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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS-CCH
COORDENAÇÃO DO CURSO DE HISTÓRIA

MÁRIO DA SILVA MARQUES JÚNIOR

A CONJUNTURA POLÍTICA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM


EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA (SINTER): SUA CONTRIBUIÇÃO NA
EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 1996 a 1997

Boa Vista, RR
2019
2

MÁRIO DA SILVA MARQUES JÚNIOR

A CONJUNTURA POLÍTICA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM


EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA (SINTER): SUA CONTRIBUIÇÃO NA
EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 1996 a 1997

Monografia apresentada ao Departamento de


História da Universidade Federal de Roraima
UFRR, como requisito para a obtenção de título
de Licenciatura em História.

Orientador: Prof. Dr. º Jaci Guilherme Vieira

Boa Vista, RR
2019
Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)
Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima
M357c Marques Júnior, Mário da Silva.
A conjuntura política do Sindicato dos Trabalhadores em Educação
do Estado de Roraima (SINTER) : sua contribuição na educação no
período de 1996 a 1997 / Mário da Silva Marques Júnior. – Boa Vista,
2019.
67 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Jaci Guilherme Vieira.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal


de Roraima, Curso de História.

1 - Educação. 2 - Imprensa. 3 - Jornal Folha de Boa Vista.


4 - SINTER. 5 - História de Roraima. I - Título. II - Vieira, Jaci
Guilherme (orientador).

CDU - 376(811.4)

Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária/Documentalista:


Maria de Fátima Andrade Costa - CRB-11/453-AM
3

MÁRIO DA SILVA MARQUES JÚNIOR

A CONJUNTURA POLÍTICA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM


EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA (SINTER) E SUA CONTRIBUIÇÃO NA
EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE (1996-1997)

Monografia avaliada e aprovada pela comissão


examinadora e referendado pela Universidade Federal
de Roraima, como requisito final para obtenção do grau
de Bacharel e Licenciado em História. Defendida em 25
de novembro de 2019 e avaliada pela seguinte banca
examinadora:

_____________________________________
Prof. Dr. Jaci Guilherme Vieira
Orientador/ Curso de História-UFRR

_____________________________________
Prof.ª. Dr.ª Maria Luiza Fernandes
Curso de História-UFRR

_____________________________________
Prof. Me. Orlando de Lira Carneiro
Curso de História-UFRR
4

AGRADECIMENTOS

À minha família, especialmente à minha mãe Maria de Jesus Sanches da


Silva e ao meu Pai Mário da Silva Marques.
Ao meu orientador Jaci Guilherme Vieira, aos professores do departamento
do curso de História que cooperaram com a minha graduação, ao secretário Paulo
pelo apoio, principalmente, durante as disciplinas de estágio.
5

RESUMO

Essa pesquisa contextualiza a conjuntura política do SINTER (Sindicato dos


Trabalhadores em Educação de Roraima), tendo como objetivo geral: observar as
atuações políticas do SINTER e suas ações na educação pública no estado de
Roraima tendo como fonte a imprensa roraimense através das notícias divulgadas
pelo Jornal Folha de Boa Vista entre os anos de 1996-1997 e, como objetivos
específicos: definir o que é educação e contextualiza a educação durante o período
republicano até a criação da Lei de Diretrizes e Bases n° 9.394 de 20 de dezembro
de 1996.

Palavras-chave: Educação; Imprensa; Jornal Folha de Boa Vista; SINTER; História


de Roraima.
6

ABSTRACT

This research contextulizes the political conjuncture of SINTER (Roraima’s workers


in education union): As a general objective: observe political actions of SINTER and
its actions on public education in Roraima state as a source to Roraima press
through News released by Folha de Boa Vista jornal betweem the years 1996-1997.
The specific objective: Define what education is and contextualize education during
the republican period until the criation of LDB (guidelines and bases law) nº 9394 of
december 20 the 1996

Key-words: Education; Press; Folha de Boa Vista Journal; SINTER; Roraima


History.
7

LISTA DE TABELA

TABELA 1 – Manchetes jornal Folha de Boa Vista de 16/04/1996 a 24/07/1997


8

LISTA DE SIGLAS

APAIMA - Associação dos Professores de Roraima

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEFAM - Centro de Formação e Aperfeiçoamento Magistério

CUT – Central Única dos Trabalhadores

NUDOCHIS – Núcleo de Documentação Histórica – UFRR

LDB – Lei de Diretrizes e Bases

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional

SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SINTER - Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima

PTB – Partido Trabalhista Brasileiro

PT – Partido dos Trabalhadores

PM – Polícia Militar

PSD – Partido Social Democrático

PSTU – Partido Socialista dos trabalhadores Unificado

TRE - Tribunal Regional Eleitoral

UDN – União Democrática Nacional


9

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................ 10
1 ANÁLISE TEÓRICA SOBRE EDUCAÇÃO.........................................................12
1.1.1 A Educação no Brasil República.....................................................................................16
1.2 Período da Abertura Política (1986-1996)........................................................ 22
2. HISTÓRIA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE
RORAIMA (SINTER) ..............................................................................................24
2.1 História da Educação no Estado de Roraima………………………………….... 27
2.2 Análises das Manchetes do jornal Folha de Boa Vista entre os anos de 1996 a
1997........................................................................................................................39
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................41

REFERÊNCIAS......................................................................................................43

ANEXOS
ANEXO A: Folha de Boa Vista, 06/04/1996............................................................46
ANEXO B: Folha de Boa Vista, 14/06/1996............................................................48
ANEXO C: Folha de Boa Vista, 22,23 e 24/061996................................................50
ANEXO D: Folha de Boa Vista, 03/07/1996............................................................52
ANEXO E: Folha de Boa Vista, 17/07/1996 ...........................................................54
ANEXO F: Folha de Boa Vista, 20,21 e 22/07/1996...............................................56
ANEXO G: Folha de Boa Vista, 17,18 e 19/08/1996...............................................58
ANEXO H: Folha de Boa Vista, 26,27 e 28/07/1997...............................................60
ANEXO I: Folha de Boa Vista, 07/04/1997..............................................................62
ANEXO J: Folha de Boa Vista 15/06/1997..............................................................64
ANEXO K: Folha de Boa Vista, 23/06/1997............................................................66
ANEXO L: Folha de Boa Vista, 24/07/1997.............................................................67
10

INTRODUÇÃO

A educação é uma prática social responsável pelo processo de formação


intelectual dos indivíduos que compõem uma sociedade. Assim, essa pesquisa foi
desenvolvida para demonstrar a contribuição do Sindicato dos Trabalhadores em
Educação de Roraima SINTER na educação do Estado de Roraima por meio de
várias ações divulgadas a partir do jornal Folha de Boa Vista, que foi nossa principal
fonte neste trabalho de pesquisa.

Nosso objetivo com essa pesquisa é demonstrar a importância do SINTER


como uma das peças-chave na construção e na contribuição com o sistema de
ensino das escolas públicas do Estado de Roraima. Pois, segundo artigo 2°, inciso
oitavo de seu estatuto, essa entidade tem como finalidade “a Luta pela valorização
e preservação da escola pública, gratuita, democrática e de boa qualidade’’1. Mas
não só isso, tento mostrar nesse trabalho a importância do sindicato como
organismo de defesa da classe trabalhadora, como veremos a partir das matérias
que selecionei para esse trabalho.

Dessa forma, tomando como fonte o jornal Folha de Boa Vista procura-se
compreender como o SINTER se manifestou a respeito da educação entre os anos
de 1996 a 1997. Escolhi esse período por entender que foi um ano de grandes
avanços e lutas na construção de um dos maiores sindicatos desse estado,
chegando a ter mais de 5900 professores sindicalizados. Sindicato esse que passa
a ser disputado por partidos políticos de esquerda, também por órgãos do governo,
como a Secretaria de Educação do Estado de Roraima.

Neste esforço de compreensão o jornal Folha de Boa Vista surgiu como fonte
adequada para pesquisa, pois possui informações diversas de vários agentes
sociais que compunham a realidade local do momento histórico analisado em
especial o processo educacional em Roraima.

Neste exercício, incluiu-se fontes complementares que permitiram conceituar


o período de uma maneira mais coerente, dando nitidez às ações viabilizadas,

1
SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA. Disponível em:
<www.sinterroraima.com.br/estatuto>. Acesso em: 20 jun. 2018.
11

assim como os termos que surgiram ao longo da pesquisa. A imprensa é


fundamental para a construção do momento histórico proposto e a utilizei como
fonte de pesquisa, por possuir um “manancial fértil para o conhecimento do
passado”, “fonte de informação cotidiana”, “material privilegiado para a recuperação
dos acontecimentos históricos”2.

O primeiro capítulo será composto de uma análise sobre o conceito de


educação, definir a educação e o primeiro passo para entender como a educação
se manifesta na sociedade. A segunda parte deste capítulo é uma contextualização
sobre a educação no período republicano, como o objetivo de demonstrar a atuação
do Estado nas políticas educacionais do Brasil começando desde a Primeira
República (1889-1929), até o período da abertura política de (1986-1996). Nesse
tópico será exposto as principais leis educacionais do período republicano que
antecederam a LDB.

O segundo capítulo será composto pela história do SINTER e a história da


educação no Estado de Roraima, e o objetivo de analisar a organização política do
SINTER até o ano de 1997. Também nesse segundo e último capítulo, foram
selecionadas 11 publicações entre os anos de 1996 a 1997 com o objetivo de
compreender a participação do SINTER na educação pública tendo como fonte
jornal Folha de Boa Vista.

A pesquisa tem como finalidade compreender a ação do SINTER na


educação pública do Estado de Roraima de acordo com a imprensa roraimense,
através do jornal Folha de Boa Vista.

2
CRUZ, Heloisa de Faria; PEIXOTO, Maria do Rosário Cunha. Na oficina do historiador:
conversas sobre história e imprensa. Projeto História, São Paulo, PUC, nº 35, p. 256.
12

1. ANÁLISE TEÓRICA SOBRE EDUCAÇÃO

Nesse tópico abordarei três teóricos que cooperaram com suas pesquisas na
área da educação, o primeiro é o sociólogo francês Émile Durkheim, que analisou
a educação em uma visão sociológica; o segundo é o psicólogo suíço Jean Piaget,
a sua contribuição está relacionada à questão biológica; por fim, o brasileiro Paulo
Freire, com influência do marxismo elaborou várias obras sobre a educação. A
seguir veremos as principais ideias desses teóricos.

No século XIX, o sociólogo Émile Durkheim definiu a educação como uma


prática social que está relacionada com a sociedade e a cultura, portanto, a
educação vista como uma prática social se torna responsável pelos tipos de sujeito
sociais. Durkheim, em sua análise sobre a educação, percebeu que a educação é
a principal forma de controle do estado, pois os sujeitos sociais que compõe o
estado são frutos de uma ação do próprio estado, Durkheim teve como experiência
a convivência com conflitos políticos e sociais na França no final do século XIX,
assim Durkheim se tornou o primeiro sociólogo da educação. Conforme Durkheim:

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre


as gerações que não se encontram ainda preparadas para vida
social; tem por objeto suscitar e desenvolver na criança certo
número de estados físicos, intelectuais e morais reclamados pela
sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a
criança, particularmente, se destina3.

Logo, a escola também é responsável pela socialização do indivíduo, não


sendo somente responsável por aplicar conteúdo, pois a educação é uma forma de
converter os indivíduos para exercer uma função na sociedade. De acordo com
Durkheim:

Uma sociedade é feita de indivíduos que “conseguem viver”


juntos porque têm em comum valores e regras, parcialmente
transmitidos pela escola. A sociedade, enquanto objeto construído
pela sociologia, não é nem transcendente, nem imanente aos
indivíduos: ela tem uma especificidade definida pelos parâmetros
de integração (subordinação ao grupo) e de regulação

3DURKHEIM,
Émile. Definição de educação. In: Educação e sociologia. 3. ed. Tradução de Lourenço
Filho. São Paulo: Melhoramentos, 1952. p. 51.
13

(reconhecimento de regras que controlam os comportamentos


individuais)4.

Em meados do século XX, Jean Piaget, outro teórico da educação, embora


ele mesmo não se considerasse um educador, contribuiu com suas obras para
definir o que é educação, para ele não era necessária uma formação científica, pois,
a educação é uma arte, no entanto o conhecimento é necessário para o
aprendizado. “Uma verdade aprendida não é mais que uma meia verdade, enquanto
a verdade inteira deve ser reconquistada, reconstruída ou redescoberta pelo próprio
aluno” (PIAGET, 1950, p.35). A educação segundo Piaget é:

Uma arte, não uma ciência e que, portanto, não deveria


requerer uma formação científica. Se é verdade que a educação é
uma arte, ela o é da mesma forma e pela mesma razão que a
medicina, a qual também exige atitudes e um dom inato, também
requer conhecimentos anatômicos, patológicos etc. Do mesmo
modo, se a pedagogia deve moldar o espírito do aluno, há de partir
do conhecimento do aluno e, portanto, da psicologia 5.

Piaget foi contra a coerção nas escolas, ou seja, a repressão, para ele o aluno
não aprende somente assistindo o professor, mas com a liberdade de buscar o
conhecimento sem a opressão, o aluno alcançará o conhecimento de forma natural.
Segundo Piaget:

Não se aprende a experimentar simplesmente vendo o


professor experimentar, ou dedicando-se a exercícios já
previamente organizados: só se aprende a experimentar, tateando,
por si mesmo, trabalhando ativamente, ou seja, em liberdade e
dispondo de todo o tempo necessário. [...] em uma realidade
psicológica indiscutível: Toda psicologia contemporânea nos ensina
que a inteligência procede da ação. Daí o papel fundamental que a
pesquisa deve desempenhar em toda estratégia educacional:
porém, esta investigação não deve ser abstrata: A ação supõe
pesquisas prévias e a investigação só tem sentido se leva à ação 6.

Na citação acima, Piaget destaca a importância da ação em uma estratégia


educacional, essa ação está relacionada a metodologia de ensino no qual o
professor é responsável ao leciona em sala de aula. Piaget também elaborou sua
metodologia de ensino:

4
Émile Durkheim / Jean-Claude Filloux; tradução: Celso do Prado Ferraz de Carvalho, Miguel
Henrique Russo. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. p. 17.
5 Jean Piaget / Alberto Munari. Coleção Pensadores. Tradução e Organização: Daniele Saheb.

Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. p. 20.


6Jean Piaget / Alberto Munari. Coleção Pensadores. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora

Massangana, 2010. p. 28.


14

A metodologia de Piaget se apresenta, pois, de entrada,


como uma tentativa de associar os três métodos que a tradição
ocidental até então mantinha separados: o método empírico das
ciências experimentais, o método hipotético-dedutivo das ciências
lógico matemática se o método histórico-crítico das ciências
históricas7.

No século XX, no Brasil, o sociólogo Paulo Freire foi o principal pesquisador


responsável por obras relacionada à educação. Ele revolucionou a educação com
o seu método de alfabetização tendo como foco principal os adultos, assim ele criou
um método de alfabetização que se estabelece cinco etapas:

1) levantamento do universo vocabular do grupo de


alfabetizados; 2) seleção nesse universo das palavras geradoras,
levando em consideração um duplo critério: o da riqueza fonêmica
e o da pluralidade do engajamento na realidade social, regional e
nacional; 3) criação de situações existenciais, típicas do grupo que
se vai alfabetizar; 4) criação de fichas roteiros, que auxiliam os
monitores de debates no trabalho; e 5) construção de fichas com a
decomposição das palavras fonêmicas correspondentes às
palavras geradoras8.

Segundo Paulo Freire, não existe indivíduos educados, pois estamos sempre
em processo de aprendizagem durante a vida. “A educação tem o caráter
permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos
educandos. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos “. Para Paulo
Freire não existe educação sem amor, pois sem amor não se tem respeito.

Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o


egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não
pode educar. Não há educação imposta, como não há amor
imposto. Quem não ama não compreende o próximo, não o
respeita9.

A citação acima foi retirada do livro Educação e mudança que foi escrito por
Paulo freire durante o período em que ficou banido do Brasil durante a Ditadura
Militar 1964-1985. Esse livro foi traduzido por Moacir Gadotti, em seu prefácio ele
destaca a ideia principal que Paulo Freire transmitiu sobre a educação. Segundo
Gadotti

7
Jean Piaget / Alberto Munari. Coleção Pensadores. Tradução e Organização: Daniele Saheb.
Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. p. 32.
8 CUNHA, Luiz Antônio; GÓES, Moacyr de. O golpe na educação. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1985.

p. 21.
9 FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução. Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin. 12 ed.

Paz e Terra, 1979. 112 p.


15

Paulo Freire combate a concepção ingênua da pedagogia


que se crê motor ou alavanca da transformação social e política.
Combate igualmente a concepção oposta, o pessimismo
sociológico que consiste em dizer que a educação reproduz
mecanicamente a sociedade. Nesse terreno em que ele analisa as
possibilidades e as limitações da educação, nasce um pensamento
pedagógico que levar o educador e todo profissional a se engajar
social e politicamente, a perceber as possibilidades da ação social
e cultural na luta pela transformação das estruturas opressivas da
sociedade classista. Acrescente-se, porém, que embora ele não
separe o ato pedagógico do ato político, nem tampouco os
confunde10.

Portanto após essa breve teorização sobre educação, o próximo tópico será
uma contextualização para compreender como o Estado legislava sobre as políticas
educacionais no Brasil desde a Primeira República até a criação da lei n° 9.394 de
20 de dezembro de 1996 a LDB.

10
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução. Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin. 12 ed.
Paz e Terra, 1979. 112 p.
16

1.1 A EDUCAÇÃO NO BRASIL REPÚBLICA

Nesse tópico será exposto um resgate da história da educação no Brasil que


esteve muito ligado ao Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em 1932, portanto
numa conjuntura nova diferente, pós crise de 1929, portanto indo ao encontro das
ideias que implantaram a “revolução de 30” que reuniu diversas forças para efetivar
um projeto reformista no Brasil sobre o comando de Vargas que tinha como objetivo
repensar a educação nesse país.

O Manifesto dos Pioneiros ressalta o nosso caráter atrasado, e da falta de


compromisso das nossas elites com uma educação que atenda o conjunto da nossa
sociedade. Vejam vocês que a primeira vez que se falou em educação pública no
Período Republicano, foi em 1934 com a primeira Constituição já sobre o comando
do governo de Getúlio Vargas onde deixava claro a sua preocupação com o ensino
Público e Gratuito como obrigatoriedade do Estado, como também porque o
capitalismo exigia. Pela primeira o ensino primário torna-se finalmente gratuito e
obrigatório sobre a responsabilidade do estado Brasileiro.

E foi nesse período que se cria o Ministério da Educação e Saúde e Pública,


indício claro que educação ainda não poderia ser tratada a sério, isto porque saúde
e educação, ficaria por um bom tempo sobre a mesma pasta ministerial, mesmo
sendo coisas distintas, mas eram tratadas como se fossem iguais. Assim o período
republicano é o principal período para educação brasileira, pois, nesse período o
estado vai reger a educação de acordo com seus interesses. Vejamos agora
algumas ações do estado na educação durante o período republicano.

Antes da Primeira República, ou mais conhecida como República Velha


(1889-1929), o ensino era centralizado no governo imperial, ou seja, o governo era
responsável pela organização do sistema de ensino, o ensino básico se tornou
responsabilidade dos estados após a constituição de 1891. Conforme Ney (2008) a
constituição de 1891 consagrou a descentralização do ensino. Os Estados
receberam o direito de criar instituições de ensino, pois foi delegado a eles a
competência para prover e legislar sobre educação primária.

Em resumo:
17

/.../ a união cabia criar e controlar a instrução superior em


toda a nação, bem como criar e controlar o ensino secundário
acadêmico e a instrução em todos os níveis do distrito federal, e aos
estados cabia criar e controlar o ensino primário e o ensino
profissional, que, na época, compreendia principalmente escolas
normais (de nível médio) para moças e escolas técnicas para
rapazes11.

A Segunda República (1930-1937), foi marcado pelos regimes totalitários no


mundo e no Brasil não foi diferente. Ocorreram vários eventos em relação a
educação nesse período tais como: Criação do Ministério da Educação e Saúde
Pública, Reforma do Ensino Secundário e do Ensino Superior (1931), Manifesto dos
Pioneiros pela Educação Nova (1932), Constituição Federal de 1934.

Nesse período também foram elaborados vários decretos com o objetivo de


organizar o sistema educacional da época, o responsável pela implantação desse
projeto foi Francisco campos. Entre os decretos estavam:

Decreto n. º 19.850, de 11 de abril de 1931, que criava o


Conselho Nacional de Educação e os conselhos estaduais de
educação; o Decreto n. º 19.851, de 11 de abril de 1931, que
instituiu o estatuto das universidades brasileiras que dispõe sobre a
organização do ensino superior no Brasil e adota o regime
universitário; o Decreto n. º 19.852, de 11 de abril de 1931, que
dispõe sobre a organização da universidade do Rio de Janeiro; o
Decreto n. º 19.890, de 18 de abril de 1931, que dispõe sobre a
organização do ensino secundário; o Decreto n. º 20.158, de 30 de
junho de 1931, que organiza o ensino comercial, regulamenta a
profissão de contador e dá outras providências; e o Decreto n. º
21.241, de 14 de abril de 1931, que consolida as disposições sobre
o ensino secundário12.

Através da citação acima, percebemos o início da organização na educação


no Brasil, como a organização do ensino superior e regulamentações de profissões,
além de outras medidas necessárias para o desenvolvimento do sistema
educacional brasileiro.

O Manifesto dos Pioneiros, em 1932, foi um marco na educação brasileira,


pois vários intelectuais elaboraram propostas para a educação no Brasil. Segundo
Valente (2006), apud, Ney:

11
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 29 ed. Petrópolis:
Vozes, 2005. p. 41.
12 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de

Janeiro: Wak ed. 2008. p. 40.


18

O manifesto dos pioneiros reuniu educadores de várias


ideologias e pensamentos diferentes. Ele estava embasado nas
teorias de John Dewey, augusto Comte e Émile Durkheim. Os
liberais elitistas eram liderados por Fernando de Azevedo, os
liberais igualitaristas por Anísio Teixeira e os simpatizantes do
socialismo por Paschoal Lemme e Hermes Lima 13.

A Constituição Federal de 1934 garantia o ensino público de acordo com o


que o seu artigo 149 determinava: “A educação é um direito de todos e deve ser
ministrada pela família e pelos poderes públicos, cumprindo a estes proporcioná-la
a brasileiros e estrangeiros domiciliados no país”14.

Já no Estado Novo (1937-1945), o Brasil começou o seu processo de


industrialização e com esse processo as políticas educacionais foram elaboradas
para se adaptar ao desenvolvimento industrial brasileiro. Segundo Romanelli:

A intensificação do capitalismo industrial no Brasil, que a


Revolução de 30 acabou por representar, determina
consequentemente o aparecimento de novas exigências
educacionais. Se antes, na estrutura oligárquica, as necessidades
de instrução não eram sentidas, nem pela população nem pelos
poderes constituídos (pelo menos em termos de propósitos reais),
a nova situação implantada na década de 30 veio modificar
profundamente o quadro das aspirações sociais, em matéria de
educação, e, em função disso, a ação do próprio Estado15.

Assim, foram promulgados vários decretos leis com intenção de adaptar os


futuros trabalhadores a nova realidade do mercado de trabalho da época. De acordo
com Ney os decretos foram:

O Decreto-lei nº. 4.048, e 22 de janeiro de 1942, que cria o


Senai; o Decreto-lei nº. 4.073, de 30 de janeiro de 1942, que
regulamenta o ensino industrial; o Decreto-lei nº. 4.244 de 9 de abril
de 1942, que regulamenta o ensino secundário; o Decreto-lei nº.
4.481, 16 de julho de 1942, que dispõe sobre a obrigatoriedade de
os estabelecimentos industriais empregarem um total de 8% do
número de operários e matriculá-los na escola do Senai; o Decreto-
lei nº. 4.436, de 7 de novembro de 1942, que amplia o âmbito do
Senai, atingindo o setor de transportes, das comunicações e da
pesca; o Decreto-lei nº. 4.984, de 21 de novembro de 1942, que
compele a empresa oficial com mais de cem empregados a instalar
e manter, por conta própria, uma escola de aprendizagem destinada
à formação profissional de seus aprendizes; e o Decreto-lei nº.

13
NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de Janeiro:
Wak ed. 2008. p. 41.
14NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de Janeiro:

Wak ed. 2008. p. 45.


15 ROMANELLI,
Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. 23. ed. Petrópolis (RJ): Editora
Vozes, 1999. p. 59.
19

6.141, de 28 de dezembro de 1943, que regulamenta o ensino


comercial16.

Em relação a Constituição Federal de 1937 houve uma modificação, pois, o


estado não garantia uma educação pública para todos, só era gratuita para aqueles
que não tinham recursos, “a educação integral da prole é o primeiro dever e o natural
dos pais. O Estado não será estranho a esse dever, colaborando, de maneira
principal ou subsidiária, para facilitar a sua execução de suprir as deficiências e
lacunas da educação particular”17.

O artigo 130 da Constituição de 1937 estabelecia que:

O ensino primário é obrigatório e gratuito. A gratuidade,


porém, não exclui o dever de solidariedade dos menos para com os
mais necessitados; assim, por ocasião da matriculo, será exigida
aos que não alegarem, ou notoriamente não puderem alegar,
escassez de recursos, uma contribuição módica e mensal para a
caixa escolar18.

No Período da Quarta República (1946-1964), a Constituição Federal de


1946 determinava a obrigatoriedade do ensino no primário e da competência à
união para legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional. Em 1951, é
implantada no Brasil a pós-graduação por meio do decreto n. º 29.741 que criou a
CAPES. “A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), fundação do Ministério da Educação (MEC), desempenha papel
fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu
(mestrado e doutorado) em todos estados da Federação”19.

Assim, a educação passou a ser um direito de todos, ou seja, houve um


progresso em relação à constituição de 1937, e o Estado passou a garantir o ensino
gratuito na constituição de 1946.

A Carta Constitucional de 1946 inspirou-se no ideário liberal


e democrático. Além de um capítulo dedicado à educação (artigos
166 a 175), essa Carta contém outros dispositivos que interessam
diretamente à educação. Assim é que o artigo 141, § 5º, declara

16 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de


Janeiro: Wak ed. 2008. p. 44.
17NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de

Janeiro: Wak ed. 2008. p. 45.


18 PALMA FILHO, J. C. A Educação Brasileira no Período de 1930 a 1960: a Era Vargas.

Pedagogia Cidadã. Cadernos de Formação. História da Educação. 3. ed. São Paulo:


PROGRAD/UNESP- Santa Clara Editora, 2005. p. 14.
19 COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Disponível

em: <www.capes.gov.br/história-e-missão>. Acesso em: 18 ago. 2018.


20

livre o pensamento sem que dependa de censura prévia. A


publicação de livros e periódicos não dependerá de licença do poder
público. De acordo com o parágrafo 7º do mesmo artigo: “é
inviolável a liberdade de consciência e crença...”, e o parágrafo 8º
declara que: “por motivo de convicção religiosa, filosófica ou
política, ninguém será privado de nenhum dos seus direitos”. O
artigo 168 garante a “liberdade de Cátedra”. O artigo 173 estabelece
que “As ciências, as letras e as artes são livres”20.

Os seguintes decretos-lei são baixados no período da Quarta República:


Decreto-lei nº. 8.529, de 2 de janeiro de 1946, regulamentando o ensino primário;
Decreto-lei nº. 8.530, de 2 de janeiro de 1946, regulamentando o ensino normal;
Decreto-lei nº. 8.621 e n. º 8.622, de 10 de janeiro de 1946, criando o Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC); e Decreto-lei nº. 9.613, de 20 de
agosto de 1946, regulamentando o ensino agrícola.

A política nesse período foi por um longo período de disputas, principalmente


pelos partidos: PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), PSD (Partido Social
Democrático) e UDN (União Democrática Nacional).

Neste cenário político, a educação também sofrerá os efeitos desta luta


ideológica, sendo marcada pelas discussões de uma lei de diretrizes e bases da
educação nacional que irá de 1948 a 1961.

Em 1961 surge o Projeto nº 4.024/61, sancionado em 20 de dezembro de


1961, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com intenção de oferecer
uma educação igualitária e democrática, deste modo alcançar o máximo possível
de brasileiros com ensino público e de qualidade. Mas isso não aconteceu, segundo
Palma Filho:

A própria LDB de 1961, sob esse aspecto, também muito


deixou a desejar”. Apesar da mudança visível na composição do
alunado que adentrava o ensino público, principalmente aquele
posterior ao ensino primário, a legislação permanecia conservadora
e elitista, criando inúmeros obstáculos ao progresso dos alunos na
escola. Essa é, aliás, uma realidade que só começa a mudar a partir
dos anos de 198021.

20
PALMA FILHO, J. C. A Educação Brasileira no Período de 1930 a 1960: a Era Vargas. Pedagogia Cidadã.
Cadernos de Formação. História da Educação. 3. ed. São Paulo: PROGRAD/UNESP- Santa Clara Editora,
2005. p. 17.
21PALMA
FILHO, J. C. A Educação Brasileira no Período de 1930 a 1960: a Era Vargas.
Pedagogia Cidadã. Cadernos de Formação. História da Educação. 3. ed. São Paulo:
PROGRAD/UNESP- Santa Clara Editora, 2005. p. 18.
21

Nesse período o sociólogo Paulo Freire se destacou, pois, pela primeira vez
no Brasil foi criado um método para alfabetização de adultos. Segundo Palma Filho,
“a partir de 1962 e no embalo das reformas de base do Presidente João Goulart, o
método Paulo Freire passa a ser usado nacionalmente”22.

O Período Militar (1964-1985) foi marcado pela coerção, e houve um


retrocesso na educação brasileira, pois intelectuais que tinham um projeto de
desenvolvimento para o sistema educacional brasileiro foram perseguidos e
expulsos do Brasil. Ney:

O golpe militar de 1964 iria bloquear as tendências que


tomava a educação brasileira, fruto das ações de Anísio Teixeira,
Fernando Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Darcy Ribeiro,
Armando Hildebrand, Paschoal Lemme, Paulo Freire, Lauro de
Oliveira Lima, Dumerval Trigueiro, entre outros23.

Assim, com o golpe Militar de 1964, assume a presidência da república o


Marechal Castelo Branco, deste modo ocorreu várias medidas tais como:

Flávio Suplicy de Lacerda é indicado para o Ministério da


Educação, sucedendo o ex-reitor da Universidade de São Paulo, o
jurista Luiz Antônio da Gama e Silva, que acumulara os cargos de
Ministro da Justiça e da Educação e Cultura nos primeiros dias do
golpe militar. Ainda, no governo Castelo Branco, foram Ministros da
Educação: Raimundo de Castro Moniz de Aragão (interino), Pedro
Aleixo e Guilherme Augusto Canedo de Magalhães (interino). As
principais medidas tomadas nesse ano de 1964, no campo da
educação foram a invasão por tropas militares da Universidade de
Brasília e a consequente destituição do seu primeiro Reitor, Anísio
Teixeira. Este foi substituído, então, pelo médico professor Zeferino
Vaz, indicação feita pelo Ministro Gama e Silva. Mais tarde, Zeferino
Vaz seria nomeado Reitor da Universidade de Campinas24.

Após o governo de Castelo Branco, tomou posse a presidência o General


Costa e Silva. E a gestão do MEC passou a ser administrada por Tarso de Moraes
Dutra e Favorino Bastos Mércio. Os principais projetos na área da educação durante
o governo de Costa e Silva foram:

22 22
PALMA, Filho. A Educação Brasileira no Período 1960-2000: de JK a FHC. Pedagogia
Cidadã- Cadernos de Formação – História da Educação. 3. ed. São Paulo: PROGRAD/UNESP e
Santa Clara Editora, 2005. p. 6.
23 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de

Janeiro: Wak ed. 2008. p. 50.


24PALMA, Filho. A Educação Brasileira no Período 1960-2000: de JK a FHC. Pedagogia Cidadã-

Cadernos de Formação – História da Educação. 3. ed. São Paulo: PROGRAD/UNESP e Santa Clara
Editora, 2005. p. 12.
22

O Projeto Rondon, integrado por estudantes universitários,


sob a supervisão de militares, que tem por objetivo prestar
assistência social às populações carentes. A primeira expedição sai
em direção à região Norte do país; e a comissão Meira Mattos
(Coronel do Exército) para analisar a crise estudantil e sugerir
mudanças no sistema de ensino, notadamente nas universidades 25.

No período militar foram criadas várias leis que modificaram o sistema


educacional do período. A LDB foi substituída por outras leis que beneficiaram o
Regime Militar no Brasil. Conforme Ney:

A lei nº. 5.540/68, de 28 de novembro, fixa as normas de


organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação
com o ensino médio. É importante destacar que aqui está a reforma
universitária promovida pelos governos militares. A lei nº. 5.692/71
irá regulamentar o ensino de primeiro e segundo graus. A LDB de
1961 estava substituída pelas leis nº. 5.540/68 e nº. 5.692/71. A lei
nº. 7.004/82 dispensou as escolas de ensino de 2º. grau da
obrigatoriedade de oferecer a profissionalização ao final do 2º. grau.
Cabe ressaltar que a formação do técnico de 2º. grau permaneceu
junto ao curso de ensino médio (2º. grau)26.

Portanto com o Regime Militar no Brasil a Educação brasileira não teve


progresso, pois projetos desde a criação da Capes em 1951 até plano nacional de
alfabetização criado por Paulo Freire e implantado no Brasil pelo presidente João
Goulart em 1962 foram extintos com o golpe de 1964.

1.1.1 Período da abertura política (1986-1996)


Logicamente, este período irá se caracterizar pela abertura
política e, com isto, renasce a disputa de uma nova constituição.
Com a constituição promulgada em 1988, ficava estabelecida a
necessidade de uma nova LDB, e esta acabou sendo a lei nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996. No ano de 1998, é encaminhado um
projeto de LDB a câmara federal pelo deputado Octávio Elísio. Já
em 1989, o deputado Jorge Hage envia a câmara um substitutivo
ao novo projeto da nova LDB. Em 1992, o senador Darcy ribeiro
apresenta um novo projeto da LDB pra LDB na câmara, mas irá
retirá-lo em 1993. Em 1994, é extinto o Conselho Federal de
Educação e criado o Conselho Nacional de Educação vinculado ao
Ministério da Educação e Cultura. A lei nº. 9.131/95 cria o exame
nacional de cursos27.

25 PALMA, Filho. A Educação Brasileira no Período 1960-2000: de JK a FHC. Pedagogia Cidadã-


Cadernos de Formação – História da Educação. 3. ed. São Paulo: PROGRAD/UNESP e Santa Clara
Editora, 2005. p. 13.
26 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de
Janeiro: Wak ed. 2008. p. 51.
27 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de
Janeiro: Wak ed. 2008. p. 52
23

Com o processo de redemocratização no Brasil surgiu Constituição Federal


de 1988 que garantia a educação gratuita, com objetivo de formar cidadãos e
qualificar para o mercado de trabalho.

A partir de então começou a reformulação das leis da educação que foram


editadas no período militar. E em 20 de dezembro de 1996 foi promulgada a lei nº.
9.394, a nova - Lei de Diretrizes e Bases - LDB da educação nacional, que conforme
versava o:

Artigo 1º a educação abrange os processos formativos que


se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos
sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais28.

Portanto essa nova LDB é a lei que rege a atual educação no Brasil após a
redemocratização, se tornou a lei com mais anos estabilidade na educação
brasileira, após 23 anos de sua promulgação o sistema de educação nacional tem
como base lei nº. 9.394/1996.

28
BRASIL. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases – LDB.
24

2. HISTÓRIA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO


DE RORAIMA SINTER

O SINTER (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima),


originou-se de uma organização dos professores para fins recreativos denominada
APAIMA (Associação dos Professores de Roraima). Segundo o site do SINTER:

Em 15 e outubro de 1981 houve a fundação da APAIMA,


tendo como primeiro presidente Donato Lukman, exercendo o
mandato até 1983. No período de 1984 a 1986 esteve na
presidência o professor Hildebrando falcão, tendo como vice-
presidente Cleonilde Pereira Gomes. Depois desse mandato, houve
eleições sem a participação dos associados, ou seja, nenhum dos
sócios foi convocado. Mesmo assim, houve a homologação de uma
única chapa, tendo como presidente Dimar Freitas de Mesquita 29.

A APAIMA teve seu último presidente em 1988 que foi Raimundo Nonato de
Oliveira. Com a constituição de 1988 os funcionários públicos, finalmente tiveram
direito a construir suas organizações sindicais, nascendo assim o SINTER.
Após a criação do SINTER em 1988, segundo o site oficial da entidade “em
12 de dezembro de 1988, durante a sessão plenária do III Congresso de
Professores de Roraima, realizado no ginásio de esportes Hélio Campos, bairro
Canarinho”. Assim, surgiu a primeira direção do SINTER, conforme Bezerra:

Através da chapa única, foi eleita a primeira diretoria do


SINTER, composta da seguinte forma: presidente, Dilmar Freitas
Mesquita; vice-presidente, Rady Dias de Medeiros; secretário geral
Josué dos Santos Filho; primeira secretária, Nair Jane Brito
Quadros; tesoureiro geral, José Lourenço Ribeiro; primeiro
tesoureiro, Silas Cabral de Araújo Franco; diretora de formação
sindical, Matilde Agra Guimarães; diretora de educação e cultura,
Ednelza Faria Rodrigues; diretora de imprensa e comunicação,
Zilda Maria Coelho Montenegro; diretor de esportes, Marcos
Antônio Brito Lira; diretora de convênios, Elvira Alzira da Fonseca e
Silva; diretora social, Marilaine Teixeira; e diretor do interior Daniel
Alves Ribeiro30.

O sindicato começou as lutas pela organização do sistema de ensino público.


Uns dos principais caminhos que o SINTER tomou para haver uma educação mais
igualitária em Roraima foram as greves que organizadas buscavam mostrar ao

29SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA. Disponível


em: <www.sinterroraima.com.br/acervo/história-do-sinter>. Acesso: 25 jun. 2018.
30 Bezerra, Pablo Sergio Souza. SINTER, 30 anos de lutas e conquistas em defesa dos

Trabalhadores em Educação de Roraima. Boa Vista-RR: FORBRAS, 2019. p. 26.


25

governo as principais pautas da categoria, assim após um ano de sua criação o


sindicato organizou a sua primeira greve.

A classe trabalhadora no Brasil depois da ditadura militar teve que recomeçar


suas lutas e em Roraima não foi diferente. A primeira greve realizada por esse novo
sindicato foi no ano de 1989 tendo como principal pauta a que questão salarial e os
constantes atrasos nos salários como aponta Bezerra logo abaixo:

A primeira greve articulada pelo SINTER ocorreu em 1989


durante a gestão de Dilmar Mesquita. O ex-território tinha como
governador Romero Jucá e naquele período era muito comum o
atraso no pagamento de salários em até um mês e mesmo depois
desse atraso, o pagamento era feito de forma parcelado, já que era
comum o governo pagar de acordo com a ordem alfabética 31.

A segunda greve ocorreu em 1991, segundo Bezerra (2019), “no início de


1991, onde os trabalhadores em educação, agora com um sindicato mais
consolidado, fazem uma greve com duração de 20 dias”. Esse período foi marcado
por um grande número de filiações e o início dos descontos das contribuições
sindicais, ou seja, essa greve serviu para união dos profissionais em educação para
buscar melhorias no sistema de ensino do recém-criado Estado de Roraima. A
pauta desta segunda greve além de estar relacionada à questão salarial, também
apontava como reivindicação a realização de concursos públicos.

Mais uma vez a categoria decide fazer outra greve contra o


arrocho salarial e outras reivindicações que se tornaram
permanentes nas pautas de reivindicações do sindicato por vários
anos seguintes. A greve começou em 15 de julho de 1991 e durou
20 dias”32.

[...] Essa mobilização em prol do concurso público começou


já em 1991, como umas das pautas da greve realizada naquele ano
e como o governador da época, Ottomar Pinto (PTB) se recusava a
realizar concurso público, o sindicato precisou ingressar na justiça
e obrigar o Poder Executivo realizar o tão esperado concurso, o que
fortaleceu ainda mais as lutas do sindicato, o resultado é que em
1994 o Governo do Estado realizou o primeiro concurso público
para trabalhadores em educação de Roraima33.

31
Bezerra, Pablo Sergio Souza. SINTER, 30 anos de lutas e conquistas em defesa dos
Trabalhadores em Educação de Roraima. Boa Vista-RR: FORBRAS, 2019. p. 38.
32Bezerra, Pablo Sergio Souza. SINTER, 30 anos de lutas e conquistas em defesa dos

Trabalhadores em Educação de Roraima. Boa Vista-RR: FORBRAS, 2019. p.43.


33Bezerra, Pablo Sergio Souza. SINTER, 30 anos de lutas e conquistas em defesa dos

Trabalhadores em Educação de Roraima. Boa Vista-RR: FORBRAS, 2019. p. 46.


26

Durante o período de 1991 a 1997 o SINTER teve três presidentes Josué


Filho, Francisco Bezerra Marques, Silas Lúcio Cabral e uma comissão interventora
composta por Ornildo Roberto de Souza, Dilmar Freitas e Antônio Carlos de
Carvalho. Segundo o site do SINTER:

No período de 1991 a 1993, o vice-presidente Josué filho


assume a presidência do SINTER, tendo como vice-presidente
Francisca Chagas de Souza. As eleições desta diretoria foram
efetuadas com diretoria proporcional com um mandato de três anos.
Durante esse período, houve uma preparação para uma nova
diretoria, conforme mandava o estatuto da entidade. Em 1994,
assume para um mandato de dois anos como presidente o
professor Francisco Bezerra Marques (Titonho), tendo como vice-
presidente Francisca chagas de Souza, e como tesoureiro José
Airton da silva lima. Em 1997, assume a presidência Silas Lúcio
Cabral, ficando no cargo durante dez meses. Em seguida, uma
comissão interventora composta por Ornildo Roberto de Souza,
Dimar Freitas e Antônio Carlos de carvalho assumiu a diretoria por
três meses34.

Portanto após esse breve histórico sobre a criação do SINTER, o próximo


tópico será o principal foco desta pesquisa que foi realizada a partir do jornal Folha
de Boa Vista entre os anos de 1996 a 1997.

34
SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA. Disponível
em: <www.sinterroraima.com.br/acervo/história-do-sinter>. Acesso: 25 jun. 2018.
27

2.2 História da Educação no Estado de Roraima

As matérias foram selecionadas a partir de uma análise no qual o foco


principal é a contextualização da educação em Roraima tendo como base principal
as ações do SINTER.

TABELA 1 – Manchetes jornal Folha de Boa Vista de 1996 a 1997

Data Jornal Notícia/manchete Resumo

16/04/1996 Folha de SINTER faz conferência Os dirigentes sindicais

Boa Vista sobre a educação esperam que a frequente


reunião de trabalhadores do
setor resulte em campanhas
que possam diminuir os
efeitos da corrosão impostas
ao sistema educacional nas
últimas três décadas.

14/06/1996 Folha de Os sindicalizados foram Eleição no SINTER

Boa Vista às urnas escolher uma


nova diretoria

22,23 e 24 Folha de Silas Cabral é um novo Resultado da eleição


/06/1996 Boa Vista presidente do SINTER

03/07/1996 Folha de Técnicos elaboram O alvo das mudanças e o

Boa Vista propostas para o ensino/ ensino supletivo/ Os


Professores ganham trabalhadores em educação
ação na justiça em Roraima conseguiram
importante vitória na luta pela
reposição de perdas
salariais.

17/07/1996 Folha de Presidente do SINTER Para ele existe dois

Boa Vista negociar lutas caminhos a serem trilhados


28

na conquista dos direitos dos


trabalhadores: o primeiro
seria a greve e o outro a
negociação

20,21 e 22 Folha de Assembleia do SINTER Confrontos internos no


/07/1996 Boa Vista termina em pancadaria SINTER

17,18 e Folha de Professores debatem Objetivo do encontro foi


19/08/1996 Boa Vista ensino de primeiro e debater a metodologia de
segundo graus ensino em Roraima

26,27 e Folha de Violência no congresso Novos confrontos internos no


28/041997 Boa Vista dos professores SINTER

07/04/1997 Folha de Disputa pela diretoria do Disputa interna do SINTER

Boa Vista sínter ganha novos pela diretoria


lances

15/06/07 Folha de Professores decidem O motivo foi a questão


Boa Vista
entrar em greve salarial

23/06/1997 Folha de Governo não aplicou o Denúncia sobre recursos

Boa Vista que devia na educação destinados à educação

24/07/1997 Folha de Estrutura física não basta Necessidade de

Boa Vista investimentos na


capacitação dos
profissionais em educação.
FONTE: JORNAL FOLHA DE BOA VISTA

Essa história sobre a educação em Roraima foi elaborada de acordo com 12


matérias do Jornal Folha de Boa Vista de 16 de janeiro de 1996 a 24 de julho de
1997 com um propósito de contextualizar a educação de Roraima tendo como fonte
o jornal Folha de Boa Vista. Esses jornais estão no acervo do Núcleo de
Documentação Histórica da Universidade Federal de Roraima (NUDOCHIS-UFRR).
29

Essas manchetes foram selecionadas tendo como finalidade compreender a


relação do SINTER com a educação do Estado de Roraima. Assim, para perceber
como essa entidade atuava na educação; também será apresentado no decorrer
dessa pesquisa assuntos internos dessa entidade, de acordo com as manchetes do
Jornal Folha de Boa Vista.

O Sindicatos dos Trabalhadores em Educação de Roraima (SINTER),


diferentemente da Secretaria de Educação, defendia nesse período uma política
educacional que visava mais investimento na capacitação dos trabalhadores em
educação, pois nessa época, em Roraima, a qualidade do ensino público era uma
questão de preocupação principalmente para o Sindicato dos Trabalhadores em
Educação.

A primeira matéria selecionada foi do dia 16 de maio de 1996, o jornal Folha


de Boa Vista divulga uma matéria sobre a I Conferência de Educação em Roraima,
realizada pelo SINTER que teve a participação de 1.000 trabalhadores da
Educação. Titonho, presidente do SINTER na época, em depoimento a Folha de
Boa Vista destacou a situação dos profissionais em educação.

Ontem, o presidente do SINTER afirmava que expressiva


contingência de profissionais tem que buscar alternativas para sua
sobrevivência. No caso dos professores da cidade, a maioria faz
“bico” para completar a renda e evitar que a família passa fome.
Com este quadro é impossível existir educação”. Seguindo a
mesma linha de raciocínio, o professor garantiu que a situação
daqueles que trabalham no interior não é diferente e ainda mais
rude35.

De acordo com o jornal Folha de Boa Vista, Francisco Bezerra Marques


(Titonho) destacava em sua entrevista a vulnerabilidade dos professores na capital
e no interior. Onde os mesmos não tinham a condição necessária para se sustentar
financeiramente só com o trabalho realizado na Educação. Para Titonho, esse
trabalho paralelo realizado pelos professores influenciava na qualidade do ensino.
Porquanto, o professor na época não tinha a dedicação exclusiva para a docência
e nem um plano de carreira para essa categoria, e com salários baixos a maioria
dos docentes buscavam um trabalho alternativo para complementar o salário.

35SINTER
faz conferência sobre a educação. Folha de Boa Vista, Roraima, 16 maio. 1996.
Caderno Cidade, p. 14.
30

Nessa mesma Conferência participou como palestrante, o professor da


Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pablo Gentili. Logo após a I Conferência
sobre a Educação em Roraima, Gentili, concedeu uma entrevista exclusiva para a
Folha.

Segundo Gentili em sua entrevista à Folha:

Há um afastamento do estado, com a redução dos


investimentos públicos. Também, a progressiva desvalorização do
magistério com baixos salários e a falta de formação de professores
são tópicos destacados no conjunto de fatores que leva a educação
por caminhos que não desejaríamos vê-la36. Portanto, diante dos
pronunciamentos realizados por Titonho e Gentili à Folha, percebe-
se a semelhança entre ambos, colocando em evidência como foco
principal a desvalorização do profissional em educação e não
compromisso do estado no investimento não só em relação a
melhores salários, como também em investimentos capazes de
promover uma educação libertadora, na concepção do professor e
teórico Pablo Gentilli.

Não se pode esquecer que nesse período o Brasil estava passando por uma
fase de aperfeiçoamento das políticas públicas, em que a Política Neoliberal
prevaleceu. Gentili nesta mesma Conferência também expõe esse problema:
“Durante a palestra o professor mostrou a deficiência do ensino, causadas em
grande percentual, pela política neoliberal comandada por entidades internacionais
que tem ascendência sobre os países da América Latina”37.

De acordo com o jornal Folha de Boa Vista, Gentili problematiza a forma em


que o Governo administra os recursos destinados à educação e a falta de
planejamento próprio do estado para esse setor. Pois, as ordens de como a
educação é administrada não está vinculada diretamente com o governo, mas com
entidades de fora do país, como ele mesmo destaca ao ser entrevistado pela Folha,
“como Fundamento das afirmações, citou gradativa redução dos investimentos do
ensino, a partir de orientações de organismos como o banco mundial”38.

36
SINTER faz conferência sobre a educação. Folha de Boa Vista, Roraima, 16 maio. 1996.
Caderno Cidade, p. 14.
37 SINTER faz conferência sobre a educação. Folha de Boa Vista, Roraima, 16 maio. 1996.

Caderno Cidade, p. 14.


38SINTER faz conferência sobre a educação. Folha de Boa Vista, Roraima, 16 maio. 1996.

Caderno Cidade, p. 14.


31

Além desses problemas relacionados à educação, também existia problemas


com relação ao Governo Federal, em que os professores foram prejudicados nesse
período através de medidas incorretas do Governo Federal, umas dessas medidas
foi o “Plano Collor”, que de acordo com o Dicionário de Economia, “foram medidas
adotadas pelo novo governo federal implicaram mudanças nas áreas monetário-
financeira, fiscal, de comércio exterior, câmbio e de controle de preços e salários”39.

De acordo com a matéria, publicada pelo jornal Folha de Boa Vista em 3 de


julho de 1996, “Professores ganham ação na justiça”.

Os trabalhadores em educação em Roraima conseguiram


importante vitória na luta pela reposição de perdas salariais. Na
última segunda feira o juiz presidente da junta de Conciliação e
julgamento de Boa Vista, Adilson Dantas, deu sentença favorável
na ação movida pelo sínter, para garantir perdas retroativas
referentes ao Plano Collor. A decisão da justiça foi anunciada
ontem, pelo presidente interino do Sindicato dos Trabalhadores em
educação de Roraima (SINTER), José Airton. Segundo ele a
medida deve beneficiar aproximadamente quatro mil servidores
federais em Roraima. Entretanto, advertiu que só terão esta
vantagem àqueles que sindicalizados a época do ajuizamento da
ação40 .

De acordo com a matéria, os professores ganharam na justiça os salários


não pagos pelo Governo Federal, assim, a questão salarial torna-se uma pauta
importante para essa categoria.

No SINTER, nesse mesmo ano de 1996, aconteceu a eleição para a diretoria


do Sindicato dos Trabalhadores em Educação que de acordo com o jornal Folha de
Boa Vista essa eleição foi marcada por acusações entre as duas chapas, conforme
a publicação da Folha em 14 de junho de 1996, “Acusações marca eleição do
SINTER”.

“Ontem, aconteceram em meio a acusações de fraude pelas chapas


concorrentes”. Eram duas chapas concorrentes a “Muda SINTER, liderada pelo
professor Silas Cabral e SINTER na luta, encabeçada pelo também professor José
Henrique Duarte Neto”. Este último vindo das hostes do mais recente partido de

39 SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. 1º edição. São Paulo: Best Seller, 1999.
p. 466.
40Técnicos elaboram propostas para o ensino. Folha de Boa Vista, Roraima,3 jul. 1996, Caderno

Cidade, p. 15.
32

esquerda Partido Socialista dos trabalhadores Unificado (PSTU), já a chapa de Silas


Cabral, com base na matéria referente a essa eleição do SINTER, a chapa liderada
por Silas Cabral estava diretamente ligada com a Secretaria de Educação e esse
era o motivo das discussões entre as chapas. Mas não só isso, Titonho Bezerra,
filiado ao PT por discordar da Política do PSTU, decide apoiar Silas Cabral.

De acordo com José Henrique Duarte, “os processos têm


característica suigeneris devido à desorganização veracidade
durante o processo eleitoral. Ele afirmava que a chapa concorrente,
cometia uma série de irregularidades, além de ser comandada pela
Secretaria de Educação. “Os diretores de escolas impõem um clima
de terror aos funcionários para que votem na chapa apoiada pela
Secretaria”41.

No entanto, mesmo com denúncias referentes a esse pleito, as eleições


continuaram. E o jornal Folha de Boa Vista divulgou o resultado dessa eleição com
a seguinte matéria “Silas Cabral é eleito presidente do SINTER”, essa matéria foi
publicada no periódico dos dias 22, 23 e 24 de junho de 1996. Com o seguinte
resultado das eleições a “chapa Muda SINTER (liderada por Silas Cabral) conseguiu
nas urnas 2.140 votos enquanto a chapa (SINTER na Luta) encabeçada pelo
professor José Henrique, 1.543 votos”. Foram ainda computados 31 votos em
branco e 107 nulos”42

Como podemos observar, a Chapa vencedora foi à mesma que foi duramente
criticada e denunciada durante a eleição por fazer parte do mesmo grupo da
Secretaria de Educação.

No dia 17 de junho de 1996, o Jornal Folha de Boa Vista publica uma matéria
referente à posse da nova diretoria do SINTER “A nova diretoria do SINTER foi
empossada, segunda feira (15), em solenidade realizada às 22 horas no ginásio da
entidade”.

A respeito da denúncia referente à eleição do sindicato, Silas Cabral, se


pronuncia na posse dizendo, “o sindicato é dos trabalhadores em educação, seja o
que ocupem ou não cargos no governo. Até mesmo a Secretária de Educação é

41 Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria. Folha de Boa Vista, Roraima, 14
jun. 1996. Caderno Cidade, p. 02.
42 Silas Cabral é um novo presidente do sínter. Folha de Boa Vista, Roraima, 22, 23 e 24 de jun.

de 1996. Caderno Cidade, p. 14.


33

professora e tem o direito de ter seu candidato”43. Podemos perceber por esse
discurso que a entidade virou o braço sindical do Governo à época Neudo Ribeiro
Campos, sendo disputada palmo-a- palmo pelo Estado e com a benevolência de
sua corrente do Partido dos Trabalhadores.

Com um discurso muito claro de conciliação de classes como o Governo


Neudo Campos, Silas Cabral expõe: “existem dois caminhos em que o sindicato
deve seguir o primeiro seria a greve e o outro a negociação”. “Mas nossa diretoria
vai primar pelo entendimento”44. De acordo com Silas Cabral sempre é possível
negociar, “o governo não negocia se nos dispusermos fazer isso”. Silas Cabral
também afirmou que um dos principais problemas no sistema educacional está
ligado diretamente com a questão salarial. Como ele mesmo destacou em seu
pronunciamento à Folha.

O problema educacional do estado passa pela questão


salarial. Do total de professores aprovados no concurso realizado
pelo governo, cerca de dois anos atrás, poucos deles estão em sala
de aula, devido aos baixos salários45.

No editorial dos dias 20, 21 e 22 de junho de 1996, o jornal Folha de Boa


Vista destacou a desentendimento dos profissionais em educação com a seguinte
matéria “Assembleia do SINTER termina em pancadaria” a respeito da formação da
CUT-RR, Central Única de Trabalhadores.

A chapa apoiada pela atual diretoria do Sindicato dos


Trabalhadores em Educação (SINTER) ganhou a eleição. É que
com 120 delegados, esta chapa elegeria a diretoria regional da
CUT, fato que não foi aceito pelos opositores. As discussões
ganharam proporção quando pedras começaram a ser lançadas
contra os vencedores. Nesse instante, pediram a presença da
polícia para acalmar os ânimos46.

Na matéria acima o jornal Folha de Boa Vista mostra os conflitos dentro do


sindicato, conflitos que vem desde as denúncias da eleição para a diretoria do
SINTER, no qual o principal alvo das acusações foi o presidente eleito Silas Cabral.

43 Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria. Folha de Boa Vista, Roraima, 17
de jul. de 1996. Caderno Cidade, p. 14.
44 Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria. Folha de Boa Vista, Roraima, 17

de jul. de 1996. Caderno Cidade, p. 14.


45 Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria. Folha de Boa Vista, Roraima, 17

de jul. de 1996. Caderno Cidade, p. 14.


46 Assembleia do SINTER termina em pancadaria. Folha de Boa Vista, Roraima, 20, 21 e 22 de

jul. de 1996. Política Local, p. 03.


34

Outra vez, o jornal Folha de Boa Vista faz referência a Secretaria de


Educação sobre o Primeiro Encontro de Professores de primeiro e segundo graus
para debater a metodologia de ensino em Roraima, a matéria foi publicada referente
aos dias 17, 18 e 19 de agosto de 1996 com o seguinte título: Professores debatem
ensino de primeiro e segundo graus.

A abertura do evento aconteceu às oito horas da manhã no


Centro de Formação e Aperfeiçoamento Magistério (CEFAM). O
objetivo do encontro foi debater a metodologia de ensino no Estado,
dando ênfase a continuidade valorização da troca de experiência
adquiridas no decorrer dos encontros pedagógicos
multidisciplinares47.

Nesse evento, a assessora de educação de Roraima, Rita Rosália Martinez


Pichardo, destaca possíveis caminhos a serem trilhados na Educação do Estado de
Roraima, “para o Estado alcaçar a qualidade nessa área, é preciso orientar e
atualizar os profissionais de acordo com o regulamento de ensino”48.

Logo após essa matéria o jornal Folha de Boa Vista, fez um completo silêncio
sobre os rumos da educação no Estado. Algo que ecoou muito estranho. Uma das
hipóteses que pode ter ocorrido é do sindicato ter sido ganho com apoio da
Secretaria de Educação o que deixa as lutas muito mais fragilizadas, ficando sete
meses sem publicar algo relacionado à educação, voltando apenas a divulgar uma
matéria referente aos dias 26, 27 e 28 de abril de 1997 destacando um Congresso
realizado pelo SINTER com a seguinte matéria “Tumulto agita congresso do
SINTER”.

Grupos que disputam a direção do sindicato da categoria


se agrediram e a Polícia teve que intervir para garantir a segurança.
Depois de ter iniciado o Congresso, por volta das nove e meia, com
uma hora de atraso, 17 dos 24 diretores do SINTER (sindicato dos
trabalhadores em educação do Estado de Roraima) renunciaram e
toda a diretoria foi destituída. Uma comissão interventora de três
pessoas, presidida por Dimar Mesquita, assumiu o Sindicato e a
Presidência da mesa no congresso49.

47
Professores debatem ensino de primeiro e segundo graus. Folha de Boa Vista, Roraima, 17, 18
e 19 de ago. de 1996. Caderno Cidade, p.14.
48 Professores debatem ensino de primeiro e segundo graus. Folha de Boa Vista, Roraima, 17, 18

e 19 de ago. de 1996. Caderno Cidade, p.14.


49 Violência no congresso dos professores. Folha de Boa Vista, Roraima, 26, 27 e 28 de abr.

1997. Caderno Cidade, p. 5-A.


35

O jornal Folha de Boa Vista menciona a falta de harmonia entre os


profissionais em educação, destacando uma denúncia feita por Silas Cabral em
relação à intervenção na diretoria do SINTER que, segundo o seu depoimento, “a
Secretária de Educação quer uma diretoria que possa ser manobrada por ela e por
isso se uniu ao PT para me tirar” 50.

Mas, segundo Dimar Mesquita o principal motivo para a destituição da


diretoria são as irregularidades, “há indícios de fraudes e desmandos da diretoria
que precisam ser apurados”51. Essa matéria também mostrou a influência dos
últimos presidentes do SINTER na política regional.

O SINTER é hoje o maior sindicato do Estado e tem


atualmente 5.900 associados. Silas Cabral é sucessor de Antônio
Bezerra Titonho, hoje vereador petista, eleito na capital. A ala de
esquerda ligada a Titonho hoje apoia a intervenção e é um dos
grupos mais numerosos com poder de decisão entre os delegados.
Cabral acusa a administração anterior de ter dirigido o sindicato em
benefício do PT”52.

Ao que tudo indica, parece que Titonho percebem a armadilha que caiu,
quando deu apoio a Silas Cabral. Agora já como vereador do PT, sabe da
importância do sindicato e retomá-lo seria um dos seus objetivos.

Voltando a publicar em 07 de maio de 1997, com uma matéria referente a


disputa pela diretoria do SINTER, com a seguinte matéria “disputa pela diretoria do
Sínter ganha novos lances”. O jornal divulga a seguinte informação.

A Comissão Provisória eleita interviu na direção da eleição


decidiu realizar uma assembleia extraordinária para a comissão
eleitoral que presidirá nova eleição no SINTER. O presidente do
sindicato, Silas Cabral, tentou evitar o confronto alegando que não
conhecia a destituição da atual diretoria gerando novas cenas de
confronto53.

50 Violência no congresso dos professores. Folha de Boa Vista, Roraima, 26, 27 e 28 de abr.
1997. Caderno Cidade, p. 5-A.
51Violência no congresso dos professores. Folha de Boa Vista, Roraima, 26, 27 e 28 de abr. 1997.

Caderno Cidade, p. 5-A.


52 Violência no congresso dos professores. Folha de Boa Vista, Roraima, 26, 27 e 28 de abr.

1997. Caderno Cidade, p. 5-A.


53 Disputa pela diretoria do SINTER ganha novos lances, Folha de Boa Vista, Roraima, 07, maio.

1997. Caderno Cidade, p. 5-A.


36

Conforme essa matéria, formou-se uma comissão provisória liderada por


Dimar Mesquita, no entanto, Silas Cabral não aceitou o fim de seu mandato
ocasionando um conflito entre os profissionais em educação.

O jornal Folha de Boa Vista destaca a destituição da diretoria de Silas Cabral:


“A disputa pela direção do SINTER iniciou dia 25 do mês passado, quando a maioria
dos membros da atual diretoria decidiu se afastar dos cargos. Em seguida, o
congresso da categoria referendou a comissão interventora”54. Em 23 de junho de
1997 o jornal Folha de Boa Vista denuncia o governo do estado em relação os
recursos destinados à educação com a seguinte matéria “Governo não aplicou o
que devia na educação”.

Na lei orçamentária aprovada pela Assembleia Legislativa


para o ano passado, estava previsto que o governo gastaria mais
de 68 milhões de reais no setor educacional. Acabou, não
cumprindo a meta, embora tenha arrecadado mais que estava
previsto55.

A matéria termina com outra denúncia sobre a acumulação de cargos de


servidores estaduais, federais. Além disso, o governo descumpriu a lei referente ao
limite de servidores contratados, conforme a divulgação do jornal Folha de Boa
Vista:

A inspeção do Tribunal de Contas constatou que o governo


estadual manteve 355 servidores federais (pagos pela união)
recebendo salários também como serviço prestado. 49 funcionários
concursados do governo estadual receberam também como serviço
prestado e 20 receberam três salários diferentes (como servidor
federal, como serviço prestado e como cargo comissionado). A lei
proíbe o acúmulo de vencimentos por servidores públicos. A lei
também limita em 7.929 o número de servidores que poderiam ser
contratados pelo governo do estado. Mas existem 8.362
contratados. Praticamente todas as secretarias excedem o limite
legal56.

No dia 15 de junho de 1997, o jornal Folha de Boa Vista divulga uma


paralisação dos professores com a seguinte matéria “Professores decidem entrar
em greve”. De acordo com a matéria, o objetivo desta greve é referente aos

54
Disputa pela diretoria do SINTER ganha novos lances, Folha de Boa Vista, Roraima, 07, maio.
1997. Caderno Cidade, p. 5-A.
55 Governo não aplicou o que devia na educação. Jornal Folha de Boa Vista, 23 de jun. 1997.

Política Local, p. 03.


56 Governo não aplicou o que devia na educação. Jornal Folha de Boa Vista, 23 de jun. 1997.

Política Local, p. 03.


37

pagamentos dos salários “atrasados há 15 dias”. Segundo o autor da proposta da


greve, Cirino Vieira, “A lei está sendo descumprida”57.

Deste modo, novamente o Governo do Estado volta a descumprir a Lei. A


greve, nesse caso, seria uma forma de pressionar o governo a cumprir a lei. A
matéria destaca ainda o descumprimento da lei não só deste governo, mas de seu
antecessor e a participação no SINTER nas greves.

No mês seguinte, no dia 24 de julho de 1997, o Jornal Folha de Boa Vista


volta a divulgar um artigo com relação à educação e a falta de investimento no setor,
principalmente na capacitação dos professores e a cobrança do SINTER ao governo
em busca de mais recursos para a categoria. Essa matéria teve o seguinte título:
“Educação precisa de mais recursos” e, com o subtítulo, “Para os dirigentes do
maior sindicato profissional do Estado, a educação precisa aplicar mais recursos
em capacitação profissional”.

Nesta mesma publicação o jornal Folha de Boa Vista destaca a participação


do sindicalista Dimar Mesquita a frente da comissão provisória do SINTER onde o
mesmo fez diversas declarações a respeito do SINTER e sobre a gestão dos últimos
governos do estado com relação à educação. Destacando os seguintes tópicos:
“Estrutura física não basta”, “Diretores”, “A situação do interior é grave”.

Sobre o SINTER o jornal Folha de Boa Vista destacar um pronunciamento de


Dimar:

Apesar dos contratempos que criaram impasses no


sindicato, os membros da Comissão Provisória do Sínter garantiam
que a entidade renasce com mais força. Cita, como exemplo, o fato
de quatro chapas estarem disputando a diretoria, acontecimento
inédito na história do sindicato. Segundo ele, estas disputas sempre
foram entre dois segmentos e a concorrência dos quatros grupos,
demonstrar o despertar da categoria58.

Percebe-se que essa nova eleição do SINTER é completamente diferente


das outras já mencionadas que existiam só dois grupos que disputavam a eleição

57
Professores decidiram iniciar a paralisação hoje. Folha de Boa Vista, Roraima,15 julho de 1997.
Caderno Cidade, p. 5-A.
58 Estrutura física não basta. Folha de Boa Vista, Roraima 24 jul. de 1997. Caderno Cidade, p. 04.
38

da diretoria, essa nova eleição teve quatro grupos diferentes e que nos leva a
perceber a divisão dos grupos anteriores.

Em relação às estruturas físicas da época o jornal Folha de Boa Vista


novamente destaca uma análise de Dimar:

O governo Neudo Campos, por exemplo, construiu uma


sala de aula a cada dois dias e meio. Paradoxalmente, temos muitas
destas salas sem professores ou com professores leigos, e
surpreendente índice de evasão escolar. Quer dizer, é um erro
grave para quem pretende mudar o perfil socioeconômico do
estado, a partir da educação. Entretanto, admitimos que esse erro
possa ser corrigido. Basta o imediato redirecionamento da política
educacional59.

Dimar, crítica como o governo conduz os recursos na área da educação,


priorizando as estruturas físicas e esquecendo-se dos profissionais em educação,
que, segundo ele, “A única hipótese para isso, é negligência administrativa. Ou seja,
falta apenas boa vontade para reverter o quadro tendente ao descompasso
generalizado na educação”60.

O jornal Folha de Boa Vista complementa esta matéria fazendo uma análise
da educação do interior do estado tendo como base o pronunciamento de Dimar
Mesquita:

Para ele, os problemas da educação no interior são mais


complexos e só com a Supervisão Escolar funcionando com todos
os recursos, será possível reparar algumas falhas. “Hoje sabemos,
a Supervisão enfrenta dificuldades como falta de pessoal para cobrir
todo o estado e transporte para atender todo o estado 61.

No entanto, ele não crítica apenas à gestão do Governo Neudo Ribeiro


Campos afirmando “que um dos principais equívocos dos últimos governadores é
pensar que a educação precisa apenas de estrutura física”62

59
Estrutura física não basta. Folha de Boa Vista, Roraima 24 jul. de 1997. Caderno Cidade, p. 04.
60
Estrutura física não basta. Folha de Boa Vista, Roraima 24 jul. de 1997. Caderno Cidade, p. 04.
61 Estrutura física não basta. Folha de Boa Vista, Roraima 24 jul. de 1997. Caderno Cidade, p. 04.
62 Estrutura física não basta. Folha de Boa Vista, Roraima 24 jul. de 1997. Caderno Cidade, p. 04.
39

2.2 Análises das manchetes do jornal Folha de Boa Vista entre os anos de
1996 a 1997

Portanto, O SINTER realizou várias ações com objetivo de aperfeiçoar o


sistema de ensino público, uma dessas ações foi a realização da “I conferência em
educação de Roraima”, que a primeira matéria analisada, onde houve a presença
de 1000 profissionais em educação da capital e do interior de Roraima de acordo
com manchetes do jornal Folha de Boa Vista essa conferência foi realizada no dia
16 de maio de 1996, assim, o SINTER cumpriu uma das finalidades de estatuto que
conforme art. 2º. Inciso IV tem como finalidade “promover congressos, seminários,
plenários, encontros, reuniões e outros eventos para aumentar o nível de
organização e conscientização da categoria representada”63. O jornal Folha de Boa
Vista destacou essa matéria na primeira página do jornal mostrando que o SINTER
estava buscando novos caminhos para educação em Roraima.

A segunda e a terceira matéria selecionada estas relacionadas ao processo


eleitoral do SINTER, quem saiu vitorioso nesse pleito foi Silas Cabral, essa eleição
foi marcada por denúncias das outras chapas concorrentes no qual a chapa
vencedora era aliada ao governo.

Na quarta matéria analisada, o jornal Folha de Boa Vista destacou


participação do governo do Estado de Roraima que através da Secretaria de
Educação que organizou o primeiro encontro de professores para discutir o ensino
de primeiro e segundo graus esse encontro teve a participação da mestra cubana
Rita Rosália Martinez Pichardo, assessora de educação do Estado de Roraima. Ela
destacou que o Estado estava atrasado em relação a aplicação das normas de
ensino. Nessa mesma publicação houve outra notícia com relação a educação, no
qual os professores ganharam uma ação trabalhista contra o governo federal, e
governo ressarciu os salários não pagos aos professores, essa ação contra o
governo foi de responsabilidade do SINTER, e os sindicalizados tinham preferência
ao receber direitos dessa ação.

63
SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA. Disponível
em: <www.sinterroraima.com.br/estatuto>. Acesso em: 20 jun. 2018.
40

A quinta matéria foi sobre a posse do presidente eleito Silas Cabral, nessa
ocasião o presidente do SINTER ressaltou que o principal problema da educação é
a questão salarial. Na sexta matéria, o jornal Folha de Boa Vista mostrou um conflito
interno no sindicato, isso demostrar a presença de grupos organizados na entidade
e cada um com suas prioridades.

A sétima matéria foi sobre o primeiro encontro de professores para debater


a metodologia de ensino de primeiro e segundo graus; após seis anos da criação
do Estado a Secretaria de Educação resolveu debater a relação entre ensino e
aprendizagem em Roraima. A oitava matéria foi novamente um conflito interno do
sindicato, nesse conflito a diretoria comandada por Silas Cabral foi destituída, e
Dimar Mesquita tomou posse provisoriamente na direção do SINTER. A nona
matéria anuncia novamente um conflito no sindicato, Silas Cabral indignado com a
destituição do cargo não reconhecia a comissão provisória encabeçada por Dimar
Mesquita.

Na décima, matéria o jornal Folha de Boa Vista faz uma denúncia contra o
governo ao Tribunal de Contas sobre os recursos destinados à educação e sobre a
acumulação de cargos. A décima primeira matéria é sobre uma greve dos
professores e novamente a greve é por causa da questão salarial, ou seja, é a
mesma pauta da primeira greve organizada pelo SINTER, em 1989. A décima
segunda matéria, o jornal Folha de Boa Vista destaca a falta de investimento na
capacitação dos profissionais em educação, e a priorização do governo somente
com as estruturas físicas das escolas.

Por fim, a partir das análises dessas 12 matérias, divulgadas pelo jornal Folha
de Boa Vista percebe-se que o SINTER participou como um sujeito ativo na história
da educação de Roraima, muitas vezes sendo até cooptado pelo estado para servir
aos interesses dos seus mandatários. Mas a luta do SINTER teve também como
foco a qualidade no ensino em Roraima e a valorização dos profissionais em
educação com especial atenção aos seus salários.
41

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisar a educação é fundamental para compreensão de um momento


histórico, partindo desse ponto essa pesquisa sobre a educação no Estado de
Roraima foi construída a partir do jornal Folha de Boa Vista sendo o SINTER o
principal sujeito histórico.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (SINTER), foi


fundado em 1988 no mesmo ano da promulgação da última Constituição da
República Federativa do Brasil que estabeleceu um novo período democrático da
história brasileira; nesse mesmo ano junto com a Constituição da República o até
então Território de Roraima se transformou em Estado.

O primeiro capítulo dessa pesquisa foi uma contextualização da educação no


Período Republicano que serviu para mostrar a evolução do sistema educacional
brasileiro, que começou em 1932 com o Manifesto dos Pioneiros e se consolidou
com a Lei Diretrizes e Bases - LDB nº. 9.394/1996. O segundo capítulo foi sobre a
história do SINTER e suas ações na educação pública do recém-criado Estado de
Roraima.

Durante o período de 1991 a 1997 o SINTER passou por um período de


organização política, no entanto o sindicato não deixou de cooperar com o sistema
de ensino público, assim, o SINTER realizou várias ações no qual o objetivo era a
organização do sistema de ensino do Estado de Roraima, uma dessas ações foi a
I Conferência de Educação em Roraima que ocorreu no ano de 1996, nessa
conferência reuniu mais de 1000 profissionais em educação, isso mostrou a união
da classe trabalhadora que de forma organizada, por meio do sindicato, buscou
soluções para o desenvolvimento sistema educacional em Roraima.

O SINTER através das greves que buscou mostrar ao Estado e a sociedade


roraimense as principais pautas de preocupação para os profissionais em
educação, que de acordo com essa pesquisa a questão salarial e a qualificação
desses profissionais foram os motivos de preocupação na época para essa
categoria.
42

Por fim, essa pesquisa foi elaborada com a finalidade de contribuir com a
História Regional, o tema Educação em Roraima foi escolhido, pois, durante a
minha graduação não tive contato com essa temática, assim, pretendo no futuro da
continuidade a essa pesquisa.
43

REFERÊNCIAS

Bezerra, Pablo Sergio Souza. SINTER, 30 anos de lutas e conquistas em defesa


dos Trabalhadores em Educação de Roraima. Boa Vista-RR: FORBRAS, 2019.

BRASIL. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases-LDB.

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL


SUPERIOR. Disponível em: <www.capes.gov.br/história-e-missão>. Acesso em: 18
ago. 2018.

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE


RORAIMA. Disponível em: <www.sinterroraima.com.br/estatuto>. Acesso em: 20
jun. 2018.

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE


RORAIMA. Disponível em: <www.sinterroraima.com.br/acervo/história-do-sinter>.
Acesso: 25 jun. 2018.

CRUZ, Heloisa de Faria; PEIXOTO, Maria do Rosário Cunha. Na oficina do


historiador: conversas sobre história e imprensa. Projeto História, São Paulo, PUC,
nº 35, pp. 253-270.

CUNHA, Luiz Antônio; GÓES, Moacyr de. O golpe na educação. Rio de Janeiro:
J. Zahar, 1985.

DURKHEIM, Émile. Definição de educação. In: Educação e sociologia. 3. ed.


Tradução de Lourenço Filho. São Paulo: Melhoramentos, 1952.

Émile Durkheim / Jean-Claude Filloux. Coleção Educadores. Tradução: Celso do


Prado Ferraz de Carvalho, Miguel Henrique Russo. Recife: Fundação Joaquim
Nabuco, Editora Massangana, 2010. 148 p.

FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução. Moacir Gadotti e Lílian Lopes


Martin. 12 ed. Paz e Terra, 1979. 112 p.

Jean Piaget / Alberto Munari. Coleção Educadores. Tradução e organização:


Daniele Saheb. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.
156 p.
44

SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller,


1999. 650 p.
NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação
brasileira. Rio de Janeiro: Wak ed. 2008. 210 p.

PALMA FILHO, J. C. A Educação Brasileira no Período de 1930 a 1960: a Era


Vargas. Pedagogia Cidadã. Cadernos de Formação. História da Educação. 3. ed.
São Paulo: PROGRAD/UNESP- Santa Clara Editora, 2005. 19 p.

______. A Educação Brasileira no Período 1960-2000: de JK a FHC. Pedagogia


Cidadã - Cadernos de Formação –História da Educação. 3. ed. São Paulo:
PROGRAD/UNESP e Santa Clara Editora, 2005. 32 p.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 29
ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

______. História da educação no Brasil. 23. ed. Petrópolis (RJ): Editora Vozes,
1999.

JORNAIS CONSULTADOS

Assembleia do SINTER termina em pancadaria. Folha de Boa Vista, Roraima, 20,


21 e 22 de jul. de 1996. Política Local, p. 03.

Disputa pela diretoria do SINTER ganha novos lances, Folha de Boa Vista,
Roraima, 07, maio. 1997. Caderno Cidade, p. 5-A

Estrutura física não basta. Folha de Boa Vista, Roraima 24 jul. de 1997. Caderno
Cidade, p. 04.

Governo não aplicou o que devia na educação. Jornal Folha de Boa Vista, 23 de
jun. 1997. Política Local, p. 03.

Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria. Folha de Boa Vista,
Roraima, 14 jun. 1996. Caderno Cidade, p. 02.

Presidente do SINTER negociar lutas. Folha de Boa Vista, Roraima,17 de jul. de


1996. Caderno Cidade, p. 14.
45

Professores decidiram iniciar a paralisação hoje. Folha de Boa Vista, Roraima,15


julho de 1997. Caderno Cidade, p. 5-A.

Professores debatem ensino de primeiro e segundo graus. Folha de Boa Vista,


Roraima, 17, 18 e 19 de ago. de 1996. Caderno Cidade, p.14,

SINTER faz conferência sobre a educação. Folha de Boa Vista, Roraima, 16 maio.
1996. Caderno Cidade, p. 14.

Silas Cabral é um novo presidente do sínter. Folha de Boa Vista, Roraima, 22, 23
e 24 de jun. de 1996. Caderno Cidade, p. 14.

Técnicos elaboram propostas para o ensino. Folha de Boa Vista, Roraima,3 jul.
1996, Caderno Cidade, p. 15.

Violência no congresso dos professores. Folha de Boa Vista, Roraima, 26, 27 e 28


de abr. 1997. Caderno Cidade, p. 5-A.
46

ANEXO A

16 de maio de 1996 - Mais de 1.000 professores debatem educação em RR.

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
47

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
48

ANEXO B

14 de junho de 1996 - Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
49

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
50

ANEXO C

22, 23 e 24 de junho de 1996 - Silas Cabral é um novo presidente do sínter

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
51

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
52

ANEXO D

03 de julho de 1996 - Técnicos elaboram propostas para o ensino

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
53

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
54

ANEXO E

17 de 1996 de julho - Presidente do SINTER que negociar lutas

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
55

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
56

ANEXO F

20,21 e 22 de julho de 1996 - PM intervém e bate em professores

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
57

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
58

ANEXO G

17,18 e 19 de agosto de 1996 - Técnicos debatem ensino

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
59

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
60

ANEXO H

26, 27 e 28 de abril de 1997- Violência no congresso dos professores

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
61

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
62

ANEXO I

7 de maio de 1997 - Novo confronto SINTER

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
63

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
64

ANEXO J

15 julho de 1997 - Professores decidem entrar em greve

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
65

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
66

ANEXO K

23 de junho de 1997 - Governo não aplicou o que devia na educação

FONTE: NUDOCHIS-UFRR
67

ANEXO L

24 de junho de 1997 - Estrutura física não basta

FONTE: NUDOCHIS-UFRR

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