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01 O período colonial

1.1 A configuração territorial da América Portuguesa.


As causas da expansão marítima e a chegada dos portugueses ao
Brasil
Contexto europeu
Os estados europeus, que foram se definindo como tais a partir do século XII, estavam em crise na
século XIV, após décadas de expansão geográfica e cristã.
Há bastante discussão sobre as causas da crise europeia do século XVI; mas há explicações
recorrentes, como “o impacto das epidemias e as características de meio físico, como as variações
do clima e as condições do solo”. No entanto, essas explicações quase sempre aparecem como
assessórias.
Os autores destacam, como uma das mais importantes causas da crise, a hipótese econômica.
Segundo alguns historiadores, “dadas as limitações inerentes à organização social feudal, não havia
suficiente reinvestimento de lucros na agricultura de modo a aumentar significativamente a
produtividade”. Essa seria, também, a principal causa para as “guerras entre senhores e camponeses
e […] para a estagnação”.

Fatores do pioneirismo de Portugal no contexto das descobertas


1o. Fator: Portugal como país autônomo no concerto europeu.
2o. Fator: Portugal como país mercante, acostumado às grandes distâncias (para a escala europeia).
3o. Fator: Posição geográfica de proximidade com a costa africana e com as ilhas do Atlântico,
além da vantagem náutica de ter correntes marítimas favoráveis.
4o. Fator: Condições políticas melhores que a dos outros países europeus, com um reino unificado
sem complicações dinásticas. Esse fator decorre dos arranjos após a sublevação de 1383-85, que
antagonizou a burguesia comercial de Lisboa e os nobres lusos, que apoiavam a regência do rei de
Castela na vacância dinástica que se seguiu após a morte de D. Pedro I. O conflito dinástico
confundiu-se com uma guerra de independência, resultando na ascensão ao poder do filho bastardo
de D. Pedro I, Dom João, conhecido como Mestre de Avis, figura central na revolução.
5o. Fator: Centralização do poder monárquico, reagrupando, em torno de sim, “a nobreza, os
comerciantes, a burocracia nascente”. “Esse é um ponto fundamental na discussão sobre as razões
da expansão portuguesa”, já que “nas condições da época, era […] a Coroa quem podia se
transformar em um grande empreendedor”.
6o. Fator: A expansão era do interesse “das classes, grupos sociais e instituições que compunham a
sociedade portuguesa”. Com exceção “dos empresários agrícolas” por conta do “encarecimento da
mão de obra”.

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Gosto pela aventura
É claro que o interesse material sempre esteve presente nos grupos interessados, mas “podemos
perceber que os impulsos […] não eram apenas comerciais”. Há um componente de desvendar o
desconhecido, de confirmar lendas (como a do Preste João), que também foi combustível para as
aventuras.

O desenvolvimento das técnicas de navegação. A nova mentalidade.


Novas “técnicas de marear”; aperfeiçoamento do quadrante e do astrolábio; a caravela. Valorização
do conhecimento baseado na experiência; crise do critério de autoridade.

A atração pelo ouro e pelas especiarias


Ouro: moeda confiável; tinha mercado na Ásia. Especiarias: condimentos que disfarçavam o sabor
das carnes conservadas e serviam como remédios ou perfumaria.

A ocupação da costa africana e as feitorias


Ultrapassagem em 1434 do Cabo Bojador, por Gil Eanes, e em 1487 do Cabo da Boa Esperança,
por Bartolomeu Dias.

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As feitorias, “postos fortificados de comércio”, eram onde se davam as trocas entre portugueses e
nativos.

A ocupação das ilhas do Atlântico


Nas ilhas, “os portugueses realizaram experiências significativas de plantio em larga escala,
empregando trabalho escravo”.
Madeira (1420); Açores (1427); ilhas de Cabo Verde (1460); São Tomé (1471).
Em São Tomé, no Golfo da Guiné, “os portugueses implantaram um sistema de grande lavoura de
cana-de-açúcar, com muitas semelhanças ao criado no Brasil”. “São Tomé foi sempre um entreposto
de escravos vindos do continente […] e esta acabou sendo a atividade principal da ilha, quando no
século XVI a indústria açucareira atravessou tempos difíceis.

A chegada ao Brasil
Não se sabe se foi ao acaso, “mas não há dúvidas de que foi cercada de pompa”. A partida do Tejo
da “aparatosa” frota de 13 naus se deu em 9 de março de 1500 e tinha ao comando o fidalgo Pedro
Álvares Cabral. O contexto era de entusiasmo, já que meses antes, em julho de 1499, regressara a
primeira nar da expedição de Vasco da Gama, o primeiro a fazer a “carreira das Índias”.

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Com aparente destino nas Índias, a frota afasta-se demais da costa africana após passar pelas ilhas
de Cabo Verde. Em 21 de abril avistariam terra; no dia seguinte, ancoraria em Porto Seguro.
“Nascimento e descobrimento” são expressões “que se prestam ao engano, pois podem dar ideia de
que não havia presença humana anterior À chegada dos portugueses ao Novo Mundo”.

Os índios
População homogênea em termos culturais e linguísticos, distribuída ao longo da costa e na Bacia
dos rios Paraná-Paraguai: os tupi-guarani. A distribuição dos tupi-guarani era interrompida aqui e lá
pela presença dos tapuias, uma classificação “genérica usada pelos tupis-guaranis para designar
índios que falavam outra língua”.
Para subsistir, os grupos tupis praticavam a caça, a coleta de frutas e a agricultura, com plantio do
“feijão, abóbora e principalmente mandioca, cuja farinha se tornou alimento básico da Colônia”.
Houve grande resistência à colonização, que oi superada pelos portugueses graças aos germes e ao
aço, mas também ao ardil de cooptar tribos inimigas daquelas resistentes, aproveitando-se do fato
de que “não existia uma nação indígena e sim grupos dispersos, muitas vezes em conflito”.

Os períodos do Brasil colonial


Podemos dividir a história do Brasil colonial em 3 períodos muito desiguais:
Da chegada de Cabral
1o. período 1500-1549
à instalação do governo geral
Da instalação do governo geral
2o. período 1549-1780
às últimas décadas do século XVIII
Das últimas décadas do século XVIII
3o. período 1780-1822
à Independência
Tentativas iniciais de exploração
O interesse de exploração do Brasil não se seguiu ao descobrimento, já que as informações sobre o
novo território eram limitadas.
Entre 1500 e 1505, a Coroa portuguesa arrendou o território a um consórcio de comerciantes de
Lisboa, com a contrapartida de explorá-lo e estabelecer feitorias. Depois desse período, a
exploração voltou para as mãos da Coroa. Até 1535, “a principal atividade econômica foi a extração
de pau-brasil”.
Destaca-se, neste período, a tensão que o Tratado de Tordesilhas (1494) provocou em Portugal por
uma ocupação espanhola. No entanto, ela foi francesa.

Início de colonização – As capitanias hereditárias


A presença de Martim Afonso de Sousa entre 1530-33 “representou um momento de transição”
entre os períodos, já que uma de suas missões era ocupar o que viria a ser a capitania de São
Vicente, em 1532, numa posse não-hereditária.
O estabelecimento das 15 capitanias, divididas em quinhões delimitados por linhas paralelas ao
Equador, tece como donatários “um grupo diversificado, no qual havia gente da pequena nobreza,

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burocratas e comerciantes”. “Nenhum representante da grande nobreza se incluía [nessa] lista”, já
que “os negócios na Índia, em Portugal e nas ilhas Atlânticas eram […] bem mais atrativos”.
O que significava ser donatário? Eram possuidores, mas não proprietários, o que implicava que não
podiam dividir a capitania nem vendê-la. Do ponto de vista econômico e administrativo, podia
arrecadar tributos, instalar engenhos e moinhos, explorar a terra e o mar. Detinham o monopólio da
justiça, autorização para fundar vilas, doar sesmarias, alistar colonos e formar milícias.
Quais eram os direitos reservados pela Coroa?
• Monopólio das drogas e especiarias.
• Percepção de parte dos tributos.
• Aplicação de justiça em caso de morte ou dano físico grave em nobres.
• Nomeação de funcionários que garantissem recolhimento de rendas.
De onde surgiu a ideia de capitanias?
Sua origem é baseada em fórmulas da sociedade medieval europeia [Mas Bóris Fausto não se
interessa em denominar esse instituto como prática feudal na colônia].
As únicas capitanias que prosperaram foram as de São Vicente e Pernambuco, não por acaso, as que
combinaram a atividade açucareira e um relacionamento menos agressivo com as tribos indígenas.
O fracasso quase geral se deu, em maior ou menor grau, por falta de recursos, desentendimentos
internos, inexperiência, ataques de índios.
Ao longo dos anos, a Coroa foi retomando as unidades. No século XVIII, o Marquês de Pombal
completou praticamente o processo de passagem para o domínio público.

O governo geral
O contexto internacional nos ajuda a entender a decisão do rei D. João III de estabelecer o governo
geral. Os negócios da Índia não eram mais tão sólidos. O sonho português de um império africano
estacionaram com as sucessivas derrotas para Marrocos. Além disso, a Espanha tinha crescente
êxito na exploração de metais preciosos, em sua colônia americana, em contraste com o Brasil.
O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa, fidalgo com experiência na África e na Índia.
Chegou à Bahia com mais de 1000 pessoas e cheio de instruções da Coroa. Nomeou ouvidor
(justiça), capitão-mor (segurança) e provedor-mor (arrecadação).
Os primeiros jesuítas (Manuel de Nóbrega incluso) chegaram com o governo-geral, com o objetivo
de catequizar os índios e disciplinar o ralo clero de má fama.
O contato intra-colônia era escasso, em detrimento daquele entre colônia e metrópole, o que
dificultava a administração de todo o território.

A colonização se consolida
Garantida a posse da nova tera, após as primeiras décadas de esforço, o brasil vai se tornar uma
colônia como as demais da América Latina, cujo sentido básico seria o de fornecer ao comércio
europeu gêneros alimentícios ou minérios de grande importância.

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O fato de Portugal não ter o controle dos circuitos comerciais da Europa, o negócio entre Colônia-
Metrópole lusa acabou por atender ao conjunto da economia europeia.
As principais características da produção colonial no Governo Geral são: incentivo pela Metrópole
à empresa comercial, poucos produtos exportáveis em larga escala e produção assentada na grande
propriedade.

O trabalho compulsório
Uma outra característica da produção colonial no governo-geral foi a escravidão, primeiramente dos
povos originários e depois, dos africanos. Essa transição de mão de obra variou no tempo e lugar,
menos demorada na economia açucareira, em condições de absorver o preço do escravo negro.
Entre as razões amorais para uso do trabalho compulsório, estão:
• pouca oferta de trabalhadores em condições de emigrar para a colônia; e
• trabalho assalariado era inconveniente para a grande propriedade, por ser custoso e
porque trabalhadores livres poderiam tentar a vida de outra forma.

A escravidão – Índios e Negros


Fatores para a escravização dos negros:
• cultura indígena era incompatível com trabalho intensivo e regular,
• resistência mais efetiva dos indígenas, que conheciam seus territórios e possuíam aliados,
• melhor resistência africana às epidemias,
• africanos provinham de culturas em que trabalhos com ferro e a criação de gado eram
usuais.
Os povos africanos escravizados provinham de muitas tribos e reinos, com suas culturas próprias.
Sudaneses (África ocidental, Sudão egípcio e costa norte do Golfo da Guiné): iorubás,
jepes, tapas, hauçás.
Bantos (África equatorial e tropical, Congo, Angola e Moçambique): angolas, bengalas,
monjolos, moçambiques.
Dois portos concorrentes disputavam o tráfico no Brasil: Salvador e Rio de Janeiro.
Houve grande resistência por parte dos escravos africanos, fugas em massa e agressões contra
senhores são algumas delas. A difícil organização entre eles, já que se misturavam indivíduos de
etnias e línguas diferentes, foi superada nos Quilombos, onde buscavam uma organização
semelhante às que viveram em África.
Diferente do que foi feito com os povos originários, nem a Igreja nem a Coroa se opuseram à
escravização do negro. Entre os argumentos para tal:
• Já havia escravidão na África; trazê-los para o mundo cristão os civilizaria e os salvaria pelo
conhecimento da verdadeira fé.

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• O negro era considerado um ser racialmente inferior.
Mesmo com o extenso tráfico negreiro, a população escravizada não se ampliou com o tempo. A
enorme taxa de mortalidade fazia com que as remessas de cativos no máximo suprisse as perdas de
mão de obra. Na segunda metade do século XIX, poucos anos antes da abolição, a expectativa de
vida de um cativo ao nascer era de 18,3 anos, enquanto a da população como um todo era de 27,4
anos.

O mercantilismo
“Mercantilismo” é um termo genérico para as várias concepções político-econômicas dos Estados
europeus entre os séculos XV e XVIII. Os traços essenciais são:
• Não há ganho para um Estado sem prejuízo de outro, então os estados deveriam:
◦ amealhar a maior quantidade possível de metais preciosos;
◦ proteger os produtos do país através de tributação e proibição de importações;
◦ dificultar a saída de matérias-primas e facilitar a de manufaturados com bom preço
internacional.
• Ampla intervenção do Estado:
◦ assumindo diretamente atividades econômicas, e
◦ favorecendo grupos para alcançar os objetivos visados.

O “exclusivo” colonial
As colônias deveriam contribuir para a autossuficiência da metrópole, o que significava um
sistema colonial baseado na exclusividade do comércio externo da colônia em favor da metrópole.
Na prática, funcionou assim:
• Impedia ao máximo que navios estrangeiros transportassem e vendessem mercadorias da
colônia na Europa.
• Impedia que chegassem de outros países europeus bens à colônia, evitando a concorrência
com a metrópole.
• Teve várias formas:
◦ arrendamento
◦ exploração direta pelo estado, e
◦ criação de companhias privilegiadas de comércio.
Curiosamente, a aplicação mais consequente da política mercantilista só se deu em meados do
século XVIII, sob o comando do Marques de Pombal, quando seus princípios já eram postos em
dúvida no resto da Europa Ocidental.

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O mercantilismo à portuguesa foi adaptado à realidade de que os portugueses não tinham meios de
monopolizar seu comércio colonial. Por isso, já no século XVI, a parceria em transportes com os
holandeses.
Posteriormente, ao longo do século XVII, a Coroa seria levada a estabelecer relações desiguais com
a Inglaterra.
O “exclusivo” colonial variou muito, desde períodos de relativa liberdade comercial (entre 1530 até
1571, e com a aclamação de de D. João IV), e de grandes restrições (no período de união das duas
coroas, entre 1580-1640), quando o rei da Espanha ocupou também o trono português.

A grande propriedade e a monocultura


Pelo menos até a descoberta dos metais preciosos, a “plantation” (grande propriedade, onde se
cultivava predominantemente um gênero destinado à exportação, com base no trabalho escravo),
deu o sentido mais profundo da colonização.
Apesar disso, é incorreto afirmar que foi a única forma e também que foi um projeto unilateral da
metrópole.
Para o historiador Ciro Flamarion Cardoso, é importante buscar outro ângulo de visão que explique
a colonização que se deu nas periferias da colônia, longe da dicotomia senhores-escravos.
Para Francisco Carlos Teixeira da Silva, havia interesse, por parte da Coroa, da diversificação de
produtos dentro da economia colonial, reputando à classe dominante da colônia (senhores de
engenho, lavradores de cana e fumo, comerciantes exportadores) o protagonismo do projeto de
colonização tipo “plantation”. Isso parece, à Boris Fausto, um exagero. Havia, para Fausto, uma
concatenação de interesses no caso das “plantation”, e uma resistência dos proprietários à política
de diversificação da metrópole.
Este modelo máximo de colonização caracterizou o Brasil na colônia e deixou suas marcas após a
Independência:
• a grande propriedade,
• a vinculação com o exterior através de uns poucos produtos primários de exportação, e
• a escravidão e suas consequências.
O contraste com os EUA é revelador. Como as condições climáticas (e outras) não permitiram a
instalação, pelo menos inicialmente, da colonização do tipo “plantation”. A produção baseada em
colonos livres, pequenas propriedades e produção diversificada, fez com que os lucros se
concentrassem na colônia.

Estado e Igreja
Eram parceiros no projeto colonizador, numa época em que não havia separação entre Estado e
Igreja na vida dos membros da sociedade, ou melhor, dos súditos da Coroa, já que não existia o
conceito de cidadania.

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De maneira geral, ao Estado cabia a manutenção das coisas; à Igreja, a das gentes. O Estado tinha
que manter a soberania da colônia e sua administração. A Igreja auxiliava vinculando uma ideia
geral de obediência, além de estar presente na vida social das pessoas.
A relação entre Estado português e Igreja de Roma se deu através do padroado real, em que houve
uma ampla concessão da Igreja ao Estado, em troca da garantia de que a Coroa promoveria e
asseguraria os direitos e a organização da Igreja em todas as terras descobertas.
Na prática, o rei de Portugal recolhia o dízimo, criava dioceses e nomeava bispos, o que dava ainda
mais controle à Coroa.
As limitações à esse controle português sobre a Igreja foram:
• a forte influência da Companhia de Jesus na Corte, até a época do Marquês de Pombal
(1750-77), e
• a dispersão das ordens pelos novos territórios, o que dificultava seu enquadramento e
fazia com que alcançassem maior grau de autonomia.
Essa autonomia nos ajuda a entender a posição contrária à escravização indígena de algumas ordens
religiosas, bem como a presença de clérigos seculares praticamente em todos os momentos de
rebelião.

O Estado Absolutista e o “bem comum”


• Todos os poderes se concentram por direito divino na pessoa do rei.
• Max Weber: estado patrimonialista = absolutista.
• Coroa = corpo de governo.
• O “bem comum”, como uma ideia de restrição aos poderes reais, surge em meados do
século XVII.
• A administração colonial enfraqueceu o poder da Coroa, por conta da distância e das
necessárias improvisações.

As instituições da Administração colonial


• Não havia especialização clara: existiam autoridades que tanto administravam como
julgavam.
GOVERNADOR-GERAL
GOVERNADORES DE CAPITANIAS

MILITAR JUSTIÇA FISCAL


TROPA DE LINHA TROPA DE LINHA JUNTA DA FAZENDA

MILÍCIA TROPA DE LINHA

CORPOS DE ORDENANÇA CÂMARAS


CÂMARASMUNICIPAIS
MUNICIPAIS

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• As câmaras municipais foram órgãos de poder constituídas de membros da sociedade (elite
colonial). Graças ao seu enraizamento na sociedade, as Câmaras Municipais foram o único
órgão que sobreviveu por inteiro e até se reforçou após a Independência.

As divisões sociais
PUREZA DE SANGUE
• Princípio básico de exclusão, que considerava impuros os cristãos novos, os negros, e alguns
índios de mestiços, até carta-lei de 1773.
LIVRES E ESCRAVOS
• Distinção entre o que se considerava gente e coisa. Muito ligada à cor, daí a grande
produção de nomenclatura aos mestiços (mulato, mameluco, cafuzo, etc.).
• Houve significativa presença de africanos e afro-brasileiros no fim do período colonial (75%
da população em MG, 68% em PE, 79% em BA, 64% no RJ).
ESCRAVOS E ESCRAVOS
• Diferenças de tipo de trabalho: na casa grande, no campo ou como escravo de ganho.
• Boçal = recém chegado.
• Ladino = adaptado.
• Crioulo = nascido no Brasil.
LIVRES E LIBERTOS
• Cerca de 42% da população negra ou mulata era liberta, no fim do período colonial.
• A liberdade poderia ser revogada por desrespeito ao antigo senhor.
NOBREZA, CLERO E POVO
• Na colônia não existiu uma aristocracia hereditária.
• A população livre e branca era diversa, ao sabor do momento colonial (descoberta do ouro,
chegada da família real) era mais urbana ou mais rural.
HIERARQUIA DAS PROFISSÕES
• Senhor de engenho: a de maior prestígio.
• Comerciantes estavam excluídos das câmaras e das honrarias.
• Artesãos também eram depreciados, pois o trabalho manual era considerado inferior.
OS QUE MANDAM
• Grandes proprietários e comerciantes voltados para o comércio externo, com aproximações
de uma divisão de origem entre senhores rurais nativos e comerciantes portugueses.
DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA

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• Gradação entre os mais e menos católicos, com a existência de cristãos novos, judeus e seus
descendentes.
• Apenas cristãos de velha cepa eram apontados para ofícios religiosos.
DISCRIMINAÇÃO SEXUAL
• A família patriarcal extensiva foi característica da classe dominante do Nordeste.
• Mulheres estiveram à frente de unidades domésticas em exemplos como no MG no início do
século XIX e SP em fins do século XVII.
CIDADE E CAMPO
• Maioria da população no campo, com as cidades muito dependentes do meio rural.
• As cidades só vão crescer com a influência dos grandes comerciantes, o crescimento do
aparelho administrativo e de outros fatos, como a invasão holandesa e a vinda da família
real.

Estado e Sociedade
Relações entre Estado e Socidade
para Raymundo Faoro para Oliveira Viana, Nestor Duarte
• Estado como pólo dominante • Grandes proprietários dominavam
• Poderosa burocracia, centralizadora, • Estrado frouxo e sem expressão
repressora • Senhores feudais
Boris Fausto coloca-se à parte dessa discussão, ao que elenca duas razões:

1. Elas (as opiniões dos autores) se apresentam como um modelo imposto a espaços e
momentos históricos diversos.

2. Ao separar radicalmente Estado de um lado e sociedade do outro, tendem a excluir a


possibilidade de entrelaçamento dos dois níveis.

Na razão 1, usa-se o exemplo da pecuária nordestina para definir o quadro mais geral da colônia.
Além disso, o estado português não se ajusta à ideia de uma máquina burocrática esmagadora.

A razão 2 é exemplarmente demonstrada no ciclo do ouro. A partir da iniciativa da sociedade local,


inicia-se a mineração nas Minas gerais. O Estado se instala em seguida para assegurar a percepção
dos tributos.

1.2 O Tratado de Madri e Alexandre de Gusmão.

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