? Pois é, o cientista procuraria, nesta
erva, evidências possíveis de serem comprovadas de que o boldo realmente faz bem ao fígado.

• Método e controle: o método será objeto de discussão no unidade II. No momento, ape-
nas queremos salientar que a ciência demanda um método.

• Exatidão: a exatidão da ciência é maior do que as outras formas de conhecer. O estágio


atual da ciência permite afirmar que a mesma caminha solidamente para o conhecimento
da realidade.

• Aspecto social: não devemos esquecer que a ciência deve estar a serviço da melhoria das
condições de vida da humanidade.

Após o sucesso da ciência para explicar os fenômenos naturais (astronômicos, físicos,


biológicos), houve uma necessidade de a ciência encarar também o homem como objeto de
seu conhecimento, passando a abordá-lo da mesma forma que os outros fenômenos naturais.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 43


Deu-se, assim, o surgimento das Ciências Humanas ao final do século XIX, com a pretensão
de se configurar de acordo com os mesmos parâmetros das ciências naturais (SEVERINO,
2007).

Mas Severino (2007) destaca que ao longo dos tempos, as peculiaridades do modo do ser
humano foram mostrando a complexidade do fenômeno humano e a necessidade de novos
paradigmas epistemológicos de pesquisa. Daí, as várias modalidades de pesquisa que podem
ser praticadas nas ciências humanas e sociais. Modalidades essas que tratarei com você
posteriormente.

Um cientista social, no entanto, não poderá, assim como o físico, observar os fenômenos sociais em
laboratório, nem poderá repetir sua experiência para observar as regularidades daqueles fenômenos.
Isso porque a realidade social é dinâmica e está em constante transformação. Além disso, existem
inúmeros outros fatores que podem contribuir para que determinados fenômenos sociais ocorram,
tais como fenômenos históricos, psicológicos e sociais que não podem ser isolados nem medidos em
laboratório.
As Ciências Sociais surgiram no século XIX, na Europa, com o objetivo de tentar explicar as trans-
formações, mudanças e a constituição das sociedades humanas. A Sociologia é uma das ciências
sociais que teve origem nesta época. Augusto Comte é considerado o pai da Sociologia e, também,
o responsável pela tentativa de aplicar métodos naturalistas à mesma. Comte toma os modelos ana-
líticos da Física e da Biologia e tenta aplicá-los à Sociologia, considerando a sociedade como uma
“física social”.
Comte também é um dos principais representantes do positivismo, teoria que pregava a existência
de leis invariáveis que regiam os fenômenos sociais, além de considerar que somente os conhecimen-
tos que se baseiam em fatos observáveis teriam validade. Mais adiante, vamos falar um pouco mais
sobre Comte.
As Ciências Sociais vêm estabelecendo métodos de análise da sociedade que se baseiam, dentre
outros, na utilização de questionários abertos e fechados, na realização de entrevistas e pesquisas
de campo, na análise de documentos, etc. Existem dois tipos gerais de procedimentos de pesquisa:

44 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


o qualitativo e o quantitativo.
Principais correntes sociais e políticas na Antiguidade que infl uenciaram o nascimento das Ciências
Sociais: os gregos lançaram as bases para o posterior surgimento das ciências sociais através do
desenvolvimento da fi losofi a e da teorização fi losófi ca sobre Política, Estado e Sociedade.
A teoria política, em especial, teve suas bases fi ncadas na Grécia antiga, quando pensadores como
Platão, Aristóteles, entre outros, teorizavam sobre o estado ideal, a justiça e as formas de governo.
A palavra democracia deriva do grego, onde demos signifi ca povo e Krátia, governo, poder. Os ate-
nienses são conhecidos por terem sido os primeiros povos que colocaram em prática o ideal demo-
crático, permitindo a participação dos cidadãos atenienses (e somente deles) na vida política grega.
O ideal democrático não se estendia a todos. Muitos estavam excluídos do “pretenso” sistema demo-
crático: no período arcaico (marcado pelo surgimento das primeiras aglomerações urbanas), que se
estendeu do século VIII a Vi a.c, por exemplo, estavam excluídos dos direitos políticos os escravos,
os estrangeiros e ainda as mulheres!
Fragmentos de: A Diversidade das Ciências e o Surgimento das Ciências Humanas.
Texto na íntegra, disponível em: <http://contextopolitico.blogspot.com/2008/12/diversidade-das-cin-
cias-e-o-surgimento.html>. Acesso em: 13 jul. 2011.

Pelas características da ciência apresentadas, podemos concluir que o Administrador é um


cientista. O Administrador, no seu cotidiano de trabalho, pesquisa e oferece respostas a fatos
reais, possíveis de serem testados e verificados.

Notou como o cientista pode ser um homem comum, como qualquer um de nós? Conseguiu
perceber que a ciência não é algo tão complexo assim? Espero que sim.

“A verdade é o objetivo da ciência, ainda que não possamos saber que a atingimos se, por acaso,
isso ocorrer”.
POPKIN, Richard. Ceticismo. Editora da Universidade Federal Fluminense: Niterói, 1996, p.55.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 45


“Embora isso possa parecer um paradoxo, toda a ciência exata é dominada pela idéia da aproxima-
ção”.
Bertrand Russel
“A ciência tem provas sem certeza. Os teólogos têm certeza sem qualquer prova”.
Ashley Montagu.
“A ciência está aberta à crítica, que é o oposto da religião. A ciência implora para que você prove que
ela está errada - que é todo o conceito - onde a religião o condena se você tentar provar que ela está
errada. Ela te diz aceite com fé e cale a boca”.
Jason Stock
Disponível em: <http://www.das.ufsc.br/~cancian/ciencia/ciencia_conhecimento_cientifi co.html>.
Acesso em: 13 jul. 2011.

CONSIDErAçÕES FINAIS

Ao terminar esta unidade queremos salientar o que pretendemos com as discussões propostas
na mesma.

Inicialmente, foi apontado o tópico O aluno e a Educação Superior, enfatizando o que se


espera de um aluno formado em qualquer curso da Educação Superior. Neste tópico, tive o
intuito de esclarecer qual o real papel do aluno na Educação Superior, como também gerar o
entendimento sobre a necessidade do desenvolvimento da autonomia intelectual no andamento
do curso. A autonomia que falo aqui, seria a autonomia de pensamento, de pesquisa, ou seja, a
autonomia intelectual, que será o grande diferencial do aluno no decorrer do curso.

No tópico seguinte foi abordado O processo de pesquisa nos cursos de Educação


Superior, em que procurei demonstrar que a pesquisa não é tão complexa quanto parece,
mas que na realidade ela está presente no dia a dia dos indivíduos. Neste tópico, fiz questão
de tomar um exemplo sobre a prática da pesquisa na vida de um Administrador.

Ainda neste tópico, abordei a necessidade de se fazer a pesquisa para realmente aprender, ou
seja, a necessidade da prática para haver aprendizado. Aqui, vale a pena relembrar que cabe a
você, estudante, ser o grande explorador dos fenômenos existentes na sociedade, para desta
forma além de aprender a fazer pesquisa, gerar novas descobertas.
46 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância
Posteriormente, ao incluir um tópico sobre Os diferentes tipos de conhecimento: popular,
religioso, filosófico e científico, procurei demonstrar os tipos de conhecimento que a
humanidade desenvolveu até hoje. Foi feita então uma discussão para diferenciarmos
o conhecimento científico dos outros tipos de conhecimento. Também procurei explanar e
detalhar mais para o entendimento do conhecimento científico como a fonte das discussões
em um curso da Educação Superior.

Para finalizar, foi feita uma discussão sobre Ciência.

Neste tópico tive o intuito de salientar que a ciência, que se utiliza de pesquisas, é o caminho
para a produção do conhecimento científico. O desenvolvimento de uma sociedade pode ser
medido pela sua capacidade de produzir esse tipo de conhecimento. Basta olharmos para
nossa realidade para percebermos isto: os países que mais produzem conhecimento científico,
e agregam o mesmo em forma de produtos, são mais ricos e mais desenvolvidos do que os
demais. Como exemplo desses países, podemos citar o Japão, Estados Unidos da América,
Alemanha, Inglaterra, entre outros tantos, que desenvolvem pesquisas por meio das quais
inovam ou inventam novos produtos que são exportados para o mundo todo.

Enfim, espero que você tenha adquirido os conhecimentos propostos nesta unidade. Passemos
à próxima.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) Leia atentamente o texto a seguir:

Educação Superior no Brasil

No Brasil, a falta de paridade de gêneros é elevada na educação superior, na qual é observada dispa-
ridade em favor das mulheres. O acesso às instituições públicas ainda deve ser ampliado para incluir
uma proporção maior dos jovens com idades entre 18 e 24 anos, principalmente os provenientes das
camadas mais baixas da população. As avaliações indicam a existência de grandes diferenças de
qualidade educacional entre as instituições, particularmente entre as instituições privadas.
Por intermédio de um permanente diálogo com o poder público, com as universidades e demais ins-
tituições de ensino e pesquisa, a UNESCO no Brasil tem procurado incentivar a formação de profes-
sores, a mobilidade, qualidade, mudanças e inovações que se tornaram inadiáveis face aos desafios
que estão surgindo na sociedade do conhecimento de hoje. Para tanto:
• articula redes internacionais e regionais de informação e de conhecimentos (Cátedras
UNESCO / Redes UNITWIN),

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 47


• reúne dirigentes e pesquisadores,

• promove estudos e reflexões e

• incentiva o intercâmbio entre os países e as instituições

• dá apoio a programas inovadores da educação superior, tanto do poder público, como


no caso dos Programas em Educação Superior promovidos pelo Ministério da Educação,
como de universidades, instituições privadas e entidades da sociedade civil

• procura colocar à disposição das universidades e outras instituições informações e docu-


mentos de referência considerados indispensáveis ao processo de mudança e renovação
da educação superior.

A coordenação da atuação da UNESCO na América Latina na área do ensino superior se dá


por meio do Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e Caribe -
IESALC. A UNESCO no Brasil participa com a IESALC nos dois projetos de implementação
de universidades de integração intercultural, baseadas em valores essenciais como o respeito
aos direitos humanos, ao diálogo intercultural, à diversidade cultural e à paz entre os povos:

• a criação da Universidade Federal da Integração Latinoamericana - UNILA: sediada em


Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, para promover o desenvolvimento de uma mentalidade de
integração regional.

• a criação da Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira - UNILAB: sedia-


da no Ceará, Brasil, para contribuir com o intercâmbio entre o Brasil e os demais Estados-
-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os
africanos.

Disponível em: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/education-quality/higher-educa-


tion/>. Acesso em: 13 jul. 2011.
Com base no texto apresentado, responda:

a) Quais as principais barreiras enfrentadas pela população Brasileira para ter acesso ao En-
sino Superior?

b) Quais parâmetros a sociedade (Governo, Empresas e Instituições) podem se utilizar para


incetivar a prática à pesquisa?

2) Falou-se neste tópico sobre a pesquisa científica e o papel do pesquisador. Em sua opinião,
quais aspectos podem ser melhor trabalhados no Ensino Superior para estimular o aluno
ao desenvolvimento de Pesquisas?

3) Utilize a tabela a seguir para “treinar” sobre a necessidade de gerenciamento de tempo e


planejamento de atividades. Elenque 5 (cinco) metas que deseja cumprir e crie um crono-
grama para o desenvolvimento, depois faça uma avaliação da tarefa.
48 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância
CRONOGRAMA

DIA/MÊS HORA ATIVIDADE REALIZADA


PROGRAMADA SIM NÃO

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 49


UNIDADE II

MÉTODO CIENTÍFICO
Professor Me. João Batista Pereira
Atualização: Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva

Objetivos de Aprendizagem

• Apreender o que é método e o método científico.

• Conhecer os principais pensadores que colaboraram para o desenvolvimento da


ciência.

• Entender os principais métodos científicos utilizados.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• O método

• O método científico e o seu desenvolvimento histórico: Galileu Galilei, Francis


Bacon e René Descartes.

• Os diferentes tipos de métodos científicos: indutivo e dedutivo


INTRODUÇÃO

Prezado aluno, quando pensei nesta unidade, tive o intuito de explorar um pouco mais alguns
dos elementos tratatos na unidade I, tais como o conhecimento, o método científico entre
outros.

Você pode estar se perguntando, mas por que motivo preciso conhecer tais elementos? Minha
resposta se embasa no fato de que as transformações em torno da humanidade, sejam elas
tecnológicas, sociais ou organizaconais tem crescido constantemente e provocado cada vez
mais desafios relacionados ao campo da pesquisa científica. Os pesquisadores necessitam
cada vez mais explorar novos paradigmas e diferentes áreas de conhecimento para, dessa
maneira, fazer novas descobertas.

Além disso, a necessidade desta unidade está no fato de que torna-se necessário que
entendamos não apenas para os procedimentos de pesquisa, mas também o que vem a ser o
método e os principais tipos de métodos científicos.

Desta forma, vejo uma necessidade de conhecimento do desenvolvimento histórico do método.


Como tudo em nossas vidas, o método tem uma “história” que tiveram a influência dos ideais
e pesquisas de pensadores, entre os quais tratarei aqui de Galileu Galilei, Francis Bacon e
René Descartes. Mesmo que não estudemos todos os pensadores, vamos discutir a partir dos
ideiais dos principais pensadores que colaboraram para o desenvolvimento da ciência.

Também vou apresentar a você, aluno, os métodos científicos indutivo e dedutivo. A


apresentação de tais métodos se justifica principalmente pela importância de diferenciá-los e
compreendê-los para o desenvolvimento da pesquisa científica.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 53


O MÉTODO

Fonte: PHOTOS.COM

Inicio aqui a discussão abordando que o método científico está ligado ao conceito de ciência.
Relembremos a unidade I, ao dizer que a ciência pode ser vista como um conjunto de atitudes
e atividades racionais, que são dirigidas de maneira sistemática com um objetivo limitado.

O método vem do grego méthodos (meta =além de, ódos = caminho). O método pode ser visto
no seu sentido sistemático. O Minidicionário Aurélio conceitua sistemático como “1. relativo a,
ou que segue um sistema. 2. Ordenado, metódico [...]”(FERREIRA, 2009). Notem que uma das
definições para o termo sistemático é o mesmo ser ordenado, metódico. Podemos concluir,
então, que o método pressupõe uma ordem.

Lakatos e Marconi (1982, apud RICHARDSON, 2008), mencionam diversas definições para o
método, dentre as quais estão as descritas a seguir:

• Método é um caminho pelo qual se chega a determinado resultado.

• Método é uma forma de proceder a um caminho, e na ciência constitui os instrumentos bá-


sicos que ordenam de início o pensamento, de modo a traçar de modo ordenado o percurso
do cientista para alcançar um objetivo.

• Método pode ser visto como um procedimento regular, explícito e passível de ser repetido
para se alcançar algo material ou conceitual.

54 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


• O método ajuda a compreender o processo de uma investigação científi ca.

A partir das definições mencionadas, observa-se que o método constitui um caminho para se
chegar a um objetivo.

Segundo Richardson (2008), é necessário ainda, distinguir o método da metodologia.


Enquanto o método diz respeito à maneira para se chegar a determinado fim, ou seja, um
caminho, a metodologia diz respeito às regras estabelecidas para o método científico, por
exemplo, observar, formular hipóteses, elaborar instrumentos de coleta de dados etc.

O método é um conjunto de normas que precisam ser satisfeitas caso se deseje que a pesquisa seja
adequadamente conduzida e capaz de levar a conclusões válidas e fundamentadas.
João Alvaro Ruiz. Metodologia Científi ca: guia para efi ciência nos estudos (2006).

Espero que até aqui, estudante, tenha ficado claro a importância de o pesquisador compreender
o método que ele quer utilizar, pois é a partir do método que são definidos os passos seguintes
de uma pesquisa científica.

Para melhor entendimento, vamos ao seguinte exemplo:

Suponhamos que você tenha o objetivo de fazer um bolo. Para a maioria de nós, o primeiro
passo seria buscar uma receita, pois a probabilidade de ter mais sucesso com o resultado
será bem maior. Mesmo assim, todos nós sabemos que na receita de bolo são descritos os
ingredientes necessários, que são seguidos das informações de “como fazer”.

Bem, como a receita é dotada dos procedimentos, já que descreve os ingredientes e, depois, a

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 55


forma e ordem para misturá-los, pode-se dizer que a receita é o método. Quando levamos em
consideração as regras estabelecidas para se fazer o bolo, por exemplo, “bata por 5 minutos,
coloque no forno por 45 minutos e ao final coloque um garfo para verificar se está assado”,
falamos então da metodologia.

Para melhor explicar então o conceito de método, pegamos o conceito das autoras Marconi e
Lakatos (2010), ao dizerem que:
O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança
e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando nas decisões do
cientista (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 46).

A partir da definição das autoras Marconi e Lakatos (2010), podemos dizer que o método é
uma forma organizada de se desenvolver uma pesquisa para se chegar a um objetivo. Daí, o
seu sentido sistemático. Falamos em etapas e procedimentos que não podem ser vistas de
maneira fragmentada, mas que precisam estar interconectadas para se chegar a um fim.

O método científi co pode ser defi nido como a maneira ou o conjunto de regras básicas empregadas
em uma investigação científi ca com o intuito de obter resultados o mais confi áveis quanto for possível.
Entretanto, o método científi co é algo mais subjetivo, ou implícito, do modo de pensar científi co do que
um manual com regras explícitas sobre como o cientista, ou outro, deve agir.
Geralmente o método científi co engloba algumas etapas como: a observação, a formulação de uma
hipótese, a experimentação, a interpretação dos resultados e, por fi m, a conclusão. Porém alguém
que se proponha a investigar algo através do método científi co não precisa, necessariamente, cumprir
todas as etapas e não existe um tempo pré-determinado para que se faça cada uma delas. Charles
Darwin, por exemplo, passou cerca de 20 anos apenas analisando os dados que colhera em suas
pesquisas e seu trabalho se constitui basicamente de investigação, sem passar pela experimentação,
o que, contudo, não torna sua teoria menos importante. Algumas áreas da ciência, como a física quân-
tica, por exemplo, baseiam-se quase sempre em teorias que se apóiam apenas na conclusão lógica a

56 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


partir de outras teorias e alguns poucos experimentos, simplesmente pela impossibilidade tecnológica
de se realizar a comprovação empírica de algumas hipóteses.
O método científi co como conhecemos hoje foi o resultado direto da obra de inúmeros pensadores
que culminaram no “Discurso do Método” de René Descartes, onde ele coloca alguns importantes
conceitos que permeiam toda a trajetória da ciência até hoje. De uma forma um pouco simplista, mas
apenas para dar uma visão melhor do que se trata o método proposto por Descartes, que acabou
sendo chamado de “Determinismo Mecanicista”, “Reducionismo”, ou “Modelo Cartesiano”, ele baseia-
-se principalmente na concepção mecânica da natureza e do homem, ou seja, na concepção de que
tudo e todos podem ser divididos em partes cada vez menores que podem ser analisadas e estudadas
separadamente e que (para usar a frase clássica) “para compreender o todo, basta compreender as
partes”.
Talvez, o exemplo mais fácil de se verifi car o método proposto por Descartes, seja através da medi-
cina: baseada no modelo cartesiano a medicina se dividiu em especialidades cada qual procurando
entender os mecanismos de funcionamento de um órgão ou parte específi ca do corpo humano. As do-
enças passaram a ser encaradas como algum distúrbio em determinada parte que constitui o homem,
e o homem em si, como um todo, deixa de ser considerado na investigação da medicina segundo
modelo cartesiano.
Que o método de Descartes funcionou, não restam dúvidas a ciência evoluiu como nunca com a
aplicação deste método. Porém a ciência que tinha como objetivo primeiro, proporcionar o bem estar
ao homem através da compreensão e modifi cação da natureza à seu favor, como propôs Francis
Bacon seguido por Descartes, perdeu seu sentido. Com a aplicação do modelo reducionista em todas
as áreas do conhecimento as interações entre as partes e o todo e entre este e outros deixou de ser
considerada causando sérios distúrbios sociais, ambientais e ameaçando até a existência do próprio
homem em contradição com seu princípio fundamental.
Por Caroline Faria
Disponível em: <http://www.infoescola.com/ciencias/metodo-cientifi co/>. Acesso em: 14 jul. 2011.

Após falarmos sobre o método, podemos dizer que como a ciência, procura a racionalidade
e a verificabilidade do que estuda. O método correto traça um caminho a ser percorrido pelo
cientista em suas pesquisas e por meio dele a probabilidade de erros será muito remota.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 57


COMO A UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS CIENTÍFICOS AUXILIA O ADMINISTRADOR
Segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), intitu-
lada Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de Empresas no Brasil, a taxa de empresas que
fecharam no Brasil foi de “49,4%para as empresas com até 2 anos de existência (2002); 56,4% para
as empresas com até 3 anos de existência (2001); e 59,9% para as empresas com até 4 anos de
existência (2000) (SEBRAE, 2004, p. 11).
A mesma pesquisa apontou que “na opinião dos empresários que encerraram as atividades, [...],
encontram-se em primeiro lugar entre as causas do fracasso questões relacionadas a falhas geren-
ciais na condução dos negócios, expressas nas razões” (SEBRAE, 2004, p. 14).
Oras o que são “falhas gerenciais na condução dos negócios”? Podemos resumir esta bela frase
em falta de conhecimento gerencial (conhecimento científi co), e de um método para as empresas se
organizarem através deste conhecimento.
Hoje, há ainda muitas pessoas que abrem uma empresa sem fazer um plano de negócios, e muitas
desconhecem, como a própria pesquisa do SEBRAE demonstrou, como se gerencia uma empresa.
O plano de negócios é um método que se deve adotar quando alguém pretende abrir sua empresa
para analisar a viabilidade de abertura do negócio.
Do contrário, fi camos no conhecimento popular onde a pessoa “acha” que seu negócio dará certo.
Ainda devemos entender que a organização de uma empresa demanda um método. A disciplina cha-
mada Organização, Sistemas e Métodos aborda este assunto.
Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bte/bte.nsf/9A2916A2D7D88C4D03256EEE004
89AB1/$File/NT0008E4CA.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2011.

Agora que tratamos do conceito de método, espero que você, aluno, tenha compreendido a
necessidade dessa abordagem antes de se fazer uma pesquisa científica. Ademais, após o
entendimento do método podemos falar de maneira mais aprofundada do método científico.

58 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Passemos então, ao próximo tópico.

O MÉTODO CIENTÍFICO E O SEu DESENVOLVIMENTO HISTÓrICO

Antes de abordarmos o conceito e pressupostos do método científico, torna-se importante


destacar que não se pretende esgotar o assunto neste livro, até mesmo porque não é possível
tal feito. Sendo assim, procurarei apontar, rapidamente, estágios pelos quais o método passou
e nos ater aos pensadores mais significativos.

Segundo Richardson (2008), a ideia de método é muito antiga, foram Demócrito e Platão
que empreenderam tentativas para fazer uma síntese teórica da experiência adquirida na
aplicação dos métodos de conhecimento. Além disso, torna-se importante recordar o método
de Arquimedes para calcular áreas de figuras planas, e Aristóteles com a formulação do
método indutivo, que permite inferir logicamente as características de um fenômeno, como
abordaremos posteriormente.

Mas abordaremos neste tópico, as principais figuras do desenvolvimento da ciência moderna,


Galileu Galilei, Francis Bacon e René Descartes.

Em seus trabalhos, Galileu Galilei insistia na necessidade de elaborar hipóteses e submetê-


las a provas experimentais. Francis Bacon entrou na história como criador do método indutivo,
que consiste em concluir o geral a partir do particular, sendo obtido pela experiência e pela
observação. Já René Descartes não acreditava na indução, mas na dedução, pois considerava
que o conhecimento deveria ser rigorosamente demonstrado e inferido, a partir de um princípio
único e fidedigno (RICHARDSON, 2008).

Os Precedentes do Pensamento Moderno


Dada a ruptura lógica entre o pensamento tradicional, teísta, e o pensamento moderno, imanentista,
não se podem achar causas racionais dessa mudança, mas apenas práticas e morais. O grandioso
edifício ideal da Idade Média, em que a religião e civilização, teologia e fi losofi a, Igreja e Estado, clero
e laicado, estavam harmonizados na transcendente unidade cristã, foi, de fato, destruído pelo huma-
nismo imanentista, que constitui o espírito característico do pensamento moderno. Este pensamento

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começa com a prevalência dada aos interesses e aos ideais materiais e terrenos, com o conseqüente
esquecimento dos interesses e ideais espirituais e religiosos; e torna-se completo com a justifi cação
dos primeiros e a exclusão dos segundos. É precisamente o que acontece com os homens inteira-
mente entregues aos cuidados mundanos: primeiro se esquecem das coisas transcendentes, e, em
seguida, querendo ser coerentes, negam-nas.
Entretanto, se não há causas lógicas do pensamento moderno, há, porém, precedentes especulativos,
que, valorizados pela nova atitude espiritual, se tornarão fontes especulativas do próprio pensamento
moderno. Tais precedentes especulativos podem ser resumidos desta forma: o panteísmo neoplatô-
nico, o aristotelismo averroísta e o nominalismo ocamista, os quais foram-se afi rmando contempora-
neamente a uma gradual decadência do genuíno pensamento escolástico (racional, teísta, cristão),
especialmente tomista, com que se acham em oposição. E tal decadência cultural é acompanhada,
por sua vez, pela decadência da Igreja e do Papado - o exílio avinhonês e o cisma do ocidente.
Os Períodos do Pensamento Moderno
Este grande movimento especulativo, que é o pensamento moderno, naturalmente não se manifesta
na sua signifi cação imanentista senão na plenitude do seu desenvolvimento. Portanto, manifesta-se
através de uma série de períodos, que se podem historicamente (e dialeticamente) indicar assim:
1. Antes de tudo a renascença , em que a concepção imanentista, humanista ou naturalista, é po-
tentemente afi rmada e vivida. Trata-se, porém, de uma afi rmação ainda não plenamente consciente
e sistemática, em que o novo é misturado com o velho. Este, muitas vezes, prevalece, ao menos na
exterioridade da forma lógica e literária. A Renascença é preparada pelo Humanismo, e tem como seu
equivalente religioso a reforma protestante.
2. A este primeiro período do pensamento moderno, que, substancialmente, abrange os séculos XV
e XVI, se seguem o racionalismo e o empirismo, que abrangem os séculos XVII e XVIII. Após a revo-
lução renascentista e protestante, sente-se a necessidade de uma séria indagação crítica, não para
demolir aquelas intuições revolucionárias, mas, ao contrário, para dar-lhes uma sistematização lógica.
É o que fará especialmente o racionalismo em relação ao conhecimento racional.
3. E outro tanto fará e empirismo em relação ao conhecimento sensível. Empirismo e racionalismo
são tendências especulativas, gnosiológicas, opostas entre si, como a gnosiologia sensista está certa-
mente em oposição à gnosiologia intelectualista. Entretanto, concordam em um comum fenomenismo,
pois, em ambos, o sujeito é isolado do ser e fechado no mundo das suas representações. Não se
conhecem as coisas e sim o nosso conhecimento das coisas.
4. Empirismo e racionalismo, após uma lenta, gradual e silenciosa maturação, encontrarão uma saída
prática, social, política, moral, religiosa no iluminismo e, portanto, na revolução francesa (Segunda
metade do século XVIII); esta representa a concreta realização do pensamento moderno na civiliza-
ção moderna. Esse movimento começa na Inglaterra, triunfa na França e se espalha, em seguida, na
Alemanha e na Itália.
Fragmentos do texto: O pensamento Moderno
Texto na íntegra, disponível em: <http://www.mundodosfi losofos.com.br/pensmoderno.htm>. Acesso
em: 14 jul. 2011.

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Observamos, então, que a partir do século XVI iniciou-se uma corrente de pensamento que
se propunha a conhecer os fenômenos por si mesmo, sem explicações míticas, religiosas ou
filosóficas (LAKATOS; MARCONI, 2010). Temos aqui o início da ciência moderna.

Vamos, a seguir, aprender sobre três grandes personagens da ciência moderna: Galileu Galilei,
Francis Bacon e René Descartes.

Passemos ao primeiro.

GALILEU GALILEI (1564 – 1642)

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Galileu_Galilei>.

As informações que serão apresentadas a seguir devem ser vistas por você em aulas de
História. Mas, conforme citei a você no tópico anterior, torna-se necessário relembrá-las por
serem fatos marcantes ao se falar do método científico.

Galileu Galilei em pleno século XVI, na Itália (berço do Renascimento), ao mesmo tempo em
que teve sua formação intelectual baseada nos valores da Idade Média, segundo Richardson

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(2008), Galileu Galilei teve uma contribuição fundamental para o desenvolvimento da ciência
moderna, pois sem aceitar a observação pura e as conclusões filosóficas arbitrárias, Galileu
insistia na necessidade de elaborar hipóteses e submetê-las a provas experimentais. Foram os
primeiros passos para o método científico moderno.

Galileu deu um tratamento teórico sobre as investigações do homem acerca do universo por
meio do método experimental. Para Galileu Galilei “as ciências não tinham, como principal foco
de preocupações, a qualidade, mas as relações quantitativas” (LAKATOS; MARCONI, 2010).

A partir desta concepção de Galileu Galilei, observamos que os fatos ocorridos passam a ser
frutos da observação e da experiência e devem ser transformados em quantidades.
Em seu esforço crítico, Galileu aprendeu a recusar tanto a tradição, quanto o
encantamento da empiria: tinha plena consciência de que a elaboração de uma teoria
exige que experiências e práticas, que relatos e observações dos empíricos e dos
técnicos, sejam colocadas em um outro plano. Galileu reconhecia a infinita distância
entre o saber obtido pela experiência imediata e o conhecimento científico, alcançável
com base em critérios precisos de caráter teórico (MORAES; FROTA, p.20, 2000).

Como prova de sua recusa da tradição, Galileu Galilei chegou a ser processado pela Inquisição
por ter afirmado ser o Sol o centro do universo e não a Terra (como a Igreja Católica defendia).
Outro aspecto que precisamos salientar é que nosso personagem não acreditava apenas
na experiência imediata. Galileu pretendeu, a partir de experimentos, criar leis e teorias que
explicassem os fenômenos (como a queda dos corpos).

Vamos entender o método desenvolvido por Galileu:


De acordo com a sua interpretação mais tradicional, o “método científico” é concebido
como um processo indutivo por meio do qual chega-se a generalizações (leis científicas)
a partir de observações de instâncias singulares (dados empíricos) de um fenômeno.
Tomando como ponto privilegiado de partida, e como limite do teórico, a observação
da realidade, a correta aplicação do “método científico” permitiria o conhecimento da
natureza como ela é, livre das preconcepções e especulações do sujeito conhecedor
(ZYLBERSZTAJN, 1998, p. 37).

Prestemos bastante atenção: Galileu propunha o método indutivo. Esse tipo de método parte

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de observações específicas para gerar uma lei geral. Pode nos parecer óbvio, mas foi um
grande avanço para a ciência.

Existe mais um aspecto da obra de Galileu Galilei que merece atenção, ele julgava que o
universo, criado por Deus, tinha suas leis e que caberia ao homem descobri-las. Logo, o
conhecimento, para Galileu, não seria mais apenas aquele revelado na Bíblia. E esta
descoberta se daria mediante às ciências exatas:
A filosofia se encontra escrita neste grande livro, o universo,que permanece
constantemente aberto aos nossos olhos. Mas o livro não pode ser entendido a menos
que se aprenda primeiro a linguagem e as letras no qual ele está escrito. Ele está escrito
na linguagem da matemática e seus caracteres são triângulos, círculos, e outras figuras
geométricas sem as quais é humanamente impossível entender uma única palavra dele
(ZYLBERSZTAJN, 1998, p. 41).

O experimento mais conhecido efetuado por Galileu é o da queda dos corpos em um plano
inclinado. Lembremos que ele vivia em Pisa, onde se encontra, até hoje, a Torre inclinada.

Para Moraes e Frota (2000), as descobertas de Galileu Galilei “abalaram as bases” de uma
série de crenças articuladas à ideia de que o Universo era finito e hierarquizado, que era
naquela época objeto de interesse dos estudiosos.
Ao voltar sua luneta para o alto, Galileu demonstra as bases falsas desse mundo de
crenças. Copérnico tinha razão. O Sol, fonte de luz do mundo, estava no centro do
sistema e a Terra girava em torno dele e de seu próprio eixo. O Sol, o mais perfeito
dos astros, possuía manchas; a Lua, montanhas - como explicá-las se lá não havia
homens para pecar? Por outro lado, colocando dúvidas sobre a finitude do universo,
argumentava Galileu, “não se pode provar que as estrelas fixas estejam dispostas numa
esfera e nem mesmo é possível saber qual é a forma do firmamento, como sequer se
ele tem uma forma” (MORAES; FROTA, p.24, 2000).

O que percebemos a partir dos ideais de Galileu é que a ciência precisa ser comprovada e
que não é suficiente acreditar nas explicações dadas pela Igreja ou pelo saber do povo (os
tipos de conhecimento que vimos na unidade I), mas sim comprovar de forma quantitativa os
fenômenos observados.

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GALILEU GALILEI
Nascido em Pisa em fevereiro de 1564, foi responsável pela criação de inventos e aperfeiçoamento de
teorias que caracterizaram as novas descobertas do Renascimento. Em 1581, Galileu matriculou-se
na Escola de Artes da Universidade de Pisa para estudar medicina. Quatro anos mais tarde abando-
nou o curso para dedicar-se à matemática. Em 1589, tornou-se catedrático da Universidade de Pisa.
Nessa época começa a fazer as primeiras investigações no campo da física, particularmente em
mecânica, tentando descrever os fenômenos em linguagem matemática.
Em 1593, Galileu inventou uma bomba d’água. Em 1597 elaborou um compasso geométrico e militar
e em 1606, construiu um termômetro. Após tomar conhecimento das lunetas holandesas, que apro-
ximavam objetos distantes, apesar de pouco potentes e com grandes distorções da imagem, Galileu
percebeu que a luneta poderia ser utilizada para explicar questões da teoria heliocêntrica, proposta
por Copérnico. Galileu passou a defender a teoria do heliocentrismo, apesar de não se expor muito
publicamente. Giordano Bruno já havia sido queimado vivo pela Santa Inquisição da Igreja Católica
por defender as idéias de Copérnico.
Dessa forma, Galileu melhorou as lunetas de modo que as imagens fi cassem mais nítidas e sem de-
formações, com um aumento de seis vezes, isto é, duas ou três vezes mais ao das lunetas da época.
Em 1609, empolgado com os primeiros resultados, fabricou uma luneta com aumento de nove vezes,
sem deformações. Em 1610, Galileu publicou suas observações celestes no “Sidereus Nuncius” com
tiragem de 560 exemplares. Nesse livro falou de montanhas na Lua, dos “planetas” que giravam em
torno de Júpiter e nas milhares de estrelas da Via Láctea. Estas descobertas foram muito criticadas
por teóricos que não acreditavam em suas experiências.
Em 1611, a Igreja começou a preocupar-se com as idéias de Galileu afi rmando que ele era “perigoso”,
pois suas idéias infl uenciavam muitas pessoas. Apesar de tentar se defender, foi convocado para en-
frentar um tribunal do Santo Ofício. Condenado, foi obrigado a negar suas teorias sob pena de morrer
queimado. Sobre este acontecimento existem muitas versões diferentes. Seja como for, Galileu conti-
nuou vivo. Nesse período, não parou de trabalhar e publicou clandestinamente, em 1638, o “discurso
a respeito de duas novas ciências”, onde recapitulou os resultados de suas primeiras experiências e
acrescentou algumas refl exões sobre os princípios da mecânica. Essa obra seria a mais madura de to-
das que escreveu. No mesmo ano Galileu fi cou cego. Morreu quatro anos depois, em janeiro de 1642.
Disponível em: <http://www.museutec.org.br/linhadotempo/inventores/1551galileu.htm>. Acesso em:
14 jul. 2011.

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FRANCIS BACON (1561 – 1626)

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon_%28fil%C3%B3sofo%29>.

Vamos iniciar nossa discussão com algumas informações sobre Bacon.

Assim como Galileu Galilei, Bacon viveu no século XVI, na Inglaterra. Filho de nobres, Bacon
teve uma sólida educação, tendo cursado a Universidade de Cambridge.

Também como Galileu, Bacon foi educado nos princípios que nortearam a Idade Média.
Lembra-se do silogismo? Quando discutimos o conhecimento filosófico, explicamos o que é o
silogismo. A educação que Bacon recebeu teve como base esta forma de pensamento.

O silogismo não permite que se conheça nada de novo. Vamos rememorar: parte-se de uma
premissa maior (conhecimento já existente), depois temos uma premissa menor (que seria
um conhecimento a ser criado), e depois vem a conclusão. Este era o grande problema da
educação na Idade Média: não era permitido que se descobrisse nada de novo, porque a
forma de raciocínio partia de algo já existente e conhecido. Assim, o conhecimento não poderia
avançar e dar respostas aos novos problemas que surgiam.

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Exemplificando: como dar resposta à questão “como navegar em mar aberto?” se não havia
conhecimento sobre este tipo de navegação? Entendeu por que havia a necessidade de se
romper com a tradição? Já apontamos esse rompimento no pensamento de Galileu Galilei.
Com Francis Bacon não será diferente.

“Francis bacon, contemporâneo de Galileu critica Aristóteles alegando que o processo de abstração e
o silogismo não propiciavam um conhecimento completo do universo”.
Edima Aranha Silva – Evolução Histórica do Método Científi co: desafi os e paradigmas para o sé-
culo XXI. Econ. Pequis., Araçatuba, v.3, n.3, pp. 109-118, mar. 2001.

Francis Bacon, assim como Galileu, é conhecido como um empirista. Mas, assim como Galileu,
Bacon não quer a experiência por si só. Podemos ver o empirismo como um sistema filosófico
que atribui a origem do conhecimento somente na experiência.

Em sua obra Novum Organum, Francis Bacon explicita essa ideia, afirmando que “mesmo
os resultados até agora alcançados devem-se muito mais ao acaso e a tentativas do que
à ciência” (BACON, 1984, p. 14). Oliveira (2002), analisando a crítica que Bacon faz aos
empíricos, afirma que:
Quando Bacon critica os empiristas que se contentam com a descoberta ou obtenção dos
efeitos ao acaso, ou quando condena a precipitação em formar receitas para a prática,
ele se opõe a um pragmatismo imediatista, que atrasa o avanço do conhecimento. Para
ele, a investigação não se deve limitar à geração e às transformações dos corpos, mas
deve estender-se ao que produz e regula o movimento, pois não se dominará a natureza
sem tê-la compreendido (OLIVEIRA, 2002, p. 103).

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Constatamos, tanto pela citação retirada da Novum Organum, quanto pela análise de
Oliveira, que Bacon propunha uma nova forma de saber: não apenas pela prática, tampouco
pela ciência como era desenvolvida até então, mas pela junção de ambas – somente que com
outro método (que será tratado adiante).

Podemos concluir, então, que a utilização da experiência por si só leva ao exercício de “tentativa
e erro”. Assim, para Bacon, o cientista deve utilizar as “forças da mente” (o seu conhecimento
racional), aliado à experimentação (empirismo) para efetuar seus experimentos científicos,
visando entender o objeto ou fenômeno estudado.

MÉTODO
O objetivo do método baconiano é constituir uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais.
Para Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros não depende do raciocínio silogístico aristotélico mas
sim da observação e da experimentação regulada pelo raciocínio indutivo. O conhecimento verdadeiro
é resultado da concordância e da variação dos fenômenos que, se devidamente observados, apresen-
tam a causa real dos fenômenos.
Para isso, no entanto, deve-se descrever de modo pormenorizado os fatos observados para, em
seguida, confrontá-los com três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua da presença
(responsável pelo registro de presenças das formas que se investigam), a tábua de ausência (respon-
sável pelo controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes) e a tábua da
comparação (responsável pelo registro das variações que as referidas formas manifestam).
Com isso, seria possível eliminar causas que não se relacionam com o efeito ou com o fenômeno
analisado e, pelo registro da presença e variações seria possível chegar à verdadeira causa de um
fenômeno. Estas tábuas não apenas dão suporte ao método indutivo, mas fazem uma distinção entre
a experiência vaga (noções recolhidas ao acaso) e a experiência escriturada (observação metódica e
passível de verifi cações empíricas). Mesmo que a indução fosse conhecida dos antigos, é com Bacon
que ela ganha amplitude e efi cácia.
O método, no entanto, possui pelo menos duas falhas importantes. Em primeiro lugar, Bacon não dá
muito valor à hipótese. De acordo com seu método, a simples disposição ordenada dos dados nas
três tábuas acabaria por levar à hipótese correta. Isso, contudo, raramente ocorre. Em segundo lugar,
Bacon não imaginou a importância da dedução matemática para o avanço das ciências. A origem para
isso, talvez, foi o fato de ter estudado em Cambridge, reduto platônico que costumava ligar a matemá-
tica ao uso que dela fi zera Platão.
O método de Bacon visa a apresentar uma nova maneira de estudar os fenômenos. A descoberta de
fatos verdadeiros não depende de esforços puramente mentais, mas sim da observação, da experi-
mentação guiada pelo raciocínio indutivo.
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Pela concordância e concomitante variação dos fenômenos observados, pode-se chegar ao conheci-
mento da verdadeira causa que os determina. O fi lósofo aconselha para isso que, descritos os fatos,
sejam colocados numa tábua os exemplos de ocorrência do fenômeno e, em outra, os de sua ausên-
cia. Por esse processo eliminam-se as várias causas que não se relacionam ao efeito ou fenômeno
estudado. Numa terceira tábua registra-se a variação de sua intensidade. Seriam assim eliminadas as
causas não pertinentes e se chegaria, pelo registro da presença e das variações, à verdadeira causa.
Fragmentos do texto: Francis Bacon.
Disponível na íntegra em: <http://www.fi losofi a.com.br/bio_popup.php?id=61>. Acesso em: 14 jul.
2011.

Podemos dizer que o que Bacon propõe é que sejam buscadas as causas e não simplesmente
que se atenha aos resultados obtidos.

Utilizando o exemplo da abelha: devemos buscar na realidade (jardim e campo) os fenômenos


(matéria-prima nas flores do jardim e do campo), compreendê-los (digeri-los e transformá-los)
para que, dessa maneira, possamos entender as suas causas e ser útil (no caso, o do mel).
Devemos, portanto, conhecer a natureza para dominá-la. Utilidade e “verdade” caminham
juntas para esse autor (BACON, 1984).

Para tanto, Bacon desenvolveu um método. Esse é classificado como indutivo. Ou seja, segundo
o autor, devemos procurar nos fatos particulares as causas dos mesmos. Descobertas as
mesmas, poderemos induzir a conclusão para casos semelhantes. Para Bacon, a descoberta
de fatos a partir dos fenômenos dependia da observação e da experimentação, guiados pelo
raciocínio indutivo.

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Porém, há que se ter critérios nesse procedimento:
O nosso plano e o nosso verdadeiro procedimento – como já o dissemos muitas vezes
e de bom grado repetimos – consiste em não extrair obras de obras e experimentos de
experimentos, como fazem os artífices. Pretendemos deduzir das obras e experimentos
as causas e os axiomas e depois, das causas e princípios, novas obras e experimentos,
como cumpre aos legítimos intérpretes da natureza (BACON, 1984, p. 76).

Bacon propõe, então, as chamadas “tábuas”, para garantir que os resultados sejam
“verdadeiros”. São divididas em três: de presença, de ausência e de comparação (ou graus).

Na primeira (tábua de presença) seriam anotados todos os casos em que o fenômeno a


ser estudado aparece (Bacon utiliza o exemplo do calor). Nas tábuas de ausência seriam
arroladas as circunstâncias em que o fenômeno não acontece; e nas tábuas de graus (ou de
comparação) anotam-se as alterações do fenômeno estudado (BACON, 1984).

Posteriormente, devemos “[...] eliminar todos os fenômenos que não se acham na tábua de
presença, os que figuram na de ausência e os que, na tábua de comparação, não variam
quando a propriedade varia” (MATTOS, 1987, p. 30). O uso dessas tábuas é que garantiria a
obtenção, por parte do pesquisador, de resultados “verdadeiros”.

Bacon foi um marco na história do pensamento moderno, pois ousou propor uma nova forma
de obtenção do conhecimento, contrapondo-se à filosofia dominante à época.

Outro personagem que muito auxiliou no desenvolvimento da ciência foi René Descartes, que
veremos a seguir.

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RENÈ DESCARTES (1596 – 1650)

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes>.

René Descartes nasceu em 31 de março de 1596. Sua família pertencia à pequena nobreza
francesa. Sua formação escolar se deu por meio do silogismo no Colégio Católico dos Jesuítas
de “La Flèche”. Após os estudos do colégio, fez o curso jurídico na Universidade de Poitiers
(1615-1616). Mas, desde os tempos do colégio era a matemática que mais lhe interessava.

Não tendo que se preocupar com a sua subsistência, Descartes foi “estudar o mundo”. Viajou
pela Europa, alistou-se no exército de Maurício de Nassau (Príncipe de Orange) - aliado da
França contra a Espanha -; foi à Baviera e se alistou no exército de Maximiliano na guerra
contra o rei da Boêmia; esteve na Itália, foi à Suécia.

Logo após obter o conhecimento formal no colégio e não achar no mesmo respostas que
desejava, esse autor resolveu conhecer outras regiões e populações. Porém, não como um
turista, mas como alguém que queria conhecer.

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Assim como Bacon, Descartes discorda do silogismo: "[...] quanto à Lógica, que os seus
silogismos e a grande parte de suas instruções serviam antes para explicar aos outros as
coisas sabidas [...] para falar sem julgamento das coisas que não se sabem, do que para
aprendê-las" (DESCARTES, 2000, p. 38).

Para conseguir novos conhecimentos era necessário um novo método. O método proposto por
Descartes ao invés dos inúmeros preceitos de que a lógica se compõe, é baseado em quatro,
os quais são aparentemente, simples:
O primeiro consistia em jamais aceitar como verdadeira coisa alguma que eu não
conhecesse à evidência como tal, quer dizer, em evitar, cuidadosamente, a precipitação
e a prevenção, incluindo apensas nos meus juízos aquilo que se mostrasse de modo tão
claro e distinto a meu espírito que não subsistisse dúvida alguma.
O segundo consistia em dividir cada dificuldade a se examinada em tantas partes
quanto possível e necessário para resolvê-las.
O terceiro, por ordem em meus pensamentos, começando pelos assuntos mais simples
e mais fáceis de serem conhecidos, para atingir, paulatinamente, gradativamente, o
conhecimento dos mais complexos, e supondo ainda uma ordem entre os que não se
precedem normalmente uns aos outros.
E o último, fazer, para cada caso, enumerações tão exatas e revisões tão gerais que
estivesse certo de não ter esquecido nada (DESCARTES, 2000, p. 40).

A existência de Deus é uma característica central no pensamento de Descartes. Aparentemente,


essa característica pode se antagonizar à posterior análise de sua obra, porém, é justamente
nessa possível contradição – existência de Deus versus racionalismo – que se encontra, a
nosso ver, o núcleo central do pensamento do autor em questão. Descartes buscou, por meio
da razão, entender um mundo que foi criado por Deus (DESCARTES, 2000).
O que mais me contentava nesse método era que, por seu intermédio, eu tinha a
segurança de utilizar, em cada coisa, minha razão, se não de modo perfeito ao menos
da melhor maneira que me era possível. Sentia, além do mais, praticando-o, que meu
espírito aos poucos criava o hábito de conceber mais nítida e claramente os seus
objetos, e que, não o submetendo jamais a uma matéria particular, prometia aplicá-lo
tão utilmente às dificuldades das outras ciências, como procedera com as da álgebra
(DESCARTES, 2000, p. 44).

Assim, podemos dizer que Descartes inaugura uma espécie de filosofia completamente nova,

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modificando um estilo todo dando uma volta radical desde o objetivismo ingênuo (silogismo)
até o subjetivismo transcendental. Para Descartes, só se pode provar que algo existe se
pudermos provar sua existência.

O método proposto não será encontrado em uma ciência em particular: “[...] só poderá ser a
luz natural da inteligência bem dirigida e bem exercida” (MATTOS, 1987, p. 44). Visa, portanto,
ao ordenamento da mente humana na busca da sabedoria como método gerador da ciência.

Descartes prossegue dizendo que a melhor ocupação é cultivar a razão. É o que melhor podemos
fazer, pois é impossível dominar o universo e o que não atingimos é inacessível. Descartes, fi cou ro-
lando nove anos pelo mundo, vivendo sem luxos desnecessários, e solitário. Realizando meditações
metafísicas, chegou à dúvida metódica. Para se passar do pequeno Eu, (que é subjetivo e depende
de muitos fatores para ser conclusivo) para o mundo objetivo é necessário tomar como certas algumas
coisas. Mas, supondo que tudo o que se vê é falso, sua memória é cheia de mentiras. Nesses parâ-
metros, a única coisa verdadeira é que não há nada de certo no mundo.
Descartes realça que não estava sendo cético, pois esses são indecisos e ele buscava a verdade atra-
vés da dúvida. Pois há uma força que engana sempre. Mas se ela engana, não se pode negar que se
está recebendo a ação. Mesmo se não houver diferença entre o sonho e o estado acordado, ele pensa
enquanto duvida. Assim Descartes chegou à verdade Penso, Logo existo (em latim: Cogito, ergo sum).
Por pensamento Descartes considera tudo o que é de fato, e que nós nos tornamos conscientes disso.
São pensamentos todas as operações intelectuais e da imaginação, bem como da vontade.
Assim, Descartes se fecha em sua subjetividade, na sua mente e pôde supor que não existe mundo.
Mas a sua alma existe, e ela é puro pensamento. E um tópico interessante de sua teoria é a dualidade.
A alma é uma substância distinta do corpo. E antes de confi rmar como verdadeira a existência física do
mundo, Descartes demonstra a existência de deus. Afi rma que quem conhece é mais perfeito do que
quem duvida. Tudo aquilo que ele conhece tinha de vir de alguma coisa. Ele acha que é necessário
existir algo a quem ele depende e que seja perfeito. É a lei da causalidade, Deus é causa fi nal de tudo.
Descartes desenvolve o argumento ontológico para a existência de Deus. Antes dele, Santo Anselmo
já o tinha feito. O Deus cartesiano é infi nito, imutável, independente, onisciente, criador e conservador.
Deus é uma idéia inata, que já vem junto com o nascimento. Deus garante a objetividade do mundo.

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Existem também as idéias factícias, construídas por nós mesmos, e as adventícias, que vem de fora.
Descartes diz que existe uma luz interior dada por Deus, que dá confi ança e certeza, pois é impossível
que Deus seja mentiroso e enganador.
E, nossa consciência de Deus, do infi nito, essa percepção que o homem pode ter da divindade e da
perfeição é como “a marca do artista em sua obra”. Hegel mais tarde afi rmou que é impossível ao
homem conhcer o infi nito, pois ele só pode empregar categorias fi nitas. E o ser humano erra, erro que
provém do juízo. E no juízo o intelecto e a vontade infl uem. A pressão, infl uência da vontade sobre o
intelecto se não for bem administrada resulta no erro do juízo. Como em Santo Agostinho, é o mau
uso do livre arbítrio que faz o errado surgir. Meu intelecto como tal, em si, não é errado, mas meus
pensamentos e atos podem ser.
Descartes afi rma que a realidade exterior pode ser conhecida através da razão. As propriedades
quantitativas são evidentes para a razão, as propriedades qualitativas são evidentes para os sentidos.
Descartes fala da existência das substâncias, como a já citada alma e a extensão, ou matéria. A ma-
téria ocupa lugar no espaço e pode ser decomposta em partes menores. Existe só um tipo de matéria
no universo. O universo é composto de matéria em movimento. Não existe o espaço vazio, ou o vácuo
dos atomistas.
Visando a análise científi ca racional, Descartes chega à conclusão que os animais e os corpos huma-
nos são autômatos, como máquinas semelhantes ao relógio. Na quinta parte do Discurso do Método,
ele faz uma descrição fi siológica, o corpo é uma máquina de terra, construído por Deus, e suas fun-
ções dependem das funções dos orgãos.
A alma está ligada ao corpo por uma glândula cerebral, onde ocorre a interação entre espírito e maté-
ria. Na teoria mecanicista de Descartes, o corpo é uma máquina e deve entregar o controle das ações
para alma. E Descartes afi rma que a soma de todos os ângulos de um triângulo sempre será igual à
dois retos. Essa frase foi tomada por Spinoza, a quem Descartes infl uenciou, e signifi ca uma verdade,
independente dos vai-e vem das opiniões baseadas nos sentidos.
Fragmentos do texto: René Descartes – biografi a, idéias, pensamentos
Disponível em: <http://www.consciencia.org/descartes.shtml>. Acesso em: 14 jul. 2011.

Também vale a pena destacar que na obra de Descartes há – além da questão do método-,
todo um sistema filosófico que embasa o seu pensamento. Um dos aspectos deste sistema
filosófico é a dúvida metódica. Para exemplificar, Descartes aponta que a única certeza

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 73


que temos da nossa existência é o nosso pensamento. Daí, a máxima: penso, logo existo
(DESCARTES, 2000).

Descartes, contrariamente a Bacon, propôs o método dedutivo. Este método “[...] parte-se
de uma proposição abstrata para construir uma proposição discursiva concreta” (CARTONI,
2009, p. 24). Na dedução, portanto, parte-se de uma tese que vai ser comprovada, ou não, ao
longo da pesquisa. A dedução, portanto, é contrária a indução.

Nesta última, parte-se de casos específicos para a proposição de leis que regem aquele
fenômeno estudado.

OS DIFERENTES TIPOS DO MÉTODO CIENTÍFICO

Nos tópicos anteriores, foram apresentados de forma sucinta os ideais dos pensadores Bacon
e Descartes. Ao apresentar suas ideias, tive o intuito de apresentar o tipo de método que cada
um defendeu.

Antes de adentrarmos nos métodos de pesquisa mais utilizados, gostaria de falar a você,
aluno, sobre o positivismo. Dentre as principais correntes das Ciências Sociais no século XX
(positivismo, estruturalismo e materialismo dialético), o positivismo que tem como fundador
Augusto Comte, estabelece as ciências como investigação do real, do certo, do indubitável e
também do determinado. Para Comte, a imaginação e a argumentação do pesquisador ficam
subordinadas à observação (RICHARDSON, 2008).

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte>.

74 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Ademais, Richardson (2008) afirma que a corrente positivista parte do pressuposto de que
essa observação é limitada, e o conhecimento apenas pode apreender fatos isolados, além
de existir uma ordem natural que os homens não podem alterar, ou seja, os cientistas podem
apenas interpretar a natureza e não modificá-la, isto é, o pesquisador se restringe em estudar
as características fundamentais do fenômeno e suas possíveis relações.

O princípio básico do positivismo é o de que “o significado de uma proposição é seu método


de verificação” (RICHARDSON, 2008, p. 34).

Em termos gerais, pode-se dizer que a corrente positivista, segundo Richardson (2008, p. 33),
se baseia em “[...] um movimento que enfatiza a ciência e o método científico (a física) como
única fonte de conhecimento, estabelecendo forte distinção entre fatos e valores, e grande
hostilidade com a religião e a metafísica”.

Exemplifi cando, para entender o positivismo como corrente da pesquisa em administração, voltarei
a citar o caso de Francisco, abordado na unidade I. Está lembrado? Se não está, vamos relembrar
rapidamente.
De maneira geral, Francisco precisava realizar uma Pesquisa de Clima Organizacional na empresa
fi ctícia “Compre Sempre”.
Partindo dos princípios do positivismo, o estudo seria observado da seguinte forma:
• Fenômeno: pesquisa de clima organizacional.
• Alguns elementos: empresa, funcionários, gerência, procedimentos, relações interpessoais, sa-
lário, políticas organizacionais.
Os elementos identifi cados na pesquisa de clima organizacional serão estudados de maneira isolada,
sem considerar os elementos históricos (motivos) pelos quais estes ocorreram.
Além disso, Francisco poderia somente interpretar estes elementos e, se possível, relacioná-los, ou
seja, de maneira alguma poderia modifi cá-los.
Fonte: Elaborado pela autora (2011).

Agora, após fazer um apanhado geral das características principais da corrente positivista, a
seguir vamos sistematizar com maior clareza as características de dois tipos (mais usados)
diferentes de métodos científicos: o método indutivo e o método dedutivo.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 75


O MÉTODO INDUTIVO

A palavra indução, segundo o Minidicionário Aurélio, significa “operação de estabelecer uma


proposição geral com base no conhecimento de dados singulares” (FERREIRA, 2009).

Lakatos e Marconi (2010, p. 68) dizem que a indução é “[...] um processo mental por intermédio
do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade
geral ou universal, não contidas nas partes estudadas”.

Na concepção de Richardson (2008, p. 35), “a indução é um processo pelo qual, partindo de


dados ou observações particulares constatadas, podemos chegar a proposições gerais”.

Podemos dizer que na pesquisa em Administração o método indutivo é bastante utilizado. Por
exemplo, vamos supor que você queira identificar a opinião das pessoas sobre a média de
preço de determinado Shopping da cidade, você não vai perguntar a todas as pessoas que
frequentam o Shopping, pois isso seria inviável. Logo, por meio de uma amostra válida, você
pesquisa um grupo de pessoas que frequentem e comprem no Shopping e essas pessoas
dizem que as roupas dali são muito caras.

Desta forma, você chega à conclusão de que esse determinado Shopping vende roupas caras.
A partir dessa conclusão, o que fizemos foi uma inferência, ou seja, o raciocínio é indutivo.

A partir da definição e do exemplo, espero ter ficado mais fácil entender o que é o método
indutivo. O cientista pesquisa casos particulares e cria uma lei geral partindo daquele fenômeno
ou objeto estudado.

Vamos ao exemplo de Ruiz (2006, p. 139):

Este pedaço de fio de cobre conduz energia.

Este segundo e terceiro pedaços de fio de cobre conduzem energia.

Fio de cobre (todo) conduz energia.

76 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Cobre conduz energia.

Ouro conduz energia.

Ferro conduz energia.

(Todo) metal conduz energia.

Sendo assim, o raciocínio indutivo é muito comum, pois a partir da observação de alguns fatos,
tende-se a tirar conclusões gerais.

A ciência utiliza muito o método indutivo. Não é possível testar um medicamento em todos os
doentes, assim como não é possível pesquisar todos os consumidores para saber mais sobre
eles.
O método indutivo parte de premissas dos fatos observados para chegar a uma conclusão
que contém informações sobre fatos ou situações não observadas. O caminho vai do
particular ao geral, dos indivíduos às espécies, dos fatos às leis. As premissas que
formam a base da argumentação (antecedentes) apenas se referem a alguns casos. A
conclusão é geral, utilizando o pronome indefinido todo (RICHARDSON, 2008, p. 36).

Assim, cada vez mais o método indutivo é utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento.
Porém, pode haver falhas neste método, pois não se testa todos os casos. Lakatos e Marconi
(2010) chamam de indução incompleta ou científica quando são testados apenas alguns casos,
e se chega a uma lei geral a partir desta indução.

Para Ruiz (2006), principalmente pela tendência que o homem tem de generalizar propriedades
ou características, o método indutivo pode apresentar falhas se for utilizado superficialmente.
Daí a necessidade do método ser desenvolvido de maneira detalhada e válida na pesquisa
científica.

Gostaria de chamar a atenção também para um fato: pela ciência utilizar-se do método indutivo
incompleto gera o conhecimento científico falível. Assim, se um dia aparecer apenas um objeto
sólido que não caia se jogado do alto de um prédio, toda a Lei da Gravidade terá que ser

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 77


revista. “A ciência não tem o poder de alcançar a verdade ou a falsidade. Os enunciados
científicos somente podem alcançar graus de probabilidade” (RICHARDSON, 2008, p. 36).

O MÉTODO DEDUTIVO

Se no método indutivo nós partimos do particular para o geral, no método dedutivo acontece
o contrário: parte-se do geral para o particular.

Segundo Lakatos e Marconi (2010), Descartes, em sua obra, Discurso sobre o método,
afasta-se dos processos indutivos, originando o método dedutivo. Para ele, chega-se à
certeza, por intermédio da razão, princípio absoluto do conhecimento humano.

Vamos tentar entender melhor. Teremos que partir de exemplos mais simples para nos
tornarmos claros. Vejamos este exemplo de dedução apresentado por Ruiz (2006, p. 139):

Todo homem é mortal. (premissa geral)

Pedro é homem.

Pedro é mortal (conclusão particular)

Todo mamífero é vertebrado. (premissa mais geral)

Todo homem é mamífero.

Todo homem é vertebrado. (conclusão menos geral).

As deduções apresentadas partem de uma premissa inicial, ou seja, do geral chegou-se a uma
conclusão particular.

Os autores Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 46) argumentam que “o processo dedutivo, por um
lado, leva o pesquisador do conhecido ao desconhecido com pouca margem de erro; por outro
lado, é de alcance limitado, pois a conclusão não pode possuir conteúdos que excedam o das

78 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


premissas”. Porém, argumentam os mesmos autores, que não se deve menosprezar este tipo
de método, pois os matemáticos, por exemplo, o utilizam.

Podemos dizer aqui que o método dedutivo tem como foco explicar o conteúdo das premissas,
em que o pesquisador se utiliza de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, e análise
do geral para o particular, chega a uma conclusão.

As autoras Lakatos e Marconi (2010) destacam ainda, quatro regras para que o método
dedutivo não seja falível:

a) A da evidência: não acolher jamais como verdadeira uma coisa que não se reconheça
evidentemente como tal, ou seja, evitar a precipitação e o preconceito e não incluir juízos
de valor, senão aquilo que se apresenta como tal clareza ao espírito que torne impossível
a dúvida.

b) A da análise: dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas forem neces-
sárias para melhor resolvê-las, ou seja, compreende-se como o processo que permite a
decomposição do todo em suas partes constitutivas, indo sempre do mais para o menos
complexo.

c) A da síntese: conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com os objetos mais


simples e mais fáceis de conhecer, para se chegar até o conhecimento dos objetos que
não se disponham, de forma natural, em sequências de complexidade crescente. É um
processo que leva à reconstituição do todo, previamente decomposto pela análise, que vai
do que é mais simples para o complexo.

d) A da enumeração: realizar sempre enumerações e revisões para que se assegure de não


terem sido omitidas informações importantes.

Ruiz (2006) também argumenta que o método dedutivo é utilizado na filosofia e na matemática.
Já Richardson (2008) diz que o método dedutivo permite que o cientista avance do conhecimento
de um fato, à compreensão do por que desse fato.

Saliento ainda que, a pesquisa científica apresenta outros tipos de métodos, tais como o
hipotético-dedutivo e o dialético, porém abordamos apenas os mais utilizados (indutivo e

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 79


dedutivo). Esclareço que não se pretende esgotar o assunto ou menosprezar os demais métodos,
mas sim tratar dos métodos que são mais adequados e utilizados na área da Administração.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade procurei levar a você, aluno, conhecimentos acerca do desenvolvimento do


método científico. Podemos dizer que as discussões foram mais teóricas, mas isso se faz
necessário, pois, como tratamos na Unidade I, a formação em curso Superior demanda
entendimento sobre os conteúdos.

Primeiramente, trouxe a você algumas discussões sobre o método, que relembrando, podemos
dizer que se trata de uma ordem que seguimos para realizar uma tarefa. Ou seja, a forma pela
qual podemos chegar a determinado fim, por meio de um conjunto de normas para que as
conclusões atingidas sejam válidas.

Na sequência, adentramos nas considerações sobre o método científico e seu desenvolvimento


histórico, em que falei sucintamente sobre os principais pensadores, Galileu Galilei, Bacon,
Descartes. Ao falar sobre eles, tive o intuito de propiciar mais compreensão da humanidade
em termos de desenvolvimento do conhecimento científico, que é o responsável pelas grandes
descobertas que marcam nossas vidas até os dias atuais.

Por fim, foram apresentados a você os métodos: indutivo e o dedutivo. Tive o objetivo aqui de
mostrar como tais métodos estão presentes em nossas vidas.

Dizer que tais conhecimentos abordados nesta unidade se esgotaram ou são suficientes para você
como pesquisador, não foi meu objetivo, mas espero ter despertado um entendimento do que a
pesquisa científica pode proporcionar quando realizada de maneira imparcial e bem fundamentada.

80 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


ATIVIDADE DE AuTOESTuDO
1) Explique a diferença do método e da metodologia. Tente elaborar um quadro com exemplos
que possam diferenciá-los.

2) Faça uma pesquisa sobre os principais pensadores do fi nal do século XIX e início do XXI, e
verifi que suas principais contribuições para a sociedade nos dias atuais. Tenha uma visão
crítica sobre o assunto e explane como suas pesquisas impactaram o mundo contempo-
râneo.

3) Fale sobre a aplicabilidade dos métodos indutivo e dedutivo nas pesquisas em Administra-
ção. Em sua opinião, um método é mais efi ciente que outro? Por quê?

a) Calculando com Galileu: os desafi os da ciência nova


<http://coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2000/02/a8.htm>.
b) Galileu – um cientista e várias versões
<http://www.journal.ufsc.br/index.php/fi sica/article/viewFile/10073/9298>.
c) Teorias do Método Científi co: de Platão a Mach
<http://www.cle.unicamp.br/cadernos/pdf/Larry%20Laudan.pdf>.
d) Evolução histórica do método científi co: desafi os e paradigmas do século XXI
<http://www.feata.edu.br/downloads/revistas/economiaepesquisa/v3_artigo07_evolucao.pdf>.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 81


UNIDADE III

O TEXTO CIENTÍFICO E A PESQUISA


CIENTÍFICA
Professor Me. João Batista Pereira
Atualização: Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva

Objetivos de Aprendizagem

• Aprender a construir um texto científico.

• Conhecer a prática de pesquisa.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• A construção do texto científico

• Métodos de Pesquisa

• Principais abordagens da pesquisa científica: Funcionalismo, Estruturalismo,


Fenomenologia e Dialética
INTRODUÇÃO

Caro aluno, nesta unidade você estudará as características do texto científico. Afinal, você
elaborará um Trabalho de Conclusão do seu curso, e haverá a necessidade de entender os
procedimentos deste tipo de escrita.

Salientamos que a escrita científica pode parecer algo difícil. Porém, quando entendemos
como este tipo de escrita é construído, esta primeira impressão desaparecerá.

Após discutirmos como é a escrita científica, serão apresentados os métodos de pesquisa


e as principais abordagens da Pesquisa Científica. Ao trazer tais conteúdos, tive o intuito de
oferecer-lhe a oportunidade de conhecer maneiras pelas quais devemos proceder quando
pesquisamos.

Estes procedimentos e conteúdos facilitam a vida de quem se dedica à pesquisa. Também


sugiro que você pratique tais métodos e abordagens quando estiver estudando.

A CONSTRUÇÃO DO TEXTO CIENTÍFICO


Fonte: PHOTOS.COM

Antes de falar do texto científico em si, vamos conceituar o que é um texto. A palavra “texto” tem
sua origem no latim, e significa “tecido” (TEIXEIRA, 2002). Você pode estar se perguntando: o

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 85


que é um tecido? Nada mais do que um conjunto de fios (de algodão, por exemplo) entrelaçados
que formam um todo. Medeiros (2006) nos esclarece mais sobre esta característica do texto:
Texto é um tecido verbal estruturado de tal forma que as idéias formam um todo coeso,
uno, coerente. A imagem de tecido contribui para esclarecer que não se trata de um
feixe de fios (frases soltas), mas de fios entrelaçados (frases que se inter-relacionam)
(MEDEIROS, 2006, p. 132).

Vamos raciocinar juntos. Quando pegamos um tecido, sentimos a textura do todo. Muitas
vezes, nem nos lembramos que naquele tecido há uns cem números de fios que deram origem
ao mesmo.

Com um texto escrito não é diferente. Podemos comparar as palavras aos fios. Quando
agrupadas, as palavras formam frases. Por sua vez, as frases em conjunto formam o texto.

Precisamos salientar algo muito importante! Cada texto informa apenas uma ideia, procura
passar apenas uma mensagem. Textos que não têm esta característica dificilmente se fazem
entender pelo leitor.

O TEXTO CIENTÍFICO
Fonte: PHOTOS.COM

Vamos recordar novamente o conceito de pesquisa apresentado por Gil: “pode-se definir
pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar
respostas aos problemas que são propostos” (2002, p. 17).

86 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Sendo assim, o que podemos observar é que um texto científico pode ser visto como a
comunicação à comunidade acadêmica do resultado de uma pesquisa.

Salientemos que toda pesquisa tem que ter apenas um problema a ser respondido. Trataremos
sobre o que é um problema posteriormente. Logo, o texto científico, assim como o texto comum,
deve transmitir apenas uma ideia (ECO, 2005; MEDEIROS, 2006).

Vamos entender mais características do texto científico. Além do desenvolvimento de apenas


uma ideia, há outras, como veremos adiante:

a) O texto científico deve ser embasado

Da mesma forma que neste livro utilizei de autores para embasar minhas ideias, o texto
científico também tem essas características, ou seja, as citações.

A utilização das ideias de outros autores que discorreram sobre o assunto discutido vem
proporcionar cientificidade ao nosso texto. Porém, ao utilizá-las devemos conceder o crédito
ao autor da ideia que estamos utilizando, ou seja, não podemos nos “apossar” das ideias dos
autores, pois isso seria caracterizado como plágio.

Na construção de um texto científico, podemos utilizar de dois tipos de citações. A Norma


10520, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) afirma que citar é “fazer menção
de uma informação extraída de outra fonte” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2002).

Assim, quando ocorrer a transcrição (cópia) do original pesquisado, devemos colocar o que
foi transcrito entre aspas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002).
Observe no exemplo da página anterior, na citação de Gil. O conteúdo que pertence a este
autor está entre aspas e, no final da frase, entre parênteses, foi indicado o sobrenome do autor,
o ano da obra, e a página de onde foi retirada a frase.

Caso seja feito um resumo, com nossas próprias palavras, as ideias ainda são de um autor

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 87


(citação indireta, ou paráfrase), não há a necessidade de vir entre aspas. Mas devemos sempre
indicar o sobrenome do autor, bem como a data que foi publicada a obra (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002).

Este parágrafo que acabamos de ler serve de exemplo de paráfrase. O contido no mesmo é o
da Norma da ABNT, porém foi resumido com outras palavras.

Na unidade V deste livro, intitulado Princípios gerais para a elaboração e apresentação de


trabalhos acadêmicos e científicos do CESUMAR você encontrará todas as normas para
apresentação de trabalhos acadêmicos. Inclusive exemplos de citações (diretas e indiretas), e
outras informações sobre a elaboração de trabalhos acadêmicos.

PRÁTICAS DE LEITURA
FICHAMENTO
• Armazenamento de informações realizado em um arquivo de fi chas ou pelo computador.
• Arquivo leitura que consiste no registro de resumos, opiniões, citações ou ideias que serão defendi-
das por ocasião da redação do texto que tem em vista.
• Anotações de cabeçalho: Obra, autor, ano de publicação, editora etc.
• Transcrição de trechos na íntegra.
• “Citação direta”.
rESENHA
• Um tipo de trabalho que exige conhecimento do assunto, para estabelecer comparação com outras
obras da mesma área e maturidade intelectual para fazer avaliação e emitir juízo de valor.
• Um relato minucioso das propriedades de um objeto, ou de suas partes constitutivas, um tipo de
redação técnica.
• Pode ser descritiva ou crítica.
• A seus objetivos gerais acrescenta-se: desenvolvimento da capacidade de síntese, interpretação e
crítica.

88 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


• “Interpretação de dados, análise de resultados, conclusões”.
pArÁFrASE
• Consiste em produzir, no interior de um mesmo discurso, uma unidade discursiva que seja equiva-
lente a uma outra produzida anteriormente.
• Embora as palavras sejam diferentes, o sentido continua o mesmo, equivalente ao texto original.
• É traduzir as palavras de um texto por outras de sentido equivalente, mantendo, porém, as ideias
originais.
• A substituição de uma palavra por outra revela a paráfrase que mais se aproxima do original.
• Tipos: reprodução, comentário explicativo, desenvolvimento, paródia e resumo.
• “Citação indireta”.
RESUMO (Um tipo de paráfrase)
• Texto estruturado de tal forma que as ideias formam um todo coeso, uno, coerente.
• Todas as partes de um texto devem estar interligadas e manifestar um direcionamento único.
• Este conjunto de ideias entrelaçadas para formar um enunciado, também pode ser constituído por
um desenho, uma charge, uma fi gura.
• Deve-se destacar quanto ao conteúdo: o assunto do texto, o objetivo do texto, a articulação de ideias,
as conclusões do autor.
• Deve ser: redigido em linguagem objetiva, evitar a repetição de frases inteiras do original, respeitar a
ordem em que as ideias ou fatos são apresentados.
Fonte: Elaborado pela autora (2011). Adaptado de MEDEIROS, João Bosco. Redação científi ca: a
prática de fi chamentos, resumos, resenhas. São Paulo: Atlas, 2006.

b) O texto científi co deve ter clareza, deve ser coerente, fácil de ser entendido, impes-
soal e pensado antes de ser escrito

Quando escrevemos é porque alguém vai ler. Assim, o texto científico deve ser claro o suficiente
para que nos façamos entender.

No desenvolvimento de um texto científico, torna-se muito importante a clareza de ideias


para que o leitor consiga realmente entender sobre o que o autor está tratando. Para isso,
os trabalhos científicos são conduzidos por um orientador (professor). Esse orientador tem o

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 89


papel de direcionar você, aluno, no que diz respeito à clareza do texto, ou seja, orientar sobre
a construção de ideias, sobre a linguagem utilizada e a linha de raciocínio que se segue.

Outro ponto que acredito ser importante abordar é o de que “viciamos” no que escrevemos. O
que isso quer dizer? Que ao escrever um trabalho tendemos a achar que o texto está muito
claro, quando na verdade não está. O Ideal é voltar ao texto em momentos diferentes, para
que dessa forma haja sim maior probabilidade de identificação de erros e pontos que precisam
ser melhorados.

Falemos então da necessidade de clareza nos textos científicos. Devemos nos preocupar se
estamos sendo claros e coerentes naquilo que estamos escrevendo (MEDEIROS, 2006).

Quantas vezes você encontrou textos em que não há ligações nas discussões ou sem
coerência? Quando isto acontece, fica difícil o entendimento do texto. Por esse motivo, torna-
se importante, enquanto pesquisador e escritor, conduzir o leitor por meio de ideias que podem
ser acompanhadas.

Construindo um texto científi co


Suponha que você tenha um trabalho sobre “O corte de cana-de-açúcar mecanizado” para fazer. De-
pois de pesquisar sobre o tema, é importante contextualizar sobre o tema, por isso, você pode explicar
sobre o corte de cana-de-açúcar, e depois falar da sua importância atualmente.
Vamos ver como fi caria este texto:
Inicialmente, faríamos uma pequena introdução à discussão do tópico, como segue:
Neste trabalho busca-se discutir, a partir de autores que trataram do assunto, a mecanização do corte
de cana-de-açúcar como uma inovação tecnológica e sua utilização da mesma na atualidade.
Em seguida, iniciemos o texto, sempre informando ao leitor o que pretendemos:
Torna-se importante ressaltar ainda que, esta modernização tecnológica é parcial, pois, o trabalhador
continuou no campo, mas com treinamento e habilidade física para controlar o animal e o arado.

90 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


A mecanização parcial do plantio da cana com caminhões e tratores aumentou e
intensifi cou a jornada e o ritmo do trabalho. Alguns trabalhadores fi cam posiciona-
dos em cima dos caminhões arremessando a cana ao solo e outros vêm correndo
atrás dos caminhões, cortando a cana e colocando-as no sulco aberto no solo (VIAN;
GONÇALVES, 2007, p. 6).
A seguir, comente a citação. Ou seja, o que ela signifi ca?
O que se observa então, é que do ponto de vista da empresa, a mecanização do corte de cana-de-
-açúcar é uma estratégia que permite maximizar o uso dos meios e instrumentos de trabalho, pois,
diminui em grande escala os seus períodos de ociosidade já que intensifica o ritmo de trabalho.
Informe ao leitor o que você vai fazer no texto.
Neste trabalho tem-se como objetivo demonstrar as modificações no que diz respeito à saúde do
trabalho, quando o corte de cana-de-açúcar mecanizado é utilizado. Scopinho et al. (1999), diz que
vale ressaltar os efeitos nocivos que a intensifi cação do ritmo de trabalho pode trazer para a saúde
dos trabalhadores, tais como distúrbios diversos no nível do sono, da ordem temporal interna do or-
ganismo e da vida social do indivíduo, aumento da susceptibilidade aos riscos em geral, o estresse, o
sofrimento psíquico, o envelhecimento precoce, entre outras doenças psicopatológicas que compõem
o mundo do trabalho contemporâneo.
Mais uma vez, comente o que foi citado.
Assim, o que se observa é que por meio da mecanização do corte de cana-de-açúcar, torna-se possí-
vel aliviar o sofrimento do trabalhador, pois, a intensidade do trabalho braçal é reduzida.
Ao fi nal do trabalho não deixe de apresentar as referências das obras pesquisadas, dentro das
normas da ABNT, como segue:
VIAN, C. E. F.; GONCALVES, D. B. Modernização Empresarial e Tecnológica e seus Impactos na Or-
ganização do Trabalho e nas Questões Ambientais na Agroindústria Canavieira. Economia Ensaios,
v. 22, pp. 79-114, 2007.
SCOPINHO, R. A. et al. Novas tecnologias e saúde do trabalhador: a mecanização do corte da cana-
-de-açúcar. Cadernos de Saúde pública. Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, pp. 147-161, jan.-mar. 1999.
Fonte: Elaborado pela autora (2011).

Voltando às nossas discussões sobre o texto científico, outra importante característica é que
ele seja impessoal.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 91


No texto científico, diferente desta Obra, não devemos utilizar o verbo na primeira pessoa do
singular (eu) ou do plural (nós).

O texto científico é impessoal. Assim, ao invés de escrever “(nós) queremos com este trabalho”,
escreveremos “objetiva-se com este trabalho”, ou “este trabalho tem por objetivo”.

Se antes de construir um texto científico você “pensá-lo”, essa tarefa não será difícil. Antonio
Joaquim Severino, em sua obra Metodologia do trabalho científico, traz informações sobre
as fases que devemos seguir quando vamos escrever um texto científico.

Afirma Severino (2007) que:

A preparação metódica e planejada de um trabalho científico supõe uma seqüência de


momentos, compreendendo as seguintes etapas:
1 determinação do tema-problema do trabalho;
1 levantamento da bibliografia referente a esse tema;
2 leitura e documentação dessa bibliografia após seleção;
3 construção lógica do trabalho;
4 redação do texto (SEVERINO, 2000, p. 73).

O que o autor Severino propõe é que devemos ter clareza sobre o que vamos escrever. O tema
é o assunto no qual está inserido o nosso problema de pesquisa. O problema é a questão que
nos propomos a discutir.

A essência do Texto:
A busca da essência do texto ocorre quando o leitor identifi ca as ideias principais do texto e situa o
autor em um contexto ideológico. A comparação de autores diferentes permitirá a elaboração de juízos
avaliativos e críticos. São exigências desse estágio de leitura:
• Apreender as principais proposições do autor.
• Conhecer os argumentos do autor.
• Identifi car a tese do autor.
• Avaliar as ideias expostas.
É nesta etapa que o leitor deve sublinhar o texto, e sempre com parcimônia, com economia. A ava-

92 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


liação do texto compreende: validade das ideias, completude delas, correção dos argumentos, coe-
rência do argumento e sufi ciência das provas, consecução dos objetivos prometidos. Avaliar signifi ca
“analisar” o que se leu.
Compreensão do texto:
A leitura pode se dividir em informativa e interpretativa.
A leitura informativa compreende a seleção de ideias-chaves do texto e a crítica.
A leitura interpretativa exige o domínio da leitura informativa. Faz-se necessário ainda o reconheci-
mento de determinadas capacidades de conhecimento, como a compreensão, a análise, a síntese, a
avaliação, a aplicação.
Compreensão: caracteriza-se como capacidade de entendimento literal da mensagem. O leitor busca
responder as perguntas: O que o autor do texto defende? De que trata o texto?
Análise: envolve capacidade do leitor para verifi car as partes constitutivas do texto, de forma que
possa perceber os nexos lógicos das ideias e sua organização. Neste momento, deve-se responder a
seguinte pergunta: Quais são as partes que constituem o texto?
Síntese: implica na capacidade para apreender as ideias essenciais do texto. Neste momento, o leitor
busca reconstruir o texto, eliminando o que é secundário. Respondem-se as perguntas: quais são as
ideias principais do texto? Como elas se inter-relacionam?
Avaliação: entende-se a capacidade de emissão de um juízo valorativo a respeito do texto. Neste
estágio respondem-se as questões: o texto é passível de crítica? Há pontos fracos? Há falhas na
argumentação?
Aplicação: a capacidade para, com base no texto resolver situações semelhantes. O entendimento do
texto possibilita a projeção de novas ideias e a obtenção de novos resultados. Responde à pergunta:
as ideias expostas no texto são passíveis de ser aplicadas em que contexto?
Fonte: Elaborado pela autora (2011). Adaptado de MEDEIROS, João Bosco. Redação científi ca: a
prática de fi chamentos, resumos, resenhas. São Paulo: Atlas, 2006.

Continuando a falar sobre a estrutura do texto científico, Severino (2007) afirma que todo
trabalho científico tem a forma de um discurso textual, quer dizer, trata-se de um texto que é
portador de uma mensagem codificada pelo escritor, que será decodificada pelo leitor. O que
percebemos então, é que trata basicamente de um processo de comunicação.

Severino ainda complementa que o trabalho científico baseia-se em um processo de reflexão

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 93


por meio de argumentação, ou seja, baseia-se na articulação de ideias e fatos que comprovem
aquilo que se deseja demonstrar. Lembra que falamos dessa necessidade de articulação
anteriormente? Basta “amarrar” os trechos abordados no trabalho para se “tecer” o texto para
atingir o objetivo estabelecido e responder à problemática.

O FICHAMENTO COMO UMA TÉCNICA DE PESQUISA


Fonte: PHOTOS.COM

As técnicas de pesquisas são orientações de ordem mais prática. Quando vamos fazer uma
pesquisa é necessária a utilização de técnicas, pois elas auxiliam a economizar o tempo.

Relembrando as discussões de Severino (2007) apontadas anteriormente, após delimitar


nosso tema-problema precisamos fazer o levantamento bibliográfico e a posterior leitura da
literatura encontrada.

94 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Principalmente quando você fizer o Trabalho de Conclusão irá ler muitos livros, artigos,
dissertações e teses. O que acontece quando não documentamos essa leitura é que pode
acontecer de necessitarmos de uma informação e não lembrarmos mais em que obra a lemos.

Uma das técnicas é a documentação da leitura. Severino (2007) afirma que é necessário
desenvolver o hábito de documentar inclusive as aulas, pois muito se ganha com isto. Severino
fala das fichas de documentação temática como uma técnica de pesquisa.

Como o próprio nome diz, esta documentação é constituída de “[...] temas e subtemas da área
ou do trabalho em questão” (SEVERINO, 2007, p. 37).

Para fazermos este tipo de documentação, devemos transcrever o que de mais significativo for
encontrado em nossas leituras em fichas (ou em documentos de um editor de texto), e separá-
las por assunto (ou tema).

Exemplificando: suponha que estejamos fazendo um arquivo temático sobre pesquisa.


Abriríamos um arquivo no computador (ou faríamos uma ficha manualmente) com este título.

A seguir, colocaríamos os conceitos de pesquisa que fôssemos encontrando no decorrer de


nossas leituras.

Devemos nos ater a algo muito importante: não podemos esquecer-nos de colocar a referência
da obra da qual foi retirado o conceito, pois necessitamos dela para nosso trabalho.

Além disso, sugiro que ao documentar sua leitura você copie exatamente a frase que se
encontra na obra pesquisada. Para tanto, não se esqueça de colocar a página de onde foi
retirada, bem como use aspas. No futuro, o uso de aspas nos dirá que a frase é do autor
pesquisado e não um resumo. Caso você opte por uma citação indireta (paráfrase), as frases
do original pesquisado, constantes no fichamento permitirão que sejam escritas com suas
palavras.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 95


Temos diferentes maneiras de documentar um livro todo. Podemos anotar um resumo do
mesmo. Ou então, podemos fazer o fichamento das principais ideias contidas na obra.

Lakatos e Marconi (2010, pp. 39-40) oferecem orientações sobre este tipo de fichamento.
Algumas destas orientações são:
a) Toda citação tem que vir entre aspas. [...]
b) Após a citação [ou antes da mesma] deve constar o número da página de onde foi
extraída. [...]
c) A transcrição tem que ser textual [caso haja erros, use o “sic”]
d) A supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, [...]

Notem que foi utilizado diversas vezes na citação anterior, o símbolo [...]. Este símbolo indica
que suprimimos parte da citação.

Também foi utilizado este símbolo “[ ]” para inserir uma informação pertinente: a indicação da
página pode vir antes, ou depois da parte do texto extraído para o nosso fichamento.

Mesmo sabendo das dificuldades de tempo que cada um enfrenta no mundo atual e apesar
de parecer trabalhoso, a documentação da leitura nos auxilia muito quando vamos escrever
nossos trabalhos.

Fichamento de uma Obra


Livro: SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científi co. São Paulo: Cortez, 2007.
(p. 66) – “Daí a grande difi culdade encontrada pelos estudantes, cada dia mais confrontados com uma
cultura que não cessa de complexifi car-se e se utilizar de acanhados métodos de estudo que não
acompanham no mesmo ritmo, a evolução global da cultura e da ciência”.

96 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


(p. 70) – “A documentação bibliográfi ca deve ser realizada paulatinamente, à medida que o estudante
toma contato com os livros ou com os informes sobre os mesmos”.
(p. 71) – “A documentação geral é aquela que organiza e guarda documentos úteis retirados de fontes
perecíveis”.
Fonte: Elaborado pela autora (2011).

Imaginemos a seguinte situação: nós precisamos conceituar pesquisa em nosso trabalho. Mas já
lemos diversas obras que tratam sobre o assunto. Você acha que alguém conseguiria se lembrar em
qual obra e em qual página da obra se encontra o conceito necessário? Sabe o que iria acontecer:
Perda de tempo, retrabalho na busca desse conceito que já havíamos lido, porém não anotado.

Procure, portanto, anotar quando ler. A experiência indica que esta técnica dá resultados.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científi ca. 6. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

MÉTODOS DE pESQuISA

Ao se considerar método em pesquisa como uma escolha de procedimentos sistemáticos


para a descrição e explicação de fenônemos, se faz necessário enfatizar qual o método está

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 97


apropriado ao tipo de estudo a ser realizado. Enfatizo que a escolha do método ocorre de
acordo com a natureza do problema ou seu nível de aprofundamento.

O autor John W. Creswell em seu livro Projeto de Pesquisa, afirma que a importância de
escolher o método adequado auxilia em se esgotar todas as possibilidades para a coleta de
dados em qualquer estudo. Esses métodos podem ser quantitativo, qualitativos ou mistos.

Exemplificando, lembra-se do caso fictício de Francisco que tratamos anteriormente? Ele


precisava fazer uma pesquisa de clima organizacional. Até aí tudo bem, mas que método
Francisco deve utilizar? Partindo da premissa de que a pesquisa de clima revela alguns
elementos do comportamento humano, tais como conflitos, facilidade ou dificuldades de
relacionamentos e comunicação, Francisco pode se basear no método qualitativo de
pesquisa, pois não se baseou em dados numéricos para fazer sua análise.

Não se preocupe, vamos abordar o método qualitativo de forma mais detalhada posteriormente.

PESQUISA QUALITATIVA
Fonte: PHOTOS.COM

Tratarei aqui das características principais da pesquisa qualitativa como método de pesquisa.

Pode-se dizer que, a pesquisa é qualitativa, quando o fenômeno em estudo foi abordado por
meio de dados subjetivos sobre uma realidade. Ou seja, o fenômeno é analisado não somente
com o que está “à vista” do pesquisador, mas também por elementos que serão revelados a
partir da pesquisa.

Segundo Demo (2000), na pesquisa qualitativa há um interesse em apanhar também o lado


98 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância
subjetivo dos fenômenos, buscando depoimentos que se transformam em dados relevantes
para o entendimento desses.

Neste ponto podemos destacar que a pesquisa qualitativa não lida com dados evidentes, mas
que também busca os dados complexos e não revelados de uma realidade.

Triviños (2008) afirma que uma das raízes da pesquisa qualitativa está no campo da antropologia,
e, em seguida, nas práticas dos sociólogos em seus estudos sobre a vida em comunidades.
Os pesquisadores perceberam que muitas informações sobre a vida dos povos não podem ser
quantificadas e precisavam ser interpretadas de forma mais ampla e aprofundada.
[...] os pesquisadores qualitativos tentam compreender os fenômenos que estão sendo
estudados a partir da perspectiva dos participantes. Considerando todos os pontos de
vista como importantes, este tipo de pesquisa “ilumina”, esclarece o dinamismo interno
das situações, freqüentemente visível para observadores externos (GODOY, 1995a, p.
63).

Assim, torna-se importante o pesquisador se assegurar com precisão de como foram captadas
as percepções dos participantes para se ter uma visão clara do fenômeno que se procura
entender na investigação.

Outro ponto bastante importante, que é destacado por Triviños (2008) é que a pesquisa
qualitativa segue uma rota que não tem sequência rígida das etapas assinaladas para o
desenvolvimento da pesquisa.

O que observamos então é que os métodos partem da perspectiva ou das ações do fenômeno
estudado, apresentando dessa forma melhores condições para se responder ao problema.
Sendo assim, como as informações coletadas são interpretadas, durante o desenvolvimento
da pesquisa pode surgir a necessidade de novas busca de dados.

Seguindo a mesma linha de raciocínio do exposto, Minayo (2007) afirma que a pesquisa
qualitativa responde a questões muito particulares com um nível de realidade que não pode
ou não deveria ser quantificado. O objeto da pesquisa qualitativa é o universo da produção

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 99


humana e suas relações, representações e intencionalidades, que dificilmente pode ser
traduzido em números e indicadores quantitativos, pois:
[...] ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das
crenças, dos valores, das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido
aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas
por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade
vivida e partilhada com seus semelhantes (MINAYO, 2007, p. 21).

O pesquisador qualitativo...
• Vê os fenômenos sociais holisticamente (estudos de pesquisa qualitativa aparecem como visões
amplas em vez de microanálises).
• Refl ete sistematicamente sobre quem é ele na investigação e é sensível à sua biografi a pessoal e à
maneira como ela molda o estudo.
• Usa o raciocínio complexo multifacetado, interativo e simultâneo.
• Adota e usa uma ou mais estratégias de investigação como um guia para procedimentos no estudo
qualitativo.
Fonte: Elaborado pela autora (2011). Adaptado de CRESWELL, John W. Projeto de Pesquisa: Méto-
dos Qualitativo, Quantitativo e Misto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

Assim sendo, observa-se que a pesquisa qualitativa, por meio do entendimento dos elementos
que compõem o objeto estudado, pode ser caracterizada pela interpretação de significados
que não podem ser transformados em dados numéricos.

Além disso, destaco a concepção de Triviños (2008), de que na abordagem qualitativa,


o pesquisador tem ampla liberdade teórico-metodológica para realizar seu estudo, pois os
limites de sua iniciativa estão exclusivamente fixados pelas condições de exigência de um
trabalho científico, ou seja, ter uma estrutura coerente, consistente, com originalidade e nível

100 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


de objetivação capazes de merecer a aprovação dos cientistas em um processo intersubjetivo
de apreciação.

Para que você compreenda o quanto o Trabalho científico é “amarrado”, após definirmos o
método de pesquisa, será possível definir os instrumentos mais adequados para a coleta e
interpretação de dados.

No caso da pesquisa qualitativa, os elementos mais adequados para a coleta de dados


seriam: a observação, as entrevistas, os documentos e os materiais de áudio e visual. Por que
estes instrumentos? Porque são eles que proporcionarão ao pesquisador a capacidade de
interpretação, ou seja, neste método de pesquisa o pesquisador precisa buscar significados e
extrair sentido dos dados coletados.

O que observamos então, é que a análise de dados é interpretativa quando falamos do método
qualitativo.

PESQUISA QUANTITATIVA
Fonte: PHOTOS.COM

Ao contrário da pesquisa qualitativa, o método quantitativo se caracteriza pelo emprego da


quantificação nas modalidades de coleta de informações e no tratamento dessas informações
por meio de técnicas estatísticas (RICHARDSON, 2008).

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 101


O que observamos então, é que a pesquisa quantitativa se baseia na quantificação de dados
para estudar o fenômeno.

Para Bruyne (1977), a quantificação deve permitir a obtenção de uma medida fiel, discriminante
e válida. A medida fiel é a que permanece constante quando é medida em condições constantes.

A qualidade dos estudos quantitativos é determinada pela combinação das técnicas de


correlação usadas com o nível de planejamento e fundamentação teórica essencial à análise
das hipóteses, para dessa forma se obtenha um melhor entendimento do comportamento de
diversos fatores e elementos que influenciam sobre determinado fenômeno (RICHARDSON,
2008).

Parece difícil? Mas não é. Observe só!

O que o autor fala é que o método quantitativo (assim como o método qualitativo), após ter sido
definido, deverá se basear nos instrumentos adequados de coleta de dados e também ter uma
fundamentação teórica bem construída, pois é baseado nisso que a pesquisa será validada.

Além disso, com a análise estatística se garante medidas ou observações para testar uma
teoria por meio da validade e confiabilidade da apuração dos levantamentos e padrões para
fazer alegações de conhecimento e resultar em interpretações significativas dos dados
(CRESWELL, 2007).

Pesquisa Quantitativa x pesquisa Qualitativa


As constantes mudanças e tendências do mercado (nos dias atuais) levam as empresas a pesquisa-
rem sobre a melhor forma de atuação. Diante ainda da importância de criar e satisfazer as necessi-
dades dos consumidores, as pesquisas de mercado desempenham um papel importante para traçar
o perfi l deste consumidor, bem como para colher informações de fatores externos, contribuindo com

102 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


dados e análises essenciais para garantir uma vantagem competitiva.
De acordo com a abordagem e instrumentos utilizados, as pesquisas de mercado podem ser quanti-
tativas ou qualitativas. Se o objetivo é quantifi car o mercado, gerar medidas precisas e confi áveis que
permitam uma análise estatística, é aconselhável o uso de pesquisas quantitativas. Estas trabalham
com uma amostra consideravelmente grande para apurar opiniões, atitudes e interesses compartilha-
dos por uma determinada população e são representativas desse universo. Os dados são colhidos
através de questionários com perguntas claras e objetivas, as quais garantem a uniformidade no
entendimento dos entrevistados e também a padronização dos resultados. Os relatórios neste tipo de
pesquisa podem apresentar tabelas de percentuais e gráfi cos, capazes de estimar o potencial ou vo-
lume de um negócio e o tamanho e importância do segmento desejado. Porém, se o foco estratégico
é saber o que é importante para o cliente e porquê, deve-se aplicar uma pesquisa qualitativa. Através
desta, não se colhe dados quantifi cáveis, mas sim particularidades e interpretações individuais, po-
dendo ser úteis na busca de um novo conceito de produto a ser criado ou de um melhor posicionamen-
to de comunicação para esse produto. A pesquisa qualitativa envolve, portanto, o desenvolvimento
e aperfeiçoamento de novas idéias. Dessa forma, abordam-se pequenos grupos de entrevistados,
através de um roteiro, podendo se tratar de entrevistas individuais ou de grupos focais. Nestes, um
mediador conduz uma discussão de aproximadamente 10 pessoas das quais irá extrair o raciocínio,
novas descobertas, idéias e interpretações para posterior análise.
É importante ressaltar que as pesquisas Quantitativas e Qualitativas oferecem perspectivas diferen-
tes, mas não são opostas. De fato, representam abordagens que podem ser utilizadas em conjunto,
de acordo com a necessidade em questão, obtendo assim mais informações do que poderia se obter
para cercar o mercado, se os métodos fossem utilizados isoladamente.
Por Cecília Petres Monferrari
Disponível em: <http://www.ucj.com.br/noticias/14-diario-do-comercio/59-pesquisa-quantitativa-x-
-pesquisa-qualitativa.html>. Acesso em: 14 jul. 2011.

De uma forma geral, o método quantitativo trata de um método de pesquisa caracterizado pela
quantificação, principalmente pelo fato de que no tratamento dos dados coletados se utiliza de
técnicas estatísticas, tais como percentual, média, desvio padrão entre outras.

Este método de pesquisa pode ser utilizado para a coleta de dados questionários, testes,
entrevistas, observações e tantos outros. O que diferencia esta fase dos estudos qualitativos é

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 103


que, neste caso, o pesquisador deverá se atentar à elaboração e aplicação de tais instrumentos,
de forma que eles possam ser quantificados e possibilitem um tratamento estatístico.

Voltando ao caso de Francisco e sua pesquisa de clima organizacional, ele também poderia
se utilizar do método quantitativo, desde que na elaboração do questionário houvesse a
preocupação de como os dados seriam quantificados e também analisados de forma
estatística. Ou seja, no caso de utilização do método quantitativo, Francisco não buscaria as
causas das características identificadas, como conflito, mau comunicação ou insatisfação com
o cargo, mas sim, buscaria a correlação entre essas características e como elas poderiam
afetar o desenvolvimento da empresa.

Artigo 1: Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta é a Questão?


Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v22n2/a10v22n2.pdf>.
Artigo 2: Abordagem quantitativa, qualitativa e a utilização da pesquisa-ação nos estudos organiza-
cionais
Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_TR540368_8017.pdf>.

Viu só! Nem é tão difícil, não é mesmo?

Agora você pode dizer que entende um pouco mais sobre os métodos da pesquisa científica.
Para fechar este tópico, gostaria de atentar ao fato de que se você, pesquisador, buscar uma
expansão dos resultados de sua pesquisa, ou um aprofudamento do fenômeno estudado, você
pode usar os dois métodos de pesquisa (quantitativo e qualitativo), é o que chamamos de
método misto.

Segundo Creswell (2007), os métodos mistos surgem com o desenvolvimento e percepção da

104 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


legitimidade da pesquisa qualitativa e quantitativa nas ciências humanas e sociais. Ou seja,
esses procedimentos surgem em resposta à necessidade de esclarecer o objetivo de reunir
dados quantitativos e qualitativos em um único estudo.

Este artigo mostrará a utilização do método misto em uma pesquisa científi ca:
Método misto: Proposta para mensuração e avaliação de estoques na bovinocultura de corte.
Disponível em: <http://www.custoseagronegocioonline.com.br/numero2v1/metodo%20misto.pdf>.

prINCIpAIS ABOrDAGENS DA pESQuISA CIENTÍFICA: FuNCIONALISMO,


ESTRUTURALISMO, FENOMENOLOGIA E DIALÉTICA (MARXISMO)

Ao longo deste livro, estou tratando com você de elementos que compõem a cientificidade de
um trabalho, de uma produção.

Este “exercício” é importante, pois faz-se necessário conhecer as bases da pesquisa científica,
antes mesmo de executá-la, para que dessa maneira o pesquisador possa desenvolver um
trabalho com maior validade perante a comunidade acadêmica.

Imagine o seguinte: para se construir um grande edifício é necessário planejar, conhecer e


fazer os alicerces. Na pesquisa científica isso se repete, pois quando escrevemos um trabalho
e conhecemos suas bases, ele será desenvolvido de maneira sustentada, então, terá maior
validade e confiabilidade.

Os asssuntos que trataremos a seguir, tratam dos fundamentos teórico-metodológicos da


ciência, ou seja, seus fundamentos filosóficos, de cunho epistemológico.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 105


Mas calma! Não se trata de nada tão complicado. A primeira vez que me deparei com essas
terminologias, também imaginei que fossem realmente impossíveis de se compreender, mas
vou mostrar para você que não é tão difícil assim.

A epistemologia pode ser interpretada como a teoria do conhecimento, do grego episteme =


ciência, conhecimento; logos = discurso. Sendo assim, a epistemologia trata de um discurso
científico com estrutura, métodos e validade de conhecimento. Lembra-se que falamos dos
tipos de conhecimento anteriormente? Então, a epistemologia trata do conhecimento científico,
da sua natureza e das suas limitações.

Mas, por que falar da epistemologia neste momento? A resposta para essa pergunta está nos
tipos de características que vamos tratar posteriormente.

Imagine que você vai pintar um quadro. Antes de iniciar a pintura em si, é necessário decidir
qual a cor, estrutura, textura do pano de fundo que vai utilizar, pois esse pano de fundo vai
influenciar diretamente no desenvolvimento de sua arte, principalmente no resultado final.

No trabalho científico acontece da mesma forma. O pano de fundo chamamos de paradigmas


epistemológicos, ou seja, as bases que sustentam o trabalho. Por paradigmas aqui, entendemos
um padrão a ser seguido.

Então, ao definir o seu paradigma espistemológico, você, como pesquisador, seguirá um


padrão de discurso científico, que além de servir de base, vai direcionar o seu trabalho. Viu só,
não é tão complicado assim.

Segundo Severino (2007), essas verdades ou bases do trabalho não precsiam ser demonstradas
ou concientemente aceitas pelo cientista, mas elas são pressupostas. A sistematização dessas
posições de fundo são necessárias para que o conhecimento produzido pela ciência tenha
consistência, pois é necessário admitir algumas verdades universais, ou seja, é preciso se
apoiar em pressupostos.

106 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Assim, o autor Severino aponta ainda que o pressuposto epistemológico refere-se à forma
pela qual é concebida a relação sujeito/objeto no processo de conhecimento, e como cada
modalidade de conhecimento pressupõe um tipo de relação entre esse sujeito/objeto,
dependentemente dessa relação estarão as conclusões, que serão diferentes de acordo com
o paradigma seguido.

A partir do século XIX, quando as Ciências Humanas foram se construindo, foi percebida a
necessidade de ir além do paradigma epistemológico único representado pelo positivismo.
Sendo assim, houve a necessidade de se utilizar de outros paradigmas para os estudos e
conhecimento do homem.

Introdução. O positivismo é um rótulo novo, para uma nova fase de desenvolvimento do empirismo.
Nasceu o nome em 1830 na Escola do socialista utópico Saint-Simon (1760-1825), e ganhou fortuna
com Augusto Comte, o pensador protótipo do movimento, sobretudo na França. Derivado do latim
positum (= posto, o que está posto diante, situado), signifi ca descritivamente o que se observa, ou
experimenta.
O progresso das ciências experimentais prestigiou o positivismo. Lavoisier (1743-1793) desenvolvera
a química; Bichat (1771-1802) fi zera progredir a biologia; descobrem-se argumentos para o evolucio-
nismo das espécies vivas, com o resultado de uma nova mundivisão, que espantava aos teólogos
tradicionais; os astros são vistos a girar num céu cada vez menos sacral; o desenvolvimento das
ciências sociais à base da observação dos fatos reduziu a situações meramente culturais estruturas
anteriormente consideradas naturais.
Estes e outros aspectos da modernidade vieram criar um clima favorável ao positivismo, que portanto
desenvoltamente proclamou a importância dos métodos experimentais e advertiu para as limitações
da fi losofi a racionalista, sobretudo da racionalista de idéias de todo autônomas da experiência.
Divisão. Para ordenar didaticamente o estudo do positivismo importa atender primeiramente à sua
periodização temporal e fases de desenvolvimento, porquanto história é acima de tudo cronologia.
Importa ainda destacar diferenciações de conteúdo, porquanto aconteceram logo diferenciações pro-
fundas na formulação interna do sistema; em consequência resultaram denominações diversas, além

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 107


da distribuição geográfi ca dos seus representantes.
O positivismo de orientação científi ca se destaca pela atenção à divisão das ciências. Preocupa-se
com o fundamental, e, portanto com o meramente físico; neste campo progridem especialmente os
positivistas em nível de materialismo e evolucionismo. Na França o positivismo científi co ocorre no
mesmo Comte, como ainda no materialista Le Dantec; na Inglaterra é o caso do monismo evolucionis-
ta de Spencer e de Darwin. Na Alemanha o nome lembrado é o de Haeckel.
Já o positivismo de orientação psicológica realça ao homem como sendo de uma natureza especial.
Eis quando na França avulta o nome de Taine; na Inglaterra o de Stuart Mill; na Alemanha o de Wilhelm
Wundt.
Enfi m, o positivismo de orientação sociológica se preocupa com a interação social dos homens a vive-
rem em sociedade, tornando-se como que o produto da mesma. Eis a condição típica do positivismo
de E. Durkheim.
Finalmente aconteceu um positivismo, colocando em destaque o elemento social do homem, e que
veio a ser conhecido pelo nome de sociologismo, inicializando na década de 1890 na França, com
Emil Durkheim.
Fragmentos do texto: História da Filosofi a Moderna: fi losofi a positivista
Disponível na íntegra em: <http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y840.htm>. Acesso em: 14 jul.
2011.

Então, podemos dizer aqui que os paradigmas epistemológicos surgiram a partir de uma
necessidade de outras formas de se estudar os fenômenos sociais. Para compreender essa
necessidade, Severino (2007, p. 111) expõe:
Com o sucesso do conhecimento científico para a explicação dos fenômenos naturais
(astronômicos, físicos, biológicos) e em decorrência dos seus pressupostos filosóficos,
a ciência passou a encarar também o homem como objeto de seu conhecimento, a ser
abordado da mesma forma que os outros fenômenos naturais. O homem seria um ser
natural como todos os demais (naturalismo), submisso às mesmas leis de regularidade
(determinismo), acessível portanto aos procedimentos de observação, experimentação
e mensuraçao (experimentalismo e racionalismo).

O que podemos perceber a partir da explicação de Severino, é que os fenômenos sociais são
dotados de uma multiplicidade de elementos e fatos, e estudá-los, interpretá-los e explicá-los,
somente pela lógica do positivismo, tornaria a pesquisa incompleta e sem validade científica.

108 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Então, a pesquisa foi se enriquecendo e aprimorando no que diz respeito a seus paradigmas
epistemológicos.

A partir daí, trataremos agora dos seguintes paradigmas epistemológicos: Funcionalismo,


Estruturalismo, Fenomenologia e Dialético. Destaco que não serão esgotadas todas as
especificações de cada paradigma epistemológico, mas sim abordadas suas características
principais, com o caráter de maior entendimento para o desenvolvimento do trabalho científico.

FUNCIONALISMO

O funcionalismo é uma corrente epistemológica que se apoia no pressuposto da analogia


que aproxima as relações existentes entre os órgãos de um organismo biológico e aquelas
existentes entre as formas de organização social e cultural. Neste paradigma a sociedade
humana e a cultura são como um organismo, cujas partes funcionam para atender às
necessidades do conjunto, ou seja, toda a atividade social é funcionalista, pois desempenha
uma função determinada (SEVERINO, 2007).

O funcionalismo, segundo Bruyne (1977), investiga formas duráveis da vida social e cultural,
produtos de uma institucionalização como os papéis, as organizações e as normas, sendo
comum a utilização de formas comparativas e de analogias, sendo um único elemento com
várias funções.

A análise funcional se emprega para designar o estudo de fenômenos sociais como operações
ou efeitos de estruturas sociais específicas, aparecendo comumente na forma composta
estrutural-funcionalista (TRIVIÑOS, 2008).

No funcionalismo, o pesquisador não pode se limitar às questões subjetivas, já que estuda


as contribuições das partes, e os sistemas articulam-se mutuamente e possuem uma ordem
hierárquica, assim, quanto mais o sistema é rico em informações, mais seu controle se estende

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 109


e quanto mais ele é rico em energia, mais seu caráter condicionante também se estende
(BRUYNE, 1977).

“Os funcionalistas afirmam que a explicação de cada item da cultura se encontra no que ele
representa para o todo e com a interdependência dos outros itens” (TRIVIÑOS, 2008, p. 84).

Assim, a teoria funcionalista que aplicável ao estudo da estrutura social e à diversidade


cultural, tem por objetivo a manutenção do sistema social e a melhoria da cultura do grupo
(TRIVIÑOS, 2008). A mudança é descrita em relação a um estado de equilíbrio homeostático
do sistema, isto é, ruptura que acarreta ou não uma alteração estrutural que afeta o sistema
inteiro (BRUYNE, 1977).

Podemos dizer que a maioria das pesquisas em Administração se utiliza do paradigma


funcionalista, pois utilizam do pressuposto de que se estudam as partes, para entender o todo.
Outra característica da pesquisa funcionalista é que ela precisa ser estabelecida a partir de
uma abordagem empírica, com métodos apropriados.

ESTRUTURALISMO

O estruturalismo é uma abordagem científica que busca descobrir a estrutura do fenômeno,


penetrando em sua essência para determinar suas ligações determinantes, sendo a estrutura
própria de todos os fenômenos, coisas objetos e sistemas que existem na realidade, é uma
forma interior que caracteriza a existência do objeto (TRIVIÑOS, 2008).

A estrutura não existe na realidade concreta, mas a estrutura que define o sistema de relações
e transformações possíveis da realidade concreta. Assim, o estruturalismo trabalha com
estruturas mentais (representações) e suas invariantes históricas, os fenômenos fundamentais
da vida humana são determinados por leis de atividades inconscientes (RICHARDSON, 2008).

Segundo Severino (2007), o estruturalismo teve sua origem nos trabalhos de linguística

110 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


desenvolvidos por Saussure, ao mostrar que a língua é de fato um sistema de signos que funciona
independentemente das intervenções eventuais dos sujeitos. O estruturalismo é composto por
uma estrutura interdependente, que ao ocorrerem alterações em um elemento, são acarretadas
alterações em cada um dos outros elementos do sistema, atingindo assim, o todo.

Para Demo (1995), uma das marcas profundas do estruturalismo está na acentuação firme de
que o conhecimento da realidade atinge nela elementos constituintes em nível de constantes
supratemporais e supraespaciais. As funções estruturais na sociedade como normas, valores,
papéis e cultura têm uma estruturação inconsciente, pois a sociedade preexiste aos indivíduos
O sistema de parentesco, a organização social e as estratificações sociais e econômicas,
funcionam como um meio de ordenar os indivíduos segundo certas regras (DEMO, 1995).

Para Bruyne (1977), a estrutura se caracteriza por sua natureza sistêmica, diferente do
funcionalismo porque não é imposição de sentido, mas transformação de produção de sentido
novo, não sendo representativa, é uma realidade por ela mesma, que se insere no momento
da construção, com inteligibilidade própria.

FENOMENOLOGIA

A fenomenologia de Husserl teve grande influência na filosofia contemporânea, sendo que


representa uma tendência dentro do idealismo filosófico, e dentro deste, ao idealismo subjetivo
(TRIVIÑOS, 2008). A fenomenologia é considerada um dos movimentos filosóficos mais
importantes e fascinantes do século XX, que guardou relações com a recém-criada Psicologia,
e por meio da psicologia que o método de estudo da Fenomenologia irá disponibilizar-se para
o restante das disciplinas de cunhos humano e social (MOREIRA, 2004).

Segundo Triviños (2008, p. 43), a fenomenologia pode ser vista como “[...] um estudo das
essências, e todos os problemas, segundo ela, tornam a definir essências: a essência da
percepção, a essência da consciência [...]”. E Husserl admite que é possível chegar às

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 111


características essenciais de todo e qualquer fenômeno que se manifeste à consciência, em
que as essências, referem-se ao sentido ideal ou verdadeiro de alguma coisa, dando um
entendimento comum ao fenômeno sob investigação (MOREIRA, 2004).

Ademais, para Bruyne et al. (1977), a visão das essências implica na atualização de esquemas
inteligíveis que prestam conta do real deixando-se habitar pelo que é observado para captá-
lo por intuição, supondo um esforço crítico de redução, um esforço de imaginação constante
assinalado por Husserl. Contudo, as essências não constituem uma espécie de mundo das
ideias platônicas nem são conceitos lógicos, e sim, são as que apresentam à intuição quando
existe realização dos significados da consciência (TRIVIÑOS, 1987).

Para Giorgi (1985 apud MOREIRA, 2004), entre as maiores dificuldades do pensamento
fenomenológico está a comunicação, devido a principalmente três causas: o pensamento
fenomenológico é intrinsecamente difícil, já que vai contra a tendência natural da consciência
de dirigir-se às coisas em vez de seus processos; por não existir um quadro seguro de ideias.

Pois, o trabalho de Husserl continuou com as mesmas ideias sofrendo alterações ao longo
dos trabalhos publicados; e, por fim, dificilmente pode-se dizer que os discípulos de Husserl
tenham desenvolvido interpretações consistentes da Fenomenologia, sendo mais comum a
diferença de critérios que a coincidência.

O método fenomenológico na filosofia se propõe a ser um estudo direto dos fenômenos, sem
intermediários de qualquer tipo, sendo um método pessoal, em que o dado é apreendido direta
e unicamente pelo fenomenólogo, que deve se libertar de teorias, pressuposições ou hipóteses
(MOREIRA, 2004).

DIALÉTICA

A dialética é uma abordagem imanente a um conteúdo, que busca as causas internas de


seu desenvolvimento, suas contradições. Essas causas internas são a razão das mudanças,

112 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


enquanto as causas externas constituem apenas condições acidentais das mudanças. A
dialética privilegia o fenômeno da transição histórica, que significa a superação de uma fase
por outra, predominando na outra mais o novo do que repetições possíveis da fase anterior
(BRUYNE et al.,1977).

Segundo Richardson (2008), o materialismo dialético apresenta dois princípios fundamentais:


o princípio da conexão universal dos objetos e fenômenos, em que um objeto não pode
existir isolado de outro, todos os fenômenos da natureza estão interligados e determinados
mutuamente; e, o princípio de movimento permanente e do desenvolvimento, em que as fontes
do movimento e do desenvolvimento são as contradições internas de um objeto ou fenômeno.

Triviños (2008) afirma que o materialismo dialético é a base filosófica do marxismo e, como tal
realiza a tentativa de buscar explicações coerentes, lógicas e racionais para os fenômenos da
natureza, da sociedade e do pensamento. O pensamento dialético pode então se definir por
seu movimento de totalização que é essencialmente um movimento progressivo-regressivo
de abertura para o concreto em transformação. A dialética não explica, não dá esquema de
interpretação, mas apenas prepara os quadros da explicação. Ela coloca questões sem dar
as respostas: quem não vê esses limites isola-se na pura descrição e mesmo no dogmatismo
e permite a compreensão da realidade concreta a partir do abstrato, reproduz idealmente o
concreto revelando-nos a lógica interna (BRUYNE et. al.,1977).

Segundo Triviños (2008), são três as leis da dialética: lei da transformação da quantidade em
qualidade e vice-versa, a lei da Unidade e Luta dos contrários e a Lei da negação da negação.
Essas leis foram concebidas por Hegel, de acordo com a sua concepção idealista, como
simples leis do pensamento: a primeira, na doutrina do ser; a segunda, a doutrina da Essência;
e, a terceira figura a lei fundamental da construção de todo o sistema. Por fim, a análise
dialética visa um conjunto objetivo que determina o sentido do desenvolvimento histórico e
define as relações do geral com o particular em sua concretização histórica. Assim, as leis
dialéticas revelam o sentido de um conjunto histórico, propondo uma espécie de hermenêutica
do sentido objetivo da história (BRUYNE et. al.,1977).

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 113


Por fim, a dialética não explica tudo, se dedica a captar as especificidades da realidade social
e humana, é mais hábil em explicar estes fenômenos do que outros (DEMO, 2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, tive o intuito de levar a você as principais abordagens que dizem respeito à
construção de um texto científico e à prática da pesquisa. Para isso, abordamos elementos da
construção do texto científico, os métodos de pesquisa e também as principais abordagens da
pesquisa científica.

A partir dos elementos que tratamos, espero ter colaborado para que você compreenda melhor
os textos que ler para a construção do seu Trabalho de Conclusão. Falo isso, principalmente
ao tratar dos paradigmas epistemológicos da pesquisa, pois é de fato importante para
compreendermos o posicionamento de um autor quando lemos o seu trabalho.

Ademais, é imprescindível que o pesquisador saiba e conheça os tais paradigmas de pesquisa,


pois é a partir deles que podemos responder e justificar o posicionamento e conclusões que
tiramos com a pesquisa que realizamos.

Agora, após trabalhar estas 3 (três) unidades, passaremos à prática da pesquisa em


Administração e depois a construção do projeto de pesquisa e trabalho monográfico.

114 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


ATIVIDADE DE AuTOESTuDO
1) Busque textos que sejam utilizados em seu Trabalho de Conclusão e pratique fazendo:
fi chamento, resenha e paráfrase do referido texto.

2) Escolha uma temática, estabeleça um objetivo e procure construir um texto científi co a


partir do objetivo defi nido.

3) Qual a necessidade de se explorar outros paradigmas epistemológicos além do Positivismo


para a pesquisa em Ciências Humanas?

4) Explique quais as diferenças existentes entre os paradigmas epistemológicos. Qual deles


se adéqua mais à Pesquisa em Administração?

BOMBASSARO, Luiz C. As fronteiras da epistemologia: como se produz o conhecimento. Petrópolis:


Vozes, 1994.
CARVALHO, M. Cecília de (Org). Paradigmas fi losófi cos da atualidade. Campinas: Papirus, 1989.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 115


UNIDADE IV

O PROJETO DE PESQUISA E A
CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Professor Me. João Batista Pereira
Atualização: Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva

Objetivos de Aprendizagem

• Compreender a importância da elaboração de um projeto de pesquisa.

• Entender quais elementos compõem um projeto de pesquisa.

• Conhecer a caracterização da pesquisa.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Elaboração de um projeto de pesquisa

• Classificação e Caracterização da pesquisa

• Procedimentos de coleta e de interpretação de dados


INTRODUÇÃO

Nesta unidade procurei destacar a importância do desenvolvimento de um projeto de pesquisa,


bem como os procedimentos para desenvolvê-lo.

Vamos tratar também da caracterização da pesquisa científica, ou seja, seus tipos e


características, bem como os procedimentos de coleta e análise de dados. Assim, você poderá
utilizar de tais procedimentos para o desenvolvimento do seu trabalho.

Então, vamos lá!

ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

O projeto de pesquisa trata de um primeiro “traçado” que se faz para o desenvolvimento de


uma pesquisa, seja ela científica ou não.

O projeto nada mais é que um planejamento sobre determinado assunto ou fenômeno, em que
serão detalhados todos os procedimentos necessários para se atingir um objetivo. Podemos
dizer, então, que se trata de um plano pré-elaborado para se reduzir a possibilidade de erros.
Fonte: PHOTOS.COM

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 119


Projeto de Pesquisa e Formação Profissional

A exploração de temas no projeto de pesquisa visa buscar os problemas a se resolver ao mesmo


tempo em que representam oportunidade de explorar as organizações. A empresa é um contingente
à incerteza ambiental, tendo em vista a economia, a sociedade, a política governamental, o
mercado de trabalho e os produtos. O resultado é que a prática nas organizações se renova
continuamente para atender às demandas ambientais, indicando a necessidade constante de
mudança organizacional, e assim, surge oportunidade de projetos em todo lugar.

O projeto de pesquisa por meio do estágio e/ou observação não consiste apenas na exposição
do estudante a certo contexto organizacional. Implica uma proposta de mudança baseada nos
conhecimentos e habilidades desenvolvidos durante a vida acadêmica.

Há um conjunto de enfoques e métodos administrativos hoje conhecidos. Esses surgiram e


desenvolveram-se em diferentes épocas para resolver problemas organizacionais em outros
contextos, mas encontram-se disponíveis como possibilidades a serem utilizadas para embasar
os projetos de estágio e pesquisa.

Fundamentos da Administração

A maior preocupação da Administração diz respeito ao Desempenho Organizacional, embora


para isso tenham-se diversas interpretações: eficiência, eficácia, produtividade, satisfação das
pessoas, sobrevivência da organização, qualidade, gerenciamento otimizado entre outros.

Mediante às Escolas de Administração, os fundamentos que hoje são considerados ciência,


evoluíram por meio de um processo dinâmico que visa sempre atender questões básicas em
busca da sobrevivência da empresa.

Atualmente, a busca por essa sobrevivência apresenta a necessidade de uma administração


de caráter muito mais voltado para a prática do que para a teoria. Buscam-se organizações
mais flexíveis, descentralizadas e receptivas à inovação. O problema do baixo desempenho
organizacional é entendido como sendo derivado do baixo nível de integração organizacional.

A proposta principal consiste no estabelecimento de programas de desenvolvimento que visam


à mudança de padrões de comportamento, e consequentemente o engajamento maior das
áreas da empresa com os seus funcionários em busca de metas e objetivos estabelecidos,
bem como a resolução de problemas.
120 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância
O conjunto de obras que constituem a base da teoria organizacional atualmente é amplo, e a
quantidade de literatura gerencial a disposição dos práticos é cada vez mais sólido para dar
um suporte maior ao desenvolvimento do projeto de pesquisa.

O cuidado que o Administrador brasileiro deve ter é de perceber e entender que as bases
dos Estudos Organizacionais são de origem estrangeira, e por esse motivo o desafio está em
buscar formas de essa teoria desenvolvida ser utilizada metodologicamente como apoio ao
desenvolvimento do projeto de um problema específico.

Assim, torna-se importante destacar que, embora a maioria das propostas de gestão e
organização tenha surgido em momentos históricos distintos para atender os problemas
específicos das empresas, em ambientes determinados, estas permanecem nos dias de hoje
como soluções genéricas à disposição das organizações em todo o mundo.

O cuidado a ser tomado pelo pesquisador é o de não tornar a Pesquisa em Administração


uma ferramenta de natureza prescritiva observada como fórmula mágica para a solução de
problemas.

A Pesquisa em Administração deve ser considerada um instrumento de exploração e


desenvolvimento espacial, onde mediante a identificação do problema pode abranger todos
os campos do conhecimento humano, relacionados com fatos e acontecimentos agrupados no
âmbito empresarial.

Dessa forma, o projeto de pesquisa tem um caráter não somente acadêmico, mas de
planejamento, alinhamento de objetivos, organização de ideias e principalmente implementação
de melhorias nas organizações.

Gil (2002, p. 19) afirma que: "[...] o planejamento da pesquisa pode ser definido como o
processo sistematizado mediante o qual se pode conferir maior eficiência à investigação para
em determinado prazo alcançar o conjunto de metas estabelecidas".

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 121


Lakatos e Marconi (2010, p. 198) afirmam que “em uma pesquisa, nada se faz ao acaso”. Logo,
o projeto é a organização da pesquisa antes da mesma ser iniciada. Este planejamento inicial
permite que a margem de erros durante a pesquisa seja muito pequena.

Administração como ciência

Já vimos anteriormente o conceito de ciência, mas vale a pena reforçar.

Segundo Oliveira (1999), a ciência trata do estudo, com critérios metodológicos, das relações
existentes entre causa e efeitos de um fenômeno qualquer, no qual o pesquisador se propõe a
demonstrar a verdade dos fatos e suas aplicações práticas.

A ciência pode ser observada como uma forma de conhecimento sistemático, dos fenômenos da
natureza, dos fenômenos sociais, dos fenômenos biológicos, matemáticos, físicos e químicos
para se chegar a um conjunto de conclusões verdadeiras, lógicas, exatas, demonstráveis por
meio da pesquisa e dos testes.

De acordo com os cientistas, qualquer assunto que possa ser estudado pelo homem pela
utilização do método científico e de outras regras especiais de pensamento pode ser chamado
de ciência.

Então, por que é necessário fazer ciência? No mundo acadêmico é importante fazer ciência
para todos porque é por meio dela que se descobre e se inventa. Por intermédio da ciência
e da tecnologia é que temos os aparelhos de comunicação, o computador, equipamentos da
área de engenharia, complexos sistemas de produção, aviões, aumento da produtividade no
setor agropecuário, e uma série de coisas que se refletem a evolução e o desenvolvimento da
humanidade.

Dessa forma, a ciência é a origem do conhecimento. Um conhecimento falso, não é


conhecimento, e sim erro, ilusão. Daí a necessidade da pesquisa científica para comprovar os
fatos estudados e desenvolvidos em um projeto de pesquisa, fazendo com que este realmente
torne-se um instrumento de direcionamento para a Administração.

O Tema para o Projeto de Pesquisa

Cada área da administração tem a sua peculiaridade.

122 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Segundo Roesch (1999), a escolha do tema de pesquisa deve estar ligada a essas grandes
áreas da Administração, que são: administração geral, administração de recursos humanos,
administração de marketing, administração de produção e sistemas, administração de finanças.

• Administração Geral: incorpora a maioria dos desenvolvimentos da teoria organizacional.


Os trabalhos e pesquisas estão dentro do que se convenciona chamar de Análise Adminis-
trativa ou Análise Organizacional.

• Recursos Humanos: busca, basicamente, compatibilizar as necessidades de curto prazo


das pessoas com os objetivos de longo prazo das organizações. Nasceu como função de
bem-estar social nas organizações, mas posteriormente passou a desempenhar uma fun-
ção de controle sobre a utilização da mão de obra, e também uma função neutra no sentido
de observar o que está estabelecido na legislação.

• Marketing: a origem da área de marketing deu-se tendo em vista os problemas da distri-


buição de mercadorias. Concentra-se em análises competitivas, de mercado ou comporta-
mento do consumidor, incluindo perfil e análise do consumidor, definição de segmentos de
mercado, plano de marketing, análise de cadastro entre outros.

• Produção e sistemas: em sua versão quantitativa, trabalha com modelos de planejamento


de produção, modelos de previsão e com sistemas de informação gerencial e sistemas de
apoio à decisão. É uma área de suporte dentro da organização que trabalha o processo e
andamento organizacional como um todo.

• Finanças: concentra-se nos instrumentos contratuais e na descrição das instituições par-


ticipantes do mercado financeiro. Concentra-se na questão do gerenciamento financeiro
da empresa, sendo seus tópicos principais o planejamento e o controle financeiro, análise
financeira, análise de investimento, a gestão do capital de giro, o custo e a estrutura de
capital e política de dividendos.

Essas grandes áreas representam uma divisão tênue e organizada dos Estudos em
Administração.

A seguir, apresentarei alguns temas para o desenvolvimento do projeto de pesquisa para cada
área da administração, que visa contribuir para a escolha de temas a serem explorados no
projeto.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 123


a) Administração Geral

• Diagnóstico organizacional

• Estruturação e reestruturação de empresas

• Estudo da pequena empresa

• Estruturas de controle

• Eficiência, eficácia

• Estratégias de mudança organizacional

• Informatização da organização

• Conveniência da tecnologia em termos de custos e benefícios

• Treinamento de pessoal para utilização de tecnologia

• Informatização da empresa

• Estratégias de mudança organizacional

• Sistemas organizacionais: estudo da administração como ela é

• Sistemas administrativos: classificação de cargos, estudo das rotinas de trabalho, distribui-


ção de tarefas

• Planejamento estratégico

b) Recursos Humanos

• Recrutamento e seleção

• Treinamento: levantamento das necessidades de treinamento, elaboração de um programa


de treinamento

• Plano de cargos

124 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


• Remuneração

• Sistemas de avaliação de desempenho

• Assistência benefícios

• Segurança, higiene e medicina do trabalho

• Motivação, comprometimento

• Liderança Poder

• Qualidade vida no trabalho – QVT

• Conflito

• Clima e cultura organizacional

• Relações de trabalho

• Sociologia do trabalho

• Gestão de recursos humanos

• Trabalho em equipe

c) Marketing

• Elementos de mercado

• Descrição e análise de mercado

• Descrição e análise competitiva

• Comportamento do consumidor

• Perfil do consumidor

• Atendimento ao cliente

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 125


• Estratégias de vendas

• Propaganda e publicidade

• Preço, produto e distribuição

• Plano de marketing

• Equipe de vendas

• Programação de produtividade

• Alternativas de comercialização

• Estratégias de negociação

• Relacionamento com cliente

• Relacionamento com fornecedores

d) Produção e Sistemas

• Administração de materiais

• Cadastro de fornecedores

• Análise de valor aplicada aos materiais

• Modelos de previsão e controle

• Cálculo e controle dos custos de produção

• Utilização de ferramentas para administração de projetos

• Controle de projetos

• Aplicação de métodos quantitativos para a solução de problemas

• Análise da produtividade

• Processo decisório e prospecção tecnológica.

• Estudo de layout

• Controle de produção

• Técnicas de administração da produção e gestão da qualidade

126 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


• Just in time, Kanban.

• Tipos de controle de qualidade

• Sistemas de informações (SIG)

• Sistemas de apoio à decisão (SID)

e) Finanças

• Planejamento financeiro

• Orçamento empresarial

• Análise de projetos de investimento

• Diagnóstico empresarial

• Mercado de capitais

• Administração de caixa

• Administração de contas a receber e a pagar

• Planejamento em longo prazo

• Planejamento de lucro

• Financiamento em curto prazo

• Financiamento em longo prazo

• Fluxo de caixa

A escolha de um tema é a condição fundamental para iniciar o projeto.

Após conhecer algumas temáticas que podem ser desenvolvidas, é necessário salientar algo
muito importante: não há um modelo único de projetos de pesquisa. Determinadas áreas
acrescentam algumas partes por especificidades próprias.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 127


Onde pesquisar na internet?
A internet é uma ferramenta muito efi caz para buscar informações que gerem conhecimento sobre o
tema que se deseja tratar, no entanto, é preciso ter alguns cuidados principalmente sobre a confi abili-
dade das informações encontradas.
Por esse motivo, a seguir elenco alguns sites com maior credibilidade para o desenvolvimento de um
trabalho científi co.
• Google acadêmico: <scholar.google.com.br> (não se usa o “www”, pois trata-se de um diretório do
site do Google).
• Busca de livros: <books.google.com.br> (também não se usa o “www” pelo mesmo motivo apresen-
tado acima). No books, há muitos livros que se podem ler no todo ou em partes.
• SCIELO: no endereço eletrônico <www.scielo.br> são encontrados artigos de revistas científi cas.
• Periódicos da CAPES. Endereço eletrônico: <www.periodicoscapes.gov.br>. São encontrados arti-
gos de revistas científi cas nacionais e internacionais das mais diversas áreas de conhecimento.
• Acesso livre: no endereço eletrônico <http://acessolivre.capes.gov.br/> você entrará no banco de
teses, no qual são encontradas teses de doutorado e dissertações de mestrado.
Esses são alguns sites que você pode pesquisar. Além disso, você pode entrar em sites dos
principais eventos em Administração, como: Enanpad; Enegep, Simpep, SIMPOI, Eneo, Fórum HSM
Gestão e Liderança, Encontro de Estudos em Estratégia/3Es, Congresso Internacional de Gestão
da Tecnologia e Sistemas de Informação, Simpósio de Administração da Produção, Logística e
Operações Internacionais.
Você também pode pesquisar nas principais Revistas Científi cas. A seguir, elenco algumas delas:
RAC, Read, RAE, Gestão.Org, RAP, RAD.
Fonte: Elaborado pela autora (2011).

O modelo de projeto que trataremos aqui pode ser denominado de “modelo clássico”, porque
atende às necessidades de todas as áreas do conhecimento. Além deste fato, é o modelo
adotado por esta Instituição de Ensino Superior, explicitado nos Princípios Gerais para a

128 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Elaboração e Apresentação de Trabalhos Acadêmicos e Científicos do CESUMAR (que
se encontra na unidade V, mais adiante).

Para nosso maior entendimento, abaixo seguem as partes deste modelo.

a) Elementos pré-textuais: são aqueles elementos que, como o próprio nome diz, vêm antes
do texto: capa, folha de rosto e sumário (CESUMAR, 2007).

b) Elementos textuais: um projeto deve conter: introdução, justifi cativa, metodologia e crono-
grama (CESUMAR, 2007).

c) Elementos pós-textuais: referências. Você deverá referenciar, conforme as normas da


ABNT, todas as obras citadas em seu projeto (CESUMAR, 2007).

O desenvolvimento de um projeto de pesquisa segue a estrutura da Instituição de Ensino da qual o


estudante faz parte ou as regras estipuladas pelo professor da disciplina de Metodologia da Pesquisa.
Notamos então, que o projeto de pesquisa não tem um modelo universal, mas podemos elencar os
elementos essenciais para o desenvolvimento de um projeto:
Tema: o tema deve ser escolhido pelo estudante juntamente com o seu professor orientador, pois,
dessa maneira, pode-se analisar a relevância do tema, disponibilidade de materiais etc. Escolha um
tema com o qual você tenha afi nidade, pois o trabalho fl uirá mais suavemente e você realmente terá
motivação para desenvolvê-lo.
problema: o problema diz respeito a uma pergunta de pesquisa que você deseja responder a partir do
tema escolhido. Por exemplo, suponhamos que o seu tema seja Satisfação do cliente da empresa X.
A partir deste tema, seu problema, ou seja, a pergunta de pesquisa será: qual o nível de satisfação
dos clientes da empresa X? Você tem um problema para responder e seu trabalho será norteado
pela busca por essa resposta.
Objetivos: os objetivos de dividem em geral e específi cos. O objetivo geral dever estar alinhado ao
problema de pesquisa, ou seja, para o problema defi nido anteriormente, o objetivo geral seria: avaliar
o nível de satisfação dos clientes da empresa X. Os objetivos específi cos são desdobramentos, ou
seja, você deverá elencar de 4 a 5 formas para se atingir o objetivo geral.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 129


IMpOrTANTE: OS OBJETIVOS (GErAL E ESpECÍFICOS) SEMprE DEVEM SE INICIAr COM
VErBOS.
Justifi cativa: deve descrever a importância de se explorar o tema. Neste tópico deve-se mostrar o
porquê da importância de desenvolvimento de um trabalho sobre o tema escolhido.
revisão de Literatura: pode ser apresentada também como revisão bibliográfi ca. Diz respeito aos
conceitos principais de autores que embasarão o trabalho. Não se esqueça que esses conceitos de-
vem estar ligados ao tema, daí a importância do orientador para direcionar sobre quais livros, artigos
ou demais materiais você deve utilizar.
Metodologia: serão apresentados neste tópico: a classifi cação da pesquisa e os métodos utilizados
para coleta e análise de dados.
Cronograma: tem o intuito de mostrar a programação do pesquisador para o desenvolvimento do
trabalho.
Referências: elencar quais foram as referências utilizadas no desenvolvimento do projeto.
Fonte: Elaborado pelo autor (2011).

CLASSIFICAçãO E CArACTErIZAçãO DA pESQuISA

As pesquisas são classificadas quanto aos seus objetivos e procedimentos técnicos utilizados.
Salientamos que existem algumas diferenças nesta classificação. Ou seja, podem ser
encontrados autores que apresentam uma classificação mais detalhada, ou acrescente um
novo tipo de pesquisa para classificá-la.

Por este motivo, utilizaremos a classificação elaborada por Antonio Carlos Gil (2002), pois
consideramos a mesma mais completa.

Quanto aos objetivos

Gil (2002) classifica as pesquisas em três modalidades no que tange aos objetivos:

a) Pesquisas exploratórias: são assim classifi cadas as pesquisas que “têm como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a

130 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


construir hipóteses” (GIL, 2002, p. 42). São utilizadas quando queremos conhecer melhor
algum objeto de pesquisa. A pesquisa bibliográfica, descrita a seguir, também pode ser
considerada exploratória.

b) Pesquisas descritivas: são utilizadas quando queremos descrever um fenômeno ou co-


nhecer as características de uma população (GIL, 2002). Lembra-se da metodologia do
nosso exemplo de projeto de pesquisa? Queríamos analisar a satisfação dos clientes da
empresa. Logo, classificamos a pesquisa como descritiva.

c) Pesquisas explicativas: são pesquisas que têm como objetivo central buscar o “porquê”
(causa) determinado fenômeno acontece. As pesquisas experimentais, que utilizam labo-
ratórios são, em sua grande maioria, explicativas.

Quanto aos procedimentos técnicos utilizados

a) Pesquisa bibliográfica: este tipo de pesquisa é desenvolvida tendo como objeto de estu-
do apenas a teoria encontrada, principalmente, em livros e artigos científicos. Ou seja, não
há pesquisa experimental envolvida neste tipo de pesquisa (GIL, 2002).

b) Pesquisa documental: é semelhante à pesquisa bibliográfica. A diferença está que na


pesquisa bibliográfica são utilizados livros e artigos científicos, enquanto na pesquisa do-
cumental tem como fonte documentos (GIL, 2002). Um exemplo deste tipo de documentos
são os encontrados no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, onde estão grande parte dos
documentos históricos do Brasil.

c) Pesquisa experimental: são as pesquisas que se utilizam de experimentos, como os efe-


tuados na área da física, biologia entre outros (GIL, 2002).

d) Estudo de campo: uma das características principais neste tipo de pesquisa é que os
dados são coletados em campo, e não há interferência do pesquisador (GIL, 2002).

e) Estudo de caso: como já vimos na metodologia que construímos no exemplo de um pro-


jeto, o estudo de caso é caracterizado por se dedicar ao estudo de apenas um caso (GIL,
2002). Na Administração, quando vamos estudar apenas uma empresa estamos pratican-
do o estudo de caso.

Torna-se importante destacar que Gil (2002) apresenta ainda outros tipos de pesquisas em sua

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 131


classificação: ex-post facto, estudo de coorte, pesquisa ação e pesquisa participante. Porém,
por serem pesquisas que raramente são utilizadas na Administração não as detalhamos aqui.

Na concepção de Richardson (2008), dependendo do problema, as pesquisas podem ser


organizadas, como: pesquisas históricas, pesquisas exploratórias, pesquisas descritivas,
pesquisas explicativas (enquetes, experimentos, quase experimentos, estudos de casos) e
pesquisa-ação.

De acordo com Richardson (2008), a pesquisa histórica trata do passado do homem, na


qual o historiador tem a tarefa de localizar, avaliar e sintetizar sistemática e objetivamente
as provas, para estabelecer os fatos e obter conclusões referentes aos acontecimentos do
passado. Assim, o pesquisador deve fazer um exame detalhado dos dados para saber se
existe informação suficiente disponível para a realização da pesquisa.

Além disso, Richardson (2008) apresenta algumas limitações para a pesquisa histórica: o tempo
requerido para realizar a pesquisa, a falta de controle rigoroso nas relações estabelecidas
entre os fatos passados e presentes, a quantidade de dados a coletar para se chegar a
determinadas conclusões.

Segundo Thiollent (2005), a pesquisa-ação pode ser definida como um tipo de pesquisa social
com base empírica concebida e realizada mediante associação com uma ação ou resolução
de problema coletivo onde os participantes e os pesquisadores estão envolvidos de modo
participativo e cooperativo.

Ainda para Triviños (2008), é abordada a pesquisa etnográfica como uma forma específica
de investigação qualitativa que estuda a cultura de um grupo. Creswell (2007) afirma que a
pesquisa etnográfica, pode ser vista como estratégia associada à técnica qualitativa, na qual o
pesquisador estuda um grupo cultural intacto em um ambiente natural durante um período de
tempo prolongado, coletando primariamente dados observacionais.

Observamos então, que existem diversas classificações para a pesquisa. Diante da

132 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


importância de se compreender sobre os tipos de pesquisa existentes, embora já tenham sido
citadas a seguir será um pouco mais discutido sobre as classificações e tipos mais utilizados
na pesquisa em Administração.

Pesquisa Exploratória

Falando em pesquisa exploratória, Selltiz (1975) afirma que os estudos exploratórios têm
como objetivo a formulação de um problema para investigação mais exata ou para a criação
de hipóteses. Para Richardson (2008), o objetivo de tal tipo de pesquisa está em conhecer
as características de um fenômeno para procurar, posteriormente, explicações das causas e
consequências de dito fenômeno.

Segundo Thiollent (2005), a fase exploratória consiste em descobrir o campo de pesquisa, os


interessados e suas expectativas e estabelecer um primeiro levantamento (ou diagnóstico) da
situação, dos problemas prioritários e de eventuais ações. Nesta fase também aparecem muitos
problemas práticos que são relacionados com a constituição da equipe de pesquisadores e
com a “cobertura” institucional e financeira que será dada à pesquisa.

Nesse sentido, Richardson (2008) diz que o estudo exploratório pode ser utilizado quando não
se tem informação sobre determinado tema e se deseja conhecer o fenômeno.

Ademais, estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno


de um determinado problema, pois o pesquisador parte de uma hipótese e aprofunda seu
estudo nos limites de uma realidade específica, buscando antecedentes para posteriormente
planejar uma pesquisa descritiva ou de tipo experimental (TRIVIÑOS, 2008).

A partir de tal contexto, Selltiz (1975) apresenta como função dos estudos exploratórios o
esclarecimento de conceitos, o estabelecimento de prioridades para futuras pesquisas, a
obtenção de informação sobre possibilidades práticas de realização de pesquisas em situações
de vida real entre outros.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 133


Pesquisa Descritiva

Segundo Triviños (2008), os estudos descritivos pretendem descrever com exatidão os fatos e
fenômenos de determinada realidade.

Para isso, o pesquisador necessita dispor de uma série de informações sobre o que se deseja
pesquisar, se utilizando de uma delimitação precisa de técnicas, métodos, modelos e teorias
que orientarão a coleta e interpretação dos dados e permitirão a apresentação de resultados
por meio de descrições, narrativas, documentos e trechos de entrevistas (TRIVIÑOS, 2008).

Ainda para Triviños (2008), os estudos descritivos residem no desejo de conhecer a


comunidade, seus traços característicos, suas gentes, seus problemas, suas escolas, seus
valores etc., ou seja, buscam a essência de um fenômeno. Tais ações podem ocorrer por meio
do aprofundamento na descrição de determinada realidade ou na determinação da “maneira”
ou “por que” um fenômeno ocorre.

Richardson (2008) corrobora tal afirmação ao afirmar que o objetivo da pesquisa descritiva é
descrever sistematicamente um fenômeno ou área de interesse de forma detalhada e objetiva.

Do ponto de vista do Cervo e Bervian (2007, p. 66) “a pesquisa descritiva observa, registra,
analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Isso quer dizer
que, a pesquisa descritiva precisa apresentar os dados com a maior precisão possível, a
frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e
características (CERVO; BERVIAN, 2007).

Ressaltam Cervo e Bervian (2007) que as pesquisas descritivas buscam conhecer as diversas
situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos
do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente como de grupos e
comunidades mais complexas.

134 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Pesquisa Explicativa

A pesquisa explicativa que, segundo Richardson (2008), é utilizada quando se deseja explicar
as características de um fenômeno podendo ser dividida em enquete, experimento, quase
experimento e pesquisa-ação.

Para Richardson (2008), a enquete tem por objetivo investigar possíveis relações causa-efeito,
observando as consequências de um fenômeno em amostras relativamente grandes (mais
de 200 casos). A experimentação consiste em modificar a maneira controlada das condições
que determinam um fato ou fenômeno, e em observar e interpretar as mudanças que ocorrem
neste último.

O quase experimento tem por objetivo aproximar as condições do experimento em situações


reais que não permitem controlar as variáveis relevantes. E, por fim, a pesquisa-ação tem
como objetivo incentivar transformações sociais de grupo, com participação direta de seus
membros em todas as etapas da pesquisa.

Na concepção de Severino (2007), a pesquisa explicativa é aquela que além de registrar


e analisar o fenômeno, busca identificar suas causas, por meio da aplicação do método
experimental matemático ou por meio da interpretação possibilitada pelos métodos qualitativos.

Estudo de caso

Segundo Yin (2005), o estudo de caso é uma das maneiras de se fazer uma pesquisa em
ciências sociais. Cada estratégia apresenta vantagens e desvantagens próprias, dependendo
de três condições: o tipo de questão da pesquisa, o controle que o pesquisador possui sobre
os eventos comportamentais efetivos e o foco em fenômenos, em oposição a fenômenos
contemporâneos.

Para Yin (2005), o estudo de caso acrescenta duas fontes de evidência: a observação direta
e a série sistemática de entrevistas. Para o autor, a estratégia de estudo de caso não deve ser

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 135


confundida com pesquisa qualitativa, já que algumas pesquisas seguem métodos etnográficos
e, por vezes, o uso que o pesquisador faz de observações detalhadas e minuciosas do mundo
natural e a tentativa de se evitar comprometimentos anteriores a qualquer modelo teórico.

Para Creswell (2007), o estudo de caso é um processo no qual o pesquisador estuda em


profundidade e extensão um fato, atividade ou processo, coletando informações detalhadas
usando uma variedade de procedimentos de coleta de dados durante um período de tempo
prolongado.

Para Richardson (2008), o objetivo principal do estudo de caso é analisar detalhadamente


o passado, presente e as intenções sociais de uma unidade social: um indivíduo, grupo,
instituição ou comunidade.

Ademais, Richardson (2008) aborda a pesquisa experimental que tem como objetivo investigar
possíveis relações de causa-efeito, submetendo um ou mais grupos experimentais a um ou
mais tratamentos, e comparando os resultados com um ou mais grupos de controle que não
receberam o tratamento.

PROCEDIMENTOS DE COLETA E DE INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Depois que você conheceu a classificação das pesquisas científicas, vou abordar aqui os
procedimentos de coleta e de interpretação de dados. O primeiro ponto tratado será o corte
de pesquisa.

O corte de pesquisa diz respeito ao “quando” os dados foram coletados para o desenvolvimento
de um trabalho científico.

De acordo com Richardson (2008), depois de selecionado o problema a ser estudado, o


pesquisador deverá explicitar sobre o tipo de plano de coleta de dados que será utilizado na
pesquisa, ou seja, se o estudo terá um corte transversal ou um corte longitudinal.

136 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Para Richardson (2008), em um estudo de corte transversal, os dados são coletados em um
ponto no tempo, com base em uma amostra selecionada para descrever uma população nesse
determinado momento. Já o corte longitudinal consiste na coleta de dados de uma mesma
amostra por meio do tempo, ou seja, o pesquisador coleta dados várias vezes e resgata
elementos de antes do fato estudado, mas que também farão parte do escopo da pesquisa.

Além disso, os dados da pesquisa podem ser classificados como primários e secundários.

Segundo Minayo (2007), os dados primários são aqueles produzidos pelo pesquisador na
interação direta com os sujeitos de pesquisa, por meio de entrevistas, observações ou aplicação
de questionários. Os dados secundários são elencados a partir de acervos já existentes, tais
como documentos, banco de dados, revistas, jornais etc.

Procedimentos para defi nir o número de participantes na coleta de dados


Em uma pesquisa quantitativa e de amostragem probabilística não se pode escolher a esmo o número
de pessoas que participarão da pesquisa, é necessário levar em consideração a população que se
quer estudar, para depois, defi nir uma amostra signifi cativa que dê validade a pesquisa. A população
é um conjunto de indivíduos ou objetos que apresentam em comum determinadas características
defi nidas para o objeto de estudo. Amostra é um subconjunto da população.
Considerando-se a população do estudo o tamanho da amostra se caracteriza da seguinte forma:

Z 2 . p.q.N
n= 2 2
(população fi nita)
e ( N - 1) + Z . p.q
Z 2 . p.q
n= (população infi nita)
e 2

Onde temos que N é o tamanho da população; Z é a abscissa da normal padrão, variável que depende
exclusamente no nível de confi ança, por exemplo, se o nível de confi ança for 95% temos Z igual a

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 137


1,96, se o nível de confi ança for de 95,5% Z igual a 2,00; p é a proporção dos elementos da amos-
tra favoráveis ao atributo pesquisado; q é a proporção dos elementos da amostra desfavoráveis ao
atributo pesquisado, vale ressaltar que, se estes dados, p e q, não foram detectados na população,
atribui-se valor de 50% para cada uma delas; e é o erro da estimativa e n é o tamanho da amostra que
se deseja encontrar. Para esta pesquisa específi ca adotou-se p e q igual a 50%; nível de confi ança
igual a 90% ou seja, Z igual a 1,64 e erro da estimativa de 10%. O erro de 10% justifi ca-se pelo fato
desta pesquisa específi ca não ser de alto grau de relevância dentro do contexto geral do estudo.
Devido a perdas já previstas na amostragem, incrementou-se mais 10% sobre o total estratifi cado de
cada amostra.
Para pesquisas qualitativas de amostragem não probabilística, pode-se utilizar da técnica de snow
ball, que segundo Appolinário (2006), consiste na suposição de que existe uma ligação entre a amos-
tra inicial e as outras amostras da mesma população-alvo, permitindo que uma série de referências
seja feita dentro de um círculo de conhecimento.
A técnica de snow ball consiste em um participante selecionado intencionalmente ou de acordo com a
conveniência do pesquisador indicar outro participante para integrar a amostra nas condições reque-
ridas da pesquisa até exaustão da rede de contatos, ou repetição do discurso.
Fonte: Extraído pela autora de: APPOLINÁRIO, Sávio. Metodologia da ciência: fi losofi a e prática da
pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006; MARTINS, Gilberto A. Estatística Geral e
Aplicada. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2002.

procedimentos utilizados para a coleta de dados

Já sabemos que os procedimentos de coleta de dados são um item de suma importância


para o desenvolvimento de uma pesquisa, já que trata dos sujeitos da pesquisa e também dos
instrumentos que serão utilizados para o levantamento de dados para a análise.

Assim, torna-se importante destacar que tais procedimentos precisam estar alinhados
à classificação e caracterização da pesquisa, pois somente desta maneira os objetivos
alcançados terão validade científica.

Segundo Gil (2002), para o levantamento de coleta de dados são utilizadas técnicas de
interrogação, tais como entrevista, questionário e o formulário. Qualquer instrumento que seja

138 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


utilizado torna-se importante frisar que as técnicas de interrogação possibilitam a obtenção de
dados a partir do ponto de vista dos pesquisados.

Vamos falar dos instrumentos de coleta de dados mais utilizados na pesquisa em Administração.

a) Entrevista

A entrevista pode ser vista como uma técnica de coleta de dados utilizada por pesquisadores,
com o intuito de buscar o máximo de informações possíveis sobre o fenômeno estudado. Além
disso, a entrevista permite uma interação face a face dos interlocutores, em que o entrevistador
pode perceber fatos e comportamentos indispensáveis para o entendimento das respostas.

Para Gil (2002), a entrevista pode ser entendida como uma técnica que envolve duas pessoas
ou mais, em que uma formula questões e a outra responde. E, a estratégia para a realização
de entrevista deve considerar as etapas de especificação de dados que se pretendem obter, a
escolha e formulação de perguntas.

A entrevista pode ser estruturada, não estruturada ou semiestruturada. Falemos de cada uma
delas.

A entrevista estruturada é construída com perguntas pré-formuladas, ou seja, um roteiro


de perguntas. A entrevista não estruturada também pode ser chamada de entrevista de
profundidade que visa obter do entrevistado o que ele considera os aspectos mais relevantes
de determinado problema e não constitui um roteiro definido (RICHARDSON, 2008).

A entrevista semiestruturada é aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados


em teorias e hipóteses que interessam a pesquisa, e, consequentemente oferece amplo campo
de interrogativas e novas hipóteses que vêm a surgir à medida que se recebem as respostas
do entrevistado (TRIVIÑOS, 2008).

Ou seja, na entrevista semiestruturada, o pesquisador tem um roteiro de questões, mas não

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 139


se prende a ele. A entrevista é conduzida a partir dos elementos que o entrevistador perceber
no entrevistado.

A entrevista semiestruturada é abordada por Richardson (2008) como as entrevistas dirigidas,


que se desenvolvem a partir de perguntas precisas, pré-formuladas e com uma ordem pré-
estabelecida; as entrevistas guiadas que permitem ao entrevistador utilizar um guia de temas
a serem explorados ao longo da entrevista; e as entrevistas não diretivas que permitem ao
entrevistado desenvolver suas opiniões e informações da maneira que ele estimar conveniente.

Assevera Gil (2002, p. 117) que,


nos levantamentos que se valem da entrevista como técnica de coleta de dados, esta
assume forma mais ou menos estruturada. Mesmo que as respostas possíveis não
fixadas anteriormente, o entrevistador guia-se por algum tipo de roteiro, que pode ser
memorizado ou registrado em folhas próprias.

A utilização da entrevista como coleta de dados, ocorre em sua maioria em pesquisas


qualitativas, devido à necessidade de se explorar afundo as características do fenômeno
estudado. Contudo, não se exclui o uso desse tipo de instrumento de coleta de dados em
pesquisas quantitativas, pois podem auxiliar o pesquisador em apurar a veracidade dos dados
coletados e estudados por meio de instrumentos estatísticos.

b) Questionário

O questionário é um instrumento de coleta de dados semelhante à entrevista já que tem uma


estrutura definida. Contudo, sua construção e aplicação têm algumas especificidades.

Fazendo menção ao questionário, Richardson (2008) afirma que tal instrumento de coleta
cumpre ao menos duas funções: descrever as características e medir as variáveis de um
grupo social. Dessa forma, o autor afirma que os questionários não estão restritos a uma
quantidade determinada de perguntas, nem a um tópico específico, pois é responsabilidade do
pesquisador determinar tamanho, natureza e conteúdo do questionário.

140 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


No que diz respeito ao tempo, é necessário ter cuidado, pois se o tempo dedicado para
responder o questionário for demais, corre-se o risco de as respostas não serem verdadeiras.

Richardson (2008) aponta características a serem levadas em consideração durante a


formulação e aplicação do questionário, por exemplo, a adequação deve ocorrer de acordo
com o problema pesquisado e principalmente respeitar o entrevistado no que diz respeito
a interesses e necessidades divergentes das do pesquisador. Ademais, o autor recomenda
que o questionário a ser aplicado, não exceda uma hora de duração e inclua perguntas que
permitam obter informações de diferentes aspectos de um problema.

Segundo Richardson (2008), os questionários podem ser classificados de duas formas: pelo
tipo de pergunta ou pelo modo de aplicação do questionário. De acordo com o tipo de pergunta,
os questionários se classificam em três categorias: perguntas fechadas, perguntas abertas e
questionários mistos (que combinam os dois métodos). Quanto ao modo de aplicação pode ser
por contato direto ou questionário por correio ou internet.

A partir da caracterização de Richardson (2008), as perguntas fechadas são aquelas que


apresentam categorias ou alternativas de resposta fixas e pré-estabelecidas. Para o autor,
as principais vantagens desse tipo de questionário estão em ser mais fácil de codificar, o
entrevistado não precisa escrever e assim, o preenchimento é facilitado.

As principais desvantagens seriam de o pesquisador não proporcionar ao entrevistado todas


as alternativas possíveis de resposta e também do entrevistado, visando o término rápido do
preenchimento do instrumento de pesquisa, escolher entre alternativas sem verificar se as
mesmas se ajustam a sua opinião.

Quanto ao questionário com questões abertas, Richardson (2008) afirma que são caracterizados
por perguntas que levam o entrevistado a responder com frases ou orações que são destinadas
a aprofundar as opiniões do entrevistador. A vantagem seria, então, do entrevistado não estar
restrito a marcar uma alternativa ou outra, e poder responder com maior liberdade.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 141


Contudo, a desvantagem desse tipo de questionário está na dificuldade de classificação e
codificação de dados, na dificuldade de algumas pessoas (entrevistados), em escrever, e no
tempo que esse tipo de questionário demanda para ser respondido.

Richardson (2008) afirma que frequentemente os pesquisadores elaboram questionários


com ambos os tipos de perguntas, pois assim podem obter informações mais completas que
permitem o aprofundamento das opiniões do entrevistador.

A classificação feita por Richardson (2008), no que diz respeito ao contato direto, a principal
vantagem está na obtenção de respostas, já que nessa classificação há menos possibilidades
de os entrevistados não responderem ao questionário ou deixarem perguntas em branco.
Enquanto os questionários por correio ou internet têm algumas limitações, como a devolução
dos questionários enviados, e também a não se estar seguro de quem realmente responde o
instrumento de coleta.

Os questionários são instrumentos de coleta de dados bastante utilizados em pesquisas


quantitativas ou mistas.

c) Observação

A observação é uma forma de coleta de dados utilizada, por muitas vezes, para complementar
a entrevista ou o questionário.

Não recomendo que seja utilizada de maneira isolada, pois a percepção do pesquisador será
a única fonte de dados, então a confiabilidade da pesquisa pode ficar abalada.

A observação pode servir a diferentes objetivos da pesquisa, já que pode ser usada de maneira
exploratória obtendo informações a serem verificadas depois por outras técnicas; pode ter
como objetivo a obtenção de dados suplementares que possam auxiliar na interpretação de
resultados obtidos por outras técnicas; e pode ser usada como método básico de coleta de
dados (SELLTIZ et al., 1975).

142 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Para Richardson (2008), quando empregada como instrumento e coleta de dados a observação
pode ser não participante, quando o investigador apenas atua como espectador atento;
como participante, quando o pesquisador se coloca ao nível dos outros elementos humanos
que compõem o fenômeno observado e atua como se fosse um deles; e, a observação
assistemática e sistemática.

Para Richardson (2008), a observação assistemática indica uma tarefa de observar mais
livre, sem fichas ou listas de registro, mas que cumpre um plano de observação determinado
pelos objetivos da pesquisa. Em contrapartida, a observação sistemática tem uma estrutura
determinada em que serão anotados fatos ocorridos e a sua frequência.

Segundo Richardson (2008), um dos pontos mais positivos no uso da observação é a


possibilidade de se obter a informação no momento em que ocorre o fato, sendo possível
então, verificar detalhes da situação que não seriam despercebidos ou relatados ao se utilizar
exclusivamente outros métodos de coleta de dados. Ademais, nesse tipo de coleta de dados,
o trabalho maior depende do pesquisador, já que o observado se torna elemento passivo de
estudo, o que exige preparo e cuidado do observador.

A observação é indicada tanto para estudos qualitativos ou quantitativos, pois como destaquei
anteriormente, funciona como uma comprovação ou complementação dos demais instrumentos
de coleta.

A seguir, apresento um esquema que pode servir para visualizar os procedimentos para o desenvol-
vimento da pesquisa científi ca.
• Levantamento bibliográfi co: será efetuado em bibliotecas e sites acadêmicos da internet. Este
procedimento é necessário, pois mediante o mesmo é que será encontrada a base teórica do
trabalho.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 143


• Leitura e fi chamento do material encontrado: após o levantamento, serão lidos e fi chados os
materiais encontrados. Desta maneira, os conceitos e informações teóricos estarão mais disponí-
veis quando da escrita do relatório da pesquisa.
• Visita à empresa: a empresa será visitada, periodicamente, pois há a necessidade de um maior
conhecimento sobre a mesma, bem como a coleta de informações para o estudo de caso.
• Coleta de dados: serão coletados dados junto a uma amostra dos clientes da empresa, via ques-
tionário. Esses dados coletados permitirão aferir a satisfação dos mesmos à luz da teoria discutida.
• Elaboração do relatório fi nal: será elaborado o relatório fi nal da pesquisa em forma de trabalho
científi co.
Fonte: Elaborado pela autora (2011).

Procedimentos de interpretação e análise de dados

No que diz respeito à interpretação de dados, Richardson (2008) afirma que essa etapa se
propõe a produzir novos conhecimentos, criar novas formas de compreender os fenômenos e
dar a conhecer a forma como tais fenômenos têm se desenvolvido. Para o autor, o pesquisador
deve interpretar os dados, sintetizar a informação recopilada, determinar tendências e
generalizar seus significados.

Corroborando tal ideia, Creswell (2007) diz que o processo de análise de dados consiste de
extrair sentido dos dados de texto e imagem. Dessa forma, essa etapa consiste em preparar
os dados para análise, conduzir análises diferentes, aprofundar-se no entendimento dos dados
e fazer uma interpretação de significado mais amplo.

Além disso, Richardson (2008) afirma que a interpretação dos resultados deve ser de acordo
com o tipo de pesquisa. Na pesquisa quantitativa especificar o tratamento de dados (tabelas,
gráficos, testes estatísticos), e no caso de análise qualitativa especificar as técnicas utilizadas
(documentário, de conteúdo ou histórico).

Contudo, a interpretação de dados não é nitidamente separada das outras atividades do

144 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


processo, como a coleta de dados ou a formulação de questões de pesquisa (CRESWELL,
2007).

Para Trivinõs (2008), a coleta de dados e a análise de dados se retroalimentam constantemente,


e cita a técnica de triangulação com o objetivo de abranger a máxima amplitude na descrição,
explicação e compreensão do foco em estudo, ou seja, a impossibilidade da existência isolada
de um fenômeno social, sem suas raízes históricas, significados culturais e vínculos com a
macrorrealidade social.

A seguir, falarei para você sobre duas formas de análise muito utilizadas nas pesquisas em
ciências sociais: análise de discurso e análise de conteúdo.

a) Análise de discurso

Segundo Godoi (2006), a análise de discurso busca uma reconstrução dos sentidos dos
discursos e dos interesses dos sujeitos em uma situação de enunciação. Ademais, por ser
interpretativa, a prática da análise de discurso não pode ser reduzida a uma série de passos
ou procedimentos técnicos aplicados mecanicamente.

Segundo Creswell (2007), o processo de análise de dados consiste de extrair sentido dos
dados de texto e imagem. Dessa forma, essa etapa consiste em preparar os dados para
análise, conduzir análises diferentes, aprofundar-se no entendimento dos dados e fazer uma
interpretação de significado mais amplo. “A análise do discurso não é uma metodologia como
as demais, é uma ampla e teórica abordagem transdisciplinar” (GODOI, 2006, p. 378).

Segundo Triviños (2008), o material coletado sob o escopo da teoria ou teorias encontradas
no estudo das respostas dos sujeitos e da teoria que servirá de apoio, permite ao pesquisador
elaborar um esquema de interpretação e de perspectivas dos fenômenos estudados.

Neste contexto, Gill (2002) afirma que os analistas de discurso ao mesmo tempo em que
examinam a maneira como a linguagem é empregada, devem estar sensíveis àquilo que

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 145


não é dito – aos silêncios. Assim, em busca de peculiaridades individuais, a capacidade de
observação e entendimento do contexto são características primordiais do pesquisador, além
da habilidade e sensibilidade na interpretação dos dados.

A análise dos discursos faz sentir a necessidade de ir além do discurso manifesto, de


considerar a possibilidade de que nem sempre o que as pessoas dizem é o que elas sentem e
vivem (GODOI, 2006, p. 386). Assim, torna-se importante conhecer os objetivos da pesquisa
para que seja possível identificar as partes do discurso que atendem aos objetivos propostos.

Ademais, por ser interpretativa, a análise se apoiará em três aspectos fundamentais: nos
resultados alcançados no estudo, na base teórica e na experiência pessoal do pesquisador.

b) Análise de conteúdo

A análise de conteúdo é um meio para estudar as comunicações entre os homens, colocando


ênfase no conteúdo das mensagens, privilegiando o âmbito do método às formas de linguagem
escrita ou oral. Cabe ressaltar que outros meios de comunicação não são excluídos, a intenção
em usar o método de análise de conteúdo em mensagens escritas está no fato destas serem
mais estáveis e constituírem um material passível de reavaliação sempre que necessário
(TRIVIÑOS, 2008).

Ademais, Triviños (2008) ressalta que ao realizar a análise de conteúdo na pesquisa qualitativa
o pesquisador não pode deter sua atenção exclusivamente ao conteúdo manifesto dos
documentos.

É necessário que o pesquisador aprofunde sua análise tratando de desvendar o conteúdo


latente que tais documentos possuem. Ou seja, por meio da análise de conteúdo o pesquisador
procura descobrir o que há por trás do conteúdo manifesto, não se limitando ao que está sendo
comunicado.

A necessidade de desvendar o conteúdo latente na análise de conteúdo também é enfatizada

146 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


por Minayo (2007), ao abordar que os pesquisadores que buscam a compreensão dos
significados no contexto da fala procuram ultrapassar o alcance meramente descritivo da
mensagem, em busca de uma interpretação mais aprofundada.

“Na interpretação buscam-se sentidos das falas e das ações para se chegar a uma
compreensão ou explicação que vão além do descrito e analisado” (MINAYO, 2007, p. 80).

Segundo Bardin (1977, p. 21), “na análise qualitativa é a presença ou a ausência de uma dada
característica de conteúdo ou de um conjunto de características num determinado fragmento
de mensagem que é tomado em consideração”.

Para isso, a autora ressalta que a análise de conteúdo passa por diferentes fases que se
organizam em torno de três polos cronológicos que serão abordados a seguir: a pré-análise, a
exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos e interpretação.

Bardin (1977) ressalta que para as descrições e interpretações explorarem de maneira


adequada o fenômeno estudado, o analista pode utilizar uma ou várias operações, em
complementaridade, de modo a enriquecer os resultados, ou aumentar a sua validade.

Desta forma, torna-se possível efetuar deduções lógicas e justificadas, aspirando assim a uma
interpretação final fundamentada. E por meio da análise de conteúdo torna-se possível abrir
novas perspectivas, e descobrir ideologias e tendências das características dos fenômenos
estudados.

No que se refere à interpretação, Minayo (2007) aborda que com esse procedimento busca-
se ir além do material, e com base nas inferências os resultados da pesquisa são discutidos
em uma perspectiva mais ampla, trabalhando na produção do conhecimento de uma área ou
campo de atuação e atribuir um grau de significação mais amplo aos conteúdos analisados.

Ademais, a autora Minayo considera que a interpretação consiste em relacionar e articular a


superfície do texto descrita e analisada com os fatores que determinam suas características.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 147


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, procurei mostrar para você, aluno, as principais especificidades da pesquisa
em Administração. Tive o intuito de fomentar a pesquisa por meio da disponibilização de
algumas áreas temáticas para o desenvolvimento do Trabalho de Conclusão.

Abordei, ainda, a classificação e caracterização da pesquisa com o objetivo de esclarecer


sobre a importância de abordar tais itens na metodologia de um trabalho científico. Tive o
mesmo intuito ao falar sobre os procedimentos de coleta e análise de dados.

Este cuidado, prezado aluno, ocorreu primeiramente pela dificuldade que visualizo nos
estudantes quando se deparam com o item metodologia de um trabalho científico.

Espero que tenha gerado maior conhecimento sobre tais procedimentos, e que você possa
construir o seu Trabalho de Conclusão com clareza e determinação.

Na próxima unidade será apresentado o material intitulado Princípios gerais para a


elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos e científicos do CESUMAR.

Na próxima unidade estarão elencadas informações que todo acadêmico de um curso Superior
precisa saber.

Vamos lá!

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) Em que a pesquisa científica está ligada à Administração?

2) Qual a figura do pesquisador no desenvolvimento do projeto?

148 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


3) Vamos começar a trabalhar o projeto de pesquisa. Para isso, faça os seguintes exercícios:

a) Qual a área da Administração que você tem maior afi nidade?

b) Qual o tema dessa área você gostaria de abordar?

c) Onde você poderia desenvolver este projeto?

d) O tema escolhido pode ser explorado mediante um problema organizacional?

e) Qual problema da empresa escolhida você gostaria de tratar?

f) Qual a importância de se falar sobre esse tema?

g) Qual o método de pesquisa seria o mais adequado?

h) Como você classifi ca a pesquisa que deseja desenvolver?

i) Quais procedimentos seriam mais adequados para a coleta de dados?

j) Como serão defi nidas as pessoas que participarão da pesquisa?

k) E para a análise de dados, quais procedimentos seriam mais adequados?

Análise de Conteúdo e Análise de Discurso: aproximações e afastamentos na (re) construção de uma


trajetória.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/alea/v7n2/a10v7n2.pdf>.
Pesquisa Qualitativa: análise de discurso versus análise de Conteúdo.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v15n4/v15n4a17.pdf>.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 149


UNIDADE V

PRINCÍPIOS GERAIS PARA A ELABORAÇÃO


E APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS
ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS DO CESUMAR
Centro Universitário de Maringá (CESUMAR)

Objetivos de Aprendizagem

• Entender como utilizar as Normas da ABNT para apresentação de trabalhos acadê-


micos e científicos.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• O projeto de pesquisa

• Monografia científica

• Citações

• Elaboração de artigo científico

• Apresentação gráfica
INTRODUÇÃO

Como última unidade deste livro foi disponibilizado os Princípios Gerais para a Elaboração
e Apresentação de Trabalhos Acadêmicos e Científicos do CESUMAR. Organizado pelos
Professores Adriano Lopes e Débora Tonolio Rau em forma de livro eletrônico, possui ricas
informações que são necessárias ao Aluno de um curso da Educação Superior e também para
aqueles que cursam a pós-graduação.

Destaco, ainda, que o livro eletrônico apresentado encontra-se no portal da internet desta
Instituição de Ensino Superior. Porém, acredito que o formato impresso pode permitir a você,
aluno, tê-lo à mão a qualquer momento, independente da utilização de um computador. Esta é
a principal razão para apresentá-lo nesta unidade.

Saliento que a transcrição que segue é literal. Ou seja, você terá exatamente o mesmo material
disponibilizado na internet. Esta informação é relevante, pois não é comum uma unidade de
livro contar com sumário próprio ou incluído em forma de anexo.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 153


CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ - CESUMAR
DIRETORIA DE PESQUISA
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PRINCÍPIOS GERAIS PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE


TRABALHOS ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS DO CESUMAR

MARINGÁ

2007

154 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ - CESUMAR
DIRETORIA DE PESQUISA
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PRINCÍPIOS GERAIS PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE


TRABALHOS ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS DO CESUMAR

MARINGÁ

2007

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 155


Reitor Elaboração e Revisão
Prof. Wilson de Matos Silva Ludhiana Bertoncello
Vice-Reitor Rejane Sartori
Prof. Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Administrativo Revisão
Prof. Wilson de Matos Silva Filho
Adriana Márcia Beloti
Pró-Reitor Acadêmico
Alessandra Valéria de Oliveira
Prof. Claudio Ferdinandi
Cristiane Mello David
Diretor de Pós-Graduação
Prof. Valdecir Bertoncello José Eduardo Gonçalves

Diretor de Pesquisa Leda Maria Messias da Silva


Profa. Ludhiana Bertoncello Leoné Astride Barzotto
Diretora de Desenvolvimento Institucional Ludhiana Bertoncello
Profa. Maria Helena Krüger
Rejane Sartori
Diretor de Saúde Sandra Gomes de Oliveira Reis
William de Matos Silva
Vânia Pais Cabral
Diretor de Extensão e Apoio Comunitário
Weslley Kendrick Silva
Diretoria de Serviços Acadêmicos Organização
Maria Cristina Gaspar
Adriano Lopes
Diretoria de Ensino Debora Tonolio Rau
Solange Munhoz Arroyo Lopes

Centro Universitário de Maringá


C397 Princípios gerais para a elaboração e apresentação de trabalhos
acadêmicos e científicos do CESUMAR / Centro Universitário de Maringá;
Organização de Débora Toniolo Rau e Adriano Lopes. Maringá: CESUMAR,
2006.
46 f.: il. ; 30 cm

Inclui bibliografia

1. Publicações científicas. 2. Documentos - Normas. 3. Redação técnica. I.


Título.

CDD 001.42
808.025
CDU 001.816

156 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


APRESENTAÇÃO

A elaboração deste Guia está inserida em um processo de aperfeiçoamento


dos procedimentos que as diretorias de Pesquisa e de Pós-Graduação do Centro
Universitário de Maringá (Cesumar) vêm adotando, visando à qualificação e
padronização das monografias exigidas para a conclusão dos cursos de graduação
e pós-graduação lato sensu.
Além de outras medidas tomadas para atingir esse objetivo, verificou-se a
necessidade de propor um padrão para a construção de projetos de pesquisa e
desenvolvimento de monografias científicas, através de regras estabelecidas para os
aspectos textuais e gráficos de tais projetos, a fim de lhes dar maior clareza na
expressão visual, necessidade esta decorrente da natureza formal dos trabalhos
científicos.
É nesse contexto que se insere tal Guia, com vista a propiciar aos alunos um
conjunto de normas que padronizem a apresentação dos trabalhos exigidos pelos
cursos de graduação e pós-graduação lato sensu do Cesumar, bem como definir
alguns conceitos básicos essenciais à sua elaboração.
A normalização adotada neste Guia baseia-se nas Normas de Documentação
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) do ano de 2005, sob a edição
do projeto NBR 14724:2005, juntamente com outras referências normativas vigentes
e relacionadas (NBR 6023:2002, NBR 6028:2003, NBR 10520:2002, entre outras).
Este manual de padrões e regras objetiva apresentar uma proposta concreta e
atualizada de estrutura e concepção formal de trabalhos acadêmico-científicos.

Profª Msc. Ludhiana Bertoncello


Diretora de Pesquisa

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 157


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Modelo de capa, lombada e folha de rosto de trabalhos científicos .........12


Figura 2 – Modelo de folha de aprovação para trabalhos científicos ........................13
Figura 3 – Modelo de Dedicatória para trabalhos científicos.....................................13
Figura 4 – Modelo de Agradecimentos para trabalhos científicos .............................14
Figura 5 – Modelo de epígrafe para trabalhos científicos..........................................15
Figura 6 – Modelo de Resumo para trabalhos científicos .........................................15
Figura 7 – Modelo de lista de ilustrações e figuras para trabalhos científicos...........17
Figura 8 – Modelo de Lista de abreviaturas e siglas para trabalhos científicos ........17
Figura 9 – Modelo de Sumário para trabalhos científicos .........................................18
Quadro 1 – Elementos essenciais para elaboração das referências.........................20
Quadro 2 – Elementos e modelos de referências .....................................................21
Quadro 3 – Abreviação dos meses ...........................................................................23
Quadro 4 – Elementos e modelos de referências em meio eletrônico ......................23
Figura 10 – Modelo de glossário pára apresentação de trabalhos............................25
Figura 11 – Modelo de apêndice para apresentação de trabalhos............................26
Figura 12 – Modelo de folha de anexos para apresentação de trabalhos.................26
Figura 13 – Margens para apresentação de trabalhos acadêmicos e científicos ......33
Figura 14 – Paginação de trabalhos acadêmicos e científicos..................................35

158 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


SUMÁRIO

1 PROJETO DE PESQUISA................................................................................................................... 6
1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 7
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................ 7
1.3 OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 7
1.4 METODOLOGIA................................................................................................................................ 8
1.5 CRONOGRAMA................................................................................................................................ 8
1.6 REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 9
2 MONOGRAFIA CIENTÍFICA ............................................................................................................. 10
2.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS ....................................................................................................... 11
2.1.1 Capa ............................................................................................................................................. 11
2.1.3 Folha de Rosto ............................................................................................................................. 11
2.1.4 Folha de Aprovação ..................................................................................................................... 12
2.1.5 Dedicatória ................................................................................................................................... 13
2.1.6 Agradecimentos ........................................................................................................................... 14
2.1.7 Epígrafe ........................................................................................................................................ 14
2.1.8 Resumo na Língua Vernácula...................................................................................................... 15
2.1.9 Resumo em Língua Estrangeira .................................................................................................. 16
2.1.10 Lista de Ilustrações .................................................................................................................... 16
2.1.11 Lista de Abreviaturas e Siglas e Lista de Símbolos................................................................... 17
2.1.12 Sumário ...................................................................................................................................... 18
2.2 ELEMENTOS TEXTUAIS................................................................................................................ 19
2.2.1 Introdução..................................................................................................................................... 19
2.2.2 Desenvolvimento.......................................................................................................................... 19
2.2.3 Conclusão..................................................................................................................................... 19
2.3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS....................................................................................................... 19
2.3.1 Referências .................................................................................................................................. 20
2.3.2 Glossário ...................................................................................................................................... 25
2.3.3 Apêndices..................................................................................................................................... 25
2.3.4 Anexos.......................................................................................................................................... 26
3 CITAÇÕES ......................................................................................................................................... 27
3.1 CITAÇÃO DIRETA .......................................................................................................................... 27
3.2 CITAÇÃO INDIRETA....................................................................................................................... 28
3.3 CITAÇÃO DE CITAÇÃO (APUD) .................................................................................................... 29
4 ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO ....................................................................................... 30

5 APRESENTAÇÃO GRÁFICA............................................................................................................ 33
5.1 PAPEL E MARGENS ...................................................................................................................... 33
5.2 TIPO E TAMANHO DE LETRA ....................................................................................................... 34
5.3 ESPACEJAMENTO......................................................................................................................... 34
5.4 PARÁGRAFOS .............................................................................................................................. 34
5.5 NUMERAÇÃO DE PÁGINAS .......................................................................................................... 35
5.6 NUMERAÇÃO SEQÜENCIAL DAS SEÇÕES DO TEXTO............................................................. 36
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 38

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 159


1 PROJETO DE PESQUISA

O projeto de pesquisa deve esclarecer como se processará a pesquisa. Este


Guia fornece as etapas fundamentais para a elaboração de um projeto de pesquisa,
de acordo com a NBR 15287; no entanto, é importante ressaltar que, embora o
presente documento tenha o objetivo de ajudar o acadêmico na elaboração de seu
projeto, o orientador terá autonomia para efetuar as alterações necessárias em
função do tipo de pesquisa que será desenvolvido.
O projeto de pesquisa deverá conter os seguintes elementos:

a) Elementos pré-textuais:

- Capa
- Folha de rosto
- Sumário

b) Elementos textuais:

- Introdução
- Justificativa
- Objetivos
- Metodologia
- Cronograma

c) Elementos pós-textuais:

- Referências

Para a formatação do projeto de pesquisa, deverão ser seguidas as normas


gráficas constantes no item 5 deste Guia. Os elementos do projeto devem atender às
especificações apresentadas a seguir.

160 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


1.1 INTRODUÇÃO

A Introdução deve situar o projeto no contexto do tema escolhido, permitindo


um nivelamento dos conhecimentos e possibilitando a compreensão do que vai ser
apresentado ao longo do projeto. Deve ainda conter um breve histórico do tema a
ser abordado, assim como as motivações que levaram os autores a propor o projeto
e a descrição dos aspectos que caracterizem sua relevância científica e social.
A revisão bibliográfica contida na Introdução não necessita ser exaustiva,
porém deverá conter as referências necessárias ao embasamento dos pressupostos
do trabalho. A revisão deve permitir uma adequada compreensão do estado atual do
conhecimento sobre o tema que será abordado.
Assim, a Introdução deve permitir caracterizar a importância do tema e a
necessidade de realizar o projeto. A Introdução pode terminar com uma questão de
pesquisa, que caracterize de maneira desdobrada o conteúdo da problemática que
se vai pesquisar e estudar.

1.2 JUSTIFICATIVA

A justificativa de um projeto consiste em apresentar todos os motivos pelos


quais será desenvolvida a pesquisa dentro do tema proposto.
O conteúdo de uma justificativa deve contemplar dois aspectos: importância
ou relevância do tema e a abrangência do assunto, isto é, o relato do interesse da
comunidade humana, especialmente no presente, em relação ao tema que se quer
pesquisar (SANTOS, 1999).

1.3 OBJETIVOS

De acordo com Loureiro e Campos (1999), os objetivos são os resultados


concretos a que se pretende chegar com a elaboração da monografia. A
especificação dos objetivos de uma pesquisa deve responder às questões para quê?
e para quem?. Os objetivos estão ligados ao problema da pesquisa, do qual são
decorrentes e, na sua essência, constituem aquilo que precisa ser feito para que o
problema da pesquisa seja resolvido.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 161


Os objetivos devem ser propostos a partir de verbos, na forma do infinitivo,
que indiquem as ações da pesquisa, tais como: caracterizar, determinar, aplicar,
exemplificar, enumerar, buscar, avaliar, analisar, etc. (MARTINS, 1994).
O objetivo geral expõe ou diz respeito a uma visão global e abrangente do
tema escolhido para o estudo, vinculando-se diretamente ao tema indicado na
pesquisa. Os objetivos específicos, por sua parte, apresentam caráter mais concreto
e detalhado; têm função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir
o objetivo geral e, de outro, aplicá-lo a situações particulares (LAKATOS; MARCONI,
1991).
Para a formulação do objetivo geral, devem ser usados verbos que admitam
muitas interpretações, tais como: apreciar, entender, aperfeiçoar, julgar, aprender,
melhorar, compreender, raciocinar, conhecer, saber, desenvolver, verificar e
dominar. Já os verbos que admitem menos interpretações devem ser usados para a
formulação dos objetivos específicos, tais como: aplicar, exercer, apontar,
exemplificar, classificar, listar, comparar, marcar, numerar, distinguir, relacionar,
enumerar, traduzir e adquirir.

1.4 METODOLOGIA

A metodologia cuida dos instrumentos, dos procedimentos, das ferramentas,


dos caminhos para se atingir a finalidade da pesquisa. É a descrição dos passos a
serem dados e dos recursos que serão utilizados. O método científico compreende
os procedimentos empregados para generalizar e aprofundar os conhecimentos sem
a finalidade de demonstrá-los (LARA, 1992).
De maneira bem abrangente, conforme Gil (apud LARA, 1992), a metodologia
compreende os seguintes componentes: tipo de delineamento, operacionalização
das variáveis, amostragem, técnicas de coleta de dados, tabulação, análise dos
dados e forma do relatório.

1.5 CRONOGRAMA

Deverão ser especificadas no cronograma as fases do projeto, indicando as


atividades propostas para todos os meses, de seu início ao seu término. Os prazos

162 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


previstos em cada fase deverão estar distribuídos em termos de seqüência lógica,
tempo de duração e disponibilidade de recursos humanos e materiais.

1.6 REFERÊNCIAS

A finalidade das referências é informar o leitor a respeito das fontes que


serviram de referência para a realização do trabalho escrito. Elas devem conter a
indicação de todos os documentos que foram citados na realização do estudo,
fornecendo ao leitor não só as coordenadas do caminhar do autor, mas também um
guia para uma eventual retomada e aprofundamento do tema ou revisão do trabalho,
por parte do leitor (SEVERINO, 2000).

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 163


2 MONOGRAFIA CIENTÍFICA

O termo “monografia” designa um tipo especial de trabalho científico.


Considera-se monografia aquele trabalho que reduz sua abordagem a um único
assunto, a um único problema, com um tratamento especificado.
De acordo com Loureiro e Campos (1999), a monografia é uma experiência
de trabalho por meio da qual o aluno aprende a organizar uma bibliografia sobre
determinado assunto, bem como suas próprias idéias, de modo a apresentá-las por
escrito, de forma coerente, inteligível e encadeada. É uma oportunidade ímpar para
a aplicação dos conceitos e modelos estudados ao longo do curso de formação
acadêmica. Considera-se, também, como o passo inicial para uma pesquisa mais
ampla relacionada com o exercício da profissão escolhida.
Apesar da diversidade dos tipos de monografia, existe uma ordenação lógica
dos elementos que a compõem, que deve ser obedecida. “É de fundamental
importância a observância às normas definidas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) para apresentação gráfica do texto” (MIRANDA, 1999,
p.30) .
Seguindo seu posicionamento na monografia científica, os elementos que a
compõem dividem-se em:

- Capa
a) Elementos pré-textuais
- Lombada
- Folha de rosto
- Folha de aprovação
- Dedicatória
- Agradecimentos
- Epígrafe
- Resumo
- Abstract
- Lista de ilustrações
- Lista de tabelas
- Lista de abreviaturas e siglas
- Lista de símbolos

164 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


b) Elementos textuais

- Introdução
- Desenvolvimento
- Conclusão

c) Elementos pós-textuais

- Referências
- Glossário
- Apêndice
- Anexos

2.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

2.1.1 Capa

Elemento obrigatório, a capa deve conter os elementos essenciais à


identificação do documento, a saber: nome da instituição, nome do autor, título da
monografia e subtítulo - se houver, local (cidade) e ano. Todos os dados devem ser
digitados em caixa alta, ARIAL 12, espaçamento 1,5, alinhamento centralizado, em
negrito e sem pontuação.

2.1.3 Folha de Rosto

Elemento obrigatório, a folha de rosto deve conter os dados essenciais à


identificação da obra: o nome do autor, o título do trabalho (e subtítulo, se o houver),
nota explicativa mencionando a natureza do trabalho (trabalho acadêmico,
monografia, dissertação, tese), o nome da instituição na qual está sendo
apresentado o trabalho e seu objetivo acadêmico (obtenção do grau de especialista
em...), o nome do orientador, local (cidade) e ano. A nota explicativa deve ser
digitada fonte 11, alinhamento justificado, espaçamento entre linhas simples e recuo
da margem esquerda de 8cm.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 165


Figura 1 – Modelo de capa, lombada e folha de rosto de trabalhos científicos

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ NOME DO AUTOR

NOME DO AUTOR

TÍTULO DO TRABALHO: SUBTÍTULO


TÍTULO DO TRABALHO: SUBTÍTULO

Monografia apresentada
ao Centro Universitário de
Maringá, como requisito
parcial à obtenção do
título de Especialista em
MBA Executivo.
Orientação: Prof. Dr. João
da Silva.

MARINGÁ
MARINGÁ
ANO
ANO

2.1.4 Folha de Aprovação

A folha de aprovação é elemento obrigatório, e deve conter o nome do autor


do trabalho, título do trabalho (e subtítulo, se o houver), nota explicativa
mencionando a natureza do trabalho (trabalho acadêmico, monografia, dissertação,
tese), o nome da instituição na qual está sendo apresentado o trabalho e seu
objetivo acadêmico (obtenção do grau de especialista em...), o nome do orientador,
o nome e titulação dos componentes da banca examinadora e a instituição a que
pertencem. A data de aprovação e as assinaturas dos membros componentes da
banca examinadora são colocadas após a aprovação do trabalho.

166 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Figura 2 – Modelo de folha de aprovação para trabalhos científicos

NOME DO ALUNO

TÍTULO DO TRABALHO: SUBTÍTULO

Monografia/dissertação/tese apresentada ao Centro


Universitário de Maringá como requisito para a obtenção do
título de Especialista em MBA Executivo, sob orientação do
Prof.Dr. Joaõ da Silva, aprovada em 10 de dezembro de
2006.

BANCA EXAMINADORA

Orientador: _____________________
Titulação, nome completo
CESUMAR

Membro: _____________________
Titulação, nome completo
Instituição de origem

Membro _____________________
Titulação, nome completo
Instituição de origem

2.1.5 Dedicatória

A dedicatória é um elemento opcional, no qual o autor do trabalho o dedica a


alguém que tenha contribuído de alguma forma para sua realização ou lhe presta
uma homenagem. Geralmente a dedicatória é breve e aparece figurada na metade
inferior da página, a 8cm da margem esquerda, com espaçamento simples.

Figura 3 – Modelo de Dedicatória para trabalhos científicos

Aos meus pais...


Pessoas espe-
ciais que sempre
fizeram diferença.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 167


2.1.6 Agradecimentos

Os agradecimentos são um elemento opcional, podendo se referir tanto a


pessoas quanto a entidades que hajam contribuído de forma relevante para a
elaboração do trabalho. A formatação deve obedecer ao corpo do trabalho. A
palavra AGRADECIMENTOS deve figurar na primeira linha dessa página, com
recurso tipográfico negrito, alinhamento centralizado e letras maiúsculas. Após dois
espaços, deve-se iniciar o texto.

Figura 4 – Modelo de Agradecimentos para trabalhos científicos

AGRADECIMENTOS

A Deus que, tenho certeza,


me acompanhou durante esta
jornada.
Ao orientador, Professor
João da Silva, por ter acreditado
sempre na realização deste
trabalho;
Aos colegas do Curso, pela
longa caminhada.

2.1.7 Epígrafe

Elemento opcional, a epígrafe deve conter a citação de um pensamento que,


de certa forma, tenha embasado ou inspirado o trabalho. Deve estar posicionada na
metade inferior da página e ser transcrita como aparece no original, com
espaçamento interlinear simples, recuada da margem esquerda em 8 cm, sendo
mencionados, abaixo do texto, o nome do autor, o ano e a página da referida obra.
Não se deve usar recurso tipográfico itálico.

168 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Figura 5 – Modelo de epígrafe para trabalhos científicos

Para a razão reser-


vou Júpiter um
cantinho em nossa
cabeça e deixou todo o
corpo entregue às
paixões.

Júpiter, 1979, p.47

2.1.8 Resumo na Língua Vernácula

Elemento obrigatório, o resumo deve conter a apresentação concisa dos


pontos relevantes do texto, especificando os objetivos, métodos, resultados e
conclusões do trabalho. Deve ser redigido de forma impessoal, com o verbo na voz
ativa, não excedendo a 500 palavras, em um parágrafo único, com espaçamento
simples, seguido de até cinco palavras-chave.
A palavra RESUMO deve figurar na primeira linha dessa página, com letras
maiúsculas, alinhamento centralizado, recurso tipográfico negrito, e após dois
espaços 1,5 deve-se iniciar o texto.

Figura 6 – Modelo de Resumo para trabalhos científicos

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi verificar a


importância da utilização de habilidades de
ensino didático-pedagógicas para instrutores de
treinamento empresarial, que atuam com
educação profissional. Para o desenvolvimento
da pesquisa, foram utilizados questionários,
aplicados aos instrutores de dois cursos de
treinamento empresarial da cidade de Campo
Mourão. Após a análise dos dados, pode-se
visualizar que as tendências pedagógicas da
Escola Nova, somada às atividades
desenvolvidas pelo treinamento, podem vir a
contribuir para a metodologia de ensino,
aperfeiçoando a que hoje é utilizada em
treinamentos empresariais em geral. Concluiu-se
que, para os instrutores de treinamento
empresarial, é importante o conhecimento do
processo de ensino e o domínio de habilidades
de ensino didático-pedagógicas.

Palavras-chave: treinamento, didática, educação.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 169


2.1.9 Resumo em Língua Estrangeira

Elemento obrigatório, esse resumo deve se elaborado preferencialmente na


língua inglesa e conter as mesmas características do resumo em língua vernácula,
seguindo-se as mesmas regras do item 4.2.8. Deve também ser seguido das
palavras representativas do conteúdo do trabalho, isto é, palavras-chave (key-
words), na língua inglesa.

2.1.10 Lista de Ilustrações

Elemento condicionado à necessidade do trabalho, a lista de ilustrações deve


conter a relação de figuras, ou tabelas, ou quadros, ou mapas, ou organogramas, na
mesma ordem em que apareçam no texto, devendo figurar em página distinta, com
apresentação semelhante à do sumário, desde que o número de elementos das
diversas listas seja inferior a cinco.
Os diversos elementos - a saber, tabelas, figuras, quadros, etc. - devem
constar em páginas separadas, desde que a lista apresente, no mínimo, cinco itens.
Neste caso, as listas devem ser apresentadas na mesma ordem em que aparecem
no texto, devendo figurar em página distinta, com apresentação semelhante à do
sumário, e ser intituladas como: Lista de tabelas, Lista de quadros, Lista de gráficos,
etc.
A ordem das listas obedece à seguinte seqüência: lista de figuras, lista de
tabelas, lista de quadros e lista de gráficos.
A palavra lista (e sua seqüência – de figuras, tabelas, quadros...) deve figurar
na primeira linha dessa página, com letras maiúsculas, alinhamento centralizado,
recurso tipográfico negrito, espaçamento interlinear 1,5, e após dois espaços deve-
se iniciar a primeira chamada.
A formatação desses itens que aparecem na própria página da lista deve
observar: espaçamento interlinear 1,5, alinhamento à esquerda, sem reentrâncias,
com indicação da página correspondente.

170 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Figura 7 – Modelo de lista de ilustrações e figuras para trabalhos científicos

LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura da Pesquisa.......................12 Figura 1 - Estrutura da Pesquisa.......................12


Figura 2 - Mapa do Brasil..................................16 Figura 2 - Mapa do Brasil...................................16
Tabela 1 - Custo de cada animal tratado.............21 Figura 3 - O mundo em redes.............................21
Tabela 2 - Custo de cada animal não tratado......38 Figura 4 - Estrutura geral das Universidades.....38
Quadro 1 - Habilidades do treinamento...............44 Figura 5 - Tendências pedagógicas.....................51
Quadro 2 -Tendências mundial da rede .............51

2.1.11 Lista de Abreviaturas e Siglas e Lista de Símbolos

Elementos condicionados à necessidade do trabalho, as listas e siglas devem


conter, em ordem alfabética a relação de abreviaturas e siglas ou símbolos utilizados
no corpo do trabalho, seguidos das expressões correspondentes grafadas por
extenso, com a mesma padronização das listas de ilustrações (item 4.2.10).

Figura 8 – Modelo de Lista de abreviaturas e siglas para trabalhos científicos

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BIRD- Banco Internacional


BM - Banco Mundial
IES - Instituições de Ensino Superior
PQE - Programa de Qualidade no Ensino
Público do Paraná
PQT - Programa de Qualidade Total em
Educação

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 171


2.1.12 Sumário

Elemento obrigatório, o sumário deve conter a enumeração das principais


divisões, seções e capítulos de um trabalho, na mesma ordem em que se encontrem
na obra, com a indicação da página inicial correspondente.
A palavra sumário deve figurar na primeira linha dessa página, centralizada,
com letras maiúsculas, recurso tipográfico negrito e espaçamento interlinear 1,5.
Após dois espaços, deve-se iniciar a primeira seção, que deverá ser a introdução.
Os elementos pré-textuais não devem constar no sumário (folha de rosto,
dedicatória, agradecimentos, epígrafe, resumo, lista de ilustrações, lista de
abreviaturas e siglas e lista de símbolos).
As seções (primárias, secundárias, terciárias, quaternárias e quinárias) que
compõem o sumário devem acompanhar a seqüência do trabalho e a apresentação
tipográfica. A formatação desses itens, que aparecem na própria página do sumário,
deve observar: espaçamento interlinear 1,5, alinhamento à esquerda, sem recuo,
linha pontilhada para interligar a coluna de divisões e subdivisões à coluna de
páginas e um espaço para separar as seções primárias.
No caso de títulos que ultrapassem uma linha, a segunda linha e as
subseqüentes alinham-se à esquerda com a letra inicial da primeira linha. O limite à
direita é ditado pelo final da linha pontilhada, que liga os elementos e a indicação do
número da página inicial da seção no texto.

Figura 9 – Modelo de Sumário para trabalhos científicos

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................10
2 DIDÁTICA.............................................................13
3 TREINAMENTO EMPRESARIAL.........................16
4 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL.............................20
4.1 CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL...............................................21
4.2 PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL...............................................24
4.2.1 Instrutores Profissionais..............................26
4.2.2 Técnicas Profissionais.................................29
5 A PESQUISA........................................................32
6 CONCLUSÃO.......................................................38
REFERÊNCIAS.......................................................41
APÊNDICES............................................................43
ANEXOS..................................................................44

172 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


2.2 ELEMENTOS TEXTUAIS

2.2.1 Introdução

A introdução é a parte inicial do texto, onde se expõe o assunto como um


todo. Nela devem constar a importância ou a relevância do tema, a justificativa da
sua escolha, a delimitação do problema, a exposição dos objetivos, a menção de
outros trabalhos desenvolvidos a respeito do tema e, por último, o plano de
desenvolvimento do assunto (subdivisões do trabalho).

2.2.2 Desenvolvimento

O desenvolvimento, também chamado de corpo do trabalho, é a parte mais


importante e, também, a mais extensa do texto. Divide-se, geralmente, em seções e
subseções, que diferem entre si de acordo com a natureza do problema, os objetivos
e a metodologia adotada. Deve ser pautado pela lógica na seqüência das idéias,
caracterizando harmonia interna e homogeneidade.
Segundo Becker, Farina e Scheid (apud LOUREIRO; CAMPOS, 1999, p. 18),
“o principal objetivo do desenvolvimento é o de comunicar os resultados da
pesquisa, mediante a exposição e a fundamentação lógica do tema”.
Também faz parte do desenvolvimento a utilização de ilustrações (figuras,
tabelas, quadros etc.) para completar e ilustrar as idéias do texto, quando for
conveniente.

2.2.3 Conclusão

A conclusão deve ter o texto como fundamento, contendo deduções lógicas e


correspondentes aos objetivos da pesquisa. Pode, também, ser um resumo da
argumentação desenvolvida no corpo do trabalho ou uma síntese das conclusões
parciais enunciadas.

2.3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 173


2.3.1 Referências

As referências são um elemento obrigatório. Devem conter a relação das


obras citadas no trabalho e ser apresentadas no final deste, organizadas em ordem
alfabética e ordenadas de forma consecutiva, de modo que permita sua
identificação.
O material referenciado assume formas extremamente variadas: livros,
revistas, documentos legislativos, materiais cartográficos, fontes audiovisuais e
eletrônicas e informação verbal. As referências são regulamentadas, na sua maioria,
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A palavra referências deve figurar na primeira linha dessa página, com letras
maiúsculas, alinhamento centralizado, recurso tipográfico negrito, e após dois
espaços de 1,5, deve-se iniciar a apresentação das referências.
As referências devem ser apresentadas com espaçamento interlinear simples,
sem recuo na margem esquerda, alinhamento justificado somente na margem
esquerda e um espaço para separar uma referência da seguinte. O Quadro 1
apresenta os elementos essenciais das referências.

Quadro 1 – Elementos essenciais para elaboração das referências


1 Autor pessoa: MARTINS, Gilberto de Andrade.
2 Autores pessoas: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade.
3 Autores pessoas: HODGETTS, Richard M.; LUTHANS, Fred; SCOLIM
JUNIOR, John.
Mais de 3 autores: KANECO, P. A. et al.
Organizador: ALMEIDA, Luiz Cláudio de Pinho (Org.).
Coordenador: GONÇALVES, José Ernesto Lima (Coord.).
Autoria Editor: MOORE, W. (Ed.).
Compilador: LUJAN, Roger Patron (Comp.).
Desconhecida: DIAGNÓSTICO do setor editorial brasileiro.
(1ª palavra do titulo em maiúscula)
Entidade: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Denominação genérica: BRASIL. Ministério da Saúde.
(precedido do nome do órgão superior)
Denominação dupla: BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil).
Sem subtítulo MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração
de monografias e dissertações.
Título
Com subtítulo GODOY, Arilda S. Pesquisa qualitativa: tipos
fundamentais.
A partir da 2ª 2.ed.
Revisada 3.ed.rev.
Edição
Aumentada 4.ed.aum.
Revisada e ampliada 5.ed.rev. e amp.
Como na fonte São Paulo
Homônimos Viçosa, RJ
Local
Desconhecida [S.I.] Sine loco

174 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Como na fonte Atlas
Editora + de uma Rio de Janeiro: Expressão e Cultura; São Paulo: EDUSP
Desconhecida [s.n] Sine nomine
Como na fonte 1994
Desconhecida no todo ou [1971 ou 1972]
em parte [2000?] = provável
Data
[197_] = década certa
[197?] = década provável
1970 (impressão 1994)
Fonte: Baseado na NBR 6023:2002

O Quadro 2 apresenta os elementos necessários para os mais variados tipos


de referência, bem como um exemplo de cada tipo.

Quadro 2 – Elementos e modelos de referências


FONTE MODELO DE REFERÊNCIAS
NOME DO EVENTO, Número do evento, ano de realização, Local. Tipo de
documento... Local: Editora, ano de publicação. Número de páginas.
Anais de congresso
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE SOFTWARE, 14., 2000,
João Pessoa. Anais... João Pessoa: CEFET-PB, 2000. 190p.
SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Título
do Jornal, Cidade, data (dia, mês, ano). Suplemento, número da página,
Artigo de Jornal coluna.
Diário
FRANCO, Gustavo H. B. O que aconteceu com as reformas em 1999.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 dez. 1999. Economia, p.4, Caderno 6.
SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Nome
da Revista, Cidade, volume, número, página inicial e final, data (dia, mês,
ano).
Artigo de Revista
SIMONS, Robert. Qual é o nível de risco de sua empresa? HSM
Managment, São Paulo, v. 3, n. 16, p. 122-130, set./out. 1999.
SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Nome
da Revista: Instituição, Cidade, volume, número, página inicial e final, data.
Artigo de Revista
institucional MELLO, S; C.; LEÃO, A. L.M. de S.; SOUZA NETO, A. F. de. Que valores
estão na moda? – Achados muito além do efêmero. Revista de
Administração Mackenzie: Revista da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, v.1, n.1, p. 117-134, 2000.
SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do Capítulo do
Livro. In: SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do livro. Edição.
Cidade: Editora, ano. Página inicial e final.
Capítulo de Livro
FRIGOTTO, Gaudêncio. Os delírios da razão: crise do capital e metamorfose
conceitual no campo educacional. In: GENTILI, A. H. Pedagogia da
exclusão: crítica ao neoliberalismo em educação. Petrópolis, RJ: Vozes,
1995. p.77-108.
SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do Dicionário. Edição. Cidade:
Editora, ano. Número de páginas.
Dicionário
DUCROT, Oswald. Dicionário enciclopédico das ciências da linguagem.
2.ed. São Paulo: Perspectivca, 1998. 339p.
Entrevistas não SOBRENOME DO ENTREVISTADO, Prenomes. Título. Local, data (dia,

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 175


Publicadas mês e ano).

SUASSUNA, Ariano. Entrevista concedida a Marco Antônio Struve.


Recife, 13 set. 2002.
SOBRENOME DO ENTREVISTADO, Prenomes. Título. Local: Gravadora,
ano. Elementos complementares para melhor identificar o documento.
Entrevista gravada
FAGNER, R. Revelação. Rio de Janeiro: CBS, 1998. 1 cassete sonoro (60
min.), 3 ¼ pps, estéreo.
JURISDIÇÃO. Título. Dados da publicação, Cidade, data.

Legislação BRASIL. Lei n.° 9.887, de 7 de dezembro de 1999. Altera a legislação


tributária federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 8 dez. 1999.
SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título. Edição. Cidade: Editora, ano.
Livro
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico.
22.ed.ver. e ampl. São Paulo: Cortez, 2002.
ESTADO. Entidade. Título. Cidade, ano, número de páginas.

Manual UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ. Departamento de


Administração. Manual do Estágio de Administração da UEM. Maringá,
DAD Publicações, 2002, 158p.
SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do artigo. Nome do Jornal,
Cidade, data (dia, mês, ano), nome do Suplemento, página inicial e final.
Matéria de Jornal
Assinada
NAVESN, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de São Paulo, São
Paulo, 28 jun. 1999, Folha Turismo, Caderno 8, p.13.
Notas de aulas SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título: subtítulo. Data. Local. Total
de páginas. Nota. Especificação do tipo de trabalho.

STRAUHS, F. Metodologias para gestão do conhecimento. 2005. 10 p.


Notas de aula.
AUTOR. Título do trabalho. Palestra, Local, Data (dia mês. Ano).
Palestra ou
Conferência RAMOS, Paulo. A avaliação em Santa Catarina. Palestra Proferida na Pós-
graduação, Papanduva – SC, 22 fev. 2002.
SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do artigo. A expressão In:
NOME DO CONGRESSO, numeração do evento, ano, local. Tipo do
documento (Resumo, Anais...). Cidade: Editora, ano. Página inicial e final.
Resumo de Trabalho
de Apresentado em VENDRAMETTO, M. C.; NETO, C. J. B. F.; VICENTE, J. G.; CAMPESATO-
Congresso MELLA, E. Avaliação do conhecimento e uso de medicamentos genéricos
por acadêmicos de uma Instituição de Ensino Superior. In: ENCONTRO DE
PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO CESUMAR, 2., 2001, Maringá. Livro de
resumos... Maringá: Centro Universitário de Maringá, 2001. p.124.
NOME DO EVENTO, numeração do evento, ano, local. Tipo do documento
Resumo de (Resumo, Anais...). Cidade: Editora, ano, número de páginas.
Congresso em
evento como um ENCONTRO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO CESUMAR, 2., 2001,
todo Maringá. Livro de resumos... Maringá: Centro Universitário de Maringá,
2001. 565p.
Tese/Dissertação/ SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do trabalho. Ano. Número de
Monografia/ folhas. Natureza do trabalho (Tese, dissertação, monografia ou trabalho
Trabalho de acadêmico (grau e área do curso) - Unidade de Ensino, Instituição, local,
conclusão de curso data.

176 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


FREITAS JÚNIOR, O. de G. Um modelo de sistema de gestão do
conhecimento para grupos de pesquisa e desenvolvimento. 2003. 292f.
Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do artigo. A expressão In:
NOME DO CONGRESSO, numeração do evento, ano, local. Tipo do
documento (Resumo, Anais...). Cidade: Editora, ano. Página inicial e final.
Trabalho completo
publicado em Anais SOUZA, L. S.; Borges, A. L..; Rezende, J. Influência da correção e do
de Congresso preparo do solo sobre algumas propriedades químicas do solo cultivado com
bananeiras. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E
NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 21., 1994, Petrolina. Anais... Petrolina: Embrapa,
CPATSA, 1994. p.3-4.
FONTE: Baseado na NBR 6023:2002

O Quadro 3 relaciona a abreviação dos meses em português, inglês e


espanhol, devendo ela apresentar-se somente com as três primeiras letras, seguidas
de um ponto. Somente o mês de maio não sofre abreviação. No caso de material em
inglês, se abrevia o mês e a primeira letra deve ser maiúscula.

Quadro 3 – Abreviação dos meses


Mês Português Inglês Espanhol
Janeiro jan. Jan. ene.
Fevereiro fev. Feb. feb.
Março mar. Mar. marzo
Abril abr. Apr. abr.
Maio maio May mayo
Junho jun. June jun.
Julho jul. July jul.
Agosto ago. Aug. agosto
Setembro set. Sept. sep.
Outubro out. Oct. oct.
Novembro nov. Nov. nov.
Dezembro dez. Dec. dic.
FONTE: NBR 6023:2002

Não se abreviam, também, os números das páginas iniciais e finais de um


livro, revista ou artigo (Ex: p. 32-39).
O Quadro 4 apresenta os elementos necessários para os mais variados tipos
de referência em meio eletrônico, bem como um exemplo de cada tipo.

Quadro 4 – Elementos e modelos de referências em meio eletrônico


FONTE MODELO DE REFERÊNCIA
Arquivo em CD- MICROSOFT Project for Windows 95. Version 4.1. [S.l.]: Microsoft
Rom ou disquete Corporation, 1995.1 CD-ROM..
KELLY, R. Eletronic publishing at APS: its not just online journalism. APS
Artigo de Jornal
News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Disponível em:
Científico
<http://www.aps.prg/apsnews/1196/11965.html>. Acesso em: 25 nov.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 177


1998.
SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. Net, Rio de Janeiro, nov. 1998.
Seção Ponto de Vista. Disponível em:
Artigo de Revista
<http://www.brazilnet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm>. Acesso em: 28
nov. 1998.
DIRDS from Amapá: banco de dados. Disponível em:
Banco de Dados
<http://www.bdt.org/bdt/avifauna/aves>. Acesso em: 25 nov. 1998.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca de Ciência e
Base de Dados Tecnologia. Mapas. Curitiba, 1997. Base de Dados em Microisis, versão
3.7.
Brinquedo ALLIE´S play house. Palo Alto, CA.: MPC/ Opcode Interactive, 1993. 1
Interativo CD-ROM CD-ROM. Windows 3.1.
CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife.
Congresso Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em:
Científico
<http://www.propesq.ufpe.br/anais/anais.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997.
ALMEIDA, M. P. S. Fichas para MARC [mensagem pessoal]. Mensagem
E-mail
recebida por <mtmendes@uol.com.br> em 12 jan. 2002.
KOOGAN, A.; HOUAISS, A. (Ed.). Enciclopédia e dicionário digital 98.
Enciclopédia Direção geral de André Koogan Breikmam. São Paulo: Delta: Estadão,
1998. 5 CD-ROM. Produzida por Videolar Multimídia.
CIVITAS. Coordenação de Simão Pedro P. Marinho. Desenvolvido pela
Homepage Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 1995-1998. Apresenta
Institucional textos sobre urbanismo e desenvolvimento de cidades. Disponível em:
<http://www.gcsnet.com.br/camis/civitas>. Acesso em 27 nov. 1998.
VASO. TIFF. Altura: 1083 pixels. Largura: 827 pixels. 300 dpi 32 BIT
Imagem em
CMYK. 3.5 Mb. Formato TIFF bitmap. Compactado. Disponível em:
Arquivo Eletrônico
<C:\VASO.TIFF>. Acesso em: 28 out. 1999.
BIOLINE Discussion List. List maintained by the Bases de Dados Tropical,
Lista de Discussão BDT in Brasil. Disponível em: <lisserv@bdt.org.br>. Acesso em: 25 nov.
1998.
ARRANJO tributário. Diário do Nordeste Online. Fortaleza, 27 nov.
Material de Jornal
1998. Disponível em: <http://www.diariodonorte.com.br>. Acesso em: 28
não Assinada
nov. 1998
SILVA, I. G. Pena de morte para o nascituro. O Estado de S. Paulo, São
Matéria de Jornal Paulo, 19 set. 1998. Disponível em:
Assinada <http://www.providafamilia.org/pena_morte_nascituro.htm>. Acesso em:
19 set. 1998.
WINDOWS 98: o melhor caminho para atualização. PC World, São Paulo,
Matéria de Revista
n. 75, set. 1998. Disponível em: <http://www.idg.com.Br/abre.htm>.
não Assinada
Acesso em: 10 set. 1998.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e
organizações ambientais em matéria de meio ambiente. In:____.
Parte de
Entendendo o meio ambiente. São Paulo, 1999. Disponível em:
Monografia
<http://www.bdt.prg.Br/sma/entendendo/atual.htm>. Acesso em: 8 mar.
1999.
MICROSOFT Project for Windows 95, version 4.1: project planning
Programa
software.[S.I.]: Microsoft Corporation, 1995. Conjunto de programas. 1
(Software)
CD-ROM.
Software Educativo PAU do gato! Por que? Rio de Janeiro: Sony Music Book Case Multimídia
CD-ROM Educacional, [1990]. 1 CD-ROM. Windows 3.1.
SILVA, R. N.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma da
Trabalho de qualidade total na educação In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO
Congresso CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos... Recife,
UFPe, 1996. Disponível em:

178 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


<http://www.propesq.ufpe.br/anais/anais/edu/ce04.htm>. Acesso em: 21
jan. 1997.
POLÍTICA. In: DICIONÁRIO da língua portuguesa. Lisboa: Priberam
Verbete de
Informática, 1998. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlDLPO>.
Dicionário
Acesso em: 8 mar. 1999.

2.3.2 Glossário

Elemento condicionado à necessidade do trabalho, o glossário deve conter a


relação de palavras de uso restrito, em ordem alfabética, acompanhadas das
respectivas definições, com o objetivo de esclarecer ao leigo o significado dos
termos empregados no trabalho. Geralmente só aparece em trabalhos técnicos. A
palavra glossário deve figurar na primeira linha dessa página, com letras maiúsculas,
alinhamento centralizado, recurso tipográfico negrito, devendo fazer parte do
sumário.

Figura 10 – Modelo de glossário pára apresentação de trabalhos

GLOSSÁRIO

HMD – Head Mounted Display –


capacetes de visualização.

HTML – Hyper Text Marked Language


– linguagem de marcação de
hipertexto.

WWW – World Wide Web – reunião


vários computadores unidos por um
meio físico, utilizando protocolos de
comunicação como http e ftp.

2.3.3 Apêndices

Elementos condicionados à necessidade do trabalho, os apêndices devem


conter todo o material elaborado pelo próprio autor - como tabelas, gráficos,
desenhos, mapas ou outras figuras ilustrativas; técnicas de pesquisa utilizadas
(questionário, formulário, entrevista, história de vida e semelhantes); organogramas,
fluxogramas ou cronogramas. Deve-se apresentar inicialmente uma folha distinta,
intitulada como Apêndice(s), com as seguintes características: a palavra apêndice(s)
deve figurar na primeira linha dessa página, com letras maiúsculas, alinhamento

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 179


centralizado, recurso tipográfico negrito, devendo fazer parte do sumário. Na página
seguinte aparecem, com alinhamento à esquerda e na seqüência, o apêndice ou os
apêndices: Ex: Apêndice A: título do apêndice; Apêndice B: o nome desse apêndice,
e assim por diante. As seções do(s) apêndice(s) não devem aparecer no sumário.

Figura 11 – Modelo de apêndice para apresentação de trabalhos

APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO-INSTRUTOR

1. Ao abordar um tema bastante teórico com


uma turma de alunos, quais são as dificuldades
que você encontra?
2. Em sua opinião, quais são os recursos
didáticos que facilitam explanações longas?
( ) Retro-projetor e transparências atraentes
( ) Quadro branco e pincéis coloridos
( ) Material de apoio (xerox do assunto)
( ) Projetor multimídia
APÊNDICE
(Se houver mais de um usar apêndice 3. Em média, a participação com
no plural) questionamentos de seus alunos em aulas
teóricas é :
( ) nenhuma
( ) pequena, em torno de 25% dos alunos
( ) média, 50% dos alunos participam
( ) boa, 75% dos alunos participam
( ) excelente, 100% dos alunos participam
4. O que você entende por didática?
5. O que você entende por habilidades de
ensino? Cite 3.

2.3.4 Anexos

Elementos condicionados à necessidade do trabalho, os anexos devem


conter todos os documentos auxiliares não elaborados pelo autor, tais como
quadros, tabelas, legislação, estatutos, regimentos, ilustrações etc. A apresentação
gráfica dos anexos deve seguir a mesma padronização utilizada para os apêndices.

Figura 12 – Modelo de folha de anexos para apresentação de trabalhos

ANEXOS ANEXO 1 – MAPA DE INCÊNDIOS


FLORESTAIS NO ESTADO DO PARANÁ
EM 2005

180 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


3 CITAÇÕES

Citação é a “menção, no texto, de uma informação colhida em outra fonte.


Pode ser uma transcrição ou paráfrase, direta ou indireta, de fonte escrita ou oral”
(LOUREIRO; CAMPOS, 1999, p. 31).
Nas citações que constarem no corpo do parágrafo, os sobrenomes dos
autores deverão figurar com a primeira letra maiúscula. Quando estas estiverem
após o parágrafo, devem estar com todas as letras maiúsculas.

Exemplos:

De acordo com Lakatos e Marconi (1991, p. 76), “a ciência não é o único


caminho de acesso ao conhecimento e à verdade”.
ou
“A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade”
(LAKATOS; MARCONI, 1991, p.76).

3.1 CITAÇÃO DIRETA

Citação direta é a transcrição literal, exatamente igual ao documento


consultado. Deve-se citar o sobrenome do autor, seguido do ano da obra e do
número da página. As citações de até três linhas devem apresentar-se no corpo do
trabalho, entre aspas, não sendo utilizado o recurso tipográfico itálico ou negrito.
Citações superiores a três linhas apresentam-se em parágrafo próprio, recuadas a 4
cm da margem esquerda, sem aspas. Caso haja os recursos tipográficos itálico ou
negrito no original, os mesmos devem ser mantidos. O espaçamento entre as linhas
deve ser simples.

Exemplos:

Para Chiavenato (1992, p. 125), “treinamento é o ato intencional de fornecer os


meios para proporcionar a aprendizagem”.
ou
Pasquali (1981, p. 54) afirma que
[...] a variável que tem importância especial como característica de personalidade
é a auto-estima, isto é, a extensão em que o indivíduo se percebe como
competente, capaz e que pode prover a satisfação de suas necessidades.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 181


ou ainda

A Ginástica Rítmica Desportiva é uma modalidade esportiva estimulante e


apaixonante [...] que permite exercitar todo o corpo, desenvolver vários tipos de
movimentos, através da criatividade e liberdade de expressão e aplicar uma forma
artística do corpo [...] e proporcionar prazer e satisfação estética (CARRARO,
1994, p.15).

Utiliza-se [...] para suprimir uma parte do texto. Não se usa (...) nem somente
os três pontinhos.

3.2 CITAÇÃO INDIRETA

Citação indireta é o texto redigido pelo autor com base em idéias de outro(s)
autor(es), o qual, contudo, deve traduzir fielmente o sentido do texto original.

Exemplos:

A lei não pode ser vista como algo passivo e reflexivo, mas como uma força
ativa e parcialmente autônoma, a qual mediatiza as várias classes e compele os
dominantes a se inclinarem às demandas dos dominados (GENOVESE, 1974).

Segundo Lima (1983), função pode dar a idéia de algo relacionado à atividade
ou tarefa.

No caso de citação – direta ou indireta - de obra com até três autores,


indicam-se os seus sobrenomes, na ordem em que aparecem na publicação,
separados por ponto-e-vírgula se estiverem entre parênteses, e com a conjunção “e”
no caso contrário.

Exemplos:

“A linha marcante que antes diferenciava as empresas virtuais dos negócios


tradicionais de tijolo e concreto está desaparecendo rapidamente” (GULATI;
GARINO, 2000, p. 90).

Segundo Gulati e Garino (2000, p. 99), “a integração ou segregação das


marcas reflete, em grande medida, a opção pela confiança ou pela flexibilidade”.

182 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Para trabalhos com mais de três autores, deve-se citar apenas o primeiro,
seguido da expressão “et al.”, que significa “e outros”.
Podem-se utilizar outros canais de informação, como dados obtidos através
de informação oral (anotações de aulas, palestras, debates, entrevistas), desde que
se comprove de onde foi obtido o material. Neste caso, deve-se acrescentar uma
nota de rodapé, personalizada e não autonumerada, na mesma página, informando
ao leitor onde conseguiu a informação.

3.3 CITAÇÃO DE CITAÇÃO (APUD)

É a menção de trecho de um documento ao qual não se teve acesso, mas do


qual se tomou conhecimento apenas por citação em outro trabalho.

Exemplos:

A Ginástica Rítmica Desportiva – GRD, sistematizada no início do nosso século


por Rudolf Bode, surgiu da influência de diversas personalidades que se
destacaram em diferentes ramos da cultura humana [...] originaram uma
transformação que caracterizou a passagem do século XIX para o século XX,
tanto para a ginástica quanto para a ciência, a filosofia, literatura, arte, pintura,
música, escultura, teatro e educação (RUBINSTEIN, 1980 apud MOTT, 1982, p.
63).

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 183


4 ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO

Artigo é um trabalho técnico-científico, escrito por um ou mais autores, que


segue as normas editoriais do periódico a que se destina.
O artigo deve conter:

a) Cabeçalho, com as seguintes informações:


9título do artigo
9nome(s) do(s) autor(es)
9filiação científica do(s) autor(es), em nota de rodapé. Por exemplo:
Professor Doutor da Universidade.....; Acadêmico do Programa de Pós-
Graduação em...

b) Resumo

Trata-se da apresentação concisa de todos os pontos relevantes do artigo.


Visa fornecer elementos capazes de permitir ao leitor decidir sobre a necessidade de
consulta ao texto integral. O resumo deve ressaltar a problemática que se pretendeu
solucionar e explicar; os objetivos; a abordagem metodológica empreendida; os
resultados e as conclusões. Os resultados devem evidenciar, conforme os achados
da pesquisa: o surgimento de fatos novos, descobertas significativas, contradições
com teorias anteriores, bem como relações e efeitos novos verificados. O resumo
deve ser composto de uma seqüência corrente de frases concisas, e não de uma
enumeração de tópicos. Deve-se dar preferência ao uso da terceira pessoa do
singular e do verbo na voz ativa.
Deve-se evitar o uso de parágrafos, frases negativas, símbolos, fórmulas,
equações e diagramas. O resumo é digitado com espaços interlineares simples e
conter, no máximo, 250 palavras.
A versão do resumo para a língua inglesa é o abstract, para a língua
espanhola é o Resumen e para a língua francesa, o Resumé.

c) Palavras-chave

As palavras-chave aparecem depois do resumo e expressam os principais


termos do artigo. Geralmente se usam de três a cinco palavras. A versão dos
descritores para a língua inglesa é key-words. As palavras escolhidas devem
priorizar a abordagem geral do tema e, na medida do possível, usar grandes áreas
do conhecimento. Por exemplo, se o artigo for sobre avaliação de um software
educacional, algumas opções de palavras que identificam o conteúdo do artigo
poderiam ser: software educacional; educação; informática.

184 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Para escolha das palavras-chave deve-se, preferencialmente, consultar um
vocabulário controlado ou um tesauro. Na área de saúde recomenda-se o Descritor
em Ciências da Saúde (DECS), que pode ser consultado na página da BIREME
(www.bireme.br).

d) Texto, com as seguintes seções:

Introdução – em que o tema é apresentado de maneira clara, precisa e


sintética. Deve-se evitar introdução que se refira vagamente ao título do artigo, como
também uma introdução abrupta, que leve o leitor a entrar confusamente no
assunto. Nada de introdução histórica, que remeta a questão a seus antecedentes
remotos; nem introdução exemplificadora, em que se formulam exemplos ilustrativos
acerca do tema.
Fundamentalmente, a introdução deve conter quatro idéias básicas -
respostas às perguntas:
™o quê fazer? - ou seja, o quê será tematizado?
™por quê fazer? -ou seja, por quê foi escolhido o tema?
™quais são as contribuições esperadas?
™como fazer? - ou seja, qual será a trajetória desenvolvida para a
construção do trabalho empreendido?

De maneira geral, a introdução deve informar, em aproximadamente cinco


parágrafos:
™antecedentes do tema, ou problema
™tendências
™natureza e importância do tema
™justificativa da escolha do tema
™relevância
™possíveis contribuições esperadas
™objetivos do estudo
™o que será apresentado no artigo.

Desenvolvimento: em seguida à introdução, deve-se construir a moldura


conceitual do artigo - referenciar autores e estudos assemelhados, ou seja, mostrar
o apoio teórico ao desenvolvimento do tema objeto do artigo.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 185


Assim, devem ser descritos, brevemente, o material, os procedimentos,
técnicas e métodos utilizados para a condução da investigação – abordagem
metodológica empreendida. Após, devem-se analisar e avaliar os resultados e
caminhar para a conclusão.
Conclusão ou considerações finais: basicamente o conteúdo da conclusão
compreende a afirmação sintética da idéia central do trabalho e dos pontos
relevantes apresentados no texto. Deve ser uma decorrência natural do que foi
exposto no desenvolvimento. Assim, a conclusão deve resultar de deduções lógicas
sempre fundamentadas no que foi apresentado e discutido no corpo do trabalho, e
conter comentários e conseqüências da pesquisa. Este item não deve trazer nada
de novo e deve ser breve, enérgico, consistente e abrangente.
Referências: devem conter a relação das referências citadas no artigo.

e) Formato de apresentação do artigo


Neste quesito, deverá ser observada a exigência das normas editoriais de
cada periódico cientifico.

186 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


5 APRESENTAÇÃO GRÁFICA

Neste capítulo apresentam-se os elementos necessários à elaboração e


apresentação gráfica de trabalhos acadêmicos.

5.1 PAPEL E MARGENS

O papel deve ser branco, de formato A4 (21cm x 29,7cm), de boa qualidade,


devendo ser usado apenas o anverso das folhas para impressão, exceto a ficha
catalográfica, que deve ser impressa no verso da folha de rosto.
As margens superior e esquerda do papel devem ter 3cm, e as margens
direita e inferior 2cm, conforme mostrado na figura abaixo.

Figura 13 – Margens para apresentação de trabalhos acadêmicos e científicos

21,0
cm
3cm

3cm 2cm

29,7
cm

2cm

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 187


5.2 TIPO E TAMANHO DE LETRA

A ABNT sugere um tipo de letra arredondado e de bom tamanho. Desta


forma, deve ser utilizada a fonte ARIAL, tamanho 12, em todo o corpo do trabalho,
incluindo títulos e subtítulos. Exceção deve ser feita quanto ao tamanho da letra a
ser utilizada na nota explicativa da folha de rosto, notas de rodapé, citações maiores
que três linhas, legendas de ilustrações, tabelas, paginação e ficha catalográfica.
Para estes casos, deve-se utilizar a fonte ARIAL, tamanho 10.
O recurso tipográfico negrito deve ser usado para destacar alguma parte do
texto que mereça esse tratamento, seguido da expressão “grifo nosso”, entre
colchetes, quando tratar-se de citação de obra de outro autor.
O recurso itálico deverá ser utilizado para as palavras estrangeiras. Este
recurso não deve ser utilizado nas citações, exceto naquelas em que o autor assim
haja procedido, nem nas referências.

5.3 ESPACEJAMENTO

O texto deve ser impresso em espaçamento 1,5 entre linhas em todo o


trabalho. As exceções estão na nota explicativa da folha de rosto, no resumo, nas
citações maiores que três linhas, nas notas de rodapé, nas referências, na ficha
catalográfica e nas legendas das ilustrações e tabelas, que são impressas em
espaçamento simples.

5.4 PARÁGRAFOS

O parágrafo inicia-se com recuo de 1,25cm na margem esquerda, com


alinhamento justificado. Esta formatação deve ser obedecida do início ao fim do
trabalho.
Os capítulos devem sempre ser iniciados em uma nova página, mesmo ainda
existindo espaço na página anterior. Não se deve utilizar o termo CAPÍTULO 3 ou
CAPÍTULO III. O correto é conter o indicativo numérico, separado por um espaço de
caractere, seguido do título do capítulo.
O recurso de alinhamento centralizado deve ser reservado às seguintes
seções: sumário, resumo, abstract, agradecimentos; e para as listas de ilustrações,

188 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


figuras, tabelas, quadros, abreviaturas e siglas. Cada novo capítulo deve ser iniciado
na primeira linha de uma nova página e, após dois espaços de 1,5, deve-se iniciar o
primeiro parágrafo desse novo capítulo. Os títulos das subseções devem ser
separados do texto que os precede ou que os sucede por dois espaços de 1,5.

5.5 NUMERAÇÃO DE PÁGINAS

A numeração das páginas deve ser contínua, em algarismos arábicos. A


contagem das folhas se dá a partir da folha de rosto. As folhas pré-textuais (folha de
rosto, termo de aprovação, dedicatória, agradecimentos, epígrafe, resumo, abstract,
lista de ilustrações, lista de tabelas, lista de abreviaturas e siglas, lista de símbolos e
sumário) são contadas, mas não numeradas.

Figura 14 – Paginação de trabalhos acadêmicos e científicos

13
1 INTRODUÇÃO Para ministrar tais treinamentos, é
necessário dispor de profissionais
atuantes no mercado de trabalho, com
A empresa tem como produto principal
graduação nos cursos de Ciências
dois treinamentos desenvolvidos para a
Contábeis, Matemática, Administração
área administrativa.
de Empresas, Letras, Psicologia e
O primeiro deles é o curso de
Economia.
Qualificação Administrativa, no qual os
Primeiramente, antes de oferecer os
treinandos buscam aprender e ter vivência
treinamentos, seria preciso “treinar” os
nas rotinas administrativas de uma
próprios instrutores. Como a formação
empresa, passando por todos os
dos mesmos em sua grande maioria era,
departamentos: faturamento, contas a
e ainda é, extremamente técnica, dos
pagar e receber, estoques, atendimento,
quais poucos têm conhecimento sobre o
marketing, enfim, todo o processo de
processo de ensino-aprendizagem, era
trabalho existente dentro de empresas.
preciso criar uma interação entre os
O segundo treinamento é direcionado
mesmos para difundir esta idéia. Eles
especificamente para secretárias e para
precisavam de orientações didáticas,
toda a rotina que envolve esta função.
necessitavam ser apresentados a um

Assim, o primeiro número de página que aparece no canto superior direito


deve estar exatamente na segunda página da Introdução. A Introdução não deve ser
considerada como página 1.
Toda e qualquer página que inicie um novo capítulo é contada, mas não
numerada, sendo que a paginação continua até o término do trabalho, incluindo as
referências, os apêndices e os anexos, quando existirem.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 189


5.6 NUMERAÇÃO SEQÜENCIAL DAS SEÇÕES DO TEXTO

Para enumerar as divisões e subdivisões de um texto, deve ser utilizado o


sistema de enumeração progressiva, que visa à exposição lógica do tema e à rápida
localização das partes que o compõem.
As seções podem ser primárias, secundárias, terciárias e assim por diante. As
seções primárias referem-se às principais divisões do texto, correspondendo aos
capítulos. As demais são subdivisões da seção primária, recomendando-se limitá-las
até a quinária.
As seções são indicadas por um número e as características dessa
numeração são as seguintes:
a) o número indicativo antecede os títulos das seções do texto;
b) a numeração progressiva das seções, alinhada à esquerda, é aplicada
somente à parte textual, iniciando pela introdução, sendo depois aplicada
aos capítulos e, finalmente, à conclusão;
c) não são numerados os títulos dos elementos pré-textuais (folha de rosto,
termo de aprovação, dedicatória, agradecimentos, epígrafe, resumo,
abstract, lista de ilustrações, lista de tabelas, lista de abreviaturas e
siglas, lista de símbolos e sumário) nem os títulos dos elementos pós-
textuais (referências, glossário, apêndices e anexos), os quais devem
estar com alinhamento centralizado;
d) os indicativos das seções do texto têm numeração seqüencial, iniciando
pelo número 1 (Introdução); as demais seções primárias recebem os
números 2, 3, 4, 5, etc.;
e) o indicativo das subseções é formado pelo indicativo da seção primária a
que pertence, seguido de um ponto e do número que lhe for atribuído na
seqüência do assunto. Não se deve abrir uma subseção com somente
uma divisão, ou seja, não existe 2.1 se não existir 2.2; além disso, na
pronúncia de seções não se diz ponto, pronuncia-se apenas dois um
(2.1), dois dois (2.2), etc.
f) a numeração é efetuada com algarismos arábicos e deve ser indicada no
sumário.
Os elementos do sumário devem acompanhar a diferenciação tipográfica
(negrito, letras maiúsculas, letras minúsculas, iniciais maiúsculas) utilizada no texto.

190 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


Os destaques gráficos para as seções devem ser utilizados como mostrado a
seguir:

1 SEÇÃO PRIMÁRIA (Maiúsculas e negrito)


1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA (Maiúsculas)
1.1.1 Seção Terciária (Início das palavras em maiúsculo e negrito)
1.1.1.1 Seção quaternária (Início apenas da primeira palavra em maiúsculo,
sem negrito
1.1.1.1.1 Seção quinária (Início apenas da primeira palavra em maiúsculo,
sem negrito)
a) alínea;
b) alínea
- subalínea

As alíneas devem ser utilizadas quando for necessário subdividir uma mesma
seção.

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 191


REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NRB 6023: informação e


documentação: referências - elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NRB 6024: informação e


documentação: numeração progressiva das seções de um documento escrito:
apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NRB 6028: informação e


documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NRB 10520: informação e


documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT,
2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NRB 10719: apresentação


de relatórios técnico-científicos: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e


documentação: referências – elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15287: informação e


documentação: projeto de pesquisa: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.

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Tereza Reis. Elaboração de referências (NBR 6023/2002). 2. ed. Rio de Janeiro:
Interciência, 2002. 89 p.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de


metodologia científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991.

LARA, Ângela Mara de Barros. Fases para elaboração do projeto de pesquisa.


Série Apontamentos, Universidade Estadual de Maringá, 1992.

LOUREIRO, Amílcar Bruno Soares; CAMPOS, Silvia Horst. Guia para elaboração e
apresentação de trabalhos científicos. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e


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MIRANDA, Jose Luís Carneiro de. Projetos & monografias. Niterói: Intertexto,
1999.

SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do


conhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

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ampl. São Paulo: Cortez, 2000.

192 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


VIEIRA, Francisco Giovanni David. Uma conversa sobre o trabalho final de curso.
Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 1996. [material entregue no seminário
apresentado para o Curso de MBA – Executivo, 24 de outubro de 1996].

ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 193


CONCLUSÃO

Para concluir todo o trabalho, vamos resgatar um pouco do que foi discutido neste livro. O
Ensino Superior é um caminho do conhecimento e a pesquisa científica é uma das ferramentas
que proporciona o crescimento e desenvolvimento de nossa Sociedade.

Mas não basta desenvolver, ter curiosidade ou criatividade. Alguns parâmetros e direcionamentos
são necessários para que o pesquisador desenvolva projetos que tenham cientificidade e
validade não somente perante a comunidade acadêmica, mas diante do público em geral.

Ao desenvolver este livro, prezado aluno, pensei em proporcionar a você a possibilidade


de contato com alguns parâmetros do conhecimento, mas principalmente, direcioná-lo no
desenvolvimento de seus trabalhos científicos. Costumo dizer uma frase a meus alunos:
“Metodologia você aprende uma vez, depois você aprofunda seus conhecimentos na
pesquisa científica”.

Espero que com as discussões propostas neste livro, eu tenha colaborado com o seu
conhecimento e aprendizado acerca da Metodologia de Pesquisa, mas, principalmente,
suscitado seu interesse em tornar-se um pesquisador.

Sucesso em sua jornada!

Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva

194 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância


REFERÊNCIAS

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ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de Estágio do Curso de Administração: guia


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