Você está na página 1de 4

U) Jovem – Namorar… e amadurecer – C.

 Nuova 14/03 – Faro – 1

Meus pais não permitem!

Há   poucos   dias   completei   13   anos.   Meus   pais   sempre   me   educaram   de 

forma muito rígida a ponto de me fazer sofrer. 

Meu pai passa grande parte do dia fora. E ganha muito pouco. O trabalho  

de minha mãe prejudica muito sua saúde. Por conta de tudo isso, é em nós, os  

filhos, que os dois descarregam o estresse.

Eu gostaria de sair mais, viver a minha vida de adolescente, me divertindo  

e convivendo com os amigos, porém meus pais não permitem. Eu acho que esse 

comportamento é efeito do estresse que eles enfrentam no dia­a­dia. O que vocês  

acham desta situação?

Uma adolescente

O   fato   é   que   atualmente   os   pais   enfrentam   uma   certa   desorientação 

diante dos vários desafios que a vida coloca, como a questão do trabalho e da 

educação dos filhos. Mas, como não estou respondendo aos seus pais, e sim a 

você, permita­me fazer algumas observações.

A   adolescência   significa   um   processo   de   crescimento   e   é   comum   os 

adolescentes   caminharem  em   busca  da  própria  identidade  – o famoso  “quem 

sou eu?” – assim como é comum o desejo de estar em grupo. 

Uma árvore cresce um pouco mais a cada dia e nós também. Na etapa da 

adolescência   –   uma   etapa   fundamental   do   crescimento   –,   adotamos   diversas 

identidades,   uma   depois   da   outra   ou   mesmo   simultaneamente,   conforme   as 

circunstâncias: em casa, no clube, na escola. E isso, algumas vezes, confunde, 

surpreende e amedronta os adultos, que acabam colocando “trancas” na casa. É 

preciso compreendê­los. 

Veja, na adolescência a nossa conduta está dominada pela ação, e o fato 

de “estar preso” significa  limitar um pouco a nossa  capacidade de viver  essa 

fase. Sentimos a necessidade de começarmos a fazer parte do mundo adulto; 
U) Jovem – Namorar… e amadurecer – C. Nuova 14/03 – Faro – 2

contudo   não   nos   sentimos   totalmente   preparados   para   enfrentar   esse   novo 

universo. Queremos ser adultos, mas não queremos perder “as regalias” da fase 

anterior, a infância. 

Nesta fase é fundamental sabermos negociar com nossos pais. Desde a 

nossa   infância   nos   desenvolvemos   identificando­nos   com   características   de 

nossos   pais,   e   essas   semelhanças   podem   servir   de   ponte   para   nos   ligar 

novamente   a   eles.   Portanto,   é   fundamental   procurarmos   o   melhor   momento 

para puxar um papo com eles, quando eles estiverem mais descansados, e aí 

expor o que sentimos com relação àquilo de que necessitamos. Talvez durante a 

semana fica difícil sair, mas nos finais de semana, quem sabe? Trazer os amigos 
em casa para que os pais os conheçam também ajuda. 

O grupo – os amigos – com certeza pode proporcionar segurança e estima 

pessoal.   Viver   em   grupo   nos   ajuda   a   crescer,   descobrir   as   próprias 

potencialidades, e é também no grupo que podemos construir ideais e ações em 

prol   de   um   mundo   melhor.   Mas   se   não   soubermos   escolher   “com   quem 

andamos”, podemos nos machucar e fazer experiências traumatizantes. É aqui 

que os pais podem ajudar bastante.

Sentimos o desejo de estar sempre juntos com alguns amigos e amigas, 

mas   nem   sempre   é   possível.   Podemos   então   arranjar   outros   meios   de   nos 

comunicar  como, por  exemplo,  o telefone,  o e­mail, a  carta, ou  aproveitar  os 

intervalos das aulas. 

Por fim, é preciso ter paciência e esperar a árvore crescer mais um pouco 

para   dar   os   frutos   de   uma  liberdade   e  de   uma   autonomia  maiores.   Gostaria 

ainda de lembrar que também Jesus na sua adolescência teve necessidade de 

dar suas “fugidinhas”. Lembra do encontro dele aos doze anos de idade, com os 

sacerdotes, no Templo de Jerusalém? Também os pais dele tiveram dificuldades 

para entender a sua atitude. Mas Jesus explicou os seus motivos: era preciso 

tratar   dos   “negócios”,   de   seu   Pai,   dos   seus   grandes   ideais.   Depois,   Jesus 

obedeceu  aos   pais,  voltou   para  casa,   e  a   tranqüilidade   retornou   para   aquela 
U) Jovem – Namorar… e amadurecer – C. Nuova 14/03 – Faro – 3

família.

Afonso Vieira

Preparando-se para a vida sexual

Namoramos há alguns anos e queremos nos preparar seriamente para o  

casamento. Há pouco  tempo  lemos numa revista que  o  namoro  é  o  “tempo  da  

ternura”. Mas o que significa viver a ternura neste momento particular da nossa  

vida?

Francisco e Rosa

Uma idéia muito difundida entre os jovens é que, depois do casamento, 

será   finalmente   possível   viver   o   sexo   livremente,   e   que   o   sucesso   de   um 

casamento depende da realização sexual.

Mas   nós   constatamos   freqüentemente   que   muitos   casamentos   se 

desfazem – até mesmo muito cedo – apesar da grande liberalização sexual.

As causas dessa situação certamente são muitas, mas gostaríamos de nos 

deter um pouco numa dessas causas que, na nossa opinião, está entre as mais 

importantes: a incapacidade que o casal enfrenta para exprimir o amor inclusive 

através de gestos de ternura.

Mas o que é a ternura? Muitas vezes a confundimos com um excesso de 

sentimentalismo, com um relacionamento feito só de emoções, com um amor 

platônico   totalmente   desvinculado   da   realidade…   Ao   invés,   a   ternura   é   uma 

atitude madura, que faz com que se esteja atento às riquezas do outro e faz com 

que se participe, com todo o calor da própria sensibilidade, das suas emoções e 

dos   seus   sentimentos.   A   ternura   se   exprime   como   doçura,   acolhida, 

cordialidade, atenção aos pequenos gestos de afeto…

A ternura é, por exemplo, saber valorizar o outro (“Como você está bem 
U) Jovem – Namorar… e amadurecer – C. Nuova 14/03 – Faro – 4

com esse vestido!” “Como você falou bem hoje pela manhã!”), responder­lhe com 

um sorriso, evitar levantar a voz, mesmo nos momentos difíceis, saber escutar e 

surpreender o outro com um beijo ou com uma carícia. Em suma, a ternura é 

um contínuo esforço para fazer o outro feliz através de mil gestos que nascem 

da fantasia do amor.

A ternura é também aquilo que faz com que a sexualidade passe da sua 

dimensão exclusivamente instintiva para uma dimensão realmente humana. De 

fato, a ternura enriquece de amor o desejo pelo outro e preenche de alegria e 

gratuidade o relacionamento sexual, ajudando a conservar o seu frescor como 

um acontecimento sempre cheio de novidade, e impedindo, assim, que ele se 
torne monótono e repetitivo. Sem a ternura a linguagem sexual será, a longo 

prazo, esvaziada de seu significado e será cada vez menos capaz de comunicar 

prazer e alegria.

Por outro lado, pode haver muitos momentos na vida de casal nos quais 

diversas   circunstâncias   –   doença,   distância,   períodos   de   estresse   etc.   – 

impedirão   o   relacionamento   sexual.   Como   fazer   então   para   não   se   sentir 

frustrado   e   continuar   a   exprimir   o   amor   também   através   da   linguagem   do 

corpo? Aqui é a ternura que pode ajudar, porque ela é capaz de preencher de 

significado até um simples beijo, uma carícia, um abraço…

Neste sentido o período do namoro pode ser um período privilegiado para 

descobrir e aprofundar sempre mais a arte da ternura.

Se   durante   o   namoro   se   conseguir   colocar   de   lado   a   linguagem   da 

genitalidade, para concentrar­se na linguagem da ternura, esse período pode se 

tornar   a   ocasião   única   e   irrepetível   de   firmar   as   bases   para   um   sólido 

relacionamento de casal e para uma sexualidade conjugal madura e gratificante.

Maria e Raimondo Scotto

Você também pode gostar