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Abastecimento de água

Qualidade da água e
padrões de potabilidade

Guia do profissional em treinamento Nível 2


Promoção Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA

Realização Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - NUCASE

Instituições integrantes do Nucase Universidade Federal de Minas Gerais (líder) | Universidade Federal do Espírito Santo |
Universidade Federal do Rio de Janeiro | Universidade Estadual de Campinas

Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia | Fundação Nacional de Saúde do Ministério
da Saúde | Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades

Apoio organizacional Programa de Modernização do Setor Saneamento-PMSS

Comitê gestor da ReCESA Comitê consultivo da ReCESA


· Ministério das Cidades; · Associação Brasileira de Captação E Manejo de Água de Chuva – ABCMAC
· Ministério da Ciência e Tecnologia; · Associação Brasileira de Engenharia Sanitária E Ambiental – ABES
· Ministério do Meio Ambiente · Associação Brasileira de Recursos Hídricos – ABRH
· Ministério da Educação; · Associação Brasileira de Resíduos Sólidos E Limpeza Pública – ABLP
· Ministério da Integração Nacional; · Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais – AESBE
· Ministério da Saúde; · Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento – ASSEMAE
· Banco Nacional de Desenvolvimento · Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educação Tecnológica – Concefet
Econômico Social (BNDES); · Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura E Agronomia – CONFEA
· Caixa Econômica Federal (CAIXA); · Federação de Órgão Para A Assistência Social E Educacional – FASE
· Federação Nacional dos Urbanitários – FNU
· Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas – Fncbhs
· Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras
– Forproex
· Fórum Nacional Lixo E Cidadania – L&C
· Frente Nacional Pelo Saneamento Ambiental – FNSA
· Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
· Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS
· Programa Nacional de Conservação de Energia – Procel
· Rede Brasileira de Capacitação Em Recursos Hídricos – Cap-Net Brasil

Parceiros do Nucase
· Cedae/RJ - Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro
· Cesan/ES - A Companhia Espírito Santense de Saneamento
· Comlurb/RJ - Companhia Municipal de Limpeza Urbana
· Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais
· DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
· DLU/Campinas - Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Campinas
· Fundação Rio-Águas
· Incaper/Es - O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
· IPT/SP - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
· PCJ - Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
· SAAE/Itabira - Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Itabira – MG.
· SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
· SANASA/Campinas - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.
· SLU/PBH - Serviço de Limpeza Urbana da prefeitura de Belo Horizonte
· Sudecap/PBH - Superintendência de desenvolvimento da capital da prefeitura de Belo Horizonte
· UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto
· UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
· UNIVALE – Universidade Vale do Rio Doce
Abastecimento de água

Qualidade da água e
padrões de potabilidade

Guia do profissional em treinamento Nível 2


Q1 Qualidade da água e padrões de potabilidade : abastecimento
de água : guia do profissional em treinamento : nível 2 / Secretaria
Nacional de Saneamento Ambiental (org.). – Belo Horizonte :
ReCESA, 2007.
80 p.

Nota: Realização do NUCASE – Núcleo Sudeste de Capacitação


e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental e coordenação de
Carlos Augusto de Lemos Chernicharo, Emília Wanda Rutkowski,
Isaac Volschan Junior e Sérvio Túlio Alves Cassini.

1. Água potável. 2. Hidrologia. 3. Água - qualidade. 4.


Tratamento de água. 5. Mananciais. 6. Recursos hídricos –
desenvolvimento – legislação. I. Brasil. Secretaria Nacional de
Saneamento Ambiental. II. Núcleo Sudeste de Capacitação e
Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental.

CDD – 628

Catalogação da Fonte : Ricardo Miranda – CRB/6-1598

Conselho Editorial Temático

Valter Lúcio de Pádua – UFMG


Bernardo Nascimento Teixeira – UFSCAR
Edumar Coelho – UFES
Iene Christie Figueiredo – UFRJ

Profissionais que participaram da elaboração deste guia

Professor Valter Lúcio de Pádua


Consultores Aloísio de Araújo Prince (conteudista) | Luiza Clemente Cardoso (conteudista)
Izabel Chiodi Freitas (validadora)

Créditos

Composição final
Cátedra da Unesco – Juliane Correa | Maria José Batista Pinto
Adeíse Lucas Pereira | Sara Shirley Belo Lança

Projeto Gráfico e Diagramação


Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi

Impressão
Artes Gráficas Formato Ltda

É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.
Apresentação da ReCESA

A criação do Ministério das Cidades no de estruturação da Rede de Capacitação


Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em e Extensão Tecnológica em Saneamento
2003, permitiu que os imensos desafios urbanos Ambiental – ReCESA constitui importante
passassem a ser encarados como política de iniciativa nesta direção.
Estado. Nesse contexto, a Secretaria Nacional
de Saneamento Ambiental (SNSA) inaugurou A ReCESA tem o propósito de reunir um conjunto
um paradigma que inscreve o saneamento de instituições e entidades com o objetivo de
como política pública, com dimensão urbana coordenar o desenvolvimento de propostas
e ambiental, promotora de desenvolvimento pedagógicas e de material didático, bem como
e da redução das desigualdades sociais. Uma promover ações de intercâmbio e de extensão
concepção de saneamento em que a técnica e tecnológica que levem em consideração as
a tecnologia são colocadas a favor da prestação peculiaridades regionais e as diferentes políticas,
de um serviço público e essencial. técnicas e tecnologias visando capacitar
profissionais para a operação, manutenção
A missão da SNSA ganhou maior relevância e e gestão dos sistemas de saneamento. Para
efetividade com a agenda do saneamento para a estruturação da ReCESA foram formados
o quadriênio 2007-2010, haja vista a decisão Núcleos Regionais e um Comitê Gestor, em nível
do Governo Federal de destinar, dos recursos nacional.
reservados ao Programa de Aceleração do
Crescimento – PAC, 40 bilhões de reais para Por fim, cabe destacar que este projeto ReCESA
investimentos em saneamento. tem sido bastante desafiador para todos nós.
Um grupo, predominantemente formado
Nesse novo cenário, a SNSA conduz ações por profissionais da engenharia, mas, que
em capacitação como um dos instrumentos compreendeu a necessidade de agregar outros
estratégicos para a modificação de paradigmas, olhares e saberes, ainda que para isso tenha sido
o alcance de melhorias de desempenho e necessário “contornar todos os meandros do rio,
da qualidade na prestação dos serviços e a antes de chegar ao seu curso principal”.
integração de políticas setoriais. O projeto Comitê gestor da ReCESA
Nucase Os guias

O Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão A coletânea de materiais didáticos produzidos


Tecnológica em Saneamento Ambiental – pelo Nucase é composta de 42 guias que serão
NUCASE tem por objetivo o desenvolvimento utilizados em oficinas de capacitação para
de atividades de capacitação de profissionais profissionais que atuam na área do saneamento.
da área de saneamento, nos quatro estados da São seis guias que versam sobre o manejo de
região sudeste do Brasil. águas pluviais urbanas, doze relacionados aos
sistemas de abastecimento de água, doze sobre
O NUCASE é coordenado pela Universidade sistemas de esgotamento sanitário, nove que
Federal de Minas Gerais – UFMG, tendo como contemplam os resíduos sólidos urbanos e três
instituições co-executoras a Universidade terão por objeto temas que perpassam todas
Federal do Espírito Santo – UFES, a Universidade as dimensões do saneamento, denominados
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e a Universidade temas transversais.
Estadual de Campinas – UNICAMP. Atendendo
aos requisitos de abrangência temática e de Dentre as diversas metas estabelecidas pelo
capilaridade regional, as universidades que NUCASE, merece destaque a produção dos
integram o NUCASE têm como parceiros, em seus Guias dos profissionais em treinamento,
estados, prestadores de serviços de saneamento que servirão de apoio às oficinas de
e entidades específicas do setor. capacitação de operadores em saneamento
Coordenadores institucionais do Nucase que possuem grau de escolaridade variando
do semi-alfabetizado ao terceiro grau. Os
guias têm uma identidade visual e uma
abordagem pedagógica que visa estabelecer
um diálogo e a troca de conhecimentos
entre os profissionais em treinamento e os
instrutores. Para isso, foram tomados cuidados
especiais com a forma de abordagem dos
conteúdos, tipos de linguagem e recursos de
interatividade.
Equipe da central de produção de material didático – CPMD
Apresentação da
área temática:
Abastecimento de água

A série de guias relacionada ao abastecimento de


água resultou do trabalho coletivo que envolveu
a participação de dezenas de profissionais. Os
temas que compõem esta série foram defini-
dos por meio de uma consulta a companhias de
saneamento, prefeituras, serviços autônomos de
água e esgoto, instituições de ensino e pesquisa e
profissionais da área, com o objetivo de se definir
os temas que a comunidade técnica e científi-
ca da região Sudeste considera, no momento,
os mais relevantes para o desenvolvimento do
projeto NUCASE.

Os temas abordados nesta série dedicada ao abas-


tecimento de água incluem: Qualidade de água
e padrão de potabilidade; Construção, operação
e manutenção de redes de distribuição de água;
Operação e manutenção de estações elevatórias
de água; Operação e manutenção de estações de
tratamento de água; Gerenciamento de perdas de
água e de energia elétrica em sistemas de abas-
tecimento de água; Amostragem, preservação e
caracterização físico-química e microbiológica de
águas de abastecimento; Gerenciamento, trata-
mento e disposição final de lodos gerados em
ETAs. Certamente há muitos outros temas impor-
tantes a serem abordados, mas considera-se que
este é um primeiro e importante passo para que
se tenha material didático, produzido no Brasil,
destinado a profissionais da área de saneamento
que raramente têm oportunidade de receber trei-
namento e atualização profissional.
Coordenadores da área temática de abastecimento de água
Sumário

Introdução ..................................................................................10
A água na natureza .....................................................................13
Bacia hidrográfica ..............................................................14
Hidrologia ..........................................................................16
Escolha e proteção do manancial de captação ....................19
Legislação ambiental..........................................................21
Ocupação adequada do solo ............................................. 24
Água e Saúde ............................................................................. 27
Usos da água .................................................................... 28
Doenças de veiculação hídrica ...........................................31
Controle de qualidade da água................................................... 35
Caracterização da água ..................................................... 39
Informação ao consumidor................................................ 43
Tratamento da água ................................................................... 49
Técnicas usuais de tratamento de água ............................. 54
Monitoramento da qualidade da água ........................................ 61
Portaria MS nº.518/2004.................................................... 69
Para você saber mais ................................................................. 80
Introdução

Caro profissional, 1. A água na natureza


2. Água e Saúde
Qualidade da água e padrões de potabilidade é 3. Controle de qualidade da água
o tema dessa oficina, destinada aos profissio- 4. Tratamento da água
nais da área de abastecimento de água. Mas 5. Monitoramento da qualidade da água
por que passar 32 horas discutindo esse tema?
Por que ele é tão importante no dia-a-dia dos O objetivo é ressaltar a importância da preo-
profissionais da área de saneamento? cupação que os profissionais de saneamento
precisam ter com a qualidade da água desde o
Podemos começar lembrando que todos têm manancial de captação até os pontos de consu-
direito à água potável. O decreto nº. 5440, do mo, além da importância do trabalhador no
qual falaremos nessa oficina, estabelece os controle de qualidade da água.
direitos dos consumidores atendidos pelas
prestadoras do serviço de abastecimento de Neste guia do profissional em treinamento estão
água. E esse direito, tem muito a ver com o os textos, atividades e outras informações que
direito à saúde. usaremos durante os próximos quatro dias.
Ele irá orientá-lo durante a oficina trazendo os
Então, falar da qualidade da água é lembrar que objetivos e textos sobre os assuntos abordados,
você trabalha, dia após dia, para garantir o direi- além de orientações para as atividades.
to dos cidadãos de receber água potável, livre
de contaminação que ofereça risco à saúde. Esperamos que sua participação nessa ativida-
de estimule a troca de experiências, desperte
Com o objetivo de preservar a saúde dos cida- a consciência do papel social do trabalho que
dãos brasileiros, o Ministério da Saúde publicou realiza e acrescente algo mais nos seus conhe-
a Portaria nº. 518/2004, que estabelece os cimentos sobre qualidade da água. E que esses
padrões de potabilidade vigentes no Brasil, conhecimentos sejam úteis para você como
dos quais falaremos ao longo dessa oficina. É profissional, responsável pela qualidade da
para atendê-los que tratamos a água e moni- água distribuída em sua cidade, e como cida-
toramos suas características físicas, químicas dão, preocupado com a preservação do meio
e biológicas durante o tratamento e durante a ambiente e com a saúde da população.
distribuição aos consumidores.
Antes de seguirmos adiante, sugerimos que você
Nos próximos dias, vamos discutir os seguintes faça a próxima atividade, refletindo um pouco
conceitos-chave: sobre a importância da qualidade da água.

10 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Para ler e refletir
A atividade proposta pede que você analise uma situação real.
Situações semelhantes são comuns em várias regiões do país.

Manancial de captação ameaçado


A região do principal manancial de captação de uma grande cidade bra-
sileira tem 73% das áreas de preservação permanente degradadas por
algum tipo de atividade humana. É o que aponta o estudo de uma orga-
nização não-governamental, com fotos de satélite tiradas entre 1989 e
2003. São áreas como margens de rio e de represa, que deveriam estar
cobertas de vegetação, mas que estão ocupadas por ruas, indústrias
e residências.
Adaptado de: www.estadao.com.br 21/06/2007

Imagine que a cidade da notícia seja a cidade onde você mora e trabalha.
Responda, individualmente, as perguntas abaixo.

O estudo aponta a degradação de uma área que, por lei, deveria ser
protegida. Você sabe que órgãos são responsáveis pela fiscalização
e preservação dessas áreas?

De que forma a degradação do entorno do manancial de captação


compromete a qualidade da água distribuída para consumo? A quan-
tidade de água também pode ser afetada?

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 11


Na opinião de uma das ambientalistas que participaram do estudo,
a situação diagnosticada exige atenção, pois eles não têm como
substituir o manancial que está sendo degradado. Que fatores são
relevantes na escolha do manancial de captação?

A degradação do manancial de captação leva à mudança nas caracte-


rísticas da água captada. O que deve ser feito em relação à técnica de
tratamento atualmente utilizada para tratar a água que vem desse manan-
cial? Quais as conseqüências de se utilizar uma técnica inadequada?

O que pode ser feito para reverter, ou, pelo menos, estabilizar o
processo de degradação que ameaça o manancial da notícia? Proponha
um plano de ação.

Agora que você e seus colegas fizeram uma reflexão sobre o assunto,
vamos aprofundar o estudo da água na natureza e as dificuldades
enfrentadas na captação de água para tratamento e distribuição.

12 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


A água na natureza OBJETIVOS:

- Reconhecer o
meio no qual você
vive e trabalha.

- Discutir a explora-
ção sustentável dos
A qualidade da água é resultante de fenômenos naturais e da atuação
recursos naturais
do homem. Iniciaremos esse módulo falando do ciclo hidrológico e a importância
e da distribuição da água no planeta. Falaremos sobre os tipos de das atividades que
mananciais e suas características, além da importância da escolha você realiza para a
correta e preservação do manancial de captação. sociedade e para o
meio ambiente.

Questão para discussão - Apresentar


conceitos de hidro-
Nossa primeira atividade em grupos será discutir a utilização dos logia e técnicas de
recursos hídricos dentro de uma Bacia hidrográfica. preservação dos
mananciais.

Reflitam sobre o que é importante fazer numa bacia hidrográfica


para que ela possa atender às necessidades das pessoas que nela
vivem sem comprometer a quantidade e a qualidade da água dos
mananciais. Dê exemplos.

Agora será feita uma exposição oral sobre Bacia Hidrográfica.


Procure participar durante a exposição: relate suas experiências, faça
perguntas, tire dúvidas e procure identificar o que complementa as
respostas que você e seu grupo apresentaram antes.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 13


Bacia Hidrográfica

Bacia hidrográfica é uma área natural cujos

www.eco.unicamp.br
limites são definidos pelos pontos mais
altos do relevo (divisores de água ou espi-
gões dos montes ou montanhas) e que tem
função de reservatório de água e sedimen-
tos. Dentro da Bacia, a água da chuva é
drenada superficialmente por um curso de
água principal até sua saída, no local mais
baixo do relevo, ou seja, na foz do curso
de água.

Modernamente, o planejamento governamental e a atuação das comunidades tendem a ser


feitos por bacias hidrográficas. Assim, foram formados os Comitês de Bacia Hidrográfica.

Há no seu município ou região comitê de Bacia? O órgão onde você trabalha participa?

Comitês de Bacias Hidrográficas decidem sobre as prioridades de investimentos relacionados


à água. Cada região tem ou terá um comitê de bacia, que pode ser dividido em sub-comitês,
permitindo cada vez mais que os usuários diretos possam gerir suas águas. Os Comitês
são compostos por vários representantes que partilham o uso da água: a União, no caso
dos rios federais, ou seja, que atravessam mais de um estado, os Estados; os municípios
situados na Bacia; usuários das águas; entidades civis (ONGs, Universidades, Associações,
entre outras) que atuam na área. Fazer parte de um comitê é uma ótima forma de fazer
valer seus direitos de cidadão e de participar da preservação dos mananciais!

Em uma bacia, as áreas que se situ-


am acima do ponto de captação (à
montante) e abaixo (à jusante) deve-
rão merecer atenção especial dos
trabalhadores do sistema de água e
da comunidade, para impedir ações
e atividades que possam prejudi-
car a quantidade e a qualidade da
água do manancial que abastece
esta comunidade e as comunidades
que se situam à jusante.
Regiões à montante e à jusante do ponto de captação

14 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Para proteger as bacias hidrográficas, em alguns países, os municípios de maior porte
ajudam financeiramente as regiões vizinhas, indústrias e produtores agrícolas a proteger
os mananciais. Os custos de tal apoio podem ser muito menores do que tentar transformar
água poluída em água potável.

Questão para discussão

Essa atividade propõe uma análise do processo de movimentação


da água na natureza.

Assista ao clipe da música Planeta Água. Fique atento às imagens


que retratam o ciclo hidrológico.

O autor descreve esse processo de forma poética e ressalta a impor-


tância desse recurso natural. Observe isso nos trechos da letra da
música, a seguir.

“Água que nasce na fonte serena do mundo


E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão”

“Águas que caem das pedras no véu das cascatas, ronco de trovão
E depois dormem tranqüilas no leito dos lagos[...]
Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d’água é misteriosa canção
Água que o sol evapora, pro céu vai embora, virar nuvens de algodão
Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva, tão tristes, são lágrimas na inundação”
Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam
o chão
E sempre voltam humildes pro fundo da terra [...]”

“Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão


Águas que banham aldeias e matam a sede da população”
Guilherme Arantes

A água se mantém em constante movimento. Ela evapora, precipita e constitui corpos d’água
superficiais ou infiltra no solo. A natureza mantém um equilíbrio desse processo fazendo com que
exista a quantidade de água necessária no subsolo, em forma de vapor na atmosfera ou compondo
geleiras, rios, lagos e represas. Porém a ação humana tem interferido nesse equilíbrio.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 15


Cite fatores que desequilibram o processo natural de movimentação
da água.

Agora será feita uma exposição oral sobre hidrologia. Procure participar durante a exposição:
relate suas experiências, faça perguntas, tire dúvidas e procure identificar o que complementa
as respostas que você e seu grupo apresentaram antes.

Hidrologia

A hidrologia é a ciência que estuda a distribuição e circulação da água na natureza. Para a explo-
ração racional dos recursos naturais, é fundamental reconhecer a importância desse processo
e entender como ele ocorre. Vamos começar definindo e classificando os mananciais.

Mananciais
Mananciais são corpos d’água, superficiais ou subterrâneos, fontes de água para utilização
em diversos fins.

Manancial superficial : constituído pelos Manancial subterrâneo: a água provém do


corpos d’água que ocorrem na superfície subsolo, podendo aflorar à superfície, sob a
terrestre: rios, riachos, lagos, represas, etc. forma de fontes ou nascentes, ou ser elevada
artificialmente por meio de bombas.
Fonte: http://geo.ya.com/lobios/Rio_Mao12.jpg

Fonte: http://www.azhydromet.com/SRIH/untitled10.jpg

16 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Ainda nesse módulo, aprofundaremos o estudo dos mananciais refletindo a importância de
preservá-los e de escolher corretamente o manancial de captação da água para tratamento
e distribuição.

Ciclo Hidrológico

Vimos como encontramos a água na natureza. Agora estudaremos como ela circula. É
chamado ciclo hidrológico a circulação contínua da água no planeta nos estados sólido,
líquido e gasoso. A radiação solar e a gravidade são os principais fatores responsáveis por
essa movimentação.

Os processos básicos do ciclo hidrológico são: a evaporação, a transpiração, a precipitação,


a infiltração e os escoamentos superficial e subterrâneo.

Fonte: Nascente, o verdadeiro tesouro da propriedade rural.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 17


∙ A evaporação ocorre a partir das águas superficiais, sob o efeito da radiação solar.
∙ A transpiração é o processo no qual os seres vivos devolvem à atmosfera parte da
água que absorveram, expondo-a à evaporação.
As gotículas de água em suspensão na atmosfera crescem e precipitam sob a forma de
chuva, neve ou granizo.
∙ A precipitação, que varia de uma estação para outra, ou de uma região para outra,
a depender das diferenças climáticas no tempo e espaço, é armazenada por vegetais
ou atinge o solo, podendo infiltrar para o subsolo, escoar por sobre a superfície ou ser
recolhida diretamente por corpos d’água.
∙ O escoamento subterrâneo em um aqüífero, por exemplo, pode se dar em diversas
direções e, eventualmente, emergir em um lago ou mesmo sustentar a vazão de um rio
perene em períodos de estiagem.
∙ Os processos de infiltração e escoamento superficial são muito inter-relacionados
e influenciados pela intensidade da chuva, pela cobertura vegetal e pela permeabilidade
do solo. A água que infiltra forma os lençóis freático e artesiano.
O ciclo hidrológico completa-se pelo retorno à atmosfera da água armazenada pelas
plantas, pelo solo e pelas superfícies líquidas, sob a forma de vapor d’água.

∙ Lençol freático: aquele em que


a água se encontra livre, com sua
superfície sob a ação da pressão
atmosférica. É uma água mais sujeita
à poluição e contaminação que o
lençol artesiano, por estar mais
próxima da superfície do solo.

∙ Lençol artesiano (lençol


Fonte: Nascente, o verdadeiro tesouro da propriedade rural.

confinado): aquele em que a água


se encontra confinada por camadas
impermeáveis do subsolo, sob
ação de pressão superior à pressão
atmosférica. É menos sujeito à
poluição e contaminação devido
à proteção da rocha impermeável
que fica sobre ele. Mesmo assim,
se não for protegido, ele poderá
ser comprometido em quantidade e
qualidade.

18 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Veja a mídia do ciclo hidrológico na Bacia Hidrográfica Virtual.

Aproveite e teste seus conhecimentos sobre o Ciclo da água na “Dinâmica das setas”!

Agora que revimos como a água circula na natureza, vamos entender como a água está
distribuída no planeta.

Distribuição da água no planeta

Você sabia que, de toda a água existente no planeta, apenas 2,7% são água doce? Dessa já
reduzida parcela, somente 0,4% corresponde à água existente em rios, lagos e pântanos.

Logo, apenas 0,4% apresentam-se como água superficial, de utilização mais fácil pelo ser
humano. Daí, a grande importância da preservação da quantidade e da qualidade dos recur-
sos hídricos disponíveis no planeta.

Distribuição da água na Terra Distribuição da água doce no mundo

Fonte: www.rededasaguas.org.br
2,7% 22,4%

0,35%
0,04%
0,01%

97,3% 77,2%

Água salgada Gelo das calotas polares


Água doce Água subterrânea
Lagos e pântanos
Rios
Atmosfera

Escolha e proteção do manancial de captação

Vimos que existem mananciais subterrâneos e superficiais. O manancial é a parte mais


importante de um abastecimento de água, pois, de sua escolha criteriosa, depende o sucesso
das demais unidades do sistema, no que se refere tanto à quantidade como à qualidade da
água a ser disponibilizada à população.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 19


Muitas vezes o profissional da
área de abastecimento de água,
ao escolher o manancial, pensa
apenas na suficiência de sua
vazão (quantidade de água) e
Fonte: Livro das águas

na facilidade de adução de suas


águas até a comunidade.

Mas isso não é suficiente. Esse


profissional deve considerar
também a proteção do manancial
de captação, lembrando-se de que, via de regra, quanto maior a vazão do manancial tanto
maior é a sua bacia hidrográfica, o que vale dizer, tanto mais difícil será garantir a proteção
da respectiva bacia hidrográfica e, por conseguinte, a qualidade da água a ser captada.

Deve ser lembrado também que, se a água


captada estiver poluída por determinadas
substâncias, não será possível torná-la potá-
vel pelos processos de tratamento de água
usualmente utilizados.

O chamado tratamento convencional da água


(composto por coagulação, floculação, decanta-
ção e filtração, além da desinfecção e fluoretação),
pode não ser capaz de remover satisfatoriamen-
te substâncias como: cloreto, cromo, fluoreto,
chumbo, mercúrio, compostos orgânicos sinté-
ticos, pesticidas, dentre outros.

A importância da preservação do manancial de captação é lembrada na Declaração Universal


dos Direitos da Água, promulgada pela ONU em 1992, em seu artigo 3º. Ela lembra que:

“Os mecanismos naturais de transformação da água bruta em água potável são


lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com
racionalidade, precaução e parcimônia.”

Deve-se usar as ferramentas da legislação ambiental para garantir a proteção dos mananciais.
A seguir estão algumas definições das leis ambientais brasileiras e alguns componentes do
Sistema Ambiental.

20 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Legislação ambiental

O Direito ambiental tem a função de propor regras que conciliem dois elementos: desen-
volvimento econômico e proteção ambiental.

Muitas vezes, podemos encontrar grandes áreas impactadas devido ao rápido desenvol-
vimento econômico sem o controle e manutenção dos recursos naturais. A conseqüência
pode ser poluição, uso incontrolado de recursos como água e energia e prejuízos à saúde
dos cidadãos.

Existem sistemas de órgãos ambientais federais, estaduais e, em alguns locais, municipais.


A legislação federal sobrepõe a estadual, que, por sua vez, sobrepõe a municipal, a não ser
que sejam suplementares ou complementares. Vejamos alguns exemplos de órgãos que
atuam nas diferentes esferas de governo e aos quais você deve recorrer para fazer denúncias
e obter informações.

Implementação dos
Formulação da política
instrumentos políticos

Organismos Administração Poder Entidades


Âmbito
colegiados direta outorgante da bacia

Conselho Ministério do
meio ambiente / Agência nacional
nacional de
Secretaria nacional de águas
recursos hídricos
Nacional de recursos
hídricos
Agência
Comitê de bacia
de bacia

Conselho
Secretaria Entidades
estadual de
de Estado estaduais
recursos hídricos
Estadual

Agência
Comitê de bacia
de bacia

Sempre que uma determinada ação provocar alteração na qualidade, na quantidade ou no


curso natural de um manancial, deve-se requerer uma Outorga. A outorga dá direito ao uso
da água, mas não sua propriedade, pois a água é um bem público. Pode-se dizer que existem

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 21


três modalidades de outorga: concessão, permissão e autorização. A administração pública
é responsável por controlar o uso das águas, protegendo o interesse público. A outorga
pode ser suspensa em caso de conflito ou escassez, pelo não cumprimento dos termos da
outorga, pela ausência de uso por um número determinado de anos, entre outros casos.

Instrumento básico da ação urbanística, o Plano Diretor esta-


belece um processo de planejamento dinâmico, participativo e
descentralizado, propiciando que mudanças efetivas aconteçam
em municípios com mais de 20.000 habitantes.

A propriedade privada não pode ser utilizada para favorecer


somente seu proprietário, é preciso determinar o bom e o mau
uso dessa propriedade em função do interesse comum.
A Lei de Uso e Ocupação do solo especifica que, para cada
região do município, devem ser fixadas as exigências funda-
mentais de ordenação do solo para evitar a degradação do meio
ambiente e os possíveis conflitos no exercício das atividades
urbanas. Controla o uso da terra, a densidade populacional, a
finalidade, a dimensão e volume das construções.

Na Bacia Hidrográfica virtual estão atividades sobre legislação ambiental, além do texto
completo das principais leis ambientais brasileiras.

Para ler e refletir

No início desse módulo fizemos a análise de uma situação onde o manan-


cial de captação sofria um acelerado processo de degradação.

Falamos sobre órgãos ambientais. Você sabe quais deles atuam


em sua região?

22 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Você respondeu sobre como a degradação do entorno do manancial de
captação compromete a quantidade e a qualidade da água distribuída
para consumo. Você tem algo a acrescentar em sua resposta anterior?

E sobre os fatores relevantes na escolha do manancial de captação?


Você tem algo a acrescentar em sua resposta?

O que pode ser feito para reverter, ou, pelo menos, estabilizar o
processo de degradação que ameaça o manancial da notícia? Que
tal reconstruir seu plano de ação?

Até agora vimos conceitos sobre a água na natureza, agora vamos


discutir a exploração desses recursos naturais no contexto da Bacia
Hidrográfica.

Agora será feita uma exposição oral sobre ocupação adequada do


solo. Procure participar durante a exposição: relate suas experiências,
faça perguntas, tire dúvidas e procure identificar o que complementa
as respostas que você e seu grupo apresentaram antes.

Devemos nos preocupar com o uso e ocupação do solo dentro de


uma Bacia Hidrográfica, pois isso influencia a qualidade das fontes
de água que a ela pertencem. Esse é o nosso próximo assunto.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 23


Ocupação adequada do solo

Não se pode esquecer que, para garantir a quantidade e a qualidade da água dos mananciais
e das nascentes que os alimentam, deve-se manter a vegetação natural no seu entorno e
nas encostas, e também tomar alguns cuidados no uso e preparo do solo para diminuir a
velocidade das enxurradas e aumentar a infiltração de água no solo.

A seguir, apontam-se algumas providências a serem adotadas para que os objetivos acima
destacados sejam atingidos:

Lembre-se do que vimos sobre legislação ambiental. Quem deve tomar tais providências?

∙ Conservação ou recomposição da vegetação das áreas de recarga do lençol


subterrâneo, áreas essas geralmente situadas nas chapadas ou nos topos
dos morros.

∙ Manutenção da vegetação em encostas de morros, além da implantação de


dispositivos que minimizem as enxurradas e favoreçam a infiltração da água
de chuva, como por exemplo, pequenas bacias de captação de enxurradas
em encostas de morros.

∙ Proteção das áreas de nascentes de água.


Fonte: Nascentes, o verdadeiro
tesouro da propriedade rural

∙ Conservação ou replantio, com vegetação


nativa, das matas ciliares, que se situam ao
longo dos cursos de água e que são importan-
tes para minimizar o carreamento de solo e de
poluentes às coleções de água superficial.

∙ Na área rural deve-se utilizar e manejar corretamente áreas de pasto, de modo


a evitar a degradação da vegetação e o endurecimento do solo por excessivo
pisoteamento de animais (que dificulta a infiltração da água de chuva);

∙ Adoção de técnicas de plantio em curvas de nível e previsão de faixas


de retenção vegetativa, de cordões de contorno e de culturas de
cobertura, além do uso criterioso de maquinário agrícola, evitando a
impermeabilização do solo.

24 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


∙ Respeito às leis de uso e ocupação do solo nas áreas urbanas, que
estabelecem percentagens de áreas permeáveis nos terrenos de
propriedade particular e presença de áreas verdes nas regiões de
propriedade pública.

∙ Planejamento técnico na implantação de loteamentos.

∙ Desvio de enxurradas que ocorrem em estradas de terra, para bacias de


infiltração a serem implantadas lateralmente às estradas, procedimento que
evita o carreamento de solo aos cursos de água e favorece a infiltração da
água de chuva no subsolo.

∙ Adequado sistema de drenagem urbana. Combate às ligações clandestinas


de esgotos e ao acúmulo de resíduos em canais pluviais.

∙ Utilização racional de agrotóxicos e de fertilizantes (nas áreas rurais) e


controle do lançamento de efluentes industriais (nas áreas urbanas), de
modo a evitar a contaminação de aqüíferos e das coleções de água de
superfície.

∙ Destinação adequada dos esgotos e dos resíduos sólidos (“lixo”) originados


em residências, indústrias e atividades agrícolas, além da adoção de
procedimentos de redução, reutilização e reciclagem de resíduos, assim
como o reuso da água em aplicações que não representem riscos à saúde
humana e animal.

∙ Estímulo à economia de água e energia.

∙ Incentivo a atividades econômicas que não agridam o meio ambiente, tais


como agricultura orgânica e turismo ecológico.

Os serviços de saneamento devem manter sempre contato com órgãos como secre-
tarias do meio ambiente, secretaria de recursos hídricos, ANA, Emater, Universidades.

A proteção do meio ambiente deve ser uma ação coletiva do Poder Público, em todas as
instâncias, e da sociedade.

Enfim, mais do que o simples cumprimento de leis, a responsabilidade sobre a intervenção


na natureza deve ser encarada de forma solidária.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 25


“O mundo não
foi presenteado
pelos nossos
antepassados,
mas emprestado
por nossos filhos.” Como desenvolver as atividades necessárias à sobrevivência e ao avan-
ço tecnológico de forma sustentável levando em conta as populações
Provérbio africano que ficam à jusante de um manancial e as próximas gerações?

Sustentabilidade, desenvolvimento sustentável... Esses termos têm feito parte de


nossas vidas, seja nos noticiários, nos discursos políticos. Mas o que é desenvolver
de forma sustentável?

Nossas ações geram resultados sustentáveis quando levam em conta o meio ambiente
e a sociedade. Ter idéias sustentáveis é pensar no que é bom, não só para você, mas
para toda a sociedade, inclusive nas gerações futuras e, conseqüentemente , no que
é bom para o planeta.

26 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Água e saúde OBJETIVOS:

- Identificar a rela-
ção entre qualidade
da água e saúde
pública;

- Lembrar os
Você conhece alguma doença veiculada pela água? Conhece alguém diversos usos da
que tem ou já teve esse tipo de doença? água e entender a
relação entre o uso
Agora que discutimos a importância de evitar a contaminação dos manan- e a qualidade da
ciais, relembraremos os usos da água e algumas doenças que podem ser água requerida;
transmitidas durante a utilização de água contaminada. Além das formas
de transmissão, falaremos sobre a prevenção dessas doenças. - Comentar os
conceitos relacio-
nados às principais
Questão para discussão doenças de veicu-
lação hídrica e à
A água é fundamental à sobrevivência dos seres humanos. Mas ela contaminação dos
corpos d’água.
também pode ser veículo de transmissão de doenças.

Em grupos, pensem e respondam:

Cite 03 usos para a água

Que doenças de veiculação hídrica são comuns em seu município?

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 27


Que medidas são, ou devem ser, adotadas para redução da trans-
missão de doenças através da água?

Vocês conhecem alguma norma que classifica as águas e define


padrões para lançamento de efluentes? Dê exemplos.

Agora será feita uma exposição oral sobre usos da água e doenças de
veiculação hídrica. Procure participar durante a exposição: relate suas
experiências, faça perguntas, tire dúvidas e procure identificar o que
complementa as respostas que você e seu grupo apresentaram antes.

Usos da água

Vamos começar nosso assunto, água e saúde, falando da utilização da água pelo ser
humano.

Além da necessidade biológica da ingestão de água, o ser humano a utiliza para higiene,
preparação de alimentos, atividades econômicas, recreativas ou como transporte e para
geração de energia.

28 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Consumo humano Abastecimento industrial

Dessedentação de animais Recreação e lazer

Pesca Irrigação

Navegação Geração de energia elétrica

Preservação da flora e da fauna, paisagismo Diluição de despejos.


e manutenção da umidade do ar

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 29


A Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 357/2005, classifica os manan-
ciais de acordo com a qualidade de suas águas, indicando as suas possíveis utilizações. Ela
também define o padrão para lançamento de efluentes em corpos d’água.

Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 357/2005

Esta resolução CONAMA 357/2005 dispõe sobre a classificação dos corpos de água e dá
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluentes.

A água utilizada para consumo é a água doce, que é classificada, pela resolução 357/2004
do CONAMA da seguinte forma:

Classificação das águas doces

I Classe Especial - águas destinadas: a) ao abastecimento doméstico sem prévia


ou com simples desinfecção;
b) à preservação do equilíbrio natural das
comunidades aquáticas.

a) ao abastecimento doméstico após


II Classe 1 - águas destinadas:
tratamento simplificado;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário (natação,
esqui aquático e mergulho);
d) à irrigação de hortaliças que são
consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que são
ingeridas cruas sem remoção de película;
e) à criação natural e/ou intensiva
(aqüicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.

III Classe 2 - águas destinadas: a) ao abastecimento doméstico, após


tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário (esqui
aquático, natação e mergulho);
d) à irrigação de hortaliças e plantas
frutíferas;
e) à criação natural e/ou intensiva
(aqüicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana;

30 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


IV Classe 3 - águas destinadas: a) ao abastecimento doméstico, após
tratamento convencional;
b) à irrigação de culturas arbóreas,
cerealíferas e forrageiras;
c) à dessedentação de animais.

V Classe 4 - águas destinadas: a) à navegação:


b) à harmonia paisagística;
c) aos usos menos exigentes.

Há parâmetros que definem cada uma das classes. Consulte a resolução no


site www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf

Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indireta-
mente, nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições,
padrões e exigências dispostos na resolução 357/2005 do CONAMA.

Nas águas de classe especial é vedado o lançamento de efluentes ou disposição de resí-


duos domésticos, agropecuários, de aqüicultura, industriais e de quaisquer outras fontes
poluentes, mesmo que tratados.

Doenças de veiculação hídrica

Na água que utilizamos para beber e para higiene podem existir organismos patogênicos e
seja pela ingestão, ou por contato, podemos contrair algumas doenças.

Observe, no vídeo sobre as doenças de veiculação hídrica mais comuns, as formas de evitar,
reconhecer e tratar a esquistossomose, a cisticercose, a ascaridíase e outras doenças.

Fique atento às informações do vídeo e complemente as respostas que seu grupo elaborou
na atividade do início desse módulo!

As principais doenças relacionadas com a água, bem como as formas de transmissão e de


prevenção foram apresentadas no vídeo que você acabou de assistir. A seguir, estão algumas
informações sobre transmissão, sintomas e prevenção de algumas doenças de veiculação
hídrica, para você relembrar.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 31


Transmissão, sintomas e prevenção de algumas
doenças de veiculação hídrica

Transmissão

∙ Amebíase, giardíase, cólera, diarréias,


ascaridíase (lombriga): ingestão de água ou de
alimentos contaminados, moscas, mãos sujas.

∙ Esquistossomose: contato da pele ou mucosas


com água contaminada.

Sintomas

A pessoa portadora de vermes normalmente sente fraqueza, perde o apetite, emagrece,


enquanto sua barriga permanece inchada.

Prevenção de doenças

O controle da transmissão de doenças deve ser feito pelas seguintes ações:


∙ Educação sanitária.
∙ Melhoria da higiene pessoal, doméstica e dos alimentos.
∙ Utilização e manutenção adequadas das instalações sanitárias.
∙ Saneamento ambiental.
∙ Tratamento da água.
∙ Tratamento e disposição adequada dos resíduos (lixo e esgoto).
∙ Medidas de controle de vetores.

Além dos microrganismos patogênicos, a água, por sua


Marcos Guião / Angular
capacidade de dissolver quase todos os compostos quími-
cos, pode carregar substâncias como zinco, magnésio,
cálcio ou elementos radioativos, que, dependendo da
concentração, podem ser nocivas à saúde.

Todos têm direito à saúde, logo todos têm direito ao


acesso à água de qualidade.

32 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Veja a definição de saúde e saneamento da Organização Mundial de Saúde (OMS)

Saúde - “Estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a


ausência de doença ou enfermidade”.

Saneamento - “Controle de todos os fatores do meio físico do homem, que


exercem ou podem exercer efeito nocivo sobre o seu bem-estar físico, mental
ou social”.

Adequado sistema de saneamento → saúde

Saneamento precário → proliferação de doenças

Acabamos de ver os diversos usos da água, a classificação legal para as águas e a relação
com agravos à saúde humana. Agora vamos discutir a legislação sobre monitoramento e
controle de qualidade da água para evitar esses agravos.

Para ler e refletir

Discutimos a relação da saúde com o adequado funcionamento dos


sistemas de saneamento. Nessa atividade vamos lembrar que, para
garantir um adequado sistema de saneamento e o direito à saúde,
não podemos considerar o Abastecimento de água como um sistema
isolado. As demais áreas do saneamento interferem diretamente na
saúde e na qualidade das águas.

Reflita e escreva sobre a importância da gestão de resíduos sólidos,


do manejo de águas pluviais e dos sistemas de esgotamento sanitário
para a qualidade da água.

Gestão de resíduos sólidos

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 33


Manejo de águas pluviais

Sistema de esgotamento sanitário

34 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Controle de qualidade da água OBJETIVOS:

- Discutir a impor-
tância do controle
de qualidade da
água para a saúde
da população usuá-
ria dos serviços.
A água que chega aos consumidores deve atender aos padrões de
potabilidade estabelecidos pela legislação. Por isso, os responsáveis - Apresentar con-
pelo serviço de abastecimento de água devem manter um controle ceitos relacionados
da eficiência do processo de tratamento. Nas próximas páginas, fala- à caracterização da
remos do controle de qualidade da água potável, feito através dos água e a parâme-
padrões estabelecidos e regulamentados pela Portaria nº. 518/2004, tros regulamenta-
do Ministério da Saúde, denominados padrões de potabilidade. dos na Portaria MS
nº518/2004.
Para ler e refletir

Na notícia abaixo, veremos um caso onde falhas no controle de


qualidade da água destinada a abastecer a população trouxe conse-
qüências drásticas à saúde pública.

Lenta agonia
P. B., 25 anos, descobriu, há alguns meses, A água é retirada de lençóis freáticos que con-
que a doença que ela tinha não era algo raro têm grande quantidade de arsênio. A legislação
no país. Outros cidadãos eram consumidos bengalesa permite uma quantidade de arsênio
por febres altas e tinham mãos e pés deforma- cinco vezes maior que a OMS (Organização Mun-
dos, enfermidade que os matará lentamente. dial de Saúde), mas seus cidadãos estão beben-
Seu poço está contaminado e ela sabe disso. do até 2 miligramas por litro. Ou seja, 200 vezes
Mas tanto ela, como sua família, continua be- mais que o recomendado pela OMS.
bendo a água. Mesmo que o arsênio já tenha
desfigurado suas mãos, a família de P. B. não Os efeitos do lento envenenamento já podem ser
está disposta a abrir mão de um dos poucos notados. Peles de bengaleses apodrecendo, tu-
símbolos de sua prosperidade: o poço. mores epidérmicos que cobrem mãos e pés.

P. B. é uma das 18 milhões de pessoas que Não existe tratamento para a doença. O que
estão bebendo água contaminada em Bangla- pode ser feito é impedir que os bengaleses
desh e Bengala Ocidental (a nordeste da Índia). continuem bebendo a água contaminada.
Folha de S. Paulo (13/11/1998)

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 35


O arsênio é um elemento encontrado na natureza que, quando absorvido pelo corpo
em quantidades superiores a 65 miligramas, se torna fatal e dificilmente é detectado
por exames comuns. Causa problemas de pele, danifica tecidos dos rins e do fígado,
provoca náuseas, vômitos, diarréia, irritação no estômago, formigamento, diminui a
produção de células do sangue e aumenta os riscos de câncer.

Que medidas devem ser tomadas para evitar um problema como


esse entre os consumidores abastecidos pelo serviço de água onde
você trabalha?

Questão para discussão


“Toda água é a mesma água
Cada água é uma água só
Cada água é uma outra água
Toda água é mesmo água e só”
Trecho de “Água” de Arrigo Barnabé e Arnaldo Antunes

A água tem a propriedade de dissolver quase todos os compostos


químicos. Podemos afirmar, então, que nem toda água “é mesmo
água e só”, como afirmam os autores do texto acima?

36 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


1. Que tipos de impurezas, nocivas à saúde, podemos encontrar
diluídas na água?

2. O que levaria você, como consumidor, a reclamar da qualidade da


água que chega a sua casa?

3. Classifiquem os parâmetros abaixo em químico, físico ou bioló-


gico. Ao longo do estudo desse módulo você poderá conferir se a
classificação que seu grupo deu a cada parâmetro está correta.

Parâmetro Físico Químico Biológico


Turbidez

Micropoluentes orgânicos

Cor

Cloretos

Coliformes

Matéria orgânica

Cloro residual livre

Micropoluentes inorgânicos

Fluoreto

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 37


Parâmetro Físico Químico Biológico
Nitrogênio

Sabor

Fósforo

pH

Metais

Odor

Dureza

Temperatura

Oxigênio dissolvido

4. Escolham 03 desses parâmetros, que o serviço de seu município moni-


tora, e expliquem a importância de seu monitoramento e controle.

38 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Agora será feita uma exposição oral sobre caracterização da água. Procure participar durante
a exposição: relate suas experiências, faça perguntas, tire dúvidas e procure identificar o que
complementa as respostas que você e seu grupo apresentaram antes.

Caracterização da água

Para que os profissionais realizem o controle de qualidade da água durante as etapas do


tratamento, é preciso saber identificar as impurezas presentes na água que podem causar
algum mal à saúde de quem a consome. Em geral, os consumidores reclamam da qualidade
da água quando ela apresenta gosto, cheiro ou coloração desagradável, mas uma água insí-
pida, inodora e incolor não é necessariamente uma água segura do ponto de vista sanitário.
Por isso, além de usar os sentidos como olfato, visão e paladar, é indispensável fazermos a
caracterização da água utilizando equipamentos de laboratório para conhecermos melhor
a água que está sendo distribuída à população. Entretanto, é importante lembrar que os
equipamentos também têm limitações.

Os componentes presentes na água que alteram o seu grau de pureza são classificados de
acordo com suas características físicas, químicas e biológicas. Algumas dessas caracterís-
ticas foram definidas como parâmetros para a qualidade da água. A Portaria MS nº518/2004
define os parâmetros microbiológicos de potabilidade da água para consumo humano e
classifica as substâncias químicas que representam risco à saúde em orgânicas, inorgânicas,
cianotoxinas, agrotóxicos e desinfetantes e produtos secundários da desinfecção. Ao longo
desse módulo aprofundaremos o estudo desses parâmetros.

Impurezas

Características físicas Características químicas Características biológicas

Sólidos Gases Inorgânicos Orgânicos

Suspensos
Seres vivos
Coloidais
Matéria em
Dissolvidos Animais
decomposição
Vegetais

Protistas

Impurezas contidas na água (SPERLING, 1995).

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 39


Principais parâmetros de qualidade da água

Parâmetros físicos de qualidade da água

Estão associados, em sua maior parte, aos sólidos presentes na água. Estes sólidos podem
ser em suspensão, coloidais ou dissolvidos, dependendo do seu tamanho.

As partículas de pequena dimensão correspondem aos sólidos em suspensão e a matéria


dissolvida à água, não removida por filtração em papel, são os sólidos dissolvidos. Numa
faixa intermediária estão os sólidos coloidais.

Os principais parâmetros físicos são: turbidez, cor, gosto, odor e temperatura.

Você classificou os parâmetros físicos corretamente? Confira suas respostas nas questões
para discussão desse módulo.

Parâmetros químicos de qualidade da água

Os parâmetros químicos são determinados pelas substâncias químicas presentes na água,


classificadas em orgânicas ou inorgânicas.

Substâncias orgânicas são os compostos do carbono. Formam em sua maioria os


organismos animais e vegetais. Substâncias inorgânicas são todas aquelas que não são
orgânicas, por exemplo, os minerais.

Alguns exemplos de parâmetros químicos são: cloretos, cloro residual livre, micropoluentes
inorgânicos, micropolunetes orgânicos, fluoretos, nitrogênio, fósforo, pH, metais, dureza e
oxigênio dissolvido.

Eutrofização é a proliferação excessiva de algas, causada pelo excesso de nutrientes


(compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio, normalmente causado pela descar-
ga de efluentes domésticos, agrícolas ou industriais em um corpo d’água. As algas
podem causar gosto e odor na água, além de outros problemas sanitários, elas ainda
provocam o entupimento mais rápidos dos filtros das estações de tratamento de água.
A eutrofização também pode levar à proliferação de cianobactérias, que são microrga-
nismos que podem liberar toxinas na água, como será comentado mais adiante.

40 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Os micropoluentes orgânicos são componentes resistentes á degradação biológica, que
se acumulam na cadeia alimentar. Entre esses, citam-se os agrotóxicos, alguns tipos de
detergentes e outros produtos químicos, os quais são tóxicos.

São alguns exemplos de micropoluentes inorgânicos: arsênio, cádmio, cromo, chumbo,


mercúrio, prata, cobre e zinco.

Você classificou os parâmetros químicos corretamente? Confira suas respostas nas questões
para discussão desse módulo.

Parâmetros biológicos de qualidade da água

O monitoramento da concentração de microrganismos é de fundamental importância para


o controle de qualidade da água. Bactérias, algas, fungos, protozoários, vírus e outros
microrganismos podem provocar doenças.

Os principais organismos indicadores de contaminação fecal são os coliformes, grande


grupo de bactérias dentro do qual estão os coliformes termotolerantes, ou coliformes fecais
(encontrados no intestino humano e de outros animais). A Escherichia coli é a principal bactéria
do grupo de coliformes termotolerantes, pois é a única que dá garantia de contaminação
exclusivamente fecal. Na Portaria MS nº. 518/2004 também é recomendada a pesquisa de
organismos patogênicos como Cryptosporidium, Giardia e enterovírus.

Outro contaminante microbiológico da água são as cianobactérias. Podem produzir gosto e odor
desagradáveis nas águas e liberar cianotoxinas, substância tóxica ao organismo humano que
não é removida pelos sistemas de tratamento de água convencionais e nem pela fervura.

Você classificou os parâmetros biológicos corretamente? Confira suas respostas nas questões
para discussão desse módulo.

A qualidade da água de determinado corpo d’água pode ser classificada nos níveis excelente,
bom, médio, ruim ou muito ruim através de um índice que leva em conta alguns parâmetros
físicos, químicos e biológicos, o Índice de Qualidade da Água.

O Índice de Qualidade de Águas foi desenvolvido pela National Sanitation Foundation em


1970 nos Estados Unidos e incorpora 9 parâmetros, que foram escolhidos, pelos diferentes
especialistas que o desenvolveram, como sendo os mais relevantes para serem incluídos na
avaliação das águas destinadas ao abastecimento público.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 41


Vimos como as impurezas contidas na água podem oferecer riscos à saúde e que são classi-
ficadas de acordo com suas propriedades mais relevantes: características físicas, químicas ou
biológicas. Durante o tratamento da água, essas características são medidas periodicamen-
te, obedecendo as determinações que constam na Portaria MS no. 518/2004. Se a empresa
onde você trabalha não possui todos os equipamentos necessários para caracterizar a água
distribuída à população, é necessário enviar as amostras a um laboratório credenciado para
fazer as análises e exames necessários.

Questões para discussão

Em um município brasileiro, ocorreu um vazamento de resíduos de


uma indústria de papel, contaminando o manancial que abastece
a cidade. A secretaria de saúde, a de meio ambiente e o serviço
responsável pelo abastecimento público de água precisam comunicar
a situação para a população uma vez que o abastecimento deverá ser
suspenso. Façam, em grupo, uma proposta de comunicado.

Agora será feita uma exposição oral sobre o Decreto 5.440/2005. Procure participar durante
a exposição: relate suas experiências, faça perguntas, tire dúvidas e procure identificar o que
complementa as respostas que você e seu grupo apresentaram antes.

42 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Informação ao consumidor

Vimos anteriormente que as informações sobre a qualidade da água

http://www.unimedvr.com.br/dicas/imagens/agua_menina.jpg
bruta e da água tratada são muito importantes no seu trabalho. Você
acha que os consumidores também devem ter informação sobre a
qualidade da água? Esse é o nosso próximo assunto.

É muito importante termos conhecimento de um Decreto que foi


publicado no dia 4 de maio de 2005 (Decreto 5.440/2005) e que
regulamenta as informações sobre qualidade da água que devem ser
dadas aos consumidores. Como trabalhador do serviço de abaste-
cimento de água da sua cidade e também consumidor, precisamos
conversar um pouco mais sobre o Decreto 5.440/2005.

A seguir, estão algumas informações que constam no Decreto e na Portaria MS 518/2004.

Ação dos responsáveis pelos serviços

Compete ao município garantir à população informações sobre a qualidade da água produzida


e distribuída. Cabe aos responsáveis pela operação dos sistemas de abastecimento de água
fornecer a todos os consumidores, nos termos do Código de Defesa do Consumidor, informações
sobre a qualidade da água distribuída e informar adequadamente à população a detecção de
qualquer anomalia operacional no sistema ou não-conformidade na qualidade da água tratada,
identificada como risco à saúde.

Os responsáveis pelas soluções alternativas de abas-


tecimento de água devem informar adequadamente à Solução alternativa coletiva de
população a detecção de qualquer anomalia identificada abastecimento de água para
como de risco á saúde. consumo humano é toda moda-
lidade de abastecimento coletivo
Sempre que forem identificadas situações de risco à saúde, de água distinta do sistema pú-
o responsável pela operação do sistema ou solução alter- blico de abastecimento de água,
nativa de abastecimento de água e as autoridades de saúde incluindo, dentre outras, fonte,
pública devem estabelecer entendimentos para elaboração poço comunitário, distribuição
de um plano de ação e tomada de medidas cabíveis, por veículo transportador, insta-
incluindo a eficaz comunicação à população, sem lações condominiais horizontais
prejuízo das providências imediatas para a correção e verticais.
da anormalidade.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 43


Das informações

A informação prestada ao consumidor sobre a qualidade e características físicas, quími-


cas e microbiológicas da água para consumo humano deve:
a) ser verdadeira e comprovável;
b) ser precisa, clara, correta, ostensiva e de fácil compreensão e
c) ter caráter educativo, promover o consumo sustentável da água e propor-
cionar o entendimento da relação entre a sua qualidade e a saúde da
população.

Na prestação de serviços de fornecimento de água é assegurado ao consumidor, dentre


outros direitos, receber nas contas mensais, no mínimo, as seguintes informações sobre
a qualidade da água para consumo humano:
a) divulgação dos locais, formas de acesso e contatos por meio dos quais
as informações estarão disponíveis;
b) orientação sobre os cuidados necessários em situações de risco à
saúde;
c) resumo mensal dos resultados das análises referentes aos parâmetros
básicos de qualidade da água; e
d) características e problemas do manancial que causem riscos à saúde e
alerta sobre os possíveis danos a que estão sujeitos os consumidores,
especialmente crianças, idosos e pacientes de hemodiálise, orientando
sobre as precauções e medidas corretivas necessárias.

O consumidor deverá também ser informado quando não houverem sido realizadas as
análises de determinados parâmetros bem como o motivo da sua não-realização.

Deve-se apresentar ao consumidor um panorama sobre a qualidade da água que lhe é


fornecida. Para atingir a esse objetivo, o Decreto 5.440/2005 determina que o consu-
midor deve receber informações sobre parâmetros básicos. Entende-se por parâmetros
básicos, aqueles que são realizados na rotina operacional do tratamento e distribuição
da água, que são: bacteriologia (coliformes totais e termotolerantes ou E. coli), turbidez,
cor aparente, cloro residual livre e flúor. Recomenda-se informar ainda resultados das
análises de odor e gosto, que são os parâmetros sensíveis ao consumidor.

44 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Dos prazos

Os órgãos e as entidades dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios e demais pessoas
jurídicas, às quais o Decreto 5.440/2005 se aplica, deverão enviar as informações aos consumi-
dores sobre a qualidade da água nos seguintes prazos:
a) informações mensais na conta de água sobre os locais, formas de acesso e conta-
tos por meio dos quais as informações estarão disponíveis e orientação sobre os
cuidados necessários em situações de risco, a partir do dia 5 de junho de 2005;
b) informações mensais na conta de água com o resumo mensal dos resultados das
análises referentes aos parâmetros básicos de qualidade da água e características
e problemas do manancial que causem riscos à saúde e alerta sobre os possíveis
danos a que estão sujeitos os consumidores, especialmente crianças, idosos e
pacientes de hemodiálise, orientando sobre as precauções e medidas corretivas
necessárias, a partir de 15 de março de 2006.

O fornecimento de água por meio de veículos transportadores constitui-se em uma ativi-


dade de alto risco para a saúde pública, considerando as inúmeras variáveis envolvidas
na garantia da qualidade da água. Neste sentido, as autoridades de Saúde Pública devem
estar muito atentas para o exercício da Vigilância deste tipo de atividade, necessitando,
para tanto, efetuar um cadastramento de todas as operadoras fornecedoras de água por
veículo transportador que atuam no município.

O não-cumprimento do Decreto 5.440/2005 implica infração às Leis n. 8.078/1990 e


6.437/1977, que prevêem punição com advertência, multa e detenção, além de sanções admi-
nistrativas cabíveis, pelo não cumprimento de determinações da Portaria 5.440/2005.

Informações mais detalhadas sobre o Decreto 5.440/2005 podem ser obtidas na internet
no endereço http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/cometarios_sobre_o_decre-
to5440-2005.pdf.

Se você tiver dificuldade de acessar a internet, peça ajuda a algum colega ou ao instrutor e
ao monitor dessa oficina. Naquela página da internet encontra-se o documento intitulado
“Comentários sobre o Decreto Presidencial n. 5.440/2005: subsídios para implementação”,
com diversos exemplos de como se deve passar a informação aos consumidores.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 45


Os cidadãos devem receber informações que despertem o seu interesse e não um
compêndio com os resultados analíticos de todos os elementos ou substâncias químicas
exigidas pela portaria MS nº. 518/2004. Os resultados mais completos de controle de
qualidade devem fazer parte do relatório anual.

Devemos nos empenhar ao máximo para que o Decreto seja cumprido, mas essa não é uma
tarefa só sua, podemos contar com a ajuda dos Ministérios da Saúde, da Justiça, das Cidades,
do Meio Ambiente e autoridades estaduais, do Distrito Federal, dos Territórios e municipais,
no âmbito de suas respectivas competências, pois a fiscalização do cumprimento do disposto
no anexo do Decreto 5.440/2005 é exercida por esses órgãos.

Os fóruns atualmente existentes para a discussão, definição e deliberação de políti-


cas públicas também se constituem em espaços para a colaboração entre os setores
mencionados, tais como: os Comitês de Bacias Hidrográficas, os Conselhos de Saúde,
os Conselhos de Meio Ambiente, os Conselhos de Saneamento, os Conselhos de
Cidade. É importante que seja estimulada a sua constituição onde não existirem,
principalmente no nível municipal. Os Comitês de Bacias Hidrográficas, por exemplo,
tornam possível um maior controle social acerca da situação dos mananciais e da
bacia de modo geral, movimentando o SINGREH (Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos) e estimulando a participação das comunidades na tomada de
decisões. O intercâmbio de informações entre os diferentes órgãos e instituições
envolvidas na implementação do Decreto 5.440/2005 pode auxiliar em muito a inclu-
são e complementação de dados importantes nos diversos sistemas de informações
existentes sobre meio ambiente, licenciamento ambiental, monitoramento de corpos
d’água e outorga de uso dos recursos hídricos.

Converse com seus vizinhos, com colegas de trabalho, com o seu chefe, com o responsá-
vel pelo abastecimento de água da sua cidade sobre a importância que o cumprimento da
Portaria MS 518/2004 e do Decreto 5.440/2005 tem sobre a saúde da população.

Você pode até dizer a eles, por exemplo, que o Ministério das Cidades atua no fomento
à implementação do Decreto 5.440/2005 por meio de ações voltadas à capacitação dos
prestadores de serviço de saneamento, assistência técnica a estados e municípios para a
reestruturação institucional dos operadores públicos, disponibilização de linhas de crédito
para instalações laboratoriais destinadas ao controle de qualidade da água, além
da indução indireta ao incorporar o atendimento ao Decreto dentre os critérios
de pontuação adotados para a seleção de empreendimentos a serem financiados
ou apoiados com recursos federais.

46 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Veja dois exemplos de informativo e os comentários correspondentes.

I II
Sr.(a) consumidor(a), devido à falta de água Sr.(a) consumidor(a), ocorreu ontem va-
em nossos mananciais, seu sistema de zamento de resíduos de uma indústria
abastecimento de água está sujeito a inter- de papel, contaminando o manancial que
rupções no fornecimento, por períodos que abastece a cidade. A Secretaria Municipal
podem durar até 2 dias. Nesta situação, de Saúde e de Meio Ambiente alertam para
podem ocorrer problemas de infiltração na o risco à saúde. Chamam atenção da po-
rede de distribuição e material estranho pode pulação para não usar água do sistema de
penetrar na canalização atingindo sua casa. abastecimento público, não tomar banho
Caso note alguma diferença no aspecto de no rio e não utilizar sua água em outras
sua água (sujeira, alteração na cor, gosto dife- atividades domésticas, até que seja sana-
rente, etc.), nos comunique imediatamente e, do o problema. Caminhões-pipa estarão
enquanto tomamos as providências neces- atendendo situações de emergência. Se-
sárias, filtre e clore sua água para beber ou rão priorizados os atendimentos coletivos,
cozinhar. Qualquer dúvida, entre em contato como hospitais, asilos, orfanatos, escolas
conosco pelo telefone XXXX-XXXX, ou pelo e outras instituições. Qualquer dúvida en-
e-mail xxxx@xxxx.xx.xx ou visite uma de tre em contato com a autoridade de saúde
nossas agências nos seguintes endereços.... pública pelo telefone XXXX-XXXX.

A informação do tipo III não é adequada por que não deixa claro para o consumidor que tipo
de informação está disponível para a sua consulta. O Decreto 5.440/2005 determina, em seu
Anexo, que a informação deve ser precisa, clara, correta, ostensiva e de fácil compreensão.
Além disso, o responsável pelo abastecimento de água deve facilitar o acesso à informação,
não disponibilizando-a somente via internet, ou só via telefone, ou ainda, exigindo que o
consumidor se desloque longas distâncias para ter acesso aos dados de qualidade da água
em postos de atendimento distantes de sua residência.

III
Sr.(a) consumidor(a), para obter informa-
ções sobre o Decreto 5.440/2005, consulte
a página da internet da nossa empresa ou
dirija-se a uma de nossas agências.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 47


Para ler e refletir

No início desse módulo, Controle de Qualidade da Água, refletimos


sobre um caso de contaminação da água, que passou despercebi-
da durante anos, trazendo conseqüências irreversíveis à saúde da
população.

Sobre as questões que você respondeu:

Algo mudou em relação às medidas que você tomaria para evitar um


problema como esse entre os consumidores abastecidos pelo serviço
de água onde você trabalha?

Falamos sobre o decreto nº 5.440, que determina direitos para os


consumidores dos serviços de abastecimento de água.

Cite algumas medidas que você, como consumidor da água tratada


pela prestadora onde você trabalha, tomaria para fazer valer seu
direito de consumidor e evitar consumir água contaminada.

48 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Tratamento da água OBJETIVO:

- Discutir as tipolo-
gias de tratamento
de água mais
usuais e a relação
do tratamento com
a qualidade da
No módulo A água na natureza desse guia, discutimos a importância
água distribuída
da escolha correta e da proteção do manancial de captação da água,
para consumo.
pois, em sua origem, a água está sujeita a contaminação que pode
torná-la imprópria para consumo.

Para ser consumida sem oferecer risco à saúde, ou seja, para ser
potável, a água pode precisar passar por um tratamento que reduza
a concentração de contaminantes.

No módulo anterior, vimos a importância de garantir que a água


atenda aos padrões de potabilidade. Para isso, pode ser necessário
tratá-la de forma a reduzir a concentração de impurezas de origem
química, física ou biológica. O objetivo do tratamento é garantir a
potabilidade da água distribuída para consumo.

Questão para reflexão e discussão

Citar três processos que podem tornar a água potável.

Se for (ou quando foi) implantada, em seu município, uma Estação


de Tratamento de Água (ETA), quais critérios deverão ser observados
na escolha da técnica a ser utilizada?

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 49


Na Estação de Tratamento de Água (ETA)

Vamos iniciar o módu-

www.copasa.com.br
lo sobre tratamento
de água com uma
visita a uma Estação
de Tratamento de
Água (ETA). Durante
a visita à ETA, você
acompanhará as
etapas do processo
de tratamento e a
coleta, pelo instru-
tor, de amostras de
água bruta; de água
coagulada; floculada;
decantada; de água
filtrada e da água
tratada.

50 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Você pode anotar sua análise visual das amostras.

Amostra 01 Água bruta

Amostra 02 Água após a coagulação

Coagulação

Coagulantes são acrescentados à água em misturadores mecanizados


ou hidráulicos. O coagulante mais utilizado no tratamento de água é o
sulfato de alumínio, mas não é o único.

Amostra 03 Água após a floculação

Floculação

Após a coagulação, a água é conduzida para floculadores, local onde


os flocos são formados. Os floculadores são divididos em câmaras,
dentro das quais a intensidade da agitação diminui gradativamente, de
forma a não desintegrar os flocos formados. Os floculadores podem
ser mecanizados ou hidráulicos.

Amostra 04 Água após a decantação

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 51


Decantação

Após a formação dos flocos, a água é conduzida para decantadores.


Na decantação ocorre a sedimentação dos flocos formados, removen-
do parte das impurezas contidas na água.

Tratamento com flotação

No tratamento com flotação, o decantador é substituído por um flota-


dor. Nele, micro bolhas, (geradas com bombas e compressores de ar)
aderem aos flocos, que emergem à superfície.
Este sistema de tratamento é geralmente utilizado quando a água a ser
tratada forma flocos com baixa velocidade de sedimentação.

Amostra 05 Água filtrada

Filtração

O filtro é a última barreira de retenção das partículas que não foram


retiradas no decantador ou no flotador.

Amostra 06 Água tratada

Após a filtração a água passa ainda por desinfecção, por fluoretação


e, se necessário, pela correção do pH.

Desinfecção

A desinfecção tem o objetivo de eliminar os organismos patogênicos


que porventura não tenham sido retirados durante o tratamento de água.
Existem diversos métodos de desinfecção, como a cloração (feita com a
adição de cloro gasoso, hipoclorito de sódio; hipoclorito de cálcio e dióxido
de cloro), ozonização e uso de radiação ultravioleta.

52 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Você sabe por que a cloração é o método de desinfecção mais utili-
zado do Brasil?

Fluoretação

Os compostos de flúor mais utilizados para o tratamento são: o fluorsili-


cato de sódio e o ácido fluorsilício.

Você sabe qual o motivo do Ministério da Saúde exigir o uso do flúor


na água?

Correção do pH

Sempre que necessário, deve-se fazer a correção do pH na água antes


de distribuí-la. A cal virgem ou hidratada são os produtos mais utiliza-
dos para elevar o pH. Para abaixá-lo, pode-se usar ácido ou CO2.

O pH elevado pode provocar incrustações na tubulação, já o pH muito


baixo pode provocar corrosão.

Como essas danificações da tubulação comprometem a qualidade


da água distribuída para consumo?

Essas danificações da tubulação podem gerar problemas de saúde?

Assista agora ao vídeo que mostra o funcionamento de um sistema


convencional de tratamento de água.

Que processos estão sendo empregados nesse sistema de abaste-


cimento de água?

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 53


Técnicas usuais de tratamento de água

De maneira geral, as técnicas de tratamento são divididas em três grupos: os que filtram a
água rapidamente, os que filtram a água lentamente e os que tratam a água por tecnologias
de tratamento menos comuns.

Qualquer água, sob o ponto de vista técnico, pode ser tratada.


No entanto, o risco sanitário e o custo do tratamento podem
ser tão elevados que torna o tratamento inviável.

O quadro abaixo mostra as subdivisões desses três grupos. Complete os espaços em branco.

Tratamento convencional

Tratamento com flotação

Filtração direta ....................................................


Filtração rápida
Filtração direta ....................................................

Tratamento de água Filtração direta descendente com floculação

Dupla filtração

Filtração ....................................................
Filtração lenta
Filtração em múltiplas etapas

Técnica não comum Filtração ....................................................

54 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Técnicas que utilizam filtração rápida

Nestes tipos de tratamento, há necessidade de se fazer a coagulação química, ou seja,


adiciona-se um produto químico logo no início do tratamento. A água é filtrada rapidamente,
utilizando-se filtros que funcionam com uma taxa de filtração elevada.

Tratamento convencional ou ciclo completo

Trata água com teores de impurezas elevadas. Durante o tratamento, a água passa pelas
seguintes etapas: coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção, fluoretação e
correção de pH, quando necessário.

Filtração direta ascendente e descendente

O sistema de tratamento por filtração direta é recomendado para tratar água com menos
impurezas. A água a ser tratada passa pelas seguintes etapas: coagulação, filtração e desin-
fecção, fluoretação e correção de pH, quando necessário. A camada suporte e o meio filtrante
(onde as impurezas ficam retidas) dos filtros são compostos de seixos e areia. Este sistema
não suporta grandes variações da qualidade da água que será tratada.

∙ Filtração direta ascendente - Nos filtros ascendentes, o sentido do fluxo


da água é de baixo para cima. A água filtrada é recolhida em calhas que
ficam acima do leito filtrante e conduzida para um tanque para se fazer a
desinfecção.

∙ Filtração direta descendente - O sentido do fluxo da água é de cima


para baixo. A água tratada é recolhida por tubulações que ficam abaixo
da camada suporte. No filtro descendente, a espessura do meio filtrante é
menor do que a do filtro ascendente, por isso os filtros são mais baixos.

Filtração direta descendente com floculação

As etapas dessa técnica de tratamento são: coagulação, floculação, filtração, desinfecção,


fluoretação e correção do pH, quando necessário. A filtração direta descendente com flocu-
lação é utilizada no tratamento de águas brutas com menos impurezas mas cujas partículas
não são conveniente removidas no filtro se não tiverem seu tamanho aumentado. E como foi
visto anteriormente, a coagulação e a floculação permite aumentar o tamanho das impurezas
contidas na água, o que facilita sua remoção.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 55


Dupla filtração

A água a ser tratada passa pelas seguintes


etapas: coagulação, filtração ascendente,
filtração descendente, desinfecção, fluore-
tação e correção de pH, quando necessário.
A dupla filtração é utilizada no tratamento
de água bruta que não pode ser tratada por
filtração direta ascendente ou descendente,
mas que também não precisa de um trata-
mento convencional. Sistema de tratamento por dupla filtração

Técnicas que utilizam filtração lenta

Neste sistema de tratamento, a água bruta chega à ETA e vai diretamente para o filtro
lento. Após a filtração, faz-se a desinfecção, a correção de pH, quando necessário, e a
fluoretação.

O tratamento é feito por processo biológico. Os microrganismos que se desenvolvem sobre


a areia que compõe o filtro, auxiliam na remoção das impurezas contidas na água.
Entre os tipos de tratamento em que se utiliza a filtração lenta, podem-se citar a filtração
lenta propriamente dita e a filtração em múltiplas etapas. Nessas técnicas não se utilizam
coagulantes.

Filtração em múltiplas etapas

Neste sistema de tratamento, a água bruta passa por uma pré-filtração. Em seguida, passa
por filtração em pedregulho e areia grossa e depois passa pela filtração lenta.

Os pré-filtros são compostos de pedregulhos ou por pedregulhos e areia grossa e têm a


função de evitar a sobrecarga dos filtros lentos, principalmente em períodos de chuvas, em
que a turbidez da água é elevada.

56 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Tecnologias de tratamento menos usuais

Filtração em membranas

A filtração em membranas permite a remo-


ção de impurezas que não são normalmente
removidas nos tratamentos já citados. O uso
de membranas, como tecnologia de trata-
mento de águas naturais, ainda é limitado
no Brasil, principalmente devido aos custos
muito elevados dos equipamentos e da manu-
tenção dos mesmos.
Filtração em membranas

Utilização de carvão ativado

Algumas ETAs utilizam o carvão ativado (em pó ou granulado) durante o tratamento da água
com a finalidade de adsorver os compostos orgânicos da água. Esses compostos podem ser
pesticidas, substâncias húmicas (que provocam cor na água), etc.

Adsorção é o processo pelo qual átomos, moléculas ou íons são retidos na superfície de
sólidos mediante interações de natureza química ou física.

Pré-oxidação

Oxidação de compostos, orgânicos ou inorgânicos que alteram cor, odor e sabor da água
ou dificultam o desempenho do coagulante utilizado no tratamento.

A pré-oxidação deve ser usada com cautela, pois alguns subprodutos da oxidação (por
exemplo os trihalometanos) podem implicar riscos à saúde humana.

Sobre a visita à ETA

Vimos que a escolha da tipologia mais adequada ao tratamento da água está diretamente
relacionada à qualidade da água bruta captada.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 57


Sobre a estação de tratamento de água visitada, responda:

Qual a técnica de tratamento de água utilizada?

Na sua análise, essa é a técnica mais adequada? Por quê?

Na sua opinião, pode acontecer de a água sair potável da estação de


tratamento e de no momento do consumo ela não estar mais potável?
Se você acha que sim, dê exemplos.

Sobre a estação de tratamento da prestadora de serviço de abaste-


cimento de água na qual você trabalha:

Qual a técnica de tratamento utilizada?

58 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Que fatores levaram à escolha dessa técnica?

Na sua análise, essa é a técnica mais adequada? Por quê?

Para ler e refletir

Apesar de todas as exigências da legislação para o controle de quali-


dade da água distribuída pelos serviços de abastecimento, acontecem
fatos como o da notícia a seguir. Leia e reflita sobre o problema.

Corpo encontrado em tubulação de água


Um corpo foi encontrado ontem na tubulação Civil acredita que ele tenha seguido um cami-
de água de uma cidade brasileira, a cerca de nho oposto.
600 a 800m de um dos reservatórios.
Isso porque anteontem foi encontrado um
Pela posição em que foi encontrado, acredita- fragmento que se assemelha a um pedaço
se que o corpo tenha sido sugado e seguido de pele (ainda em averiguação em labora-
“dobrado” pelo cano. A pressão que “puxa” a tório) e marcas parecidas com a de dedos
água do reservatório para a tubulação, e teria dentro dessa tubulação à esquerda do re-
sugado T. P. C., 15 anos e J. L. S., 25 anos, servatório.
enquanto nadavam no local, é de 16 metros de
coluna de água. A família de T. P. C. diz que não havia no reser-
vatório nenhuma segurança e que os garotos
Até às 19h de ontem, um dos corpos ainda não da região sempre iam nadar no local.
havia sido localizado, mas o perito da Polícia

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 59


R. M. 42 anos, e A. M., 21 anos, que moravam na gar lá, os dois rapazes pularam uma grade de
rua em frente ao reservatório dizem que os adoles- lanças, arrombaram o cadeado da porta de
centes chegavam a levar máscara de mergulho. aço, subiram duas escadas estreitas (uma de
marinheiro) e retiraram a tampa de um alçapão
O órgão responsável pelo serviço nega. Se- de 40 kg.
gundo seu gerente de comunicação, para che-
Adaptado de: Folha de São Paulo 25/03/1999

Imagine que o município da notícia seja onde você mora e trabalha.

Quem são os responsáveis pelo problema?

O controle através das análises de laboratório, mesmo que seguido


com rigor, garante que toda a água distribuída tenha a qualidade
adequada?

60 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Monitoramento da qualidade OBJETIVOS:

- Discutir a
da água importância do
monitoramento, nas
estações de tra-
tamento de água,
dos parâmetros
Além de coordenar as etapas do processo de tratamento da água,
turbidez, cor, pH,
os operadores do sistema de abastecimento têm o importante papel
fluoreto e cloro
de monitorar constantemente a eficiência desses processos, a fim residual;
de controlar a qualidade da água que sai da Estação de Tratamento.
É importante lembrar que a água pode sofrer alterações de quali- - Realizar as aná-
dade mesmo após o tratamento, sendo contaminada por causa de lises de turbidez,
acidentes, devido a corrosão, devido a subpressão na rede causada cor, pH, cloro
pela intermitência no abastecimento e ela também pode ser conta- residual livre e flu-
minada nas instalações intradomiciliares. Devemos nos lembrar, por oretos e interpretar
exemplo, do quanto é importante manter as caixas de água limpas os resultados com
e tampadas. base na portaria
MS nº. 518/2004.

No laboratório da ETA

Você acompanhará a realização das análises de turbidez, cor, pH,


cloro residual livre e fluoretos utilizando as amostras colhidas na visita
à estação de tratamento de água. Você deve anotar os resultados,
para compará-los com os valores que constam na Portaria MS nº.
518/2004. Lembre-se de que na Portaria constam dezenas de outros
parâmetros que precisam ser monitorados periodicamente para se
avaliar a qualidade da água tratada e distribuída à população.

Análise de turbidez

A determinação da turbidez das


amostras será realizada utilizan-
do um turbidímetro.

Turbidímetro

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 61


Amostra 01 Resultado da análise: Amostra 04 Resultado da análise:

Amostra 02 Resultado da análise: Amostra 05 Resultado da análise:

Amostra 03 Resultado da análise: Amostra 06 Resultado da análise:

Turbidez

A Turbidez é a alteração na aparência da água, causada pela presença de sólidos em suspensão


que faz a água perder a transparência e ficar turva.

Além de causar aparência desagradável, os sólidos em suspensão podem causar agravos à saú-
de servindo de abrigo para microrganismos se protegerem dos produtos usados na desinfecção
da água, como, por exemplo, o vírus da hepatite A.

A Portaria nº518/2004 do Ministério da Saúde estabelece que a água não ultrapasse 1,0 UT
(Unidades de turbidez).

Análise de cor

A determinação da cor das amostras será realizada pelo


Método Colorimétrico. A cor da amostra é medida por
um aparelho calibrado com uma solução padrão (de cor
conhecida), o colorímetro.

Colorímetro

Amostra 01 Resultado da análise: Amostra 04 Resultado da análise:

Amostra 02 Resultado da análise: Amostra 05 Resultado da análise:

Amostra 03 Resultado da análise: Amostra 06 Resultado da análise:

62 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Também são comuns o Método da Comparação Visual (que consiste em comparar a cor da
amostra às cores de padrões de cor conhecida) e o Método do Acqua Tester (onde a cor é
medida em um aparelho através da comparação com uma escala de cores).

Cor

A água é um elemento, por natureza, incolor. Alterações em sua aparência são causadas pela
presença de impurezas de origem natural (matéria orgânica em decomposição, metais como ferro e
manganês etc.) ou provenientes de resíduos industriais ou domésticos (tinturas e outras substâncias).

Essas impurezas podem apresentar risco à saúde e, mesmo podendo não ser tóxicas, provo-
cam rejeição da água pelo consumidor.

A Portaria nº518/2004 do Ministério da Saúde estabelece, para cor aparente, o valor máximo de
15 (quinze) uH como padrão de aceitação para consumo humano.

Como a distribuição de água com aparência


desagradável pode comprometer a saúde dos
consumidores?

Análise de pH

A determinação da cor das amostras será


realizada pelo Método do pHmetro. Nesse
método o pH da amostra é medido por um
aparelho calibrado com soluções padrão
(soluções de pH conhecido). pHmetro

Amostra 01 Resultado da análise: Amostra 04 Resultado da análise:

Amostra 02 Resultado da análise: Amostra 05 Resultado da análise:

Amostra 03 Resultado da análise: Amostra 06 Resultado da análise:

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 63


pH

A medida do potencial hidrogeniônico, pH, indica se uma substância é ácida, neutra ou básica.

A escala de pH fornece uma medida quantitativa de acidez e de basicidade. Essa escala varia
de 0 a 14:
• Soluções neutras têm pH igual a 7,0;
• Soluções ácidas têm pH menor que 7,0;
• Soluções básicas têm pH maior que 7,0.

Fonte: Environment Canada (http://www.ns.ec.gc.ca/)


1 Bateria ácida

2 Suco de limão

Aumento Vinagre Chuva


3 Peixe adulto morre Ácida
da acidez
4 Reprodução de
peixe afetada
5
Faixa normal
6 das chuvas
Leite
Neutro 7 Faixa normal
da água dos rios
8 Água do mar
9
10 Leite de
Aumento da
magnésia
alcalinidade 11
12 Amônia

13 Lixívia
14

O controle do pH é muito importante no processo de tratamento de água. Ele costuma ser


corrigido antes ou depois de algumas etapas do tratamento para melhorar o desempenho dos
produtos químicos utilizados durante o processo.

Monitorar esse parâmetro também evita


problemas com corrosão e formação
http://www.abraco.org.br/

de crostas nas tubulações e nos equi-


pamentos que compõem o sistema de
abastecimento de água.

Corrosão Incrustação

A Portaria nº518/2004 do Ministério da Saúde recomenda que o pH da água seja mantido entre
6,0 e 9,0.

64 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Análise de cloro residual livre

A determinação da concentração de cloro residual será


realizada pelo Método do comparador Colorimétrico. DPD (dialquil - 1,4-fenileno-
Nesse método, é adicionado o reagente DPD à amostra. diamino) é uma substância que
A cor adquirida é comparada a um escala de cores em reage com o cloro formando
um aparelho. A leitura do cloro residual livre é feita em um produto com cor.
miligramas por litro (mg/L).

Também é comum o Método do Colorímetro, no qual é adicionado


à amostra o reagente DPD e um aparelho, previamente calibrado,
registra o resultado em mg/L de cloro.

Comparador de disco

Amostra 05 Resultado da análise: Amostra 06 Resultado da análise:

Cloro residual livre

Fatores como o pH e a turbidez da água, além da resistência dos microrganismos patogênicos,


dentre outros fatores, interferem na eficiência da desinfecção.
A propriedade desse desinfetante de manter uma concentração residual na água constitui uma
barreira sanitária contra eventual recontaminação antes do uso.

O excesso dos produtos utilizados para cloração da água pode causar gosto desagradável na
água. Além disso, a reação do cloro com alguns compostos orgânicos gera trihalometanos
(THM), substâncias cancerígenas.

A Portaria MS nº518/2004 do Ministério da Saúde estabelece que, após a desinfecção, a água


deve conter teor máximo de cloro residual livre de 5,0 mg/L, mas é recomendado que o valor
máximo de 2,0 mg/L.

Reações do Cloro com a Amônia Destruição das Cloraminas:


2NH3 + 3Cl2 ↔ N2 + 6HCl
NH4+ + HOCl ↔ NH2Cl + H2O + H+ (Monocloramina)
NH2Cl + HOCl ↔ NHCl2 + H2O (Dicloramina) Cloro residual combinado é o
NHCl2 + HOCl ↔ NCl3 + H2O (Tricloramina) cloro presente na água nas formas
de mono, di e tricloraminas.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 65


Análise de fluoretos

A determinação da concentração de fluoretos na água será realizada pelo método colorimé-


trico SPADNS, esse método é baseado na reação química entre o fluoreto e o ácido zirconyl.
O aparelho, previamente calibrado com uma solução padrão, registra a concentração de
flúor em miligramas por litro (mg/L).

Também são comuns a determinação da concentração de fluoretos pelo Método do Íon


Seletivo (onde a concentração de flúor é medida pelo sensor de um aparelho) e pelo Método
Scott-Sanchis (onde é acrescentada à amostra um reagente e a cor adquirida é comparada
às cores de soluções padrão).

Amostra 05 Resultado da análise: Amostra 06 Resultado da análise:

Fluoretos

Adicionar flúor à água é uma medida de saúde pública, por isso é muito importante garantir a
segurança desse processo através do controle da concentração de fluoreto.

A presença de fluoretos na água tem como objetivo colaborar na prevenção


da cárie dental, melhorando a saúde bucal da população.

Fluoretos podem ser adicionados durante o tratamento ou ocorrer


naturalmente na água. Em casos que a concentração excede os limites
recomendados pelo Ministério da Saúde, a água deve ser desfluoretada.

O excesso de flúor na água traz prejuízos à saúde humana. A fluorose


dental (manchas nos dentes) e problemas nos ossos e articulações são
as conseqüências mais comuns desse excesso.

Assista agora ao vídeo que mostra os métodos mais usuais das análises de turbidez, cor,
pH, cloro residual livre e fluoretos. Nele você acompanhará com mais detalhes as análises
realizadas durante a visita ao laboratório.

66 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Agora, levando em conta os resultados obtidos nas análises, suas
observações e a tabela abaixo, que tipo de tratamento você acre-
dita ser o mais adequado para a água da estação de tratamento
visitada?

PARÂMETRO Micro-filtração Filtração FAD seguida Ciclo


direta de filtração completo

Turbidez (uT) <100 <20 <100 <3.000


Cor aparente (uH) <15 <20 <100 <1.000
Alcalinidade (mg CaCO3/L) <150 <200 <300 <500
Dureza (mg CaCO3/L) <150 <150 <200 <700
Ferro (mg/L) <0,5 <0,5 <0,6 <2,0
Manganês (mg/L) <0,1 <0,1 <0,1 <0,5
COT (mg/L) <2 <2,5 <5,0 <7,0
Sabor e odor (NLO) <3 <4,5 <5,0 <10,0
Alga (UPA/mL) <103 <103 <104 <104
Giardia (100 L) <100 <3 <5 <20
Cryptosporidium
<100 <1 <3 <10
(100 L)
Coliformes totais
<104 <103 <104 <106
(nº /mL) (sic)

Sugestão de tecnologia de tratamento em função da qualidade da água bruta


(KAWAMURA, 2000)

NOTAS:
∙ FAD (flotação por ar dissolvido), COT (carbono orgânico total), NLO (número limiar de odor), UPA
(unidade padrão de área).
∙ O tratamento de ciclo completo inclui processo de abrandamento. Recomenda-se a adoção de
pré-sedimentadores quando previsto valor de turbidez da água bruta superior a 1.000 uT. Em geral,
a qualidade da água bruta para emprego da filtração lenta é a mesma daquela recomendada para a
filtração direta.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 67


Abaixo está um relatório mensal do controle de qualidade da água onde estão os dados
medidos e registrados pelo profissional responsável pelo monitoramento de alguns dos
parâmetros de qualidade, em uma Estação de Tratamento de Água.

Analise a ficha de relatório mensal do controle de qualidade abaixo e comente os resultados


registrados.

Ficha de relatório mensal do controle da qualidade da água para abastecimento

Controle de Qualidade da Água para Consumo Humano

Tipo de manancial: (x ) Superficial ( )Subterrâneo


Turbidez (UT)
Saída do Tratamento: 0,04 Sistema de distribuição: 0,05
Número de amostras realizadas:1000
Número de amostras fora dos padrões: 5 (0,5%)
Turbidez média mensal: 0,05
Turbidez máxima: 0,08
Cloro residual livre (mg/L)
Saída do tratamento: 1,07 Sistema de distribuição: 0,5
( ) Não se aplica ( ) Não se aplica
Número de amostras realizadas: 6000
Número de amostras fora dos padrões: 150 (0,4%)
Cloro residual livre médio mensal: 1,07
Cloro residual livre mínimo: 0,05
Coliforme

Saída do tratamento: Sistema de distribuição:


ausência em 100mL ausência em 100mL

Número de amostras realizadas: 8000


Número de amostras com presença de coliformes totais em 100mL: 300 (3,75%)

Número de amostras com presença de Escherchia coli ou coliformes termotolerantes


em 100mL: 0

Fluoreto (mg/L)
Saída do tratamento: 0,73 Sistema de distribuição:
( ) Não se aplica (x) Não se aplica
Número de amostras realizadas: 2100
Número de amostras fora dos padrões: 68 (3,24%)
Responsável: José Silva
Data do preenchimento: 02/08/2006

68 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


A água analisada pode ser considerada potável? Por quê?

A condição para uma água ser potável é passar por um tratamento?

Portaria MS nº.518/2004

Vimos que as concentrações de algumas das impurezas contidas na água foram definidas
como parâmetros para determinar sua qualidade. Os valores máximos permitidos para
presença dessas substâncias na água destinada ao consumo humano são chamados Padrões
de Potabilidade. Esses padrões foram estabelecidos pelo Ministério da Saúde a fim de exigir
que a água distribuída pelos sistemas de abastecimento não tenha aparência, sabor e odor
desagradáveis e que não ofereça risco à saúde dos consumidores.

O Ministério da Saúde define os procedimentos e as responsabilidades relativos ao controle


e à vigilância da qualidade de água para consumo humano através de portarias.
A Portaria MS nº518/2004 vem substituir as antigas portarias 36/90 e 1469/2000.

Vigilância: A vigilância é de responsabilidade de órgãos de fiscalização (No módulo A água na


natureza, um tópico sobre legislação ambiental aponta os órgãos de fiscalização). É a verifica-
ção do cumprimento dos padrões de qualidade.

Controle: O controle é feito durante o tratamento da água pelo próprio órgão responsável pelo
serviço de abastecimento de água.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 69


Elaborando um Plano de amostragem (Portaria MS nº518/2004)

Os responsáveis pelo controle da qualidade da água dos sistemas de abastecimento de água


devem elaborar e aprovar, junto à autoridade de saúde pública, o plano de amostragem de
cada sistema.

Nesse exercício, vamos dimensionar a rede de amostragem para um sistema com capacidade
para abastecer uma população de 62.000 habitantes.

A captação do sistema é feita em mananciais superficiais e o tratamento realizado em duas


estações de tratamento de água.

Considere que as duas estações empregam cloro para a desinfecção e que não há evidências
de radiação de origem natural ou artificial.

As redes de amostragem são dimensionadas seguindo as exigências e orientações da Portaria


MS nº.518/2004 do Ministério da Saúde.

As informações contidas na Portaria necessárias a esse exercício encontram-se


nas páginas 74, 75, 76 e 77.

Na elaboração do Plano de amostragem são definidos, basicamente, o número e a loca-


lização dos pontos de amostragem; os parâmetros a serem analisados e os valores limite
das concentrações dos contaminantes a serem considerados.

Os principais pontos de amostragem são próximos à grande circulação de pessoas (como


terminais rodoviários), edifícios com grupos populacionais de risco (como hospitais),
trechos vulneráveis do sistema de distribuição (como ponta de rede) e locais com agravos
à saúde por doenças de veiculação hídrica.

70 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Cálculo do número mínimo de pontos de amostragem

Coliformes totais (amostras mensais)


Saída do tratamento:
Reservatórios e rede:
Total:

Contagem de bactérias heterotróficas – amostras mensais


(atendendo recomendação do § 7º do Art.11)
Saída do tratamento:
Reservatórios e rede:
Total:

Cloro residual livre – amostras mensais


(conforme § 3º do Art.18):

Turbidez – amostras mensais


(atendendo recomendação do § 4º do Art.18):

Cor e pH
Uma amostra na saída de cada ETA:
Reservatórios e rede:
Total:

Fluoreto
Uma amostra na saída de cada ETA:
Reservatórios e rede:
Total:

Cianotoxinas
(assumindo a não detecção de mais de 20.000 células/mL no manancial)

Trihalometanos
Uma amostra na saída de cada ETA:
Reservatórios e rede (pontos de maior tempo de detenção):
Total:

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 71


Há ainda a recomendação de pesquisa de organismos patogênicos, entre outros, enterovírus,
cistos de Giardia spp e oocistos de Cryptosporidium sp (§ 8º do Art.11).

Freqüência mínima de amostragem

Coliformes totais
Saída do tratamento:
Reservatórios e rede:

Contagem de bactérias heterotróficas (recomendação)


Saída do tratamento:
Reservatórios e rede:

Cloro residual livre, turbidez, cor, pH e fluoreto


Saída de cada ETA:
Reservatórios e rede:

Trihalometanos
Saída de cada ETA:
Reservatórios e rede (pontos de maior tempo de detenção):

Demais parâmetros (exceto radiativos)


Saída de cada ETA:

Reservatórios e rede (dispensados quando não for detectado na saída do tratamento e,


ou, no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introdu-
zidas na distribuição).

72 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Transcreva suas respostas para o quadro abaixo.

Resumo do Plano de Amostragem


Número total de análises em um período de um ano

Parâmetro Dimensionamento Total anual


Coliformes totais
Contagem de bactérias
heterotróficas
Cloro residual livre
Turbidez
Cor e pH
Fluoreto
Trihalometanos
1
Demais parâmetros ou
2
Demais parâmetros

1
não detectado na saída do tratamento nem no manancial, sendo substância que não possa potencialmente ser
introduzida na distribuição.
2
detectado na saída do tratamento ou no manancial ou ainda substância que possa potencialmente ser introdu-
zida na distribuição.

Embora haja dezenas de parâmetros físicos, químicos e microbiológicos que precisam ser
determinados para atender a Portaria MS no. 518/2004, às vezes é necessário determinar
outros além daqueles listados na Portaria, pois existem milhares de contaminantes que
podem estar presentes na água. Assim, se você observar que está ocorrendo o surto de
alguma doença de veiculação hídrica na cidade onde você trabalha, entre em contato com
as autoridades sanitárias para que sejam tomadas as providências cabíveis. A inexistência
de coliformes na água, por exemplo, não é garantia de que ela seja microbiologicamente
segura, pois há organismos patogênicos que são muito mais resistentes à desinfecção do
que os coliformes, ou seja, se ocorrer um surto de diarréia e os ensaios mostrarem que não
há coliformes na água, pode ser necessário realizar a pesquisa de outros microrganismos
patogênicos que não estão explicitados na Portaria MS no. 518/2004.

A seguir estão extratos da Portaria MS nº.518/2004. Consulte-as sempre que for necessário.

O texto completo da Portaria MS nº.518/2004 pode ser encontrado no site:


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/portaria_518_2004.pdf

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 73


Informações para a elaboração do plano de amostragem

Portaria MS nº.518/2004

Número mínimo de amostras para o controle da qualidade da água de sistema de abaste-


cimento, para fins de análises físicas, químicas e de radioatividade, em função do ponto de
amostragem, da população abastecida e do tipo de manancial.

Parâmetro Tipo de Saída do Sistema de distribuição (reservatórios e rede)


manancial tratamento
(número de População abastecida
amostras por
unidade de <50.000 50.000 a 250.000
> 250.000 hab.
tratamento) hab. hab.

1 para cada 5.000 40 +


Superficial 1 10
Cor hab. (1 para cada 25.000 hab.)
Turbidez
pH 1 para cada 20 + (1 para cada 50.000
Subterrâneo 1 5
10.000hab. hab.)
Superficial 1 (Conforme § 3º do artigo 18).
CRL(1)
Subterrâneo 1

Superficial
1 para cada 10.000 20 + (1 para cada 50.000
Fluoreto ou 1 5
hab. hab.)
Subterrâneo

1
Cianotoxinas Superficial (Conforme § 5º - - -
do artigo 18)

Superficial 1 1(2) 4(2) 4(2)


Trihalometanos
Subterrâneo - 1(2) 1(2) 1(2)

Superficial
Demais
ou 1 1(4) 1(4) 1(4)
parâmetros(3)
Subterrâneo

NOTAS:
(1) Cloro residual livre;
(2) As amostras devem ser coletadas, preferencialmente, em pontos de maior tempo de detenção da água
no sistema de distribuição;
(3) Apenas será exigida obrigatoriedade de investigação dos parâmetros radioativos, quando da evidência
de causas de radiação natural ou artificial;
(4) Dispensada análise na rede de distribuição, quando o parâmetro não for detectado na saída do
tratamento e, ou, no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no
sistema ao longo da distribuição.

74 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Freqüência mínima de amostragem para o controle da qualidade da água de sistema de
abastecimento, para fins de análises físicas, químicas e de radioatividade, em função do
ponto de amostragem, da população abastecida e do tipo de manancial

Parâmetro Tipo de Saída do Sistema de distribuição


manancial tratamento (reservatórios e rede)
(freqüência
por unidade de População abastecida
tratamento) 50.000 a
<50.000 hab. > 250.000 hab.
250.000 hab.

Cor
Turbidez Superficial A cada 2 horas
Mensal Mensal Mensal
PH
Fluoreto
Subterrâneo Diária
Superficial A cada 2 horas
CRL(1) (Conforme § 3º do artigo 18).
Subterrâneo Diária

Semanal
Cianotoxinas Superficial (Conforme § 5º do - - -
artigo 18)

Superficial Trimestral Trimestral Trimestral Trimestral


Trihalometanos
Subterrâneo - Anual Semestral Semestral
Demais Superficial ou
Semestral Semestral(3) Semestral(3) Semestral(3)
parâmetros(2) Subterrâneo

NOTAS:
(1) Cloro residual livre;
(2) Apenas será exigida obrigatoriedade de investigação dos parâmetros radioativos, quando da evidência
de causas de radiação natural ou artificial;
(3) Dispensada análise na rede de distribuição, quando o parâmetro não for detectado na saída do
tratamento e, ou, no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no
sistema ao longo da distribuição.

Número mínimo de amostras mensais para o controle da qualidade da água de sistema de


abastecimento, para fins de análises microbiológicas, em função da população abastecida.

Sistema de distribuição (reservatórios e rede)


População abastecida
Parâmetro
5.000 a 20.000 20.000 a
< 5.000 hab. > 250.000 hab.
hab. 250.000 hab.

105 + (1 para
Coliformes 1 para cada 500 30 + (1 para
10 cada 5.000 hab.)
totais hab. cada 2.000 hab.)
Máximo de 1.000

NOTA: na saída de cada unidade de tratamento devem ser coletadas, no mínimo, 2 (duas) amostra semanais,
recomendando-se a coleta de, pelo menos, 4 (quatro) amostras semanais.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 75


Número mínimo de amostras e freqüência mínima de amostragem para o controle da quali-
dade da água de solução alternativa, para fins de análises físicas, químicas e microbiológicas,
em função do tipo de manancial e do ponto de amostragem

Parâmetro Tipo de Saída do Número de amostras Freqüência de


manancial tratamento retiradas no ponto de amostragem
(para água consumo(1)
canalizada) (para cada 500 hab.)

Cor, turbidez, Superficial 1 1 Semanal


pH e coliformes
totais(2) Subterrâneo 1 1 Mensal

Superficial ou
CRL(2) (3) 1 1 Diário
Subterrâneo

NOTAS:
(1) Devem ser retiradas amostras em, no mínimo, 3 pontos de consumo de água;
(2) Para veículos transportadores de água para consumo humano, deve ser realizada 1 (uma) análise de CRL
em cada carga e 1 (uma) análise, na fonte de fornecimento, de cor, turbidez, pH e coliformes totais com
freqüência mensal, ou outra amostragem determinada pela autoridade de saúde pública;
(3) Cloro residual livre.

Número mínimo de amostras e freqüência mínima de amostragem para o controle da quali-


dade da água de solução alternativa, para fins de análises físicas, químicas e microbiológicas,
em função do tipo de manancial e do ponto de amostragem

Parâmetro Tipo de Saída do Número de amostras Freqüência de


manancial tratamento retiradas no ponto de amostragem
(para água consumo(1)
canalizada) (para cada 500 hab.)

Cor, turbidez, Superficial 1 1 Semanal


pH e coliformes
totais(2) Subterrâneo 1 1 Mensal

Superficial ou
CRL(2) (3) 1 1 Diário
Subterrâneo

NOTAS:
(1) Devem ser retiradas amostras em, no mínimo, 3 pontos de consumo de água;
(2) Para veículos transportadores de água para consumo humano, deve ser realizada 1 (uma) análise de CRL
em cada carga e 1 (uma) análise, na fonte de fornecimento, de cor, turbidez, pH e coliformes totais com
freqüência mensal, ou outra amostragem determinada pela autoridade de saúde pública;
(3) Cloro residual livre.

76 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Alguns parágrafos da Portaria 518/2004
do Ministério da Saúde

Parágrafo 7º, artigo 11: “Em 20% das amostras mensais para análise de coliformes totais
nos sistemas de distribuição, deve ser efetuada a contagem de bactérias heterotróficas e,
uma vez excedidas 500 unidades formadoras de colônia (UFC) por ml, devem ser providen-
ciadas imediata recoleta, inspeção local e, se constatada irregularidade, outras providências
cabíveis.”

Parágrafo 8º, artigo 11: “Em complementação, recomenda-se a inclusão de pesquisa de


organismos patogênicos, com o objetivo de atingir, como meta, um padrão de ausência,
dentre outros, de enterovírus, cistos de Giardia spp e oocistos de Cryptosporidium sp.”

Parágrafo 3º, artigo 18: “Em todas as amostras coletadas para análises microbiológi-
cas deve ser efetuada, no momento da coleta, medição de cloro residual livre ou de outro
composto residual ativo, caso o agente desinfetante utilizado não seja o cloro.”

Parágrafo 4º, artigo 18: “Para uma melhor avaliação da qualidade da água distribuída,
recomenda-se que, em todas as amostras referidas no § 3º deste artigo, seja efetuada a
determinação de turbidez.”

Parágrafo 5º, artigo 18: “Sempre que o número de cianobactérias na água do manancial,
no ponto de captação, exceder 20.000 células/ml (2mm3/L de biovolume), durante o moni-
toramento que trata o § 3º do artigo 19, será exigida a análise semanal de cianotoxinas
na água na saída do tratamento e nas entradas (hidrômetros) das clínicas de hemodiálise
e indústrias de injetáveis, sendo que esta análise pode ser dispensada quando não houver
comprovação de toxicidade na água bruta por meio da realização semanal de bioensaios
em camundongos.”

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 77


Para ler e refletir

Vimos a importância do controle de qualidade feito através das análises


de laboratório e acompanhamos as análises dos parâmetros de controle
mais freqüente durante as etapas do tratamento. Vamos terminar o
estudo desse módulo repensando a situação inicialmente proposta.

Você respondeu quem pensava que eram os responsáveis pelo proble-


ma da notícia. Algo mudou em sua resposta?

Você respondeu sobre o controle através das análises de laborató-


rio e a garantia da qualidade da água. Fale sobre as limitações das
técnicas de laboratório.

78 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2


Algo mudou em sua forma de ver a importância dos funcionários do
serviço de abastecimento para o controle de qualidade?

E sobre a atitude do profissional quando este percebe que a água


não atende aos Padrões de Potabilidade?

Chegamos ao fim da oficina.

Esperamos que os temas abordados tenham acrescentado informações úteis a você como
cidadão e como trabalhador. A seguir, estão as bibliografias utilizadas na elaboração deste guia
e que você poderá consultar caso queira aprofundar seus conhecimentos sobre “Qualidade
da água e padrões de potabilidade”. Junto com este guia você receberá também um CD que
contém todas as informações utilizadas na oficina, além da Portaria MS no. 518/2004, do
Decreto no. 5440/2005 e da Resolução no. 357/2005. Consulte sempre este material que você
está recebendo e procure se atualizar sempre, estudando e ampliando seus conhecimentos.
Afinal, o seu trabalho é muito importante para todos os moradores da sua cidade.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 79


Para você saber mais...

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Sperling, M. Belo Horizonte:


Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas gerais;
1995

Abastecimento de água para consumo humano. Heller L., Pádua V.L. (organizadores) – Belo
Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2006.

Cadernos de Educação Ambiental Água para Vida, Água para Todos:


Livro das Águas. Vieira, A. R. – Brasília: WWF-Brasil, 2006

Nascente, o verdadeiro tesouro da propriedade rural - o que fazer para conservar as nascen-
tes nas propriedades rurais. Davide A. C. Belo Horizonte. Companhia Energética de Minas
Gerais - CEMIG, Universidade Federal de Lavras. 2º. Edição revisada,2004.

Manejo integrado de bacias hidrográficas. Souza, E.R.Belo Horizonte: EMATERMG, 2002 .

Manual Prático de análise de água Manual de Bolso Engenharia de Saúde Pública Fundação
nacional de Saúde, Ministério da Saúde.

Comentários sobre a Portaria MS 518/2004 Subsídios para implementação. Série E. Legislação de


Saúde. Brasília-DF 2005. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação
Geral de Vigilância em Saúde Ambiental.

Comentários sobre o Decreto n°. 5.44. Subsídios para implementação. Brasília - DF 2006.
Ministérios da Saúde, Justiça, Cidades e Meio Ambiente

Manual de boas práticas no abastecimento de água: procedimentos para a minimização de


riscos à saúde. Bastos, R.K.; Heller, L.; Prince, A. A.; Brandão C.C. S; Costa, S. FUNASA/OPAS,
2003.

Manual prático do analista de água – Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia


Sanitária e Ambiental: Banco Nacional de Habitação, 1979. (Série Manuais Técnicos).

80 Abastecimento de água - Qualidade da água e padrões de potabilidade - Nível 2

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