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JULHO DE 2008
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2007/2008
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
Júlio Verne
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
AGRADECIMENTOS
Ao entregar este trabalho para a conclusão do mestrado integrado em engenharia civil desejo expressar
os meus sinceros agradecimentos a quem, de alguma forma, tornou possível não só a sua conclusão
mas também a quem me acompanhou e ajudou ao longo do meu percurso académico.
Aos meus pais e irmãs, pela confiança e motivação que sempre demonstraram e que me ajudou a
superar as fases mais difíceis. Agradeço-lhes acima de tudo o seu exemplo, e o esforço que fizeram
para que a conclusão do curso fosse possível.
A toda a minha família, em particular ao meu Padrinho, pelo incondicional apoio e interesse que
sempre demonstraram, a eles o meu muito obrigado.
Ao professor Pedro Pacheco, orientador científico deste trabalho, pela orientação e interesse
manifestado no seu desenvolvimento. Agradeço-lhe o rigor e a forma amiga como sempre
acompanhou o seu desenvolvimento. Não posso deixar de lhe agradecer todos os ensinamentos que me
transmitiu durante o meu percurso académico, a ele devo parte da minha paixão por engenharia civil.
Ao engenheiro Pedro Borges, pela paciência e disponibilidade com que acompanhou o desenvolvi-
mento deste trabalho. Agradeço-lhe o rigor e empenho que sempre demonstrou no esclarecimento de
dúvidas que foram surgindo ao longo do estudo.
Não quero deixar de agradecer também a todos os meus colegas de curso pelas longas horas de estudo
e conversas que tivemos, com elas aprendi muito. Agradeço-lhes também todos os momentos de
diversão que me proporcionaram ao longo destes anos.
Ao meu amigo Sérgio pelo apoio técnico prestado durante a redacção deste documento. Sem ele, a
conclusão deste trabalho não teria sido possível.
Por fim mas não menos importante, desejo agradecer à Daniela pela paciência e apoio que, ao longo
destes anos, sempre demonstrou.
I
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
II
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
RESUMO
Na presente dissertação faz-se um estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes
construídos tramo a tramo.
Expõe-se um modelo de cálculo que permite simular a fase de aplicação de pré-esforço e concluir
sobre os esforços instalados no tabuleiro no final desta fase.
Com o intuito de avaliar a influência que a deformabilidade do cimbre tem sobre os esforços no
tabuleiro no final da fase de aplicação de pré-esforço, o modelo é calculado para cimbres com
diferente rigidez à flexão.
No final do trabalho apresentam-se curvas que relacionam a rigidez à flexão do cimbre com os
esforços presentes no tabuleiro no final da fase de aplicação de pré-esforço.
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
IV
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
ABSTRACT
At the present dissertation, it has been conducted a study of the prestress application phase on bridges
decks built span-by-span.
A calculation model is presented which allows simulating the prestress application phase and derive
conclusions about installed efforts on the deck at the end of this phase.
Aiming to evaluate the influence that the scaffolding deformability has over the efforts on the deck at
the end of the prestress application phase, the model is applied to a real case – the bridge over river
Sousa – with simulations being made on which the unique variable parameter is the scaffolding
bending stiffness.
At the end of this study, the curves establishing the relation between scaffolding bending stiffness and
the efforts installed on the deck at the end of prestress application phase are presented.
Last but not least the conclusions about this work are exposed.
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
VI
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... i
RESUMO ................................................................................................................................. iii
ABSTRACT .............................................................................................................................. v
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
1.1. CONTEXTO DO TRABALHO................................................................................................. 1
1.2. PROBLEMA PROPOSTO ..................................................................................................... 2
1.3. OBJECTIVOS .................................................................................................................... 2
1.4. OPÇÕES FUNDAMENTAIS NO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO......................................... 3
1.5. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ................................................................................................. 3
VII
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4. CONCLUSÕES .................................................................................................. 39
4.1. CONCLUSÃO DO TRABALHO ............................................................................................ 39
4.2. DESENVOLVIMENTO FUTURO ........................................................................................... 40
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 63
VIII
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
ÍNDICE DE FIGURAS
IX
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X
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XII
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1
INTRODUÇÃO
1
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1.3 OBJECTIVOS
Exposto que está o problema, pretende-se nesta dissertação quantificar a percentagem de peso próprio
do tabuleiro que este efectivamente suporta no final da fase de aplicação de pré-esforço. Tal como
exposto anteriormente, o valor desta força depende da rigidez à flexão do cimbre. Assim, pretende-se
calcular um coeficiente γ que indique a percentagem de peso próprio suportado pelo tabuleiro em
função da rigidez do cimbre no final da fase de aplicação do pré-esforço.
Uma vez conhecida a acção que o cimbre exerce sobre o tabuleiro no final da fase de aplicação de pré-
esforço é possível quantificar com rigor o estado de tensão do tabuleiro nesta fase. Assim, pretende-se
quantificar este estado de tensão e verificar se os limites de tensões instaladas no tabuleiro não
ultrapassam os limites regulamentares.
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SIMULAÇÃO DA APLICAÇÃO DE
PRÉ-ESFORÇO EM TABULEIROS DE
PONTES CONSTRUÍDOS TRAMO A
TRAMO
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Através deste modelo pretende-se calcular o peso próprio do tabuleiro que está a ser suportado pelo
cimbre no final da fase de aplicação do pré-esforço (antes de ser retirada a cofragem). Esse peso pode
ser avaliado através da análise do esforço axial instalado nos elementos de interacção cimbre-tabuleiro
( N ). A diferença de rigidez do tabuleiro entre a fase de betonagem e a fase de aplicação de pré-
esforço implica que o cálculo dos esforços seja efectuado em duas fases, com modelos distintos. O
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
esforço axial final dos elementos de interacção cimbre-tabuleiro é então dado pela soma do esforço
axial na fase de betonagem com o esforço axial na fase de aplicação do pré-esforço, tendo-se sempre o
cuidado de verificar que N ≥ 0 .
O modelo utilizado para simular a betonagem é muito semelhante ao exposto na fig. 2.1. para simular
a fase de aplicação do pré-esforço. A grande diferença reside no módulo de elasticidade dos dois
tramos do tabuleiro. Uma vez que a betonagem é efectuada antes da aplicação do pré-esforço, o
módulo de elasticidade do betão constituinte dos tramos sofre uma redução relativa a esse intervalo de
tempo. O mesmo é dizer que o tramo em estudo tem um módulo de elasticidade nulo e o tramo
anteriormente construído um módulo de elasticidade correspondente ti −1 − ti dias.
No modelo utilizado para simular a betonagem a carga aplicada no cimbre corresponde ao peso
próprio do tramo do tabuleiro em estudo. É portanto uma carga uniformemente distribuída com um
valor igual à área da secção transversal do tabuleiro multiplicada pelo peso volúmico do betão armado
(25 KN/m3). A aplicação destas cargas no modelo vai fazer com que os elementos de interacção
cimbre-tabuleiro fiquem comprimidos. Por simplificação, a compressão instalada em cada elemento
tem um valor igual à sua área de influência multiplicada pelo peso próprio do tabuleiro, ou seja, são
desprezados os efeitos que o endurecimento do betão possa criar ao longo da betonagem. O esforço
axial nos elementos de interacção é, portanto, independente da rigidez à flexão do cimbre.
No modelo utilizado para simular a fase de aplicação do pré-esforço utilizou-se o método das cargas
equivalentes para avaliar os esforços introduzidos na estrutura pelo pré-esforço. Uma vez que o pré-
esforço pretende equilibrar parte do peso próprio da estrutura, a força introduzida pelo pré-esforço é
tendencialmente ascendente. Assim, a aplicação de pré-esforço provoca um esforço axial de tracção na
grande maioria dos elementos de interacção cimbre-tabuleiro. Ao contrário do que acontece na
betonagem, nesta fase, a rigidez do cimbre tem uma grande influência no esforço axial instalado nestes
elementos.
Na figura 2.2 representa-se esquematicamente os dois modelos utilizados para quantificar o esforço
axial instalado nos elementos de interacção no final da fase de aplicação do pré-esforço.
Fig. 2.2 – Esquema dos modelos utilizados para quantificar os esforços; modelo 1 (betonagem), modelo 2
(aplicação do pré-esforço)
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
O esforço axial instalado nos elementos de interacção é então calculado por sobreposição de efeitos ou
seja, resulta da soma do esforço axial N1 com o esforço axial N 2 . Uma vez que o tabuleiro está
apenas pousado sobre o cimbre, se o esforço axial final for de tracção, significa que o tabuleiro
descola do cimbre quando se aplica o pré-esforço. Nesse caso a barra de interacção traccionada é
retirada no modelo 2 e, no seu lugar, é colocada uma força ascendente no cimbre e uma força
descendente no tabuleiro ambas de valor N1 . Desta forma, garante-se que a soma dos esforços
actuantes dos dois modelos é igual a zero nesse ponto do cimbre e, portanto, este não exerce qualquer
força no tabuleiro. Procedendo de forma iterativa, o modelo 2 é recalculado até que nenhuma barra de
interacção fique com esforços de tracção de valor absoluto superior à compressão calculada no modelo
1.
No final do processo iterativo, o esforço axial instalado em cada um dos elementos, obtido como
sendo a soma de N1 com N 2 , representa a força que o cimbre exerce no tabuleiro no final da fase de
aplicação do pré-esforço.
O estado de tensão do tramo i do tabuleiro é dado apenas pelo modelo 2, depois de retiradas as barras
de interacção onde o esforço axial resultante da sobreposição dos efeitos é de tracção.
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y ( x) = a0 + a1 x + a2 x 2 (2.1)
As equações que definem o traçado do cabo de pré-esforço devem ser calculadas para um referencial
em que o eixo das abcissas coincide com o eixo baricêntrico do tabuleiro.
P ( x) = Pmáx e ( − µ (θ + kx )) (2.3)
Em que:
• Pmáx – é o valor da força de esticamento dos cabos
• µ – é o coeficiente de atrito entre a armadura de pré-esforço e a bainha
• k – é o desvio angular parasita por unidade de comprimento
• x – é a distância entre a secção considerada e a extremidade onde é aplicado o pré-esforço
• θ – é o somatório dos valores absolutos dos ângulos de desvio do traçado do cabo até à
secção corrente
A expressão 2.3 introduz uma variação exponencial no valor de P ( x) . No entanto convém, por
facilidade de introdução da carga nos programas de cálculo, que do cálculo das cargas equivalentes
resulte uma carga distribuída com variação linear, ou seja, é conveniente calcular a variação de
P ( x) por troços lineares. Assim, o valor de P ( x) após as perdas por atrito é calculado para os pontos
extremos de cada curva do cabo. Admite-se depois que a variação de P ( x) entre estes pontos é linear.
No final desta fase obtém-se um diagrama de variação de P ( x) com o seguinte aspecto:
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∆σ
a
∆s = − ∫ ⋅ dx (2.4)
0
Ep
a
Ep ⋅ ∆s = − ∫ ∆σ ⋅ dx = Área (σ 0σ 2σ 3 ) (2.5)
0
Desta forma é possível calcular o comprimento do cabo de pré-esforço que sofre uma diminuição de
tensão devido à reentrada nos órgãos de ancoragem. Uma vez que este comprimento pode afectar mais
que uma curva da geometria do cabo é frequente calcular o seu valor de forma iterativa.
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este sofre um encurtamento elástico. Este encurtamento da peça de betão é responsável pela perda de
tensão das armaduras de pré-esforço que já estavam colocadas.
A quantificação destas perdas pode ser feita através da seguinte expressão [5]:
1 n − 1 EP
∆σ p 0,e ( x) = − ⋅ ⋅ ⋅ σ c´ p ( x ) (2.6)
2 n E c, j
Em que:
• n - é o número de armaduras idênticas sucessivamente traccionadas
• E p - é o módulo de elasticidade da armadura de pré-esforço
M ( x) = P( x) ⋅ y ( x) (2.7)
• Esforço transverso
dM dP dy
V ( x) = = ⋅ y ( x) + P( x) ⋅ (2.8)
dx dx dx
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• Esforço axial
N ( x ) = P ( x) (2.9)
Os mesmos esforços seriam desenvolvidos se a peça fosse solicitada pelas seguintes acções
exteriores:
• Força transversal (distribuída ao longo da peça)
dV d 2P dP dy d2y
s( x) = − = − 2 ⋅ y ( x) − 2 ⋅ ⋅ − P( x) ⋅ 2 (2.10)
dx dx dx dx dx
dP
p( x) = (2.11)
dx
M E = M ( x E )
VE = V ( x E ) (2.12)
N = N (x )
E E
Direita:
M D = − M ( x E )
VD = −V ( x E ) (2.13)
N = − N (x )
D E
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A partir do conhecimento das equações que definem as curvas de cada troço do cabo e as rectas que
definem o diagrama de variação de pré-esforço, o cálculo das cargas equivalentes ao pré-esforço pode
ser feito a partir das expressões 3.10 a 3.13. Este cálculo deve ser feito troço por troço.
Considere-se então um dado troço t do cabo definido à esquerda e à direita pelos pontos i e j,
respectivamente, tal como está ilustrado na figura 3.
dPt
= b1t (2.15)
dx
d 2 Pt
=0 (2.16)
dx
PE = Pt ( xi ) (2.17)
PD = Pt ( x j ) (2.18)
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yt ( x) = a 0t + a1t x + a 2t x 2 (2.19)
y E = y t ( xi ) (2.22)
y D = yt ( x j ) (2.23)
M E = PE ⋅ y E
VE = b1 ⋅ y E + PE ⋅ y ' E
t
(2.26)
N = P
E E
Direita:
M D = − PD ⋅ y D
VD = −b1 ⋅ y D − PD ⋅ y ' D
t
(2.27)
N = −P
D D
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• Forças axiais
p ( x) = b1t (2.29)
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EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Fig.3.1 – Perfil longitudinal (em cima) e secção transversal (em baixo) da ponte sobre o rio Sousa [6]
A secção transversal utilizada neste estudo está representada na figura 3.2. Por simplificação, no
estudo foi considerada a secção transversal na posição horizontal.
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Área 9,643 m2
Inércia, x 1,3133 m4
A classe do betão que constitui o tabuleiro é C35/45. O módulo de elasticidade é calculado a partir da
expressão 3.1 [4].
0,3
fcm(t )
Ecm(t ) = ⋅ Ecm (3.1)
fcm(28)
onde,
fcm(t ) - é a resistência média à compressão do betão a uma idade t em dias
fcm(28) - é a resistência média do betão aos 28 dias
Ecm - é o módulo de elasticidade médio do betão aos 28 dias
Na figura 3.3 está representado o módulo de elasticidade de um betão da classe C35/45 em função da
sua idade.
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Considerando que o pré-esforço do tabuleiro é aplicado a uma idade ( ti ) de cura do betão de 3 dias, e
que o ciclo de construção ( ti −1 − ti ) dura 7 dias, e necessário retirar do gráfico acima representado o
valor do módulo de elasticidade para os 3 dias ( ti ), 7 dias ( ti −1 − ti ) e 10 dias ( ti −1 ).
Ec (3 dias) 29,2
Ec (7 dias) 31,6
Ec (10 dias) 32,4
O valor do módulo de elasticidade do betão aos 28 dias de idade é de 34,1 MPa. Aos 3 dias de idade o
módulo de elasticidade do betão equivale aproximadamente a 85% desse valor, o que confirma a
rápida evolução do módulo de elasticidade do betão com o tempo. Essa rápida evolução é facilmente
constatada na figura 3.3.
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
O traçado dos cabos representados em cima, diz respeito a um troço do tabuleiro entre dois
alinhamentos de pilares. O tramo do tabuleiro em estudo está compreendido entre as juntas de
betonagem situadas a 1/5 do vão. Para mais facilmente se identificar o troço do cabo estes estão
identificados por um número ( J ). A contagem dos troços do cabo de pré-esforço inicia-se na junta de
betonagem ou seja, no início do tramo do tabuleiro em estudo.
No quadro 3.3 estão representadas as características dos troços que compõem o traçado dos cabos de
pré-esforço.
Quadro 3.3 – Características dos troços do cabo de pré-esforço
J xi , J x f ,J a0 a1 a2
1 0 1 -0,250 -0,0760 0,00000
2 1 9 -0,326 -0,0760 0,00475
3 9 22,5 -0,630 0,0000 0,00459
4 22,5 24 0,218 0,1240 -0,04133
5 24 26 0,300 0,0000 -0,03600
6 26 29 0,156 -0,1440 0,01133
7 29 30 -0,174 -0,0760 0,00000
As características dos troços referem-se a um referencial cujo eixo das abcissas coincide com o eixo
baricêntrico do tabuleiro e o eixo das ordenadas contém o ponto inicial ( xi , J ) de cada troço.
Na figura 3.5 está representado um corte da secção transversal do tabuleiro onde se pode observar a
disposição dos cabos nas longarinas numa secção que inclui os pontos altos do traçado do pré-esforço.
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
A armadura de pré-esforço utilizada é uma armadura Y1860S7 e os cordões que compõem os cabos
têm uma secção nominal de 1,4 cm2. Cada um dos cabos de pré-esforço dos tramos intermédios é
constituído por 22 cordões o que perfaz uma área total de 30,8 cm2. Os cabos são tensionados a partir
da extremidade em consola do tabuleiro (junta de betonagem) com uma força de esticamento de 4297
KN.
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
A cadência de trabalhos deve ser constante. A velocidade de execução que permite obter um maior
rendimento é de ciclos semanais. As tarefas devem ser realizadas da seguinte forma:
• 2ª Feira – Esticamento dos cabos
• 3ª Feira – Avanço do cimbre
• 4ª e 5ª Feira – Colocação da armadura
• 6ª Feira – Betonagem
• Sábado e Domingo – Cura do betão
Tal como dito anteriormente, a ponte sobre o rio Sousa teve a particularidade de ser construída com
um cimbre que utiliza pré-esforço orgânico. Expõem-se em seguida de forma sumária o
funcionamento deste tipo de cimbre.
A estrutura metálica do cimbre é composta por quatro vigas principais que, nesta solução particular, se
apoiam no pilar traseiro e no pilar dianteiro do tramo em construção. O comprimento total do cimbre é
de 64 metros. O corpo principal das vigas tem um comprimento de 40 metros e ambos os narizes de
lançamento têm um comprimento de 12 metros. Assim, é possível executar de uma só vez um vão da
ponte (22 metros) mais 1/5 do vão seguinte (8 metros).
Cada uma das vigas é constituída por a viga metálica propriamente dita, por dois conjuntos de cabos
de pré-esforço não aderentes, por um conjunto de sensores de deslocamento vertical da viga e por uma
unidade de controlo electrónica. Os cabos de pré-esforço estão ancorados entre o pilar da frente e a
junta do 1/5 do vão. Uma das ancoragens é passiva e a outra, que esta ligada à unidade de controlo é
uma ancoragem orgânica (activa). A composição de cada uma das quatro vigas que constituem o
cimbre está representada na figura 3.6.
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
pela ancoragem orgânica. Assim, a flecha que ocorrre na viga metálica nunca ultrapassa um valor pré-
definido no algoritmo de controlo.
A utilização deste sistema de pré-esforço orgânico (OPS) permite que a rigidez à flexão do cimbre
varie ao longo das várias etapas da construção do tabuleiro consoante a carga que lhe está aplicada.
Este método garante ainda que a rigidez à flexão máxima possível de obter seja tal que a flecha a meio
vão do cimbre, nesta aplicação particular, nunca ultrapassa valores da ordem dos Lvão/6000 e na
consola de 1/5 de vão, em que nesta aplicação particular não existe pré-esforço orgânico, a deformação
é da ordem dos Lconsola/1000. Para além destas vantagens, a utilização desta tecnologia permite que a
estrutura metálica seja mais leve que as soluções tradicionais. Na figura 3.7 está representada uma
imagem da construção da ponte sobre o rio Sousa. Na imagem é possível observar as quatro vigas
metálicas que constituem o cimbre bem como os cabos de pré-esforço não aderentes. É ainda possível
constatar a esbelteza das vigas que constituem o cimbre.
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
L
f = (3.2)
K
Os valores considerados para a rigidez à flexão do cimbre (EcIc/L) foram tais que garantissem que a
flecha que ocorre durante a fase de betonagem fosse a seguinte:
Quadro 3.4 – Cimbres utilizados no modelo
Nota: O valor de L representa o vão da ponte (30 m) e não o vão de apoio do cimbre.
No subcapítulo 2.1 explanou-se que a força que o cimbre exerce sobre o tabuleiro é dada pela
compressão instalada nos elementos de interacção cimbre-tabuleiro. A existência de tais esforços
significa que o tabuleiro apenas suporta parte do seu peso próprio.
No cálculo das acções actuantes para a combinação frequente, definido no Eurocódigo 2 [4], a parcela
relativa às cargas permanentes aparece com o seu valor característico, sem ser afectada de nenhum
coeficiente.
O facto de o cimbre exercer uma acção ascendente sobre o tabuleiro no final da fase de aplicação de
pré-esforço implica que nem todo o peso próprio do tabuleiro pode ser considerado no cálculo das
acções actuantes. Importa agora saber que percentagem de peso próprio é possível considerar no
cálculo das acções.
Constatou-se, pelos resultados obtidos, que a acção que o cimbre exerce sobre o tabuleiro no final da
fase de aplicação de pré-esforço é uma acção variável ao longo do seu desenvolvimento (Figura 3.8).
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
F (KN/m)
800
600
400
200
0
0 5 10 15 20 25 30 35
L (m)
Assim, conclui-se que não é possível obter apenas um coeficiente γ que quantifique a percentagem de
peso próprio efectivamente suportado pelo tabuleiro no final da fase de aplicação de pré-esforço, mas
antes uma lei de variação do coeficiente γ ( x) ao longo do desenvolvimento do tabuleiro.
cimbre
2. Calculou-se o diagrama de momentos e o respectivo momento máximo ( M máx ) instalado no
tabuleiro devido à acção exclusiva que o cimbre exerce sobre o tabuleiro no final da fase de
aplicação do pré-esforço (Figura 3.10). Este diagrama, ao contrario do diagrama representado
em 1 depende da rigidez à flexão do cimbre.
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
eq γ ⋅ pp
O momento máximo do diagrama representado na figura 3.10 ( M máx ) é então igual ao momento
pp + cimbre
máximo resultante da soma dos diagramas de momentos representados em 1 e 2 ( M máx ).
pp + cimbre
M máx
γ eq = pp
(3.3)
M máx
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Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
Calculando o coeficiente γ eq relativo aos 5 modelos efectuados é possível obter uma curva que
relacione o coeficiente γ eq com a rigidez de cada cimbre. Com esta curva, é possível calcular a
percentagem de peso próprio suportado pelo tabuleiro no final da fase de aplicação do pré-esforço para
cimbres com uma rigidez onde o denominador K que define a sua flecha está compreendido entre os
valores de 200 e 1000.
Uma análise semelhante à acima exposta para os momentos máximos foi feita em relação ao
deslocamento máximo do tabuleiro. Analogamente, o coeficiente γ eq nesta análise é dado pela
expressão:
δ máx
pp + cimbre
γ eq = (3.4)
δ máx
pp
Para distinguir o coeficiente γ eq calculado numa análise de momentos e numa análise de deformações
os respectivos coeficientes passam a ser designados por:
γ eq ,m - quando a análise é realizada em relação aos momentos máximos
γ eq ,δ - quando a análise é realizada em relação ao deslocamento máximo
27
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
O valor da força P ( x) nos pontos de inflexão dos cabos de pré-esforço está representado no quadro
3.5.
Quadro 3.5 – Valor de P( x) nos pontos de inflexão
x (m) P( x) ( KN )
0 29534,4
1 29576,1
9 30350,8
22,5 31674,9
22,59 31710,5
24 30967,8
26 29964,3
29 29380,0
30 29327,5
No quadro 3.5 aparece um ponto (22,59) que não é um ponto de inflexão do traçado do cabo. Este
ponto surge no cálculo das cargas equivalentes devido à influência da reentrada dos cabos de pré-
esforço nos órgãos de ancoragem. Este ponto situa-se no troço 4 do cabo de pré-esforço. Para manter a
mesma nomenclatura que foi utilizada em cima, os troços do cabo continuam a ter a mesma
designação (1,2,3,...) com excepção do troço 4. Este troço passa a ser designado por 4.1 e 4.2, para
valores de x compreendidos entre [22,5;22,59] e [22,59;24] respectivamente.
As cargas equivalentes ao pré-esforço com o traçado definido no subcapítulo 3.2 e com a força P ( x)
representada no quadro 3.4 são as seguintes:
1. Esforço axial
O esforço axial é composto por uma carga concentrada em cada uma das extremidades do
tabuleiro e por uma carga axial distribuída ao longo de todo o tabuleiro. As cargas concentradas
são as seguintes:
28
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
P esq = 29534, 4
dir [ KN ]
P = −29327,5
J xi , J (m) x f , J ( m) p ( KN / m)
1 0 1 41,7
2 1 9 96,8
3 9 22,5 98,1
4.1 22,5 22,59 395,4
4.2 22,59 24 -526,7
5 24 26 -501,7
6 26 29 -194,8
7 29 30 -52,5
Na figura 3.13 está representado esquematicamente o esforço axial introduzido pelo pré-esforço
no tramo do tabuleiro em estudo.
M yesq = −7383, 6
dir [ KNm]
M y = −7331,9
29
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
J xi , J (m) x f , J (m) si ( KN / m) s f ( KN / m)
1 0 1 6,3 6,3
2 1 9 -266,3 -288,3
3 9 22,5 -278,8 -315,3
4.1 22,5 22,59 2520,4 2529,2
4.2 22,59 24 2744,2 2560,0
5 24 26 2229,7 2012,9
6 26 29 -735,3 -695,5
7 29 30 -8,0 -8,0
30
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
x ( m) V ( KN )
0 -2255,0
1 -18,0
9 -0,8
22,5 61,5
22,59 -200,9
24 7,5
26 47,9
29 -24,7
30 2215,8
31
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
32
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
1600 F (KN)
L/400
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
0 5 10 15 20 25 30 35
L (m)
Fig.3.17 – Acção que o cimbre exerce sobre o tabuleiro no final da fase de aplicação do pré-esforço
Um dos resultados mais importantes a retirar do modelo são as tensões instaladas no tabuleiro no final
da fase de aplicação do pré-esforço. Estes valores são obtidos, tal como exposto no subcapítulo 2.1,
apenas através do modelo 2 depois de efectuadas as iterações necessárias para garantir que nenhum
dos elementos de interacção cimbre –tabuleiro fique traccionado. As tensões instaladas no tabuleiro no
final da fase de aplicação de pré-esforço quando se utiliza um cimbre com deformada L/400 estão
representadas a figura 3.18.
12
L/400
10
6
fibra superior
4 fibra inferior
2
0
0 5 10 15 20 25 30
-2
L (m)
Sinal negativo para tracção
33
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
As tensões máximas e mínimas ocorrem sensivelmente aos 10 metros do tabuleiro. Os valores são os
seguintes:
Da soma dos diagramas calculados para a acção do peso próprio do tabuleiro e para a acção do cimbre
pp + cimbre
no final da fase da aplicação de pré-esforço ( M máx ) resulta um momento máximo de 8108 KNm.
Nestas condições o coeficiente γ eq ,m assume um valor de:
pp + cimbre
M máx 8108
γ eq ,m = pp
= = 0, 464 (3.5)
M máx 17494
Na análise efectuada em relação ao deslocamento máximo que ocorre no tabuleiro obteve-se, devido à
acção exclusiva do cimbre um deslocamento vertical máximo de 1,96 cm. A deformada do tabuleiro
devido à acção exclusiva do cimbre no final da fase de pré-esforço está representado na figura 3.20.
34
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
δ máx
pp + cimbre
1,83
γ eq ,δ = = = 0, 487 (3.6)
δ máx
pp
3, 75
70
60
50
40
30
20
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
K
35
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
A curva obtida na análise efectuada em relação ao deslocamento máximo do tabuleiro, bem como a
sua expressão matemática, estão representadas na figura 3.22.
70
60
50
40
30
20
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
K
Com o objectivo de saber qual a tensão máxima e mínima instalada no tabuleiro no final da fase de
aplicação do pré-esforço calculou-se as curvas de regressão que traduzem esses valores em função do
denominador da expressão da flecha do cimbre (K). As curvas obtidas estão representadas na figura
3.23.
10
0
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
-2
-4 K
As tensões máxima e mínima ocorrem, tal como exposto na figura 3.17, sensivelmente aos 10 metros
de desenvolvimento do tramo do tabuleiro. A aplicação do pré-esforço é feita 3 dias após a betonagem.
36
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
O betão com essa idade ainda não sofreu a cura necessária para que a sua resistência seja máxima.
Assim, para saber quais as consequências que os esforços calculados têm no tabuleiro, é necessário
calcular a resistência à compressão e tracção do betão utilizado (C35/45) aos 3 dias de idade.
A resistência à tracção do betão é calculada pela expressão:
Onde,
fctm(t ) - é a resistência do betão à tracção a uma idade t dias
fctm(28) - é a resistência do betão à tracção aos 28 dias de idade. Para um betão da classe C35/45
este valor vale 3,2 MPa.
β cc (t ) - é um coeficiente que depende da idade do betão
1
28 2
s 1−
t
β cc (t ) = e (3.8)
s - é um valor que depende do tipo de cimento. Nos cálculos efectuados considerou-se que o cimento
utilizado seria um cimento da classe N. Assim, o valor de s é de 0,25.
O valor de fctm(t ) calculado para os 3 dias de idade de um betão C35/45 é de 1,9 MPa.
A resistência à compressão de um betão para idades inferiores a 28 dias é calculada pela seguinte
expressão [4]:
A resistência média de um betão da classe C35/45 aos 3 dias de idade (altura em que é aplicado o pré-
esforço) assume um valor de 25,7 MPa.
A compressão do betão na altura em que é aplicado o pré-esforço deve ser limitada para o seguinte
valor [4]:
37
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
σ c ≤ 0, 6 × f ck (t ) (3.10)
Onde,
f ck (t ) - é o valor característico de resistência à compressão do betão na idade t , este valor é
calculado pela seguinte expressão:
Assim, a tensão de compressão no betão na altura de aplicação de pré-esforço não deve ser maior que:
38
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
4
CONCLUSÕES
39
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
regulamentares. No entanto, é de prever que noutras situações isso não aconteça e que o tabuleiro
possa mesmo fissurar em zonas onde, durante a utilização, estará submetido a esforços de compressão
(fibra superior do meio vão).
Do estudo efectuado é também possível concluir, através dos gráficos onde se representa o esforço
axial nos elementos de interacção cimbre-tabuleiro, que no final da fase de aplicação de pré-esforço as
zonas do cimbre junto aos apoios ficam sobrecarregadas.
40
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
A1
PERDAS NO PRÉ-ESFORÇO E
CARGAS EQUIVALENTES
41
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
42
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
∆P µ ( x) = Pmáx (1 − e− µ (θ + kx ) ) (A1.1)
O da força de esticamento de cada cabo ( Pmáx ) é de 4297 KN. O coeficiente de atrito ( µ ) considerado
tem um valor de 0,19. O desvio angular parasita ( k ) considerado no estudo tem um valor de
0,0075/m. O ângulo de desvio ( θ ) varia consoante a secção que se está a considerar.
No quadro A1.1 estão representados os valores obtidos no cálculo das perdas por atrito nos pontos de
inflexão da armadura de pré-esforço .
Quadro A1.1 – Perdas por atrito
x ( m) θ (rad ) ∆Pµ ( x) ( KN ) P( x) ( KN )
0 0,536 578,2 3718,8
1 0,536 572,9 3724,1
9 0,460 475,4 3821,6
22,5 0,336 308,6 3988,4
24 0,214 206,5 4090,5
26 0,069 80,2 4216,8
29 0,000 6,6 4290,4
30 0,000 0,0 4297,0
Através dos valores representados no quadro, é possível representar a força no cabo de pré-esforço em
função da sua ordenada. Essa representação encontra-se na figura A1.1.
P(x) (KN)
4400,0
4300,0
4200,0
4100,0
4000,0
3900,0
3800,0
3700,0
3600,0
0 5 10 15 20 25 30 35
L (m)
43
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
Tendo calculado as perdas por atrito, é possível calcular as perdas que ocorrem devido à reentrada dos
cabos nos órgãos de ancoragem. Para calcular estes valores é necessário calcular a distância a que é
influenciada por este fenómeno. Para calcular essa distância é necessário resolver o seguinte integral:
a
Ep ⋅ ∆s = − ∫ ∆σ ⋅ dx (A1.2)
0
x ( m) P ( x) ( KN )
0 3718,8
1 3724,1
9 3821,6
22,5 3988,4
22,59 3992,8
24 3899,3
26 3773,0
29 3699,4
30 3692,8
Analogamente ao efectuado para as perdas por atrito representa-se na figura A1.2 o diagrama
representativo de P ( x) após as perdas por reentrada dos cabos nos órgãos de ancoragem..
44
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
4400,0
4300,0
4200,0
4100,0
P(x) (KN)
4000,0
3900,0
3800,0
3700,0
3600,0
0 5 10 15 20 25 30 35
L (m)
Fig.A1.2 – Valor de P ( x) num cabo de pré-esforço após as perdas por reentrada nos órgãos de ancoragem
1 n − 1 EP
∆σ p 0,e ( x) = − ⋅ ⋅ ⋅ σ c´ p ( x ) (A1.3)
2 n Ec , j
x ( m) σ c´ p ( x ) ∆P ( x) ( KN ) P ( x) ( KN )
0 3085,2 27,0 3691,8
1 3089,6 27,1 3697,0
9 3170,5 27,8 3793,8
22,5 3308,8 29,0 3959,4
22,59 3312,5 29,0 3963,8
24 3234,9 28,4 3871,0
26 3130,1 27,4 3745,5
29 3069,1 26,9 3672,5
30 3063,6 26,9 3665,9
Na figura A1.3 está representado o diagrama de após as perdas por deformação elástica do betão. Este
gráfico corresponde ao valor final de P ( x) após as perdas instantâneas.
45
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
4400,0
4300,0
4200,0
4100,0
P(x) (KN)
4000,0
3900,0
3800,0
3700,0
3600,0
0 5 10 15 20 25 30 35
L (m)
Fig.A1.3 – Valor de P ( x) num cabo de pré-esforço após as perdas por deformação elástica do betão
y ( x) = a0 + a1 x + a2 x 2 (A1.5)
46
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
J xi , J (m) x f , J ( m) a0 a1 a2
1 0 1 -0,250 -0,0760 0,00000
2 1 9 -0,326 -0,0760 0,00475
3 9 22,5 -0,630 0,0000 0,00459
4.1 22,5 22,59 0,207 0,1240 -0,04133
4.2 22,59 24 0,218 0,1166 -0,04133
5 24 26 0,300 0,0000 -0,03600
6 26 29 0,156 -0,1440 0,01133
7 29 30 -0,174 -0,0760 0,00000
• Extremidade esquerda
M E = PE ⋅ yE
(A1.6)
N E = PE
• Extremidade direita
M D = − PD ⋅ yD
(A1.7)
N D = − PD
47
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
Quadro A1.6 – Esforço axial e momentos flectores concentrados nas extremidades do tabuleiro
N ( KN ) M ( KNm)
Esq. 29534,4 -7383,6
Dir. -29380,0 -7331,9
O esforço axial varia ao longo de cada troço do cabo de pré-esforço. A variação de cada troço é linear
e o seu valor é dado simplesmente por:
p ( x) = b1t (A1.8)
O valor do esforço axial distribuído em cada troço está representado no quadro A1.7.
Quadro A2.1 – Esforço axial distribuído em cada troço do traçado do cabo
Através da expressão acima exposta é possível calcular o valor da carga vertical distribuída
introduzida pelo pré-esforço. Esta carga é trapezoidal, logo a sua variação em cada troço é linear.
Assim, conhecendo o seu valor nas extremidades de cada troço a carga vertical distribuída fica
completamente caracterizada. No quadro A1.8 representa-se o valor da carga vertical distribuída nas
extremidades de cada troço do traçado do cabo.
48
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
J xi , J (m) x f , J (m) si ( KN / m) s f ( KN / m)
1 0 1 6,3 6,3
2 1 9 -266,3 -288,3
3 9 22,5 -278,8 -315,3
4.1 22,5 22,59 2520,4 2529,2
4.2 22,59 24 2744,2 2560,0
5 24 26 2229,7 2012,9
6 26 29 -735,3 -695,5
7 29 30 -8,0 -8,0
Por fim, falta apenas quantificar as cargas verticais concentradas que aparecem nas extremidades de
cada troço. Estas cargas surgem devido à diferença de declives dos diagramas de Pt ( x) em cada troço.
No quadro A1.9 está representado o valor das cargas verticais concentradas obtidas nas extremidades
de cada troço.
Quadro A1.9 – Cargas verticais concentradas nas extremidades de cada troço
J xi , J (m) x f , J (m) si ( KN / m) s f ( KN / m)
1 0 1 -2255,0 2261,4
2 1 9 -2279,4 61,0
3 9 22,5 -61,8 -3948,0
4.1 22,5 22,59 4009,5 -3782,3
4.2 22,59 24 3581,4 158,0
5 24 26 -150,5 4393,1
6 26 29 -4345,2 2199,0
7 29 30 -2223,7 2215,8
Os valores representados no quadro A1.9 referem-se às cargas concentradas nas extremidades de cada
troço do traçado do cabo. Na realidade, a força vertical a considerar em cada ponto deve ser a soma
das forças da extremidade dos dois troços que contêm esse ponto. Assim, no quadro A1.10 estão
representados as cargas verticais efectivamente consideradas.
Quadro A1.10 – Cargas verticais concentradas nos pontos de inflexão
x V ( KN )
0 -2255,0
1 -18,0
9 -0,8
22,5 61,5
22,59 -200,9
24 7,5
26 47,9
29 -24,7
30 2215,8
49
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
50
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
A2
RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
51
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
52
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
No presente anexo expõem-se os resultados das simulações efectuadas. No corpo de texto do trabalho
já foram apresentados os resultados relativos à simulação com um cimbre de deformada L/400. Assim,
neste anexo apenas se expõem os resultados relativos às restantes simulações.
F (KN)
1050,000
L/200
900,000
750,000
600,000
450,000
300,000
150,000
0,000
0 5 10 15 20 25 30 35
L (m)
Fig.A2.1 – Acção que o cimbre exerce sobre o tabuleiro no final da fase de aplicação do pré-esforço
12 L/200
10
8
6 fibra inferior
4 fibra superior
2
0
-2 0 5 10 15 20 25 30
-4
L (m)
Sinal negativo para tracção
53
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
As tensões máximas e mínimas ocorrem aproximadamente aos 10 metros do tabuleiro. Os valores são
os seguintes:
Da soma do diagrama acima representado com o diagrama de momentos devido à acção exclusiva do
peso próprio do tabuleiro resulta um momento máximo de 6518 KNm. Nestas condições o coeficiente
γ eq ,m assume um valor de:
6518
γ eq ,m = = 0,373 (A2.1)
17494
A deformada do tabuleiro devido à acção exclusiva do cimbre está representada na figura A2.4.
54
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
A soma das deformadas do tabuleiro devido à acção do cimbre e devido à acção do peso próprio do
tabuleiro resulta num deslocamento máximo de 1,49 cm. Assim o coeficiente γ eq ,δ assume o seguinte
valor:
1, 49
γ eq ,δ = = 0,396 (A2.2)
3, 75
1800 F (KN)
L/600
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
0 5 10 15 20 25 30 35
L (m)
Fig.A2.5 – Acção que o cimbre exerce sobre o tabuleiro no final da fase de aplicação do pré-esforço
55
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
10,5 L/600
9
7,5
6
fibra superior
4,5 fibra inferor
3
1,5
0
-1,5 0 5 10 15 20 25 30
L (m)
Sinal negativo para tracção
σ máx = 9, 0
[ MPa ]
σ mín = −0, 4
Da soma do diagrama acima representado com o diagrama de momentos devido ao peso próprio do
tabuleiro resulta um momento máximo de 9665 KNm. Assim o coeficiente γ eq ,m vale:
56
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
9665
γ eq ,m = = 0,552 (A2.3)
17494
A deformada do tabuleiro devido à acção do cimbre no final da fase de aplicação do pré-esforço está
representada na figura A2.8.
O deslocamento máximo no tabuleiro devido à acção do peso próprio e à acção do cimbre no final da
fase de aplicação de pré-esforço é de 2,13 cm. Assim, o coeficiente γ eq ,δ vale:
2,13
γ eq ,δ = = 0,567 (A2.4)
3, 75
57
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
2100 F (KN)
L/800
1800
1500
1200
900
600
300
0
0 5 10 15 20 25 30 35
L (m)
Fig.A2.9 – Acção que o cimbre exerce sobre o tabuleiro no final da fase de aplicação do pré-esforço
9
L/800
8
7
6
5 fibra superior
4 fibra inferior
3
2
1
0
0 5 10 15 20 25 30
L (m)
Sinal negativo para tracção
σ máx = 8, 2
[ MPa ]
σ mín = 0, 2
58
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
Da soma do diagrama acima representado com o diagrama de momentos devido ao peso próprio do
tabuleiro resulta um momento máximo de 11161 KNm. Assim o coeficiente γ eq ,m vale:
11161
γ eq ,m = = 0, 638 (A2.5)
17494
A deformada do tabuleiro devido à acção do cimbre no final da fase de aplicação do pré-esforço está
representada na figura A2.12.
O deslocamento máximo no tabuleiro devido à acção do peso próprio e à acção do cimbre no final da
fase de aplicação de pré-esforço é de 2,39 cm. Assim, o coeficiente γ eq ,δ vale:
2,39
γ eq ,δ = = 0, 637 (A2.6)
3, 75
59
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
3600 F (KN)
3200 L/1000
2800
2400
2000
1600
1200
800
400
0
0 5 10 15 20 25 30 35
L (m)
Fig.A2.13 – Acção que o cimbre exerce sobre o tabuleiro no final da fase de aplicação do pré-esforço
8 L/1000
7
6
5 fibra superior
4
fibra inferior
3
2
1
0
0 5 10 15 20 25 30
L (m)
Sinal negativo para tracção
60
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
Da soma do diagrama acima representado com o diagrama de momentos devido ao peso próprio do
tabuleiro resulta um momento máximo de 12622 KNm. Assim o coeficiente γ eq ,m vale:
12622
γ eq ,m = = 0, 721 (A2.7)
17494
A deformada do tabuleiro devido à acção do cimbre no final da fase de aplicação do pré-esforço está
representada na figura A2.16.
61
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
O deslocamento máximo no tabuleiro devido à acção do peso próprio e à acção do cimbre no final da
fase de aplicação de pré-esforço é de 2,62 cm. Assim, o coeficiente γ eq ,δ vale:
2, 62
γ eq ,δ = = 0, 699 (A2.8)
3, 75
62
Estudo da fase de aplicação de pré-esforço em tabuleiros de pontes construídos tramo a tramo – Efeitos da deformabilidade do cimbre
BIBLIOGRAFIA
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European Committee for Standardization (CEN)
[10] Adão da Fonseca, A., Construção de Pontes – Métodos e Tecnologias, Apontamentos de apoio às
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[11] António Baptista, M., Análise diferida de pontes construídas tramo a tramo com cimbres
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63