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graduação
ADMINISTRAÇÃO
MARINGÁ-pr
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
a distância:
C397 Estágio I - Metodologia/ João Batista Pereira, Patrícia Ro
drigues da Silva. Maringá - PR, 2012.
197 p.
1. Administração. 2. Metodologia científica. I.Título.
“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site PHOTOS.COM.
Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
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ESTÁGIO I - METODOLOGIA
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos.
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no
mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos
nossos fará grande diferença no futuro.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação
continuada.
Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.
Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.
Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.
Caro acadêmico, é com muito prazer que apresento a você o livro de Estágio I – Metodologia do
curso de Administração. O material que será apresentado procurará demonstrar a importância
do conhecimento científico não somente para o universo acadêmico, mas também para o
mundo corporativo.
Minha experiência como docente do curso de Administração me trouxe reflexões, que por
muitas vezes percebi ser os anseios também de meus alunos. Anseios esses que circundam
desde o desenvolvimento de trabalhos em sala de aula, passam pelas expectativas e
ansiedades da monografia e, posteriormente, chegam ao ambiente empresarial, quando estes
egressos deparam-se com as exigências e competitividade do mercado de trabalho.
Você pode se perguntar: por que aprender sobre ciência? Sobre métodos de pesquisa? Sobre
desenvolvimento de projetos, artigos e trabalhos monográficos? Posso dizer a você que, a
partir do momento em que entendemos o “esquema” dos métodos de pesquisa, nossa vida
enquanto planejamento se torna mais fácil, pois a partir desse momento passamos a estruturar
melhor todos os projetos que pensamos em desenvolver.
Mas, antes de falarmos do método de pesquisa em si, torna-se importante refletir sobre os
aspectos epistemológicos da pesquisa científica, iniciando sobre uma reflexão do que é ciência
e a sociedade do conhecimento.
Eu poderia acrescentar vários termos técnicos para falar em ciência e também conhecimento,
mas, vamos, primeiramente, tentar fazer algumas reflexões sobre esses assuntos e entendê-los
dentro do nosso cotidiano. Não tentemos compreender a ciência da forma mais difícil, como um
agrupamento de fatos, leis ou teorias, mas sim, como uma forma de compreensão da realidade
que permite adentrar em novos campos de desenvolvimento do conhecimento. Campos esses
que, por muitas vezes, serão questionados ou refutados por outros pesquisadores, mas daí,
estudante, que temos mais uma vez a grande riqueza da ciência sendo explorada, pois, ao
questionar ou refutar um fenômeno, novas pesquisas serão realizadas e o aprimoramento
contínuo do conhecimento não deixa de acontecer.
ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 7
A crítica é um elemento muito importante dentro da ciência pois é por meio dela que deixamos
de ser plenamente sujeitos à conformação e alienação diante dos fatos explicitados. A partir
do momento em que o pesquisador “não concorda” com os resultados e explicações existentes
sobre determinado fenômeno, ele busca novos caminhos e formas de explicação.
Então, posso dizer a você, estudante, que o olhar crítico do pesquisador é tão importante
quanto a sua concordância diante de um fenômeno, pois assim, esse pesquisar poderá dar
continuidade ao que chamamos de espiral do conhecimento, um processo de transformação
que não se finda, e tornou-se uma constante na sociedade atual.
Assim, podemos seguir a ideia de muitos autores ao tratarem da sociedade atual como
“sociedade do conhecimento”. Grande parte das pessoas já ouviu este termo. Porém, temos
que nos perguntar: o que é conhecimento? De que tipo de conhecimento o termo se refere?
A sociedade do conhecimento pode ser vista como um novo trunfo do mundo contemporâneo.
Podemos perceber que a cada dia que passa as pessoas estão mais inteligentes, as tecnologias
mais avançadas e os processos cada vez mais acelerados. Cabe a nós pesquisadores,
estudantes e cientistas descobrirmos novas formas de explorar esse potencial da nova
sociedade e conseguir atender suas necessidades, bem como satisfazer suas expectativas.
Podemos dizer que o indivíduo do século XXI está em busca de significados sobre o mundo
que o circunda. A construção da identidade dos novos indivíduos acontece ao longo de sua
existência, por meio de suas relações e descobertas. Não estamos em um mundo estagnado,
mas em um processo de mutação constante.
Este é um fluxo sem fim. Você, estudante, tem o papel de se tornar a força motriz da gestão do
conhecimento. E é por meio da ciência e da pesquisa que estes novos conhecimentos podem
ser desenvolvidos, comprovados e validados.
O conhecimento é infinito, por isso, sinta-se à vontade para explorá-lo e tornar-se familiarizado
dele. Não existem limites, mas sim, processos e etapas que facilitam o desenvolvimento
sólido do conhecimento, são os métodos de pesquisa que abordaremos mais adiante. O mais
importante aqui, é que você estudante, possa inicialmente refletir sobre as perspectivas de
pesquisa que pode realizar, sobre as novas descobertas que pode fazer e principalmente,
sobre as contribuições que pode dar ao mundo contemporâneo.
Apresento a discussão acima para mostrar a você o que trata este livro.
Na unidade II serão apresentadas algumas discussões acerca do método científico, bem como
o seu desenvolvimento histórico. Nesta unidade, também conheceremos um pouco da história
de Galileu Galilei, Francis Bacon e Descartes, pois foram os precursores do método científico.
Meu objetivo ao elaborar este material foi o de instigá-lo não somente sobre o conhecimento
científico, mas principalmente sobre as transformações que a pesquisa científica pode trazer
para as pessoas e para a sociedade. Além disso, não tem como intuito trazer receitas para que
utilize em suas pesquisas, mas sim mostrar caminhos, por meio dos métodos, para que possa
traçar e ter as suas próprias descobertas.
Espero que possa cumprir com o meu papel de instigadora e orientadora, para que você
estudante da Educação a Distância do CESUMAR tenha um crescimento reflexivo e intelectual.
UNIDADE I
A EDUCAÇÃO SUPERIOR......................................................................................................17
O CONHECIMENTO RELIGIOSO...........................................................................................35
O CONHECIMENTO FILOSÓFICO..........................................................................................36
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO...........................................................................................37
A CIÊNCIA................................................................................................................................42
UNIDADE II
MÉTODO CIENTÍFICO
O MÉTODO..............................................................................................................................54
O TEXTO CIENTÍFICO............................................................................................................86
MÉTODOS DE PESQUISA......................................................................................................97
PESQUISA QUANTITATIVA...................................................................................................101
FUNCIONALISMO.................................................................................................................109
ESTRUTURALISMO.............................................................................................................. 110
UNIDADE IV
conclusão.........................................................................................................................194
REFERÊNCIAS......................................................................................................................195
UNIDADE I
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• A ciência
INTRODUÇÃO
Olá, nesta unidade serão apresentadas algumas discussões essenciais aos alunos que cursam
a Educação Superior.
Iniciarei a unidade com considerações sobre o que é a Educação Superior, bem como o que se
espera do aluno que a cursa. Quando entendemos o que fazemos, o faremos melhor. Assim,
meu intuito é fazer com que você estudante entenda as diferenças entre a Educação Superior
e os Ensinos Médios e Fundamentais, para que seus estudos sejam mais proveitosos.
Em seguida, vamos discutir o que é a pesquisa. A imagem que muitas vezes temos do
pesquisador é a de alguém que foge das características do cidadão comum: seria excêntrico,
vivendo em um mundo à parte no qual se encontra seu laboratório e que dedica sua vida
somente às suas pesquisas. Queremos, com esta discussão, que você entenda que a pesquisa
é algo simples. Também pretendo que você compreenda que todo Curso da Educação Superior
necessita que o aluno aprenda as bases da pesquisa em sua área de formação.
Finalizando esta unidade, apresentarei os diferentes tipos de conhecimento, para que haja
uma compreensão sobre o que é o conhecimento científico, e consiga também entender as
outras formas de conhecimento existentes.
A EDUCAÇAO SUPERIOR
Fonte: PHOTOS.COM
O que percebo diante desse fato é que o ser humano tem uma necessidade intermitente de
encontrar respostas. Mas o Ensino Superior é uma fase da vida de cada estudante que deve
suscitar a busca por respostas, inclusive por meio de suas próprias conclusões e pesquisas.
Não estamos falando aqui de uma etapa “engessada” do processo educacional, mas de uma
fase que deve ser marcada pela autonomia e liberdade, em que cada um tem seus próprios
objetivos e anseios e poderá atendê-los por meio das ferramentas e direcionamentos dos
professores.
Severino (2007) afirma ainda que a Educação Superior tem uma tríplice finalidade:
profissionalizar, iniciar a prática científica e formar a consciência político-social do estudante.
A Educação Superior deverá proporcionar a quem cursa, sua autonomia intelectual. Este
é o diferencial que um curso da Educação Superior carrega consigo. Daí a diferença de
metodologia de educação na Educação Superior, no qual o aluno tem um papel mais ativo: ele
tem que desenvolver o autoaprendizado, pois os professores orientam e norteiam o estudante
na busca do conhecimento.
Mas, como o aluno se torna este agente ativo na construção de seu próprio conhecimento?
João Álvaro Ruiz, em sua obra Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos
(2006), oferece “dicas” para entendermos como esta mudança se dá:
Quem acaba de entrar para a faculdade percebe que muita coisa mudou, e deve
perceber que também ele precisa mudar, especialmente na responsabilidade, na
autodisciplina e na maneira de conduzir sua vida de estudos, para tirar o maior proveito
possível da excelente oportunidade de crescimento cultural que a faculdade oferece
(RUIZ, 2006, p. 20).
Ruiz (2006) ainda sugere algumas atitudes práticas que o aluno que cursa a Educação Superior
• Tempo para estudar: se você perguntar a alguém que atingiu os seus objetivos, por certo
esse responderá que foi por esforço e a correta utilização do tempo. Porém, para que o
tempo seja encontrado é necessário reorganizar nossas vidas. Procure encontrar, entre
os seus afazeres, tempo para estudar. Por exemplo: se você estudar 2 horas por dia, na
semana serão 14 horas e no mês 56 horas.
• Uma atenção especial: não deixe para estudar apenas quando estiver próximo do prazo
de provas e/ou entregas de trabalhos, pois isso lhe sobrecarregará.
• Aproveite melhor seus estudos: sugerimos que, ao estudar, você faça anotações (re-
sumos, apontamentos ou fichamentos) sobre o conteúdo do texto que está lendo. Ao ler
e anotar, o seu cérebro estará fazendo duas atividades e, por certo, a assimilação dos
conteúdos se dará de forma mais significativa.
• Deixamos, ao final desta unidade, um modelo de cronograma para ser utilizado. Sugerimos
que o cronograma seja afixado em um local que possa ser visto constantemente (e um mural,
na porta do guarda-roupa ou da geladeira, no espelho utilizado para se trocar entre outros
tantos locais). Dessa maneira, você se lembrará do compromisso para consigo mesmo.
• Local apropriado para estudar: nos dias e horários encontrados para os seus estudos,
procure fazê-lo em um local apropriado. O ideal é que se tenha um local silencioso, bem
iluminado e ventilado, com uma mesa e cadeira confortáveis. Caso esse local não exista
em sua casa, indicamos ir até uma biblioteca ou outro espaço que seja um ambiente mais
indicado para estudar.
• Persevere: sabemos das dificuldades enfrentadas por todos atualmente, e que adotar o
que indicamos aqui, no princípio, pode não ser fácil. Cabe, portanto, perseverar. O que
pode motivá-lo a suplantar as dificuldades que possam surgir são os objetivos que você
pretende alcançar.
Outra questão que merece ser esclarecida são as matérias que compõem o currículo dos
cursos. Muitas vezes, achamos “estranho” que determinadas matérias façam parte da nossa
formação. Afinal, para que nós cursamos a Educação Superior? Para aprendermos uma
profissão (educação tecnicista), ou para compreendermos o mundo no qual vivemos (educação
humanista)?
Esta possível contradição (educação tecnicista versus educação humanista), atualmente, não
existe. Um curso superior deve permitir aos alunos que aprendam os fundamentos técnicos de
sua área de formação para que possa se inserir no mercado de trabalho, mas também deve
proporcionar o entendimento do mundo em que vivemos. Neste momento, recorreremos à Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei 9394/1996 – para que entendamos
como esta Lei define as finalidades da Educação Superior. Embora longa, a citação adiante
nos permitirá compreender melhor o que se espera de um aluno formado em um curso da
Educação Superior:
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do
pensamento reflexivo;
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da
sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento
da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver
o entendimento do homem e do meio em que vive;
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através da
educação, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e
possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão
Nota-se, especialmente nos incisos I, II e VI, que a Lei que rege a Educação Nacional deixa claro
que a formação dos alunos na Educação Superior não deve apenas contemplar os aspectos
técnicos. Um graduado na educação superior, portanto, deve possuir os conhecimentos
técnicos do curso que se graduou, e também, conhecimentos que o permitam compreender
o mundo no qual vive. Esta compreensão ampla (técnica e humanista) é outro diferencial que
a Educação Superior possui.
Assim, torna-se possível compreender porque disciplinas da área de humanas (Psicologia, por
exemplo), ou discussões como ética empresarial fazem parte da nossa grade curricular, pois
nos proporcionam uma visão mais ampla do mundo e das pessoas.
Ao finalizar este tópico, torna-se importante as discussões aqui efetuadas. Foram apresentadas
de forma sucinta algumas características da Educação Superior, o que se espera de um
aluno que se gradue na mesma e elencadas algumas “dicas” para você organizar seus
estudos. Procure refletir a respeito, pois é necessário que mudemos nossa postura perante o
conhecimento que se apresenta em um curso de graduação.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científi co. São Paulo: Cortez, 2007. CAPÍ-
TULO 1 – Universidade, Ciência e Formação Acadêmica.
O desenvolvimento do sistema de educação superior, no Brasil, pode ser considerado um caso atípico
no contexto latino-americano. Desde o século XVI, os espanhóis fundaram universidades em suas
possessões na América, as quais eram instituições religiosas, que recebiam a autorização do Sumo
Pontífi ce, através de Bula Papal. O Brasil Colônia, por sua vez, não criou instituições de ensino supe-
rior em seu território até início do século XIX, ou seja, quase três séculos mais tarde.
Para graduarem-se, os estudantes da elite colonial portuguesa, considerados portugueses nascidos
no Brasil, tinham de se deslocar até a metrópole. Na Colônia, o ensino formal esteve a cargo da
Companhia de Jesus: os jesuítas dedicavam-se desde a cristianização dos indígenas organizados em
aldeamentos, até a formação do clero, em seminários teológicos e a educação dos fi lhos da classe
dominante nos colégios reais. Nesses últimos, era oferecida uma educação medieval latina com ele-
mentos de grego, a qual preparava seus estudantes, por meio dos estudos menores, a fi m de poderem
freqüentar a Universidade de Coimbra, em Portugal.
Essa universidade, confi ada à Ordem Jesuítica, no século XVI, tinha, como uma de suas missões, a
unifi cação cultural do Império português. Dentro do espírito da Contra-Reforma, ela acolhia os fi lhos
da elite portuguesa que nasciam nas colônias, visando a desenvolver uma homogeneidade cultural
avessa a questionamentos à fé Católica e à superioridade da Metrópole em relação à Colônia.
A Universidade de Coimbra, no dizer de Anísio Teixeira, foi a “primeira universidade”: nela se gra-
duaram, em Teologia, Direito Canônico, Direito Civil, Medicina e Filosofi a, durante os primeiros três
séculos de nossa história, mais de 2.500 jovens nascidos no Brasil.
Em 1808, a Família Real Portuguesa fugiu de Lisboa rumo ao Brasil, para escapar das tropas napoleô-
nicas que haviam invadido Portugal. Quando chegou na Bahia, Dom João VI, então Príncipe Regente,
recebeu a solicitação dos comerciantes locais no sentido de ser criada uma universidade no Brasil;
para tanto, dispunham-se a colaborar com uma signifi cativa ajuda fi nanceira. Em vez de universidade,
Salvador passou a sediar o Curso de Cirurgia, Anatomia e Obstetrícia. Com a transferência da Corte
para o Rio de Janeiro, foram criados, nessa cidade, uma Escola de Cirurgia, além de Academias
Militares e a Escola de Belas Artes, bem como o Museu Nacional, a Biblioteca Nacional e o Jardim
Na introdução desta unidade já se argumentou sobre a visão que grande parte da sociedade
tem do pesquisador. Você recorda? Vamos relembrar. Dissemos que a imagem que muitas
vezes temos do pesquisador é a de alguém excêntrico, vivendo em um mundo à parte no qual
se encontra seu laboratório. Queremos ressaltar, mais uma vez, que essa imagem é distorcida,
24 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância
e que o pesquisador é um ser humano como todos nós, e que tem como atividade profissional
a pesquisa.
Vamos iniciar nossa discussão conceituando o que é pesquisa. Segundo Gil (2002, p. 17),
“pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo
proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Complementando essa afirmação,
cabe a concepção de Richardson (2008, p. 15) de que “a única maneira de aprender a pesquisa
é fazendo pesquisa”.
Necessitamos entender o que Gil e Richardson afirmaram. Quando Gil diz que pesquisa é um
procedimento racional, significa que na pesquisa utilizamos a razão. Ou seja, devemos aceitar
explicações que somente sejam possíveis de serem verificadas. Um pesquisador, portanto,
não pode aceitar resultados para sua pesquisa que tragam explicações além da realidade. O
conhecimento popular (ou senso comum), muitas vezes explica um fenômeno, como a falta
de chuva em determinada região, como “vontade de Deus”. Esta forma de dar resposta aos
problemas apresentados (no caso, a falta de chuva) é válida para o homem comum, não para
o pesquisador. Esse deverá buscar, cientificamente, o “porquê” da falta de chuva.
Ainda para o autor Richardson (2008), uma forma de desenvolver a aprendizagem é por meio
de conversas com pesquisadores experientes, para que dessa forma possamos ter maior
compreensão dos problemas da pesquisa que geralmente são tratados em manuais e textos.
A experiência de pesquisadores virá a nortear sobre etapas de pesquisa, procedimentos,
ferramentas de interpretação e análise, além dos próprios conceitos sobre o fenômeno que se
quer estudar. Richardson destaca ainda que o contato com pesquisadores mais experientes
permite adquirir destreza para resolver dificuldades rotineiras do processo de pesquisa, tais
Sobre procedimentos, destaca-se outro ponto abordado por Gil de que a pesquisa é um
procedimento sistemático. O Minidicionário Aurélio conceitua sistemático como “1. relativo a,
ou que segue um sistema. 2. Ordenado, metódico [...]” (FERREIRA, 2009). Podemos concluir,
então, que a pesquisa é algo ordenado, que não é efetuada de qualquer maneira, pois deve
seguir um método (a discussão sobre método se dará na unidade II).
Um último ponto abordado por Gil (2002) é que a pesquisa oferece resposta aos problemas
propostos. Ou seja, não há pesquisa se não temos um problema a ser respondido, e frisa-se
que cada pesquisa oferece respostas a apenas um problema. Exemplificando: um dia alguém
se perguntou “por que os objetos, quando soltos no ar, caem no chão?” Neste momento foi
iniciada a pesquisa que, posteriormente, teve como resultado a lei da gravidade.
“Os diversos problemas que surgem no processo de pesquisa não devem desencorajar o principiante,
a experiência lhe permitirá enfrentar as difi culdades e obter produtos adequados” (RICHARDSON,
2008, p. 15).
“Não se existe fórmula mágica e única para realizar uma pesquisa ideal; talvez não exista nem
existirá uma pesquisa perfeita. A investigação é um produto humano, e seus produtores são seres
falíveis. Isto é algo importante que o principiante deve ter ‘em mente’: fazer pesquisa não é privilégio
de alguns poucos gênios. Precisa-se ter conhecimento da realidade, algumas noções básicas da
metodologia e técnicas de pesquisa, seriedade e, sobretudo, trabalho em equipe e consciência so-
cial” (RICHARDSON, 2008, p. 15).
“A pesquisa pode ser os seguintes objetivos: resolver problemas específi cos, gerar teorias ou avaliar
teorias existentes” (RICHARDSON, 2008, p. 16).
“Na Universidade, ensino, pesquisa e extensão efetivamente se articulam, mas a partir da pesquisa,
ou seja: só se aprende, só se ensina, pesquisando; só se presta serviços à comunidade, se tais servi-
Embora a medicina e a física sejam as áreas nas quais as pesquisas têm mais visibilidade,
não são somente essas áreas do conhecimento que fazem pesquisa. Na administração, por
exemplo, são alguns tipos de pesquisa para responder a problemáticas: pesquisa de mercado,
pesquisa de clima organizacional, pesquisa de satisfação do cliente, pesquisa de marketing.
Para que este quadro de pesquisa seja melhor visualizado, a seguir apresentarei uma situação
do cotidiano de um Administrador, em que certamente as práticas de pesquisa serão utilizadas.
O Caso de Francisco
Francisco trabalha na loja de departamentos “Compre Sempre” há mais ou menos 4 anos. Durante
um período de avaliação da gerência, Francisco foi promovido a Gestor de Pessoas em sua Filial. A
loja “Compre Sempre” conta com aproximadamente 70 funcionários na unidade em que Francisco se
tornou gestor de pessoas.
De imediato Francisco passou a traçar planos de desenvolvimento e planejamentos para melhor con-
duzir as atividades da loja, o que foi inclusive uma exigência de seus gerentes. Depois de desenvolvi-
dos os planejamentos, Francisco se deparou com um impasse, a resistência dos funcionários para a
implementação dos planos.
Foi quando Francisco percebeu que havia muitos elementos comportamentais a serem tratados entre
os funcionários, mas a gerência não tinha se atentado a isso. E agora? Como comprovar a gerência
que havia outras prioridades antes de implantar o planejamento desenvolvido? Foi quando Francisco
pensou: “É hora de fazermos uma pesquisa de clima organizacional”!
Participação Participação
Revisão Preparação
RECURSO AOS
INSTRUMENTOS
COMPLEMENTARES
Esse fluxograma foi apresentado não no intuito de “congelar” o olhar sobre os processos de
estudo de cada um. Quando escolhi colocá-lo neste livro, foi para que você, aluno, pudesse
visualizar um esquema que pode facilitar o processo de aprendizagem. Assim, podemos
citar aqui a concepção de Gil (2002, p. 19) de que “o planejamento da pesquisa pode ser
definido como o processo sistematizado mediante o qual se pode conferir maior eficiência à
investigação para em determinado prazo alcançar o conjunto das metas estabelecidas”.
Então, o que podemos observar é que Gil e Ruiz abordam a necessidade de planejamento e
organização para que as pesquisas sejam melhor desenvolvidas no que diz respeito a etapas
e tempo. Não estou aqui me esquecendo do estudante que estuda após uma longa jornada de
trabalho, mas isso não o exime de se organizar para estudar também além do horário previsto
e estipulado pelo curso.
Além disso, as atividades de pesquisa, quase sempre acabam sendo realizadas fora das
Universidades, fora das salas de aulas e ambientes acadêmicos, ou seja, o pesquisador
precisa administrar seu tempo para a coleta de dados, observação e contato com o fenômeno
a ser explorado.
E, este aprofundamento da vida científica, começa a exigir de você, estudante, uma nova
postura que além de criativa, precisa ser crítica e inovadora. Por meio das atividades de
pesquisa no Ensino Superior, você chega a um novo patamar, mais exigente e estruturado.
Todo curso da Educação Superior tem a necessidade de que seus alunos tenham as bases da
pesquisa, pois usarão essas bases na sua atuação profissional. Ademais, temos que entender
Precisamos diferenciar os tipos de conhecimento que o ser humano produziu até hoje. É o que
se fará a seguir.
Este tópico tem como objetivo apresentar a você as diferentes formas de conhecimento
desenvolvidas pelo homem ao longo da história. Segundo Richardson (2008, p. 20), “a principal
ferramenta de sobrevivência do homem é sua mente”.
Essa afirmação de Richardson nos permite fazer uma reflexão sobre nossa capacidade
de pensar e ter consciência. A humanidade é dotada de “cérebros”, seres pensantes,
pesquisadores, descobridores. São essas mentes que colaboram para o desenvolvimento
acelerado e contínuo da sociedade.
Lakatos e Marconi (2010) apontam o exemplo da agricultura. Esta é uma das atividades
humanas mais antigas. Ao longo do tempo, o homem foi aprendendo a época de plantar,
de colher, a necessidade de se adubar a terra, de defender as plantações contra as ervas
daninhas e pragas. Na Idade Média, o homem já havia descoberto a necessidade de se fazer
o rodízio de campos. O homem medieval descobriu que não se deveria, por exemplo, plantar
trigo por dois anos consecutivos no mesmo campo, pois isto poderia esgotar a fertilidade
do solo. Portanto, dividia-se a propriedade agrícola em três partes distintas: enquanto duas
estavam sendo utilizadas para a agricultura, a terceira não era utilizada para o plantio.
As mesmas autoras afirmam que a verdadeira revolução agrícola, ocorrida ainda durante a
Idade Média, não foi a introdução de novas ferramentas (como o arado), mas sim a descoberta
do cultivo do trevo e do nabo. Com esta descoberta, aquela parte da terra que ficava em
repouso poderia ser cultivada com essas duas culturas. Descobriu-se que os cultivos do nabo
e do trevo revitalizavam o solo (LAKATOS; MARCONI, 2010).
Este tipo de conhecimento do agricultor, que utiliza as práticas ensinadas pelos mais velhos ou
mais experientes, é que chamamos de “conhecimento popular”.
Vamos a outro exemplo de conhecimento popular. Sugerimos que você faça uma pergunta
O conhecimento popular tem a vantagem de contar com a sabedoria acumulada pelo homem
ao longo do tempo. E também se apresenta como um dos caminhos para o acesso ao
conhecimento. Mas também tem desvantagens.
Vamos tomar como exemplo o chá de boldo: por que a maioria das pessoas tem este
conhecimento? Provavelmente, porque ouviram de alguém (“porque todo mundo diz”, “porque
o disseram”), porque alguém pode ter visto um amigo ou parente tomar o chá e ficar bem
(“porque o vi”). Quando abordamos algum fenômeno pelo conhecimento popular, não estamos
preocupados em entender o “porquê” aquele fenômeno acontece. No caso do chá de boldo,
não nos perguntamos qual o princípio ativo que a planta de boldo tem, e que consegue
combater nosso mal-estar.
Outra característica do conhecimento popular é o mesmo ser “b) sensitivo: ou seja, referente
a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária” (ANDER-EGG, apud LAKATOS;
MARCONI, 2008, p. 17). Vamos entender melhor esta característica. No conhecimento
popular não há o rigor da experiência científica. A pessoa que se propõe a conhecer algo
carrega consigo seus valores e sua experiência de vida. Desta maneira, se a pessoa crê
Você sabe o que é o “mal de sete dias”? Esse é o nome que ainda se dá ao tétano neonatal. O
nome “mal de sete dias” é porque o recém-nascido que contrai o tétano leva, em média, sete
dias para morrer. A tesoura utilizada para cortar o cordão umbilical nos partos feitos em casa
geralmente é a causadora da doença. As mães que não sabem disto usam diversos meios
para tentar impedir o “mal de sete dias”. Usualmente, deixam a criança em um quarto fechado,
sem ventilação, como forma de proteção (VIEIRA, 2005).
O que se pode concluir disto é que, provavelmente, algum recém-nascido que não contraiu
tétano deve ter sido deixado em um quarto fechado e sem ventilação. Assim, a relação entre
a criança não ter tétano e ser isolada em um quarto foi observada, e tornou-se parte do
conhecimento popular. Notaram como a subjetividade está presente? Foi a observação de
alguém sobre os cuidados que se teve com um recém-nascido que não sofreu o “mal de sete
dias”, que deve ter disseminado os “cuidados que se deve ter ao nascer um bebê”.
Por fim, as mesmas autoras apontam como característica do conhecimento popular o fato do
mesmo ser acrítico. E o que é ser acrítico? É a aceitação do conhecimento popular como uma
verdade que não se questiona (LAKATOS; MARCONI, 2010).
Gostaria de salientar que o conhecimento popular tem sua significação na sociedade, e que o
mesmo não deve ser menosprezado, sob a pena de perdermos importantes informações que
a cultura popular acumulou ao longo do tempo.
O CONHECIMENTO RELIGIOSO
b) Infalível: como não é possível aferir a sua veracidade (é uma questão de fé). Logo, o co-
nhecimento religioso é conhecido como aquele que não falha.
c) Valorativo: tem sua base em ensinamentos sagrados, que não podem ser submetidos à
observação. Em outras palavras, sua validade existe porque teve origem divina.
d) Sistemático: é uma forma de conhecimento organizado de mundo, pois prega uma “[...]
origem, significado, finalidade e destino” (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 61).
Salientamos, mais uma vez, que o conhecimento religioso é uma questão de fé. A ciência
não tem mecanismos para conseguir comprovar o que está contido na Bíblia Cristã, ou em
qualquer outro livro sagrado.
O CONHECIMENTO FILOSÓFICO
O conhecimento filosófico emerge da observação dos fenômenos por meio da lógica e não
de experiências práticas em laboratórios. Logo, não pode ser comprovado pelos métodos
científicos, pois não podem ser mensurados. Assim como o conhecimento religioso, o
conhecimento filosófico é não verificável (LAKATOS; MARCONI, 2010).
Esta forma de raciocinar pode nos parecer estranha, mas a filosofia nos ensina a pensar
de maneira correta e a conseguir fazer inferências entre fatos e/ou objetos. Finalmente, o
conhecimento filosófico é racional, pois se utiliza da razão humana para chegar às suas
conclusões, como no caso do silogismo apontado acima.
Logo, a primeira característica do conhecimento científico é ser racional. Ou seja, ele é real
(factual), e passível de ser comprovado pela experiência (LAKATOS; MARCONI, 2010). Vamos
observar algo muito importante: na área de humanas, por exemplo, muitas pesquisas não
têm experimentos de laboratório. Nem por isso as pesquisas nesta área deixam de produzir
conhecimento científico.
Richardson (2008) faz uma abordagem histórica sobre o método e o conhecimento científico,
que, para efeito de entendimento, vale a pena ser citada, principalmente por tratar de
grandes filósofos da humanidade. A ideia de método vem da época de Demócrito e Platão ao
empreenderem tentativas para fazer uma síntese teórica da experiência adquirida na aplicação
dos métodos de conhecimento. Aristóteles criou o método indutivo para inferir logicamente as
características de um fenômeno. Também fazendo parte de todo este processo, está Galileu
Galilei, que insistia na necessidade de elaborar hipóteses e submetê-las a provas experimentais
(RICHARDSON, 2008).
Prestemos atenção para essas duas últimas características. Aparentemente pode parecer
estranho que um conhecimento que pode ser comprovado seja falível e aproximadamente
exato. Vamos esclarecer estes dois pontos.
Primeiro, o conhecimento científico é falível (não definitivo), porque ele sempre pode ser
alterado e/ou superado. Pensemos da seguinte maneira: se o conhecimento científico fosse
definitivo, a ciência não teria evoluído. Raciocinemos um pouco: o telefone celular só existe
porque o conhecimento que havia sobre telefones (o fixo) era não definitivo. Assim, os cientistas
se apoderaram do conhecimento que havia sobre o telefone fixo, e conseguiram fazer esse
conhecimento avançar a ponto de termos um telefone que nos permite entrar em contato com
outras pessoas de qualquer lugar aonde haja sinal da operadora.
Vamos a outro exemplo? O automóvel: caso o conhecimento científico fosse não definitivo
ainda estaríamos andando nos primeiros automóveis montados por Henry Ford. A certeza da
falibilidade do conhecimento científico é que levam as pessoas a buscarem inovar o que já
existe, e procurar descobrir aquilo que ainda não existe (como os “medicamentos inteligentes”,
que só combaterão as células doentes, em fase de desenvolvimento).
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
A defi nição do conhecimento científi co se inicia a partir da explicação do defi nir (DEMO, 2000). Para o
autor, toda defi nição é apenas aproximativa, pois, nenhum fenômeno tem contornos nítidos. O defi nir
fi ca então como impor limites empobrecendo ou até mesmo deturpando o fenômeno, já que este é
reduzido a ser encarcerado dentro de limites. É necessário estabelecer compromisso. São arquiteta-
das hipóteses de trabalho que sugerem centralidades sempre questionáveis, e nesse sentido, defi nir
conhecimento científi co supõe o ponto de vista de quem defi ne. Dependendo da metodologia científi ca
em jogo, obtêm-se resultados diferentes e por vezes irreconciliáveis. O uso da abordagem dialética
afi na melhor a complexidade dos fenômenos não lineares ao mesmo tempo de reconhece seu contex-
to hermenêutico, aceitando o limite natural de todo o processo defi nitório: na defi nição de termos são
utilizados termos ainda não defi nidos.
O autor reponta um tema metodológico sobre a vocação analítica do conhecimento cientifi co, a aná-
Após falar sobre o conhecimento científico, quero falar com você sobre a ciência, que mediante
as pesquisas, produz o conhecimento científico. Nós já entendemos o que é pesquisa e os
tipos de conhecimento. Agora, vamos conhecer o que seja a ciência.
A CIÊNCIA
Vamos iniciar esta discussão trazendo duas definições do que seja ciência:
A palavra ciência pode ser assumida em duas acepções: em sentido amplo, ciência
significa simplesmente conhecimento, como na expressão tomar ciência disto ou
daquilo; em sentido restrito, ciência não significa um conhecimento qualquer, e sim um
conhecimento que não só apreende ou registra fatos, mas também os demonstra pelas
suas causas determinantes ou constitutivas (RUIZ, 2006, p. 128).
Ainda Trujillo Ferrari (apud LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 62) afirma que “a ciência é todo
um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento de um
objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”.
É o sentido restrito apontado por Ruiz (2006) que necessitamos entender. Tanto este autor,
quanto Trujillo Ferrari deixam claro que a ciência tem como pressupostos a racionalidade e
verificabilidade do objeto de estudo. Em outras palavras: a ciência não aceita explicações que
não sejam passíveis de serem comprovadas pela experimentação.
• Conhecimento pelas causas: a ciência busca conhecer as causas dos objetos, ou fenô-
menos que estuda. Lembra-se do conhecimento popular? Esse tipo de conhecimento não
• Objeto formal: um mesmo objeto pode ser atingido por diferentes modos de conhecer
(lembra-se dos tipos de conhecimento?). O que diferencia a ciência é a forma como se
aborda um objeto de estudo: a ciência propõe a experimentação, bem como se limita ape-
nas às evidências dos fatos.
Vamos deixar mais claro: lembra-se do chá de boldo? Pois é, o cientista procuraria, nesta
erva, evidências possíveis de serem comprovadas de que o boldo realmente faz bem ao fígado.
• Método e controle: o método será objeto de discussão no unidade II. No momento, ape-
nas queremos salientar que a ciência demanda um método.
• Aspecto social: não devemos esquecer que a ciência deve estar a serviço da melhoria das
condições de vida da humanidade.
Mas Severino (2007) destaca que ao longo dos tempos, as peculiaridades do modo do ser
humano foram mostrando a complexidade do fenômeno humano e a necessidade de novos
paradigmas epistemológicos de pesquisa. Daí, as várias modalidades de pesquisa que podem
ser praticadas nas ciências humanas e sociais. Modalidades essas que tratarei com você
posteriormente.
Um cientista social, no entanto, não poderá, assim como o físico, observar os fenômenos sociais em
laboratório, nem poderá repetir sua experiência para observar as regularidades daqueles fenômenos.
Isso porque a realidade social é dinâmica e está em constante transformação. Além disso, existem
inúmeros outros fatores que podem contribuir para que determinados fenômenos sociais ocorram,
tais como fenômenos históricos, psicológicos e sociais que não podem ser isolados nem medidos em
laboratório.
As Ciências Sociais surgiram no século XIX, na Europa, com o objetivo de tentar explicar as trans-
formações, mudanças e a constituição das sociedades humanas. A Sociologia é uma das ciências
sociais que teve origem nesta época. Augusto Comte é considerado o pai da Sociologia e, também,
o responsável pela tentativa de aplicar métodos naturalistas à mesma. Comte toma os modelos ana-
líticos da Física e da Biologia e tenta aplicá-los à Sociologia, considerando a sociedade como uma
“física social”.
Comte também é um dos principais representantes do positivismo, teoria que pregava a existência
de leis invariáveis que regiam os fenômenos sociais, além de considerar que somente os conhecimen-
tos que se baseiam em fatos observáveis teriam validade. Mais adiante, vamos falar um pouco mais
sobre Comte.
As Ciências Sociais vêm estabelecendo métodos de análise da sociedade que se baseiam, dentre
outros, na utilização de questionários abertos e fechados, na realização de entrevistas e pesquisas
de campo, na análise de documentos, etc. Existem dois tipos gerais de procedimentos de pesquisa:
Notou como o cientista pode ser um homem comum, como qualquer um de nós? Conseguiu
perceber que a ciência não é algo tão complexo assim? Espero que sim.
“A verdade é o objetivo da ciência, ainda que não possamos saber que a atingimos se, por acaso,
isso ocorrer”.
POPKIN, Richard. Ceticismo. Editora da Universidade Federal Fluminense: Niterói, 1996, p.55.
CONSIDErAçÕES FINAIS
Ao terminar esta unidade queremos salientar o que pretendemos com as discussões propostas
na mesma.
Ainda neste tópico, abordei a necessidade de se fazer a pesquisa para realmente aprender, ou
seja, a necessidade da prática para haver aprendizado. Aqui, vale a pena relembrar que cabe a
você, estudante, ser o grande explorador dos fenômenos existentes na sociedade, para desta
forma além de aprender a fazer pesquisa, gerar novas descobertas.
46 ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância
Posteriormente, ao incluir um tópico sobre Os diferentes tipos de conhecimento: popular,
religioso, filosófico e científico, procurei demonstrar os tipos de conhecimento que a
humanidade desenvolveu até hoje. Foi feita então uma discussão para diferenciarmos
o conhecimento científico dos outros tipos de conhecimento. Também procurei explanar e
detalhar mais para o entendimento do conhecimento científico como a fonte das discussões
em um curso da Educação Superior.
Neste tópico tive o intuito de salientar que a ciência, que se utiliza de pesquisas, é o caminho
para a produção do conhecimento científico. O desenvolvimento de uma sociedade pode ser
medido pela sua capacidade de produzir esse tipo de conhecimento. Basta olharmos para
nossa realidade para percebermos isto: os países que mais produzem conhecimento científico,
e agregam o mesmo em forma de produtos, são mais ricos e mais desenvolvidos do que os
demais. Como exemplo desses países, podemos citar o Japão, Estados Unidos da América,
Alemanha, Inglaterra, entre outros tantos, que desenvolvem pesquisas por meio das quais
inovam ou inventam novos produtos que são exportados para o mundo todo.
Enfim, espero que você tenha adquirido os conhecimentos propostos nesta unidade. Passemos
à próxima.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) Leia atentamente o texto a seguir:
No Brasil, a falta de paridade de gêneros é elevada na educação superior, na qual é observada dispa-
ridade em favor das mulheres. O acesso às instituições públicas ainda deve ser ampliado para incluir
uma proporção maior dos jovens com idades entre 18 e 24 anos, principalmente os provenientes das
camadas mais baixas da população. As avaliações indicam a existência de grandes diferenças de
qualidade educacional entre as instituições, particularmente entre as instituições privadas.
Por intermédio de um permanente diálogo com o poder público, com as universidades e demais ins-
tituições de ensino e pesquisa, a UNESCO no Brasil tem procurado incentivar a formação de profes-
sores, a mobilidade, qualidade, mudanças e inovações que se tornaram inadiáveis face aos desafios
que estão surgindo na sociedade do conhecimento de hoje. Para tanto:
• articula redes internacionais e regionais de informação e de conhecimentos (Cátedras
UNESCO / Redes UNITWIN),
a) Quais as principais barreiras enfrentadas pela população Brasileira para ter acesso ao En-
sino Superior?
2) Falou-se neste tópico sobre a pesquisa científica e o papel do pesquisador. Em sua opinião,
quais aspectos podem ser melhor trabalhados no Ensino Superior para estimular o aluno
ao desenvolvimento de Pesquisas?
MÉTODO CIENTÍFICO
Professor Me. João Batista Pereira
Atualização: Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• O método
Prezado aluno, quando pensei nesta unidade, tive o intuito de explorar um pouco mais alguns
dos elementos tratatos na unidade I, tais como o conhecimento, o método científico entre
outros.
Você pode estar se perguntando, mas por que motivo preciso conhecer tais elementos? Minha
resposta se embasa no fato de que as transformações em torno da humanidade, sejam elas
tecnológicas, sociais ou organizaconais tem crescido constantemente e provocado cada vez
mais desafios relacionados ao campo da pesquisa científica. Os pesquisadores necessitam
cada vez mais explorar novos paradigmas e diferentes áreas de conhecimento para, dessa
maneira, fazer novas descobertas.
Além disso, a necessidade desta unidade está no fato de que torna-se necessário que
entendamos não apenas para os procedimentos de pesquisa, mas também o que vem a ser o
método e os principais tipos de métodos científicos.
Fonte: PHOTOS.COM
Inicio aqui a discussão abordando que o método científico está ligado ao conceito de ciência.
Relembremos a unidade I, ao dizer que a ciência pode ser vista como um conjunto de atitudes
e atividades racionais, que são dirigidas de maneira sistemática com um objetivo limitado.
O método vem do grego méthodos (meta =além de, ódos = caminho). O método pode ser visto
no seu sentido sistemático. O Minidicionário Aurélio conceitua sistemático como “1. relativo a,
ou que segue um sistema. 2. Ordenado, metódico [...]”(FERREIRA, 2009). Notem que uma das
definições para o termo sistemático é o mesmo ser ordenado, metódico. Podemos concluir,
então, que o método pressupõe uma ordem.
Lakatos e Marconi (1982, apud RICHARDSON, 2008), mencionam diversas definições para o
método, dentre as quais estão as descritas a seguir:
• Método pode ser visto como um procedimento regular, explícito e passível de ser repetido
para se alcançar algo material ou conceitual.
A partir das definições mencionadas, observa-se que o método constitui um caminho para se
chegar a um objetivo.
O método é um conjunto de normas que precisam ser satisfeitas caso se deseje que a pesquisa seja
adequadamente conduzida e capaz de levar a conclusões válidas e fundamentadas.
João Alvaro Ruiz. Metodologia Científi ca: guia para efi ciência nos estudos (2006).
Espero que até aqui, estudante, tenha ficado claro a importância de o pesquisador compreender
o método que ele quer utilizar, pois é a partir do método que são definidos os passos seguintes
de uma pesquisa científica.
Suponhamos que você tenha o objetivo de fazer um bolo. Para a maioria de nós, o primeiro
passo seria buscar uma receita, pois a probabilidade de ter mais sucesso com o resultado
será bem maior. Mesmo assim, todos nós sabemos que na receita de bolo são descritos os
ingredientes necessários, que são seguidos das informações de “como fazer”.
Bem, como a receita é dotada dos procedimentos, já que descreve os ingredientes e, depois, a
Para melhor explicar então o conceito de método, pegamos o conceito das autoras Marconi e
Lakatos (2010), ao dizerem que:
O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança
e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando nas decisões do
cientista (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 46).
A partir da definição das autoras Marconi e Lakatos (2010), podemos dizer que o método é
uma forma organizada de se desenvolver uma pesquisa para se chegar a um objetivo. Daí, o
seu sentido sistemático. Falamos em etapas e procedimentos que não podem ser vistas de
maneira fragmentada, mas que precisam estar interconectadas para se chegar a um fim.
O método científi co pode ser defi nido como a maneira ou o conjunto de regras básicas empregadas
em uma investigação científi ca com o intuito de obter resultados o mais confi áveis quanto for possível.
Entretanto, o método científi co é algo mais subjetivo, ou implícito, do modo de pensar científi co do que
um manual com regras explícitas sobre como o cientista, ou outro, deve agir.
Geralmente o método científi co engloba algumas etapas como: a observação, a formulação de uma
hipótese, a experimentação, a interpretação dos resultados e, por fi m, a conclusão. Porém alguém
que se proponha a investigar algo através do método científi co não precisa, necessariamente, cumprir
todas as etapas e não existe um tempo pré-determinado para que se faça cada uma delas. Charles
Darwin, por exemplo, passou cerca de 20 anos apenas analisando os dados que colhera em suas
pesquisas e seu trabalho se constitui basicamente de investigação, sem passar pela experimentação,
o que, contudo, não torna sua teoria menos importante. Algumas áreas da ciência, como a física quân-
tica, por exemplo, baseiam-se quase sempre em teorias que se apóiam apenas na conclusão lógica a
Após falarmos sobre o método, podemos dizer que como a ciência, procura a racionalidade
e a verificabilidade do que estuda. O método correto traça um caminho a ser percorrido pelo
cientista em suas pesquisas e por meio dele a probabilidade de erros será muito remota.
Agora que tratamos do conceito de método, espero que você, aluno, tenha compreendido a
necessidade dessa abordagem antes de se fazer uma pesquisa científica. Ademais, após o
entendimento do método podemos falar de maneira mais aprofundada do método científico.
Segundo Richardson (2008), a ideia de método é muito antiga, foram Demócrito e Platão
que empreenderam tentativas para fazer uma síntese teórica da experiência adquirida na
aplicação dos métodos de conhecimento. Além disso, torna-se importante recordar o método
de Arquimedes para calcular áreas de figuras planas, e Aristóteles com a formulação do
método indutivo, que permite inferir logicamente as características de um fenômeno, como
abordaremos posteriormente.
Vamos, a seguir, aprender sobre três grandes personagens da ciência moderna: Galileu Galilei,
Francis Bacon e René Descartes.
Passemos ao primeiro.
Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Galileu_Galilei>.
As informações que serão apresentadas a seguir devem ser vistas por você em aulas de
História. Mas, conforme citei a você no tópico anterior, torna-se necessário relembrá-las por
serem fatos marcantes ao se falar do método científico.
Galileu Galilei em pleno século XVI, na Itália (berço do Renascimento), ao mesmo tempo em
que teve sua formação intelectual baseada nos valores da Idade Média, segundo Richardson
Galileu deu um tratamento teórico sobre as investigações do homem acerca do universo por
meio do método experimental. Para Galileu Galilei “as ciências não tinham, como principal foco
de preocupações, a qualidade, mas as relações quantitativas” (LAKATOS; MARCONI, 2010).
A partir desta concepção de Galileu Galilei, observamos que os fatos ocorridos passam a ser
frutos da observação e da experiência e devem ser transformados em quantidades.
Em seu esforço crítico, Galileu aprendeu a recusar tanto a tradição, quanto o
encantamento da empiria: tinha plena consciência de que a elaboração de uma teoria
exige que experiências e práticas, que relatos e observações dos empíricos e dos
técnicos, sejam colocadas em um outro plano. Galileu reconhecia a infinita distância
entre o saber obtido pela experiência imediata e o conhecimento científico, alcançável
com base em critérios precisos de caráter teórico (MORAES; FROTA, p.20, 2000).
Como prova de sua recusa da tradição, Galileu Galilei chegou a ser processado pela Inquisição
por ter afirmado ser o Sol o centro do universo e não a Terra (como a Igreja Católica defendia).
Outro aspecto que precisamos salientar é que nosso personagem não acreditava apenas
na experiência imediata. Galileu pretendeu, a partir de experimentos, criar leis e teorias que
explicassem os fenômenos (como a queda dos corpos).
Prestemos bastante atenção: Galileu propunha o método indutivo. Esse tipo de método parte
Existe mais um aspecto da obra de Galileu Galilei que merece atenção, ele julgava que o
universo, criado por Deus, tinha suas leis e que caberia ao homem descobri-las. Logo, o
conhecimento, para Galileu, não seria mais apenas aquele revelado na Bíblia. E esta
descoberta se daria mediante às ciências exatas:
A filosofia se encontra escrita neste grande livro, o universo,que permanece
constantemente aberto aos nossos olhos. Mas o livro não pode ser entendido a menos
que se aprenda primeiro a linguagem e as letras no qual ele está escrito. Ele está escrito
na linguagem da matemática e seus caracteres são triângulos, círculos, e outras figuras
geométricas sem as quais é humanamente impossível entender uma única palavra dele
(ZYLBERSZTAJN, 1998, p. 41).
O experimento mais conhecido efetuado por Galileu é o da queda dos corpos em um plano
inclinado. Lembremos que ele vivia em Pisa, onde se encontra, até hoje, a Torre inclinada.
Para Moraes e Frota (2000), as descobertas de Galileu Galilei “abalaram as bases” de uma
série de crenças articuladas à ideia de que o Universo era finito e hierarquizado, que era
naquela época objeto de interesse dos estudiosos.
Ao voltar sua luneta para o alto, Galileu demonstra as bases falsas desse mundo de
crenças. Copérnico tinha razão. O Sol, fonte de luz do mundo, estava no centro do
sistema e a Terra girava em torno dele e de seu próprio eixo. O Sol, o mais perfeito
dos astros, possuía manchas; a Lua, montanhas - como explicá-las se lá não havia
homens para pecar? Por outro lado, colocando dúvidas sobre a finitude do universo,
argumentava Galileu, “não se pode provar que as estrelas fixas estejam dispostas numa
esfera e nem mesmo é possível saber qual é a forma do firmamento, como sequer se
ele tem uma forma” (MORAES; FROTA, p.24, 2000).
O que percebemos a partir dos ideais de Galileu é que a ciência precisa ser comprovada e
que não é suficiente acreditar nas explicações dadas pela Igreja ou pelo saber do povo (os
tipos de conhecimento que vimos na unidade I), mas sim comprovar de forma quantitativa os
fenômenos observados.
Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon_%28fil%C3%B3sofo%29>.
Assim como Galileu Galilei, Bacon viveu no século XVI, na Inglaterra. Filho de nobres, Bacon
teve uma sólida educação, tendo cursado a Universidade de Cambridge.
Também como Galileu, Bacon foi educado nos princípios que nortearam a Idade Média.
Lembra-se do silogismo? Quando discutimos o conhecimento filosófico, explicamos o que é o
silogismo. A educação que Bacon recebeu teve como base esta forma de pensamento.
O silogismo não permite que se conheça nada de novo. Vamos rememorar: parte-se de uma
premissa maior (conhecimento já existente), depois temos uma premissa menor (que seria
um conhecimento a ser criado), e depois vem a conclusão. Este era o grande problema da
educação na Idade Média: não era permitido que se descobrisse nada de novo, porque a
forma de raciocínio partia de algo já existente e conhecido. Assim, o conhecimento não poderia
avançar e dar respostas aos novos problemas que surgiam.
“Francis bacon, contemporâneo de Galileu critica Aristóteles alegando que o processo de abstração e
o silogismo não propiciavam um conhecimento completo do universo”.
Edima Aranha Silva – Evolução Histórica do Método Científi co: desafi os e paradigmas para o sé-
culo XXI. Econ. Pequis., Araçatuba, v.3, n.3, pp. 109-118, mar. 2001.
Francis Bacon, assim como Galileu, é conhecido como um empirista. Mas, assim como Galileu,
Bacon não quer a experiência por si só. Podemos ver o empirismo como um sistema filosófico
que atribui a origem do conhecimento somente na experiência.
Em sua obra Novum Organum, Francis Bacon explicita essa ideia, afirmando que “mesmo
os resultados até agora alcançados devem-se muito mais ao acaso e a tentativas do que
à ciência” (BACON, 1984, p. 14). Oliveira (2002), analisando a crítica que Bacon faz aos
empíricos, afirma que:
Quando Bacon critica os empiristas que se contentam com a descoberta ou obtenção dos
efeitos ao acaso, ou quando condena a precipitação em formar receitas para a prática,
ele se opõe a um pragmatismo imediatista, que atrasa o avanço do conhecimento. Para
ele, a investigação não se deve limitar à geração e às transformações dos corpos, mas
deve estender-se ao que produz e regula o movimento, pois não se dominará a natureza
sem tê-la compreendido (OLIVEIRA, 2002, p. 103).
Podemos concluir, então, que a utilização da experiência por si só leva ao exercício de “tentativa
e erro”. Assim, para Bacon, o cientista deve utilizar as “forças da mente” (o seu conhecimento
racional), aliado à experimentação (empirismo) para efetuar seus experimentos científicos,
visando entender o objeto ou fenômeno estudado.
MÉTODO
O objetivo do método baconiano é constituir uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais.
Para Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros não depende do raciocínio silogístico aristotélico mas
sim da observação e da experimentação regulada pelo raciocínio indutivo. O conhecimento verdadeiro
é resultado da concordância e da variação dos fenômenos que, se devidamente observados, apresen-
tam a causa real dos fenômenos.
Para isso, no entanto, deve-se descrever de modo pormenorizado os fatos observados para, em
seguida, confrontá-los com três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua da presença
(responsável pelo registro de presenças das formas que se investigam), a tábua de ausência (respon-
sável pelo controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes) e a tábua da
comparação (responsável pelo registro das variações que as referidas formas manifestam).
Com isso, seria possível eliminar causas que não se relacionam com o efeito ou com o fenômeno
analisado e, pelo registro da presença e variações seria possível chegar à verdadeira causa de um
fenômeno. Estas tábuas não apenas dão suporte ao método indutivo, mas fazem uma distinção entre
a experiência vaga (noções recolhidas ao acaso) e a experiência escriturada (observação metódica e
passível de verifi cações empíricas). Mesmo que a indução fosse conhecida dos antigos, é com Bacon
que ela ganha amplitude e efi cácia.
O método, no entanto, possui pelo menos duas falhas importantes. Em primeiro lugar, Bacon não dá
muito valor à hipótese. De acordo com seu método, a simples disposição ordenada dos dados nas
três tábuas acabaria por levar à hipótese correta. Isso, contudo, raramente ocorre. Em segundo lugar,
Bacon não imaginou a importância da dedução matemática para o avanço das ciências. A origem para
isso, talvez, foi o fato de ter estudado em Cambridge, reduto platônico que costumava ligar a matemá-
tica ao uso que dela fi zera Platão.
O método de Bacon visa a apresentar uma nova maneira de estudar os fenômenos. A descoberta de
fatos verdadeiros não depende de esforços puramente mentais, mas sim da observação, da experi-
mentação guiada pelo raciocínio indutivo.
ESTÁGIO I - METODOLOGIA | Educação a Distância 67
Pela concordância e concomitante variação dos fenômenos observados, pode-se chegar ao conheci-
mento da verdadeira causa que os determina. O fi lósofo aconselha para isso que, descritos os fatos,
sejam colocados numa tábua os exemplos de ocorrência do fenômeno e, em outra, os de sua ausên-
cia. Por esse processo eliminam-se as várias causas que não se relacionam ao efeito ou fenômeno
estudado. Numa terceira tábua registra-se a variação de sua intensidade. Seriam assim eliminadas as
causas não pertinentes e se chegaria, pelo registro da presença e das variações, à verdadeira causa.
Fragmentos do texto: Francis Bacon.
Disponível na íntegra em: <http://www.fi losofi a.com.br/bio_popup.php?id=61>. Acesso em: 14 jul.
2011.
Podemos dizer que o que Bacon propõe é que sejam buscadas as causas e não simplesmente
que se atenha aos resultados obtidos.
Para tanto, Bacon desenvolveu um método. Esse é classificado como indutivo. Ou seja, segundo
o autor, devemos procurar nos fatos particulares as causas dos mesmos. Descobertas as
mesmas, poderemos induzir a conclusão para casos semelhantes. Para Bacon, a descoberta
de fatos a partir dos fenômenos dependia da observação e da experimentação, guiados pelo
raciocínio indutivo.
Bacon propõe, então, as chamadas “tábuas”, para garantir que os resultados sejam
“verdadeiros”. São divididas em três: de presença, de ausência e de comparação (ou graus).
Posteriormente, devemos “[...] eliminar todos os fenômenos que não se acham na tábua de
presença, os que figuram na de ausência e os que, na tábua de comparação, não variam
quando a propriedade varia” (MATTOS, 1987, p. 30). O uso dessas tábuas é que garantiria a
obtenção, por parte do pesquisador, de resultados “verdadeiros”.
Bacon foi um marco na história do pensamento moderno, pois ousou propor uma nova forma
de obtenção do conhecimento, contrapondo-se à filosofia dominante à época.
Outro personagem que muito auxiliou no desenvolvimento da ciência foi René Descartes, que
veremos a seguir.
Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes>.
René Descartes nasceu em 31 de março de 1596. Sua família pertencia à pequena nobreza
francesa. Sua formação escolar se deu por meio do silogismo no Colégio Católico dos Jesuítas
de “La Flèche”. Após os estudos do colégio, fez o curso jurídico na Universidade de Poitiers
(1615-1616). Mas, desde os tempos do colégio era a matemática que mais lhe interessava.
Não tendo que se preocupar com a sua subsistência, Descartes foi “estudar o mundo”. Viajou
pela Europa, alistou-se no exército de Maurício de Nassau (Príncipe de Orange) - aliado da
França contra a Espanha -; foi à Baviera e se alistou no exército de Maximiliano na guerra
contra o rei da Boêmia; esteve na Itália, foi à Suécia.
Logo após obter o conhecimento formal no colégio e não achar no mesmo respostas que
desejava, esse autor resolveu conhecer outras regiões e populações. Porém, não como um
turista, mas como alguém que queria conhecer.
Para conseguir novos conhecimentos era necessário um novo método. O método proposto por
Descartes ao invés dos inúmeros preceitos de que a lógica se compõe, é baseado em quatro,
os quais são aparentemente, simples:
O primeiro consistia em jamais aceitar como verdadeira coisa alguma que eu não
conhecesse à evidência como tal, quer dizer, em evitar, cuidadosamente, a precipitação
e a prevenção, incluindo apensas nos meus juízos aquilo que se mostrasse de modo tão
claro e distinto a meu espírito que não subsistisse dúvida alguma.
O segundo consistia em dividir cada dificuldade a se examinada em tantas partes
quanto possível e necessário para resolvê-las.
O terceiro, por ordem em meus pensamentos, começando pelos assuntos mais simples
e mais fáceis de serem conhecidos, para atingir, paulatinamente, gradativamente, o
conhecimento dos mais complexos, e supondo ainda uma ordem entre os que não se
precedem normalmente uns aos outros.
E o último, fazer, para cada caso, enumerações tão exatas e revisões tão gerais que
estivesse certo de não ter esquecido nada (DESCARTES, 2000, p. 40).
Assim, podemos dizer que Descartes inaugura uma espécie de filosofia completamente nova,
O método proposto não será encontrado em uma ciência em particular: “[...] só poderá ser a
luz natural da inteligência bem dirigida e bem exercida” (MATTOS, 1987, p. 44). Visa, portanto,
ao ordenamento da mente humana na busca da sabedoria como método gerador da ciência.
Descartes prossegue dizendo que a melhor ocupação é cultivar a razão. É o que melhor podemos
fazer, pois é impossível dominar o universo e o que não atingimos é inacessível. Descartes, fi cou ro-
lando nove anos pelo mundo, vivendo sem luxos desnecessários, e solitário. Realizando meditações
metafísicas, chegou à dúvida metódica. Para se passar do pequeno Eu, (que é subjetivo e depende
de muitos fatores para ser conclusivo) para o mundo objetivo é necessário tomar como certas algumas
coisas. Mas, supondo que tudo o que se vê é falso, sua memória é cheia de mentiras. Nesses parâ-
metros, a única coisa verdadeira é que não há nada de certo no mundo.
Descartes realça que não estava sendo cético, pois esses são indecisos e ele buscava a verdade atra-
vés da dúvida. Pois há uma força que engana sempre. Mas se ela engana, não se pode negar que se
está recebendo a ação. Mesmo se não houver diferença entre o sonho e o estado acordado, ele pensa
enquanto duvida. Assim Descartes chegou à verdade Penso, Logo existo (em latim: Cogito, ergo sum).
Por pensamento Descartes considera tudo o que é de fato, e que nós nos tornamos conscientes disso.
São pensamentos todas as operações intelectuais e da imaginação, bem como da vontade.
Assim, Descartes se fecha em sua subjetividade, na sua mente e pôde supor que não existe mundo.
Mas a sua alma existe, e ela é puro pensamento. E um tópico interessante de sua teoria é a dualidade.
A alma é uma substância distinta do corpo. E antes de confi rmar como verdadeira a existência física do
mundo, Descartes demonstra a existência de deus. Afi rma que quem conhece é mais perfeito do que
quem duvida. Tudo aquilo que ele conhece tinha de vir de alguma coisa. Ele acha que é necessário
existir algo a quem ele depende e que seja perfeito. É a lei da causalidade, Deus é causa fi nal de tudo.
Descartes desenvolve o argumento ontológico para a existência de Deus. Antes dele, Santo Anselmo
já o tinha feito. O Deus cartesiano é infi nito, imutável, independente, onisciente, criador e conservador.
Deus é uma idéia inata, que já vem junto com o nascimento. Deus garante a objetividade do mundo.
Também vale a pena destacar que na obra de Descartes há – além da questão do método-,
todo um sistema filosófico que embasa o seu pensamento. Um dos aspectos deste sistema
filosófico é a dúvida metódica. Para exemplificar, Descartes aponta que a única certeza
Descartes, contrariamente a Bacon, propôs o método dedutivo. Este método “[...] parte-se
de uma proposição abstrata para construir uma proposição discursiva concreta” (CARTONI,
2009, p. 24). Na dedução, portanto, parte-se de uma tese que vai ser comprovada, ou não, ao
longo da pesquisa. A dedução, portanto, é contrária a indução.
Nesta última, parte-se de casos específicos para a proposição de leis que regem aquele
fenômeno estudado.
Nos tópicos anteriores, foram apresentados de forma sucinta os ideais dos pensadores Bacon
e Descartes. Ao apresentar suas ideias, tive o intuito de apresentar o tipo de método que cada
um defendeu.
Antes de adentrarmos nos métodos de pesquisa mais utilizados, gostaria de falar a você,
aluno, sobre o positivismo. Dentre as principais correntes das Ciências Sociais no século XX
(positivismo, estruturalismo e materialismo dialético), o positivismo que tem como fundador
Augusto Comte, estabelece as ciências como investigação do real, do certo, do indubitável e
também do determinado. Para Comte, a imaginação e a argumentação do pesquisador ficam
subordinadas à observação (RICHARDSON, 2008).
Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte>.
Em termos gerais, pode-se dizer que a corrente positivista, segundo Richardson (2008, p. 33),
se baseia em “[...] um movimento que enfatiza a ciência e o método científico (a física) como
única fonte de conhecimento, estabelecendo forte distinção entre fatos e valores, e grande
hostilidade com a religião e a metafísica”.
Exemplifi cando, para entender o positivismo como corrente da pesquisa em administração, voltarei
a citar o caso de Francisco, abordado na unidade I. Está lembrado? Se não está, vamos relembrar
rapidamente.
De maneira geral, Francisco precisava realizar uma Pesquisa de Clima Organizacional na empresa
fi ctícia “Compre Sempre”.
Partindo dos princípios do positivismo, o estudo seria observado da seguinte forma:
• Fenômeno: pesquisa de clima organizacional.
• Alguns elementos: empresa, funcionários, gerência, procedimentos, relações interpessoais, sa-
lário, políticas organizacionais.
Os elementos identifi cados na pesquisa de clima organizacional serão estudados de maneira isolada,
sem considerar os elementos históricos (motivos) pelos quais estes ocorreram.
Além disso, Francisco poderia somente interpretar estes elementos e, se possível, relacioná-los, ou
seja, de maneira alguma poderia modifi cá-los.
Fonte: Elaborado pela autora (2011).
Agora, após fazer um apanhado geral das características principais da corrente positivista, a
seguir vamos sistematizar com maior clareza as características de dois tipos (mais usados)
diferentes de métodos científicos: o método indutivo e o método dedutivo.
Lakatos e Marconi (2010, p. 68) dizem que a indução é “[...] um processo mental por intermédio
do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade
geral ou universal, não contidas nas partes estudadas”.
Podemos dizer que na pesquisa em Administração o método indutivo é bastante utilizado. Por
exemplo, vamos supor que você queira identificar a opinião das pessoas sobre a média de
preço de determinado Shopping da cidade, você não vai perguntar a todas as pessoas que
frequentam o Shopping, pois isso seria inviável. Logo, por meio de uma amostra válida, você
pesquisa um grupo de pessoas que frequentem e comprem no Shopping e essas pessoas
dizem que as roupas dali são muito caras.
Desta forma, você chega à conclusão de que esse determinado Shopping vende roupas caras.
A partir dessa conclusão, o que fizemos foi uma inferência, ou seja, o raciocínio é indutivo.
A partir da definição e do exemplo, espero ter ficado mais fácil entender o que é o método
indutivo. O cientista pesquisa casos particulares e cria uma lei geral partindo daquele fenômeno
ou objeto estudado.
Sendo assim, o raciocínio indutivo é muito comum, pois a partir da observação de alguns fatos,
tende-se a tirar conclusões gerais.
A ciência utiliza muito o método indutivo. Não é possível testar um medicamento em todos os
doentes, assim como não é possível pesquisar todos os consumidores para saber mais sobre
eles.
O método indutivo parte de premissas dos fatos observados para chegar a uma conclusão
que contém informações sobre fatos ou situações não observadas. O caminho vai do
particular ao geral, dos indivíduos às espécies, dos fatos às leis. As premissas que
formam a base da argumentação (antecedentes) apenas se referem a alguns casos. A
conclusão é geral, utilizando o pronome indefinido todo (RICHARDSON, 2008, p. 36).
Assim, cada vez mais o método indutivo é utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento.
Porém, pode haver falhas neste método, pois não se testa todos os casos. Lakatos e Marconi
(2010) chamam de indução incompleta ou científica quando são testados apenas alguns casos,
e se chega a uma lei geral a partir desta indução.
Para Ruiz (2006), principalmente pela tendência que o homem tem de generalizar propriedades
ou características, o método indutivo pode apresentar falhas se for utilizado superficialmente.
Daí a necessidade do método ser desenvolvido de maneira detalhada e válida na pesquisa
científica.
Gostaria de chamar a atenção também para um fato: pela ciência utilizar-se do método indutivo
incompleto gera o conhecimento científico falível. Assim, se um dia aparecer apenas um objeto
sólido que não caia se jogado do alto de um prédio, toda a Lei da Gravidade terá que ser
O MÉTODO DEDUTIVO
Se no método indutivo nós partimos do particular para o geral, no método dedutivo acontece
o contrário: parte-se do geral para o particular.
Segundo Lakatos e Marconi (2010), Descartes, em sua obra, Discurso sobre o método,
afasta-se dos processos indutivos, originando o método dedutivo. Para ele, chega-se à
certeza, por intermédio da razão, princípio absoluto do conhecimento humano.
Vamos tentar entender melhor. Teremos que partir de exemplos mais simples para nos
tornarmos claros. Vejamos este exemplo de dedução apresentado por Ruiz (2006, p. 139):
Pedro é homem.
As deduções apresentadas partem de uma premissa inicial, ou seja, do geral chegou-se a uma
conclusão particular.
Os autores Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 46) argumentam que “o processo dedutivo, por um
lado, leva o pesquisador do conhecido ao desconhecido com pouca margem de erro; por outro
lado, é de alcance limitado, pois a conclusão não pode possuir conteúdos que excedam o das
Podemos dizer aqui que o método dedutivo tem como foco explicar o conteúdo das premissas,
em que o pesquisador se utiliza de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, e análise
do geral para o particular, chega a uma conclusão.
As autoras Lakatos e Marconi (2010) destacam ainda, quatro regras para que o método
dedutivo não seja falível:
a) A da evidência: não acolher jamais como verdadeira uma coisa que não se reconheça
evidentemente como tal, ou seja, evitar a precipitação e o preconceito e não incluir juízos
de valor, senão aquilo que se apresenta como tal clareza ao espírito que torne impossível
a dúvida.
b) A da análise: dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas forem neces-
sárias para melhor resolvê-las, ou seja, compreende-se como o processo que permite a
decomposição do todo em suas partes constitutivas, indo sempre do mais para o menos
complexo.
Ruiz (2006) também argumenta que o método dedutivo é utilizado na filosofia e na matemática.
Já Richardson (2008) diz que o método dedutivo permite que o cientista avance do conhecimento
de um fato, à compreensão do por que desse fato.
Saliento ainda que, a pesquisa científica apresenta outros tipos de métodos, tais como o
hipotético-dedutivo e o dialético, porém abordamos apenas os mais utilizados (indutivo e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Primeiramente, trouxe a você algumas discussões sobre o método, que relembrando, podemos
dizer que se trata de uma ordem que seguimos para realizar uma tarefa. Ou seja, a forma pela
qual podemos chegar a determinado fim, por meio de um conjunto de normas para que as
conclusões atingidas sejam válidas.
Por fim, foram apresentados a você os métodos: indutivo e o dedutivo. Tive o objetivo aqui de
mostrar como tais métodos estão presentes em nossas vidas.
Dizer que tais conhecimentos abordados nesta unidade se esgotaram ou são suficientes para você
como pesquisador, não foi meu objetivo, mas espero ter despertado um entendimento do que a
pesquisa científica pode proporcionar quando realizada de maneira imparcial e bem fundamentada.
2) Faça uma pesquisa sobre os principais pensadores do fi nal do século XIX e início do XXI, e
verifi que suas principais contribuições para a sociedade nos dias atuais. Tenha uma visão
crítica sobre o assunto e explane como suas pesquisas impactaram o mundo contempo-
râneo.
3) Fale sobre a aplicabilidade dos métodos indutivo e dedutivo nas pesquisas em Administra-
ção. Em sua opinião, um método é mais efi ciente que outro? Por quê?
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Métodos de Pesquisa
Caro aluno, nesta unidade você estudará as características do texto científico. Afinal, você
elaborará um Trabalho de Conclusão do seu curso, e haverá a necessidade de entender os
procedimentos deste tipo de escrita.
Salientamos que a escrita científica pode parecer algo difícil. Porém, quando entendemos
como este tipo de escrita é construído, esta primeira impressão desaparecerá.
Antes de falar do texto científico em si, vamos conceituar o que é um texto. A palavra “texto” tem
sua origem no latim, e significa “tecido” (TEIXEIRA, 2002). Você pode estar se perguntando: o
Vamos raciocinar juntos. Quando pegamos um tecido, sentimos a textura do todo. Muitas
vezes, nem nos lembramos que naquele tecido há uns cem números de fios que deram origem
ao mesmo.
Com um texto escrito não é diferente. Podemos comparar as palavras aos fios. Quando
agrupadas, as palavras formam frases. Por sua vez, as frases em conjunto formam o texto.
Precisamos salientar algo muito importante! Cada texto informa apenas uma ideia, procura
passar apenas uma mensagem. Textos que não têm esta característica dificilmente se fazem
entender pelo leitor.
O TEXTO CIENTÍFICO
Fonte: PHOTOS.COM
Vamos recordar novamente o conceito de pesquisa apresentado por Gil: “pode-se definir
pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar
respostas aos problemas que são propostos” (2002, p. 17).
Salientemos que toda pesquisa tem que ter apenas um problema a ser respondido. Trataremos
sobre o que é um problema posteriormente. Logo, o texto científico, assim como o texto comum,
deve transmitir apenas uma ideia (ECO, 2005; MEDEIROS, 2006).
Da mesma forma que neste livro utilizei de autores para embasar minhas ideias, o texto
científico também tem essas características, ou seja, as citações.
A utilização das ideias de outros autores que discorreram sobre o assunto discutido vem
proporcionar cientificidade ao nosso texto. Porém, ao utilizá-las devemos conceder o crédito
ao autor da ideia que estamos utilizando, ou seja, não podemos nos “apossar” das ideias dos
autores, pois isso seria caracterizado como plágio.
Assim, quando ocorrer a transcrição (cópia) do original pesquisado, devemos colocar o que
foi transcrito entre aspas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002).
Observe no exemplo da página anterior, na citação de Gil. O conteúdo que pertence a este
autor está entre aspas e, no final da frase, entre parênteses, foi indicado o sobrenome do autor,
o ano da obra, e a página de onde foi retirada a frase.
Caso seja feito um resumo, com nossas próprias palavras, as ideias ainda são de um autor
Este parágrafo que acabamos de ler serve de exemplo de paráfrase. O contido no mesmo é o
da Norma da ABNT, porém foi resumido com outras palavras.
PRÁTICAS DE LEITURA
FICHAMENTO
• Armazenamento de informações realizado em um arquivo de fi chas ou pelo computador.
• Arquivo leitura que consiste no registro de resumos, opiniões, citações ou ideias que serão defendi-
das por ocasião da redação do texto que tem em vista.
• Anotações de cabeçalho: Obra, autor, ano de publicação, editora etc.
• Transcrição de trechos na íntegra.
• “Citação direta”.
rESENHA
• Um tipo de trabalho que exige conhecimento do assunto, para estabelecer comparação com outras
obras da mesma área e maturidade intelectual para fazer avaliação e emitir juízo de valor.
• Um relato minucioso das propriedades de um objeto, ou de suas partes constitutivas, um tipo de
redação técnica.
• Pode ser descritiva ou crítica.
• A seus objetivos gerais acrescenta-se: desenvolvimento da capacidade de síntese, interpretação e
crítica.
b) O texto científi co deve ter clareza, deve ser coerente, fácil de ser entendido, impes-
soal e pensado antes de ser escrito
Quando escrevemos é porque alguém vai ler. Assim, o texto científico deve ser claro o suficiente
para que nos façamos entender.
Outro ponto que acredito ser importante abordar é o de que “viciamos” no que escrevemos. O
que isso quer dizer? Que ao escrever um trabalho tendemos a achar que o texto está muito
claro, quando na verdade não está. O Ideal é voltar ao texto em momentos diferentes, para
que dessa forma haja sim maior probabilidade de identificação de erros e pontos que precisam
ser melhorados.
Falemos então da necessidade de clareza nos textos científicos. Devemos nos preocupar se
estamos sendo claros e coerentes naquilo que estamos escrevendo (MEDEIROS, 2006).
Quantas vezes você encontrou textos em que não há ligações nas discussões ou sem
coerência? Quando isto acontece, fica difícil o entendimento do texto. Por esse motivo, torna-
se importante, enquanto pesquisador e escritor, conduzir o leitor por meio de ideias que podem
ser acompanhadas.
Voltando às nossas discussões sobre o texto científico, outra importante característica é que
ele seja impessoal.
O texto científico é impessoal. Assim, ao invés de escrever “(nós) queremos com este trabalho”,
escreveremos “objetiva-se com este trabalho”, ou “este trabalho tem por objetivo”.
Se antes de construir um texto científico você “pensá-lo”, essa tarefa não será difícil. Antonio
Joaquim Severino, em sua obra Metodologia do trabalho científico, traz informações sobre
as fases que devemos seguir quando vamos escrever um texto científico.
O que o autor Severino propõe é que devemos ter clareza sobre o que vamos escrever. O tema
é o assunto no qual está inserido o nosso problema de pesquisa. O problema é a questão que
nos propomos a discutir.
A essência do Texto:
A busca da essência do texto ocorre quando o leitor identifi ca as ideias principais do texto e situa o
autor em um contexto ideológico. A comparação de autores diferentes permitirá a elaboração de juízos
avaliativos e críticos. São exigências desse estágio de leitura:
• Apreender as principais proposições do autor.
• Conhecer os argumentos do autor.
• Identifi car a tese do autor.
• Avaliar as ideias expostas.
É nesta etapa que o leitor deve sublinhar o texto, e sempre com parcimônia, com economia. A ava-
Continuando a falar sobre a estrutura do texto científico, Severino (2007) afirma que todo
trabalho científico tem a forma de um discurso textual, quer dizer, trata-se de um texto que é
portador de uma mensagem codificada pelo escritor, que será decodificada pelo leitor. O que
percebemos então, é que trata basicamente de um processo de comunicação.
As técnicas de pesquisas são orientações de ordem mais prática. Quando vamos fazer uma
pesquisa é necessária a utilização de técnicas, pois elas auxiliam a economizar o tempo.
Uma das técnicas é a documentação da leitura. Severino (2007) afirma que é necessário
desenvolver o hábito de documentar inclusive as aulas, pois muito se ganha com isto. Severino
fala das fichas de documentação temática como uma técnica de pesquisa.
Como o próprio nome diz, esta documentação é constituída de “[...] temas e subtemas da área
ou do trabalho em questão” (SEVERINO, 2007, p. 37).
Para fazermos este tipo de documentação, devemos transcrever o que de mais significativo for
encontrado em nossas leituras em fichas (ou em documentos de um editor de texto), e separá-
las por assunto (ou tema).
Devemos nos ater a algo muito importante: não podemos esquecer-nos de colocar a referência
da obra da qual foi retirado o conceito, pois necessitamos dela para nosso trabalho.
Além disso, sugiro que ao documentar sua leitura você copie exatamente a frase que se
encontra na obra pesquisada. Para tanto, não se esqueça de colocar a página de onde foi
retirada, bem como use aspas. No futuro, o uso de aspas nos dirá que a frase é do autor
pesquisado e não um resumo. Caso você opte por uma citação indireta (paráfrase), as frases
do original pesquisado, constantes no fichamento permitirão que sejam escritas com suas
palavras.
Lakatos e Marconi (2010, pp. 39-40) oferecem orientações sobre este tipo de fichamento.
Algumas destas orientações são:
a) Toda citação tem que vir entre aspas. [...]
b) Após a citação [ou antes da mesma] deve constar o número da página de onde foi
extraída. [...]
c) A transcrição tem que ser textual [caso haja erros, use o “sic”]
d) A supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, [...]
Notem que foi utilizado diversas vezes na citação anterior, o símbolo [...]. Este símbolo indica
que suprimimos parte da citação.
Também foi utilizado este símbolo “[ ]” para inserir uma informação pertinente: a indicação da
página pode vir antes, ou depois da parte do texto extraído para o nosso fichamento.
Mesmo sabendo das dificuldades de tempo que cada um enfrenta no mundo atual e apesar
de parecer trabalhoso, a documentação da leitura nos auxilia muito quando vamos escrever
nossos trabalhos.
Imaginemos a seguinte situação: nós precisamos conceituar pesquisa em nosso trabalho. Mas já
lemos diversas obras que tratam sobre o assunto. Você acha que alguém conseguiria se lembrar em
qual obra e em qual página da obra se encontra o conceito necessário? Sabe o que iria acontecer:
Perda de tempo, retrabalho na busca desse conceito que já havíamos lido, porém não anotado.
Procure, portanto, anotar quando ler. A experiência indica que esta técnica dá resultados.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científi ca. 6. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MÉTODOS DE pESQuISA
O autor John W. Creswell em seu livro Projeto de Pesquisa, afirma que a importância de
escolher o método adequado auxilia em se esgotar todas as possibilidades para a coleta de
dados em qualquer estudo. Esses métodos podem ser quantitativo, qualitativos ou mistos.
Não se preocupe, vamos abordar o método qualitativo de forma mais detalhada posteriormente.
PESQUISA QUALITATIVA
Fonte: PHOTOS.COM
Tratarei aqui das características principais da pesquisa qualitativa como método de pesquisa.
Pode-se dizer que, a pesquisa é qualitativa, quando o fenômeno em estudo foi abordado por
meio de dados subjetivos sobre uma realidade. Ou seja, o fenômeno é analisado não somente
com o que está “à vista” do pesquisador, mas também por elementos que serão revelados a
partir da pesquisa.
Neste ponto podemos destacar que a pesquisa qualitativa não lida com dados evidentes, mas
que também busca os dados complexos e não revelados de uma realidade.
Triviños (2008) afirma que uma das raízes da pesquisa qualitativa está no campo da antropologia,
e, em seguida, nas práticas dos sociólogos em seus estudos sobre a vida em comunidades.
Os pesquisadores perceberam que muitas informações sobre a vida dos povos não podem ser
quantificadas e precisavam ser interpretadas de forma mais ampla e aprofundada.
[...] os pesquisadores qualitativos tentam compreender os fenômenos que estão sendo
estudados a partir da perspectiva dos participantes. Considerando todos os pontos de
vista como importantes, este tipo de pesquisa “ilumina”, esclarece o dinamismo interno
das situações, freqüentemente visível para observadores externos (GODOY, 1995a, p.
63).
Assim, torna-se importante o pesquisador se assegurar com precisão de como foram captadas
as percepções dos participantes para se ter uma visão clara do fenômeno que se procura
entender na investigação.
Outro ponto bastante importante, que é destacado por Triviños (2008) é que a pesquisa
qualitativa segue uma rota que não tem sequência rígida das etapas assinaladas para o
desenvolvimento da pesquisa.
O que observamos então é que os métodos partem da perspectiva ou das ações do fenômeno
estudado, apresentando dessa forma melhores condições para se responder ao problema.
Sendo assim, como as informações coletadas são interpretadas, durante o desenvolvimento
da pesquisa pode surgir a necessidade de novas busca de dados.
Seguindo a mesma linha de raciocínio do exposto, Minayo (2007) afirma que a pesquisa
qualitativa responde a questões muito particulares com um nível de realidade que não pode
ou não deveria ser quantificado. O objeto da pesquisa qualitativa é o universo da produção
O pesquisador qualitativo...
• Vê os fenômenos sociais holisticamente (estudos de pesquisa qualitativa aparecem como visões
amplas em vez de microanálises).
• Refl ete sistematicamente sobre quem é ele na investigação e é sensível à sua biografi a pessoal e à
maneira como ela molda o estudo.
• Usa o raciocínio complexo multifacetado, interativo e simultâneo.
• Adota e usa uma ou mais estratégias de investigação como um guia para procedimentos no estudo
qualitativo.
Fonte: Elaborado pela autora (2011). Adaptado de CRESWELL, John W. Projeto de Pesquisa: Méto-
dos Qualitativo, Quantitativo e Misto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Assim sendo, observa-se que a pesquisa qualitativa, por meio do entendimento dos elementos
que compõem o objeto estudado, pode ser caracterizada pela interpretação de significados
que não podem ser transformados em dados numéricos.
Para que você compreenda o quanto o Trabalho científico é “amarrado”, após definirmos o
método de pesquisa, será possível definir os instrumentos mais adequados para a coleta e
interpretação de dados.
O que observamos então, é que a análise de dados é interpretativa quando falamos do método
qualitativo.
PESQUISA QUANTITATIVA
Fonte: PHOTOS.COM
Para Bruyne (1977), a quantificação deve permitir a obtenção de uma medida fiel, discriminante
e válida. A medida fiel é a que permanece constante quando é medida em condições constantes.
O que o autor fala é que o método quantitativo (assim como o método qualitativo), após ter sido
definido, deverá se basear nos instrumentos adequados de coleta de dados e também ter uma
fundamentação teórica bem construída, pois é baseado nisso que a pesquisa será validada.
Além disso, com a análise estatística se garante medidas ou observações para testar uma
teoria por meio da validade e confiabilidade da apuração dos levantamentos e padrões para
fazer alegações de conhecimento e resultar em interpretações significativas dos dados
(CRESWELL, 2007).
De uma forma geral, o método quantitativo trata de um método de pesquisa caracterizado pela
quantificação, principalmente pelo fato de que no tratamento dos dados coletados se utiliza de
técnicas estatísticas, tais como percentual, média, desvio padrão entre outras.
Este método de pesquisa pode ser utilizado para a coleta de dados questionários, testes,
entrevistas, observações e tantos outros. O que diferencia esta fase dos estudos qualitativos é
Voltando ao caso de Francisco e sua pesquisa de clima organizacional, ele também poderia
se utilizar do método quantitativo, desde que na elaboração do questionário houvesse a
preocupação de como os dados seriam quantificados e também analisados de forma
estatística. Ou seja, no caso de utilização do método quantitativo, Francisco não buscaria as
causas das características identificadas, como conflito, mau comunicação ou insatisfação com
o cargo, mas sim, buscaria a correlação entre essas características e como elas poderiam
afetar o desenvolvimento da empresa.
Agora você pode dizer que entende um pouco mais sobre os métodos da pesquisa científica.
Para fechar este tópico, gostaria de atentar ao fato de que se você, pesquisador, buscar uma
expansão dos resultados de sua pesquisa, ou um aprofudamento do fenômeno estudado, você
pode usar os dois métodos de pesquisa (quantitativo e qualitativo), é o que chamamos de
método misto.
Este artigo mostrará a utilização do método misto em uma pesquisa científi ca:
Método misto: Proposta para mensuração e avaliação de estoques na bovinocultura de corte.
Disponível em: <http://www.custoseagronegocioonline.com.br/numero2v1/metodo%20misto.pdf>.
Ao longo deste livro, estou tratando com você de elementos que compõem a cientificidade de
um trabalho, de uma produção.
Este “exercício” é importante, pois faz-se necessário conhecer as bases da pesquisa científica,
antes mesmo de executá-la, para que dessa maneira o pesquisador possa desenvolver um
trabalho com maior validade perante a comunidade acadêmica.
Mas, por que falar da epistemologia neste momento? A resposta para essa pergunta está nos
tipos de características que vamos tratar posteriormente.
Imagine que você vai pintar um quadro. Antes de iniciar a pintura em si, é necessário decidir
qual a cor, estrutura, textura do pano de fundo que vai utilizar, pois esse pano de fundo vai
influenciar diretamente no desenvolvimento de sua arte, principalmente no resultado final.
Segundo Severino (2007), essas verdades ou bases do trabalho não precsiam ser demonstradas
ou concientemente aceitas pelo cientista, mas elas são pressupostas. A sistematização dessas
posições de fundo são necessárias para que o conhecimento produzido pela ciência tenha
consistência, pois é necessário admitir algumas verdades universais, ou seja, é preciso se
apoiar em pressupostos.
A partir do século XIX, quando as Ciências Humanas foram se construindo, foi percebida a
necessidade de ir além do paradigma epistemológico único representado pelo positivismo.
Sendo assim, houve a necessidade de se utilizar de outros paradigmas para os estudos e
conhecimento do homem.
Introdução. O positivismo é um rótulo novo, para uma nova fase de desenvolvimento do empirismo.
Nasceu o nome em 1830 na Escola do socialista utópico Saint-Simon (1760-1825), e ganhou fortuna
com Augusto Comte, o pensador protótipo do movimento, sobretudo na França. Derivado do latim
positum (= posto, o que está posto diante, situado), signifi ca descritivamente o que se observa, ou
experimenta.
O progresso das ciências experimentais prestigiou o positivismo. Lavoisier (1743-1793) desenvolvera
a química; Bichat (1771-1802) fi zera progredir a biologia; descobrem-se argumentos para o evolucio-
nismo das espécies vivas, com o resultado de uma nova mundivisão, que espantava aos teólogos
tradicionais; os astros são vistos a girar num céu cada vez menos sacral; o desenvolvimento das
ciências sociais à base da observação dos fatos reduziu a situações meramente culturais estruturas
anteriormente consideradas naturais.
Estes e outros aspectos da modernidade vieram criar um clima favorável ao positivismo, que portanto
desenvoltamente proclamou a importância dos métodos experimentais e advertiu para as limitações
da fi losofi a racionalista, sobretudo da racionalista de idéias de todo autônomas da experiência.
Divisão. Para ordenar didaticamente o estudo do positivismo importa atender primeiramente à sua
periodização temporal e fases de desenvolvimento, porquanto história é acima de tudo cronologia.
Importa ainda destacar diferenciações de conteúdo, porquanto aconteceram logo diferenciações pro-
fundas na formulação interna do sistema; em consequência resultaram denominações diversas, além
Então, podemos dizer aqui que os paradigmas epistemológicos surgiram a partir de uma
necessidade de outras formas de se estudar os fenômenos sociais. Para compreender essa
necessidade, Severino (2007, p. 111) expõe:
Com o sucesso do conhecimento científico para a explicação dos fenômenos naturais
(astronômicos, físicos, biológicos) e em decorrência dos seus pressupostos filosóficos,
a ciência passou a encarar também o homem como objeto de seu conhecimento, a ser
abordado da mesma forma que os outros fenômenos naturais. O homem seria um ser
natural como todos os demais (naturalismo), submisso às mesmas leis de regularidade
(determinismo), acessível portanto aos procedimentos de observação, experimentação
e mensuraçao (experimentalismo e racionalismo).
O que podemos perceber a partir da explicação de Severino, é que os fenômenos sociais são
dotados de uma multiplicidade de elementos e fatos, e estudá-los, interpretá-los e explicá-los,
somente pela lógica do positivismo, tornaria a pesquisa incompleta e sem validade científica.
FUNCIONALISMO
O funcionalismo, segundo Bruyne (1977), investiga formas duráveis da vida social e cultural,
produtos de uma institucionalização como os papéis, as organizações e as normas, sendo
comum a utilização de formas comparativas e de analogias, sendo um único elemento com
várias funções.
A análise funcional se emprega para designar o estudo de fenômenos sociais como operações
ou efeitos de estruturas sociais específicas, aparecendo comumente na forma composta
estrutural-funcionalista (TRIVIÑOS, 2008).
“Os funcionalistas afirmam que a explicação de cada item da cultura se encontra no que ele
representa para o todo e com a interdependência dos outros itens” (TRIVIÑOS, 2008, p. 84).
ESTRUTURALISMO
A estrutura não existe na realidade concreta, mas a estrutura que define o sistema de relações
e transformações possíveis da realidade concreta. Assim, o estruturalismo trabalha com
estruturas mentais (representações) e suas invariantes históricas, os fenômenos fundamentais
da vida humana são determinados por leis de atividades inconscientes (RICHARDSON, 2008).
Segundo Severino (2007), o estruturalismo teve sua origem nos trabalhos de linguística
Para Demo (1995), uma das marcas profundas do estruturalismo está na acentuação firme de
que o conhecimento da realidade atinge nela elementos constituintes em nível de constantes
supratemporais e supraespaciais. As funções estruturais na sociedade como normas, valores,
papéis e cultura têm uma estruturação inconsciente, pois a sociedade preexiste aos indivíduos
O sistema de parentesco, a organização social e as estratificações sociais e econômicas,
funcionam como um meio de ordenar os indivíduos segundo certas regras (DEMO, 1995).
Para Bruyne (1977), a estrutura se caracteriza por sua natureza sistêmica, diferente do
funcionalismo porque não é imposição de sentido, mas transformação de produção de sentido
novo, não sendo representativa, é uma realidade por ela mesma, que se insere no momento
da construção, com inteligibilidade própria.
FENOMENOLOGIA
Segundo Triviños (2008, p. 43), a fenomenologia pode ser vista como “[...] um estudo das
essências, e todos os problemas, segundo ela, tornam a definir essências: a essência da
percepção, a essência da consciência [...]”. E Husserl admite que é possível chegar às
Ademais, para Bruyne et al. (1977), a visão das essências implica na atualização de esquemas
inteligíveis que prestam conta do real deixando-se habitar pelo que é observado para captá-
lo por intuição, supondo um esforço crítico de redução, um esforço de imaginação constante
assinalado por Husserl. Contudo, as essências não constituem uma espécie de mundo das
ideias platônicas nem são conceitos lógicos, e sim, são as que apresentam à intuição quando
existe realização dos significados da consciência (TRIVIÑOS, 1987).
Para Giorgi (1985 apud MOREIRA, 2004), entre as maiores dificuldades do pensamento
fenomenológico está a comunicação, devido a principalmente três causas: o pensamento
fenomenológico é intrinsecamente difícil, já que vai contra a tendência natural da consciência
de dirigir-se às coisas em vez de seus processos; por não existir um quadro seguro de ideias.
Pois, o trabalho de Husserl continuou com as mesmas ideias sofrendo alterações ao longo
dos trabalhos publicados; e, por fim, dificilmente pode-se dizer que os discípulos de Husserl
tenham desenvolvido interpretações consistentes da Fenomenologia, sendo mais comum a
diferença de critérios que a coincidência.
O método fenomenológico na filosofia se propõe a ser um estudo direto dos fenômenos, sem
intermediários de qualquer tipo, sendo um método pessoal, em que o dado é apreendido direta
e unicamente pelo fenomenólogo, que deve se libertar de teorias, pressuposições ou hipóteses
(MOREIRA, 2004).
DIALÉTICA
Triviños (2008) afirma que o materialismo dialético é a base filosófica do marxismo e, como tal
realiza a tentativa de buscar explicações coerentes, lógicas e racionais para os fenômenos da
natureza, da sociedade e do pensamento. O pensamento dialético pode então se definir por
seu movimento de totalização que é essencialmente um movimento progressivo-regressivo
de abertura para o concreto em transformação. A dialética não explica, não dá esquema de
interpretação, mas apenas prepara os quadros da explicação. Ela coloca questões sem dar
as respostas: quem não vê esses limites isola-se na pura descrição e mesmo no dogmatismo
e permite a compreensão da realidade concreta a partir do abstrato, reproduz idealmente o
concreto revelando-nos a lógica interna (BRUYNE et. al.,1977).
Segundo Triviños (2008), são três as leis da dialética: lei da transformação da quantidade em
qualidade e vice-versa, a lei da Unidade e Luta dos contrários e a Lei da negação da negação.
Essas leis foram concebidas por Hegel, de acordo com a sua concepção idealista, como
simples leis do pensamento: a primeira, na doutrina do ser; a segunda, a doutrina da Essência;
e, a terceira figura a lei fundamental da construção de todo o sistema. Por fim, a análise
dialética visa um conjunto objetivo que determina o sentido do desenvolvimento histórico e
define as relações do geral com o particular em sua concretização histórica. Assim, as leis
dialéticas revelam o sentido de um conjunto histórico, propondo uma espécie de hermenêutica
do sentido objetivo da história (BRUYNE et. al.,1977).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, tive o intuito de levar a você as principais abordagens que dizem respeito à
construção de um texto científico e à prática da pesquisa. Para isso, abordamos elementos da
construção do texto científico, os métodos de pesquisa e também as principais abordagens da
pesquisa científica.
A partir dos elementos que tratamos, espero ter colaborado para que você compreenda melhor
os textos que ler para a construção do seu Trabalho de Conclusão. Falo isso, principalmente
ao tratar dos paradigmas epistemológicos da pesquisa, pois é de fato importante para
compreendermos o posicionamento de um autor quando lemos o seu trabalho.
O PROJETO DE PESQUISA E A
CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Professor Me. João Batista Pereira
Atualização: Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
O projeto nada mais é que um planejamento sobre determinado assunto ou fenômeno, em que
serão detalhados todos os procedimentos necessários para se atingir um objetivo. Podemos
dizer, então, que se trata de um plano pré-elaborado para se reduzir a possibilidade de erros.
Fonte: PHOTOS.COM
O projeto de pesquisa por meio do estágio e/ou observação não consiste apenas na exposição
do estudante a certo contexto organizacional. Implica uma proposta de mudança baseada nos
conhecimentos e habilidades desenvolvidos durante a vida acadêmica.
Fundamentos da Administração
O cuidado que o Administrador brasileiro deve ter é de perceber e entender que as bases
dos Estudos Organizacionais são de origem estrangeira, e por esse motivo o desafio está em
buscar formas de essa teoria desenvolvida ser utilizada metodologicamente como apoio ao
desenvolvimento do projeto de um problema específico.
Assim, torna-se importante destacar que, embora a maioria das propostas de gestão e
organização tenha surgido em momentos históricos distintos para atender os problemas
específicos das empresas, em ambientes determinados, estas permanecem nos dias de hoje
como soluções genéricas à disposição das organizações em todo o mundo.
Dessa forma, o projeto de pesquisa tem um caráter não somente acadêmico, mas de
planejamento, alinhamento de objetivos, organização de ideias e principalmente implementação
de melhorias nas organizações.
Gil (2002, p. 19) afirma que: "[...] o planejamento da pesquisa pode ser definido como o
processo sistematizado mediante o qual se pode conferir maior eficiência à investigação para
em determinado prazo alcançar o conjunto de metas estabelecidas".
Segundo Oliveira (1999), a ciência trata do estudo, com critérios metodológicos, das relações
existentes entre causa e efeitos de um fenômeno qualquer, no qual o pesquisador se propõe a
demonstrar a verdade dos fatos e suas aplicações práticas.
A ciência pode ser observada como uma forma de conhecimento sistemático, dos fenômenos da
natureza, dos fenômenos sociais, dos fenômenos biológicos, matemáticos, físicos e químicos
para se chegar a um conjunto de conclusões verdadeiras, lógicas, exatas, demonstráveis por
meio da pesquisa e dos testes.
De acordo com os cientistas, qualquer assunto que possa ser estudado pelo homem pela
utilização do método científico e de outras regras especiais de pensamento pode ser chamado
de ciência.
Então, por que é necessário fazer ciência? No mundo acadêmico é importante fazer ciência
para todos porque é por meio dela que se descobre e se inventa. Por intermédio da ciência
e da tecnologia é que temos os aparelhos de comunicação, o computador, equipamentos da
área de engenharia, complexos sistemas de produção, aviões, aumento da produtividade no
setor agropecuário, e uma série de coisas que se refletem a evolução e o desenvolvimento da
humanidade.
Essas grandes áreas representam uma divisão tênue e organizada dos Estudos em
Administração.
A seguir, apresentarei alguns temas para o desenvolvimento do projeto de pesquisa para cada
área da administração, que visa contribuir para a escolha de temas a serem explorados no
projeto.
• Diagnóstico organizacional
• Estruturas de controle
• Eficiência, eficácia
• Informatização da organização
• Informatização da empresa
• Planejamento estratégico
b) Recursos Humanos
• Recrutamento e seleção
• Plano de cargos
• Assistência benefícios
• Motivação, comprometimento
• Liderança Poder
• Conflito
• Relações de trabalho
• Sociologia do trabalho
• Trabalho em equipe
c) Marketing
• Elementos de mercado
• Comportamento do consumidor
• Perfil do consumidor
• Atendimento ao cliente
• Propaganda e publicidade
• Plano de marketing
• Equipe de vendas
• Programação de produtividade
• Alternativas de comercialização
• Estratégias de negociação
d) Produção e Sistemas
• Administração de materiais
• Cadastro de fornecedores
• Controle de projetos
• Análise da produtividade
• Estudo de layout
• Controle de produção
e) Finanças
• Planejamento financeiro
• Orçamento empresarial
• Diagnóstico empresarial
• Mercado de capitais
• Administração de caixa
• Planejamento de lucro
• Fluxo de caixa
Após conhecer algumas temáticas que podem ser desenvolvidas, é necessário salientar algo
muito importante: não há um modelo único de projetos de pesquisa. Determinadas áreas
acrescentam algumas partes por especificidades próprias.
O modelo de projeto que trataremos aqui pode ser denominado de “modelo clássico”, porque
atende às necessidades de todas as áreas do conhecimento. Além deste fato, é o modelo
adotado por esta Instituição de Ensino Superior, explicitado nos Princípios Gerais para a
a) Elementos pré-textuais: são aqueles elementos que, como o próprio nome diz, vêm antes
do texto: capa, folha de rosto e sumário (CESUMAR, 2007).
b) Elementos textuais: um projeto deve conter: introdução, justifi cativa, metodologia e crono-
grama (CESUMAR, 2007).
As pesquisas são classificadas quanto aos seus objetivos e procedimentos técnicos utilizados.
Salientamos que existem algumas diferenças nesta classificação. Ou seja, podem ser
encontrados autores que apresentam uma classificação mais detalhada, ou acrescente um
novo tipo de pesquisa para classificá-la.
Por este motivo, utilizaremos a classificação elaborada por Antonio Carlos Gil (2002), pois
consideramos a mesma mais completa.
Gil (2002) classifica as pesquisas em três modalidades no que tange aos objetivos:
a) Pesquisas exploratórias: são assim classifi cadas as pesquisas que “têm como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a
c) Pesquisas explicativas: são pesquisas que têm como objetivo central buscar o “porquê”
(causa) determinado fenômeno acontece. As pesquisas experimentais, que utilizam labo-
ratórios são, em sua grande maioria, explicativas.
a) Pesquisa bibliográfica: este tipo de pesquisa é desenvolvida tendo como objeto de estu-
do apenas a teoria encontrada, principalmente, em livros e artigos científicos. Ou seja, não
há pesquisa experimental envolvida neste tipo de pesquisa (GIL, 2002).
d) Estudo de campo: uma das características principais neste tipo de pesquisa é que os
dados são coletados em campo, e não há interferência do pesquisador (GIL, 2002).
Torna-se importante destacar que Gil (2002) apresenta ainda outros tipos de pesquisas em sua
Além disso, Richardson (2008) apresenta algumas limitações para a pesquisa histórica: o tempo
requerido para realizar a pesquisa, a falta de controle rigoroso nas relações estabelecidas
entre os fatos passados e presentes, a quantidade de dados a coletar para se chegar a
determinadas conclusões.
Segundo Thiollent (2005), a pesquisa-ação pode ser definida como um tipo de pesquisa social
com base empírica concebida e realizada mediante associação com uma ação ou resolução
de problema coletivo onde os participantes e os pesquisadores estão envolvidos de modo
participativo e cooperativo.
Ainda para Triviños (2008), é abordada a pesquisa etnográfica como uma forma específica
de investigação qualitativa que estuda a cultura de um grupo. Creswell (2007) afirma que a
pesquisa etnográfica, pode ser vista como estratégia associada à técnica qualitativa, na qual o
pesquisador estuda um grupo cultural intacto em um ambiente natural durante um período de
tempo prolongado, coletando primariamente dados observacionais.
Pesquisa Exploratória
Falando em pesquisa exploratória, Selltiz (1975) afirma que os estudos exploratórios têm
como objetivo a formulação de um problema para investigação mais exata ou para a criação
de hipóteses. Para Richardson (2008), o objetivo de tal tipo de pesquisa está em conhecer
as características de um fenômeno para procurar, posteriormente, explicações das causas e
consequências de dito fenômeno.
Nesse sentido, Richardson (2008) diz que o estudo exploratório pode ser utilizado quando não
se tem informação sobre determinado tema e se deseja conhecer o fenômeno.
A partir de tal contexto, Selltiz (1975) apresenta como função dos estudos exploratórios o
esclarecimento de conceitos, o estabelecimento de prioridades para futuras pesquisas, a
obtenção de informação sobre possibilidades práticas de realização de pesquisas em situações
de vida real entre outros.
Segundo Triviños (2008), os estudos descritivos pretendem descrever com exatidão os fatos e
fenômenos de determinada realidade.
Para isso, o pesquisador necessita dispor de uma série de informações sobre o que se deseja
pesquisar, se utilizando de uma delimitação precisa de técnicas, métodos, modelos e teorias
que orientarão a coleta e interpretação dos dados e permitirão a apresentação de resultados
por meio de descrições, narrativas, documentos e trechos de entrevistas (TRIVIÑOS, 2008).
Richardson (2008) corrobora tal afirmação ao afirmar que o objetivo da pesquisa descritiva é
descrever sistematicamente um fenômeno ou área de interesse de forma detalhada e objetiva.
Do ponto de vista do Cervo e Bervian (2007, p. 66) “a pesquisa descritiva observa, registra,
analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Isso quer dizer
que, a pesquisa descritiva precisa apresentar os dados com a maior precisão possível, a
frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e
características (CERVO; BERVIAN, 2007).
Ressaltam Cervo e Bervian (2007) que as pesquisas descritivas buscam conhecer as diversas
situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos
do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente como de grupos e
comunidades mais complexas.
A pesquisa explicativa que, segundo Richardson (2008), é utilizada quando se deseja explicar
as características de um fenômeno podendo ser dividida em enquete, experimento, quase
experimento e pesquisa-ação.
Para Richardson (2008), a enquete tem por objetivo investigar possíveis relações causa-efeito,
observando as consequências de um fenômeno em amostras relativamente grandes (mais
de 200 casos). A experimentação consiste em modificar a maneira controlada das condições
que determinam um fato ou fenômeno, e em observar e interpretar as mudanças que ocorrem
neste último.
Estudo de caso
Segundo Yin (2005), o estudo de caso é uma das maneiras de se fazer uma pesquisa em
ciências sociais. Cada estratégia apresenta vantagens e desvantagens próprias, dependendo
de três condições: o tipo de questão da pesquisa, o controle que o pesquisador possui sobre
os eventos comportamentais efetivos e o foco em fenômenos, em oposição a fenômenos
contemporâneos.
Para Yin (2005), o estudo de caso acrescenta duas fontes de evidência: a observação direta
e a série sistemática de entrevistas. Para o autor, a estratégia de estudo de caso não deve ser
Ademais, Richardson (2008) aborda a pesquisa experimental que tem como objetivo investigar
possíveis relações de causa-efeito, submetendo um ou mais grupos experimentais a um ou
mais tratamentos, e comparando os resultados com um ou mais grupos de controle que não
receberam o tratamento.
Depois que você conheceu a classificação das pesquisas científicas, vou abordar aqui os
procedimentos de coleta e de interpretação de dados. O primeiro ponto tratado será o corte
de pesquisa.
O corte de pesquisa diz respeito ao “quando” os dados foram coletados para o desenvolvimento
de um trabalho científico.
Além disso, os dados da pesquisa podem ser classificados como primários e secundários.
Segundo Minayo (2007), os dados primários são aqueles produzidos pelo pesquisador na
interação direta com os sujeitos de pesquisa, por meio de entrevistas, observações ou aplicação
de questionários. Os dados secundários são elencados a partir de acervos já existentes, tais
como documentos, banco de dados, revistas, jornais etc.
Z 2 . p.q.N
n= 2 2
(população fi nita)
e ( N - 1) + Z . p.q
Z 2 . p.q
n= (população infi nita)
e 2
Onde temos que N é o tamanho da população; Z é a abscissa da normal padrão, variável que depende
exclusamente no nível de confi ança, por exemplo, se o nível de confi ança for 95% temos Z igual a
Assim, torna-se importante destacar que tais procedimentos precisam estar alinhados
à classificação e caracterização da pesquisa, pois somente desta maneira os objetivos
alcançados terão validade científica.
Segundo Gil (2002), para o levantamento de coleta de dados são utilizadas técnicas de
interrogação, tais como entrevista, questionário e o formulário. Qualquer instrumento que seja
Vamos falar dos instrumentos de coleta de dados mais utilizados na pesquisa em Administração.
a) Entrevista
A entrevista pode ser vista como uma técnica de coleta de dados utilizada por pesquisadores,
com o intuito de buscar o máximo de informações possíveis sobre o fenômeno estudado. Além
disso, a entrevista permite uma interação face a face dos interlocutores, em que o entrevistador
pode perceber fatos e comportamentos indispensáveis para o entendimento das respostas.
Para Gil (2002), a entrevista pode ser entendida como uma técnica que envolve duas pessoas
ou mais, em que uma formula questões e a outra responde. E, a estratégia para a realização
de entrevista deve considerar as etapas de especificação de dados que se pretendem obter, a
escolha e formulação de perguntas.
A entrevista pode ser estruturada, não estruturada ou semiestruturada. Falemos de cada uma
delas.
b) Questionário
Fazendo menção ao questionário, Richardson (2008) afirma que tal instrumento de coleta
cumpre ao menos duas funções: descrever as características e medir as variáveis de um
grupo social. Dessa forma, o autor afirma que os questionários não estão restritos a uma
quantidade determinada de perguntas, nem a um tópico específico, pois é responsabilidade do
pesquisador determinar tamanho, natureza e conteúdo do questionário.
Segundo Richardson (2008), os questionários podem ser classificados de duas formas: pelo
tipo de pergunta ou pelo modo de aplicação do questionário. De acordo com o tipo de pergunta,
os questionários se classificam em três categorias: perguntas fechadas, perguntas abertas e
questionários mistos (que combinam os dois métodos). Quanto ao modo de aplicação pode ser
por contato direto ou questionário por correio ou internet.
Quanto ao questionário com questões abertas, Richardson (2008) afirma que são caracterizados
por perguntas que levam o entrevistado a responder com frases ou orações que são destinadas
a aprofundar as opiniões do entrevistador. A vantagem seria, então, do entrevistado não estar
restrito a marcar uma alternativa ou outra, e poder responder com maior liberdade.
A classificação feita por Richardson (2008), no que diz respeito ao contato direto, a principal
vantagem está na obtenção de respostas, já que nessa classificação há menos possibilidades
de os entrevistados não responderem ao questionário ou deixarem perguntas em branco.
Enquanto os questionários por correio ou internet têm algumas limitações, como a devolução
dos questionários enviados, e também a não se estar seguro de quem realmente responde o
instrumento de coleta.
c) Observação
A observação é uma forma de coleta de dados utilizada, por muitas vezes, para complementar
a entrevista ou o questionário.
Não recomendo que seja utilizada de maneira isolada, pois a percepção do pesquisador será
a única fonte de dados, então a confiabilidade da pesquisa pode ficar abalada.
A observação pode servir a diferentes objetivos da pesquisa, já que pode ser usada de maneira
exploratória obtendo informações a serem verificadas depois por outras técnicas; pode ter
como objetivo a obtenção de dados suplementares que possam auxiliar na interpretação de
resultados obtidos por outras técnicas; e pode ser usada como método básico de coleta de
dados (SELLTIZ et al., 1975).
Para Richardson (2008), a observação assistemática indica uma tarefa de observar mais
livre, sem fichas ou listas de registro, mas que cumpre um plano de observação determinado
pelos objetivos da pesquisa. Em contrapartida, a observação sistemática tem uma estrutura
determinada em que serão anotados fatos ocorridos e a sua frequência.
A observação é indicada tanto para estudos qualitativos ou quantitativos, pois como destaquei
anteriormente, funciona como uma comprovação ou complementação dos demais instrumentos
de coleta.
A seguir, apresento um esquema que pode servir para visualizar os procedimentos para o desenvol-
vimento da pesquisa científi ca.
• Levantamento bibliográfi co: será efetuado em bibliotecas e sites acadêmicos da internet. Este
procedimento é necessário, pois mediante o mesmo é que será encontrada a base teórica do
trabalho.
No que diz respeito à interpretação de dados, Richardson (2008) afirma que essa etapa se
propõe a produzir novos conhecimentos, criar novas formas de compreender os fenômenos e
dar a conhecer a forma como tais fenômenos têm se desenvolvido. Para o autor, o pesquisador
deve interpretar os dados, sintetizar a informação recopilada, determinar tendências e
generalizar seus significados.
Corroborando tal ideia, Creswell (2007) diz que o processo de análise de dados consiste de
extrair sentido dos dados de texto e imagem. Dessa forma, essa etapa consiste em preparar
os dados para análise, conduzir análises diferentes, aprofundar-se no entendimento dos dados
e fazer uma interpretação de significado mais amplo.
Além disso, Richardson (2008) afirma que a interpretação dos resultados deve ser de acordo
com o tipo de pesquisa. Na pesquisa quantitativa especificar o tratamento de dados (tabelas,
gráficos, testes estatísticos), e no caso de análise qualitativa especificar as técnicas utilizadas
(documentário, de conteúdo ou histórico).
A seguir, falarei para você sobre duas formas de análise muito utilizadas nas pesquisas em
ciências sociais: análise de discurso e análise de conteúdo.
a) Análise de discurso
Segundo Godoi (2006), a análise de discurso busca uma reconstrução dos sentidos dos
discursos e dos interesses dos sujeitos em uma situação de enunciação. Ademais, por ser
interpretativa, a prática da análise de discurso não pode ser reduzida a uma série de passos
ou procedimentos técnicos aplicados mecanicamente.
Segundo Creswell (2007), o processo de análise de dados consiste de extrair sentido dos
dados de texto e imagem. Dessa forma, essa etapa consiste em preparar os dados para
análise, conduzir análises diferentes, aprofundar-se no entendimento dos dados e fazer uma
interpretação de significado mais amplo. “A análise do discurso não é uma metodologia como
as demais, é uma ampla e teórica abordagem transdisciplinar” (GODOI, 2006, p. 378).
Segundo Triviños (2008), o material coletado sob o escopo da teoria ou teorias encontradas
no estudo das respostas dos sujeitos e da teoria que servirá de apoio, permite ao pesquisador
elaborar um esquema de interpretação e de perspectivas dos fenômenos estudados.
Neste contexto, Gill (2002) afirma que os analistas de discurso ao mesmo tempo em que
examinam a maneira como a linguagem é empregada, devem estar sensíveis àquilo que
Ademais, por ser interpretativa, a análise se apoiará em três aspectos fundamentais: nos
resultados alcançados no estudo, na base teórica e na experiência pessoal do pesquisador.
b) Análise de conteúdo
Ademais, Triviños (2008) ressalta que ao realizar a análise de conteúdo na pesquisa qualitativa
o pesquisador não pode deter sua atenção exclusivamente ao conteúdo manifesto dos
documentos.
“Na interpretação buscam-se sentidos das falas e das ações para se chegar a uma
compreensão ou explicação que vão além do descrito e analisado” (MINAYO, 2007, p. 80).
Segundo Bardin (1977, p. 21), “na análise qualitativa é a presença ou a ausência de uma dada
característica de conteúdo ou de um conjunto de características num determinado fragmento
de mensagem que é tomado em consideração”.
Para isso, a autora ressalta que a análise de conteúdo passa por diferentes fases que se
organizam em torno de três polos cronológicos que serão abordados a seguir: a pré-análise, a
exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos e interpretação.
Desta forma, torna-se possível efetuar deduções lógicas e justificadas, aspirando assim a uma
interpretação final fundamentada. E por meio da análise de conteúdo torna-se possível abrir
novas perspectivas, e descobrir ideologias e tendências das características dos fenômenos
estudados.
No que se refere à interpretação, Minayo (2007) aborda que com esse procedimento busca-
se ir além do material, e com base nas inferências os resultados da pesquisa são discutidos
em uma perspectiva mais ampla, trabalhando na produção do conhecimento de uma área ou
campo de atuação e atribuir um grau de significação mais amplo aos conteúdos analisados.
Nesta unidade, procurei mostrar para você, aluno, as principais especificidades da pesquisa
em Administração. Tive o intuito de fomentar a pesquisa por meio da disponibilização de
algumas áreas temáticas para o desenvolvimento do Trabalho de Conclusão.
Este cuidado, prezado aluno, ocorreu primeiramente pela dificuldade que visualizo nos
estudantes quando se deparam com o item metodologia de um trabalho científico.
Espero que tenha gerado maior conhecimento sobre tais procedimentos, e que você possa
construir o seu Trabalho de Conclusão com clareza e determinação.
Na próxima unidade estarão elencadas informações que todo acadêmico de um curso Superior
precisa saber.
Vamos lá!
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) Em que a pesquisa científica está ligada à Administração?
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• O projeto de pesquisa
• Monografia científica
• Citações
• Apresentação gráfica
INTRODUÇÃO
Como última unidade deste livro foi disponibilizado os Princípios Gerais para a Elaboração
e Apresentação de Trabalhos Acadêmicos e Científicos do CESUMAR. Organizado pelos
Professores Adriano Lopes e Débora Tonolio Rau em forma de livro eletrônico, possui ricas
informações que são necessárias ao Aluno de um curso da Educação Superior e também para
aqueles que cursam a pós-graduação.
Destaco, ainda, que o livro eletrônico apresentado encontra-se no portal da internet desta
Instituição de Ensino Superior. Porém, acredito que o formato impresso pode permitir a você,
aluno, tê-lo à mão a qualquer momento, independente da utilização de um computador. Esta é
a principal razão para apresentá-lo nesta unidade.
Saliento que a transcrição que segue é literal. Ou seja, você terá exatamente o mesmo material
disponibilizado na internet. Esta informação é relevante, pois não é comum uma unidade de
livro contar com sumário próprio ou incluído em forma de anexo.
MARINGÁ
2007
MARINGÁ
2007
Inclui bibliografia
CDD 001.42
808.025
CDU 001.816
1 PROJETO DE PESQUISA................................................................................................................... 6
1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 7
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................ 7
1.3 OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 7
1.4 METODOLOGIA................................................................................................................................ 8
1.5 CRONOGRAMA................................................................................................................................ 8
1.6 REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 9
2 MONOGRAFIA CIENTÍFICA ............................................................................................................. 10
2.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS ....................................................................................................... 11
2.1.1 Capa ............................................................................................................................................. 11
2.1.3 Folha de Rosto ............................................................................................................................. 11
2.1.4 Folha de Aprovação ..................................................................................................................... 12
2.1.5 Dedicatória ................................................................................................................................... 13
2.1.6 Agradecimentos ........................................................................................................................... 14
2.1.7 Epígrafe ........................................................................................................................................ 14
2.1.8 Resumo na Língua Vernácula...................................................................................................... 15
2.1.9 Resumo em Língua Estrangeira .................................................................................................. 16
2.1.10 Lista de Ilustrações .................................................................................................................... 16
2.1.11 Lista de Abreviaturas e Siglas e Lista de Símbolos................................................................... 17
2.1.12 Sumário ...................................................................................................................................... 18
2.2 ELEMENTOS TEXTUAIS................................................................................................................ 19
2.2.1 Introdução..................................................................................................................................... 19
2.2.2 Desenvolvimento.......................................................................................................................... 19
2.2.3 Conclusão..................................................................................................................................... 19
2.3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS....................................................................................................... 19
2.3.1 Referências .................................................................................................................................. 20
2.3.2 Glossário ...................................................................................................................................... 25
2.3.3 Apêndices..................................................................................................................................... 25
2.3.4 Anexos.......................................................................................................................................... 26
3 CITAÇÕES ......................................................................................................................................... 27
3.1 CITAÇÃO DIRETA .......................................................................................................................... 27
3.2 CITAÇÃO INDIRETA....................................................................................................................... 28
3.3 CITAÇÃO DE CITAÇÃO (APUD) .................................................................................................... 29
4 ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO ....................................................................................... 30
5 APRESENTAÇÃO GRÁFICA............................................................................................................ 33
5.1 PAPEL E MARGENS ...................................................................................................................... 33
5.2 TIPO E TAMANHO DE LETRA ....................................................................................................... 34
5.3 ESPACEJAMENTO......................................................................................................................... 34
5.4 PARÁGRAFOS .............................................................................................................................. 34
5.5 NUMERAÇÃO DE PÁGINAS .......................................................................................................... 35
5.6 NUMERAÇÃO SEQÜENCIAL DAS SEÇÕES DO TEXTO............................................................. 36
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 38
a) Elementos pré-textuais:
- Capa
- Folha de rosto
- Sumário
b) Elementos textuais:
- Introdução
- Justificativa
- Objetivos
- Metodologia
- Cronograma
c) Elementos pós-textuais:
- Referências
1.2 JUSTIFICATIVA
1.3 OBJETIVOS
1.4 METODOLOGIA
1.5 CRONOGRAMA
1.6 REFERÊNCIAS
- Capa
a) Elementos pré-textuais
- Lombada
- Folha de rosto
- Folha de aprovação
- Dedicatória
- Agradecimentos
- Epígrafe
- Resumo
- Abstract
- Lista de ilustrações
- Lista de tabelas
- Lista de abreviaturas e siglas
- Lista de símbolos
- Introdução
- Desenvolvimento
- Conclusão
c) Elementos pós-textuais
- Referências
- Glossário
- Apêndice
- Anexos
2.1.1 Capa
NOME DO AUTOR
Monografia apresentada
ao Centro Universitário de
Maringá, como requisito
parcial à obtenção do
título de Especialista em
MBA Executivo.
Orientação: Prof. Dr. João
da Silva.
MARINGÁ
MARINGÁ
ANO
ANO
NOME DO ALUNO
BANCA EXAMINADORA
Orientador: _____________________
Titulação, nome completo
CESUMAR
Membro: _____________________
Titulação, nome completo
Instituição de origem
Membro _____________________
Titulação, nome completo
Instituição de origem
2.1.5 Dedicatória
AGRADECIMENTOS
2.1.7 Epígrafe
RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................10
2 DIDÁTICA.............................................................13
3 TREINAMENTO EMPRESARIAL.........................16
4 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL.............................20
4.1 CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL...............................................21
4.2 PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL...............................................24
4.2.1 Instrutores Profissionais..............................26
4.2.2 Técnicas Profissionais.................................29
5 A PESQUISA........................................................32
6 CONCLUSÃO.......................................................38
REFERÊNCIAS.......................................................41
APÊNDICES............................................................43
ANEXOS..................................................................44
2.2.1 Introdução
2.2.2 Desenvolvimento
2.2.3 Conclusão
2.3.2 Glossário
GLOSSÁRIO
2.3.3 Apêndices
APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO-INSTRUTOR
2.3.4 Anexos
Exemplos:
Exemplos:
Utiliza-se [...] para suprimir uma parte do texto. Não se usa (...) nem somente
os três pontinhos.
Citação indireta é o texto redigido pelo autor com base em idéias de outro(s)
autor(es), o qual, contudo, deve traduzir fielmente o sentido do texto original.
Exemplos:
A lei não pode ser vista como algo passivo e reflexivo, mas como uma força
ativa e parcialmente autônoma, a qual mediatiza as várias classes e compele os
dominantes a se inclinarem às demandas dos dominados (GENOVESE, 1974).
Segundo Lima (1983), função pode dar a idéia de algo relacionado à atividade
ou tarefa.
Exemplos:
Exemplos:
b) Resumo
c) Palavras-chave
21,0
cm
3cm
3cm 2cm
29,7
cm
2cm
5.3 ESPACEJAMENTO
5.4 PARÁGRAFOS
13
1 INTRODUÇÃO Para ministrar tais treinamentos, é
necessário dispor de profissionais
atuantes no mercado de trabalho, com
A empresa tem como produto principal
graduação nos cursos de Ciências
dois treinamentos desenvolvidos para a
Contábeis, Matemática, Administração
área administrativa.
de Empresas, Letras, Psicologia e
O primeiro deles é o curso de
Economia.
Qualificação Administrativa, no qual os
Primeiramente, antes de oferecer os
treinandos buscam aprender e ter vivência
treinamentos, seria preciso “treinar” os
nas rotinas administrativas de uma
próprios instrutores. Como a formação
empresa, passando por todos os
dos mesmos em sua grande maioria era,
departamentos: faturamento, contas a
e ainda é, extremamente técnica, dos
pagar e receber, estoques, atendimento,
quais poucos têm conhecimento sobre o
marketing, enfim, todo o processo de
processo de ensino-aprendizagem, era
trabalho existente dentro de empresas.
preciso criar uma interação entre os
O segundo treinamento é direcionado
mesmos para difundir esta idéia. Eles
especificamente para secretárias e para
precisavam de orientações didáticas,
toda a rotina que envolve esta função.
necessitavam ser apresentados a um
As alíneas devem ser utilizadas quando for necessário subdividir uma mesma
seção.
CRUZ, Anamaria da Costa; PEROTA, Maria Luiza Loures Rocha; MENDES, Maria
Tereza Reis. Elaboração de referências (NBR 6023/2002). 2. ed. Rio de Janeiro:
Interciência, 2002. 89 p.
LOUREIRO, Amílcar Bruno Soares; CAMPOS, Silvia Horst. Guia para elaboração e
apresentação de trabalhos científicos. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999.
MIRANDA, Jose Luís Carneiro de. Projetos & monografias. Niterói: Intertexto,
1999.
Para concluir todo o trabalho, vamos resgatar um pouco do que foi discutido neste livro. O
Ensino Superior é um caminho do conhecimento e a pesquisa científica é uma das ferramentas
que proporciona o crescimento e desenvolvimento de nossa Sociedade.
Mas não basta desenvolver, ter curiosidade ou criatividade. Alguns parâmetros e direcionamentos
são necessários para que o pesquisador desenvolva projetos que tenham cientificidade e
validade não somente perante a comunidade acadêmica, mas diante do público em geral.
Espero que com as discussões propostas neste livro, eu tenha colaborado com o seu
conhecimento e aprendizado acerca da Metodologia de Pesquisa, mas, principalmente,
suscitado seu interesse em tornar-se um pesquisador.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA. Roberto da. Metodologia científica. 6.
ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
DESCARTES, Renè. Discurso Sobre o Método: para bem dirigir a própria razão e procurar a
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GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
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