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Uma lei romana proibia enterrar os mortos dentro da circunscrição da cidade.

A maioria das
necrópoles encontrava-se longe do centro, porque o que acontecia é que os romanos tinham
por costume incinerar os seus mortos, enquanto outras religiões como a cristã e a judaica
preferiam sepultá-los. Perante a falta de espaço, durante o século II, procuraram lugar,
escavando galerias subterrâneas, as catacumbas. Era muito frequente a devoção a certas
relíquias de mártires, razão pela qual, pouco a pouco as catacumbas começam a expandir-se,
criando-se pequenas galerias e verdadeiros labirintos de túneis debaixo de terra, com lugares,
inclusivamente destinados para o culto. Arte Cristã Após a morte de Jesus Cristo, seus
discípulos passaram a divulgar seus ensinamentos. Inicialmente, essa divulgação restringiu-se à
Judeia, província romana onde Jesus viveu e morreu, mas depois, a comunidade cristã
começou a dispersar-se por várias regiões do Império Romano. No ano de 64, no governo do
Imperador Nero, deu-se a primeira grande perseguição aos cristãos. Num espaço de 249 anos,
eles foram perseguidos mais nove vezes; a última e a mais violenta dessas perseguições
ocorreu entre 303 e 305, sob o governo de Diocleciano. Os cristãos que viviam sob o domínio
do Império Romano não reconheciam os deuses cultuados pela Roma antiga. As pessoas,
então, que direcionavam sua fé a um único Deus, que não pertencia ao politeísmo romano,
passaram a ser perseguidas no Império. As perseguições aos cristãos foram aos poucos
diminuindo até que, em 313, o Imperador Constantino permitiu que o cristianismo fosse
livremente professado e converteu-se à religião cristã. Sem as restrições do governo de Roma,
o cristianismo expandiu-se muito, principalmente nas cidades, e, em 391, o Imperador
Teodósio oficializou-o como a religião do Império e permaneceu consolidado mesmo após a
queda do Império, estabelecendo-se como uma instituição independente de instituições
políticas. Começaram a surgir então os primeiros templos cristãos. A FASE CATACUMBÁRIA A
fase anterior ao reconhecimento chama-se Catacumbária, porque as suas principais
manifestações ocorreram nas catacumbas. A fase catacumbária estende-se do I século ao
início do IV século, precisamente ao Édito de Milão. Dentro dessas galerias, o espaço destinado
a receber o corpo das pessoas era pequeno. Os mártires, porém, eram sepultados em locais
maiores que passaram a receber em seu teto e em suas paredes laterais as primeiras
manifestações da pintura cristã. O culto cristão inicial era bastante simples, sem a presença de
imagens, adereços e oferendas, como acontecia nas religiões pagãs. Assim, a arte cristã
também se manifestou de maneira muito simples. As primeiras manifestações da arte cristã
foram encontradas nas catacumbas e são chamadas de arte paleocristã (paleo = antigo).
SÍMBOLOS NA ARTE PALEOCRISTÃ O cristianismo trazia algumas concepções diferentes do que
até então era pregado por outras religiões, como a romana (politeísta) e o judaísmo
(monoteísta). Assim, símbolos passaram a ser usados para representar, de maneira
simplificada, alguns conceitos religiosos difíceis de serem assimilados. Dessa forma, o peixe,
por exemplo, indicava Cristo, a pomba representava a paz celestial e a âncora, a solidez da fé.
É verdade? De acordo com a crença cristã, Jesus Cristo foi capturado pelos romanos. É por esse
motivo que, na arte paleocristã, o filho de Deus é representado pela figura do peixe, animal
capturado por pescadores. Verdade ou mito? Virgem Maria com o menino Jesus diante de um
profeta. Representação mais antiga já encontrada de Nossa Senhora, conservada até os dias
atuais. Catacumbas de Priscilla, Roma, primeira metade do século III. Para os adeptos do
cristianismo, o corpo era somente a morada da fé e da alma, pontos que realmente
importavam na concepção deles. Assim, nos primeiros séculos de nossa era, o corpo humano
não ganhou destaque nas representações artísticas, pois não havia um ideal de beleza física
(como havia para os gregos) nem a necessidade de representá-lo de maneira realista (como
ocorria com os romanos), o que diferenciou a arte cristã da arte clássica e trouxe para a arte
ocidental uma nova concepção estética. Representação do Bom Pastor, do fim do século III,
nasa catacumbas de São Calixto, localizadas ao longo da Via Appia, Roma Dessa maneira,
apesar de não haver um espaço totalmente representado (o que se destaca é um círculo
contornando a figura humana) e de o corpo continuar a ser concebido como a morada da
alma, podemos ver na imagem anterior a representação de um tema constante na arte greco-
romana e uma das mais encontradas nas catacumbas: a figura do Bom Pastor. Na mitologia
clássica, o Bom Pastor representava um deus que praticava atos humanitários, ou seja, de
ajuda ao próximo. Nos funerais greco-romanos, essa imagem era representada para que a
pessoa morta pudesse ser guiada em direção ao mundo imaterial com a proteção divina. Já no
contexto cristão, o Bom Pastor passou a ser identificado como Jesus Cristo e como símbolo da
própria fé cristã, que envolve o cuidado com o próximo. Por volta do fim do século III, o
cristianismo já não apresentava a mesma estrutura simplificada que tinha quando foi iniciado:
com a formação de hierarquias que classificavam as instâncias do menor ao maior poder, o
cristianismo se aproximou do Império Romano, o que colocou a arte cristã em diálogo com a
arte clássica. Portanto, foi o momento em que o cristianismo passou a organizar toda uma
estrutura mental, cultural, religiosa e artística que caracterizou o erguimento da Igreja e de
seus templos, as primeiras basílicas. Os primeiros templos cristãos foram visivelmente
influenciados pela tradição arquitetônica dos prédios públicos romanos. Uma das maiores
manifestações dessa influência é vista na utilização da palavra “basílica” para nomear as
igrejas. Antes de tal acontecimento, esse mesmo nome era somente empregado para os
prédios que cuidavam da administração do império. Internamente, as basílicas procuravam
acolher uma numerosa população de fiéis que estava em busca dos caminhos da salvação.
Foram construídos grandes espaços abertos, cujas paredes eram ornamentadas por mosaicos
e pinturas de passagens religiosas com o propósito de ensinar aos novos adeptos os mistérios
da fé para alcançarem, dessa forma, refinamento espiritual

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