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MEDIDAS EMERGENCIAIS NO DIREITO DO TRABALHO DECORRENTE DO COVID-19

(CORONAVÍRUS).

Com origem no continente asiático, o Covid-19, popularmente conhecido como


coronavírus, rapidamente atingiu todos os continentes, alterando a rotina das pessoas e das
empresas.

Diante da rápida disseminação, antes mesmo de apresentar seus primeiros sintomas,


em 13 de março de 2020, A Organização Mundial da Saúde – OMS declarou pandemia global do
coronavírus.

O Governo Federal, diante dessa situação, sancionou a Medida Provisória n°927 em 22


de março de 2020, estabelecendo medidas trabalhistas para enfrentar o estado de calamidade
pública provocado pelo Covid-19.

A Medida Provisória n° 927 prevê a celebração de acordo individual escrito entre


empregador e empregado, a fim de garantir o vínculo de emprego. Nessa situação, o acordo
individual terá preponderância sobre os demais instrumentos normativos, seja a legislação presente
da Consolidação das Leis do Trabalho, seja sobre as negociações coletivas. Ressalta-se que os
limites estabelecidos na Constituição Federal deverão ser respeitados.

Teletrabalho

 Prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador,


com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação.

 A alteração deverá ser notificada ao empregado com antecedência de, no mínimo, 48


horas, por escrito ou por meio eletrônico.

 Será necessário realizar aditivo ao contrato de trabalho, na data da mudança do regime


de trabalho ou no prazo de 30 dias, para dispor sobre a responsabilidade pela aquisição,
manutenção e fornecimento dos equipamentos tecnológicos e reembolso das despesas arcadas
pelo empregado.

 Permite-se o regime de trabalho remoto para estagiários e aprendizes.

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Férias Individuais e Coletivas

 Empregador deverá informar com antecedência mínima de 48 horas sobre a concessão


de férias individuais e/ou coletivas.

 As férias poderão ser concedidas ainda que não tenha transcorrido o período aquisitivo.

 As férias não poderão ser inferiores a cinco dias corridos.

 O pagamento da remuneração das férias poderá ser efetuado até o quinto dia útil do
mês subsequente ao início do gozo das férias.

 O pagamento do adicional de um terço de férias poderá ser efetuado após sua


concessão, até 20 de dezembro do ano corrente.

 Para a concessão de férias coletivas, dispensa-se a comunicação prévia ao órgão local do


Ministério da Economia e aos sindicatos representativos da categoria profissional.

 A Consolidação das Leis do Trabalho prevê, em seu art. 139, §1°, que as férias coletivas
somente poderão ser gozadas em dois períodos anuais, desde que nenhum deles seja inferior a 10
dias corridos. A Medida Provisória n° 927/2020, porém, afastou este limite máximo de períodos
anuais e o limite mínimo de dias corridos. Assim, a empresa poderá conceder férias coletivas mais
do que duas vezes por ano e em limite inferior a 10 dias corridos, caso deseje.

Banco de Horas

 Permite-se a ampliação do prazo para a compensação das horas em 18 meses,


contados da data de encerramento do estado de calamidade pública.

 Manutenção dos limites constitucionais para a realização de horas extras: prorrogação


de jornada em até duas horas, sem exceder dez horas diárias.

Suspensão das Exigências Administrativas de Segurança do Trabalho

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 Suspensão da obrigatoriedade de realização dos exames médicos ocupacionais, clínicos
e complementares, exceto dos exames demissionais.

 O exame demissional poderá ser dispensado no caso de o exame médico ocupacional


mais recente ter sido realizado há menos de cento e oitenta dias.

 Os exames médicos ocupacionais, clínicos e complementares deverão ser realizados no


prazo de sessenta dias, contados do encerramento do estado de calamidade pública.

 Durante o estado de calamidade pública, fica suspensa a obrigatoriedade de realização


de treinamentos periódicos e eventuais previstos nas normas regulamentadoras de saúde e
segurança do trabalho. As empresas poderão optar por realizar estes treinamentos na modalidade
de ensino a distância. Caso contrário, eles deverão ser realizados no prazo de 90 dias, contados da
data de enceramento do estado de calamidade pública.

Licença Não Remunerada / Suspensão do Contrato de Trabalho

 O contrato de trabalho poderá ser suspenso, pelo prazo de até 4 (quatro) meses, para
participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional não presencial. A
qualificação deverá ser oferecida pelo empregador, diretamente ou por meio de entidades
responsáveis, com duração equivalente à suspensão contratual.

 A suspensão poderá ser realizada através de acordo individual com o empregado, sem a
necessidade de validação por meio de instrumento coletivo, e deverá ser registrada na Carteira de
Trabalho.

 A empresa poderá conceder ao empregado ajuda compensatória mensal, sem natureza


salarial e sem integrar o contrato de trabalho. A Medida Provisória não prevê valor mínimo para a
ajuda compensatória e afasta a possibilidade de concessão de bolsa qualificação, prevista no art.
476-A da CLT.

 O período de suspensão não é computado como tempo de serviço, não incidindo sobre
verbas trabalhistas e rescisórias.

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 Se, durante a suspensão do contrato, o curso ou programa de qualificação profissional
não for ministrado ou o empregado permanecer trabalhando, a suspensão ficará descaracterizada e
sujeitará a empresa ao pagamento do salário e demais encargos sobre todo o período.

 Segundo entrevista concedida pelo Secretário do Trabalho, Bruno Dalcomo, na data de


23/03/2020, o Governo Federal estuda novas medidas referentes aos funcionários que estiverem
de licença não remunerada, possibilitando a concessão de seguro-desemprego por esse período.

Diferimento do Recolhimento do FGTS

 Suspensão da exigibilidade do recolhimento do FGTS, referente às competências de


março, abril e maio de 2020 (com vencimento em abril, maio e junho de 2020, respectivamente).

 O recolhimento das parcelas descritas poderá ser efetivado em até seis parcelas
mensais, com vencimento no 7° dia de cada mês, a partir de julho de 2020. Nesse caso, não haverá
a incidência de correção monetária, juros e multa.

 Para usufruir desta prerrogativa, basta o empregador declarar as informações até 20 de


junho de 2020. Os valores não declarados serão considerados em atraso e obrigarão o pagamento
integral da multa e demais encargos.

 No caso de rescisão do contrato de trabalho, a suspensão das competências será


resolvida, de modo que a empresa deverá recolher os valores correspondentes, sem a incidência de
multa dos encargos devidos, além de realizar o depósito de 40% montante de todos os depósitos
realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho.

Outras Disposições

 Os casos de contaminação pelo Covid-19 não serão considerados ocupacionais, exceto


mediante comprovação do nexo causal. Assim, o afastamento pela doença não ensejará, em regra,
a concessão de estabilidade.

 Durante o estado de calamidade pública, os empregadores poderão antecipar o gozo


de feriados não religiosos. Neste caso, deverão notificar, por escrito ou por meio eletrônico, os

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empregados beneficiados, com antecedência de, no mínimo, 48 horas. O aproveitamento de
feriados religiosos dependerá da concordância do empregado, mediante acordo individual escrito.

CONCLUSÃO

Ressalta-se que, diante do andamento da crise, possivelmente novas determinações


ainda serão expedidas pelo Governo Federal e Estadual.

Sugere-se, portanto, atenção às determinações legais, não somente para ajudar a


enfrentar a crise e diminuir o contágio, como igualmente para guiar-se quanto às recomendações a
serem seguidas nas relações de emprego.

CONTATOS:

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