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HISTÓRIA DA IDADE MÉDIA ORIENTAL

O IMPÉRIO BIZANTINO

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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:

1. Analisar as razões que permitiram a manutenção do lado oriental do Império Romano;

2. Identificar os principais elementos constituintes do Império Bizantino;

3. Compreender as especificidades da política do Império Bizantino;

4. Destacar a percepção que os Bizantinos tinham de serem os continuadores do Império Romano.

1 As incursões germânicas e a formação de Bizâncio


As incursões germânicas ao Império Romano não foram uma novidade do século V.

Desde o século anterior, esse movimento ocorria provocando retaliações como as promovidas pelo imperador

Valentiniano na região da Floresta Negra ou admitindo esses indivíduos como colonos nos limes (fronteiras)

romanos.

Antes mesmo da divisão do Império, promovida por Teodósio (assunto visto na aula passada), o lado oriental

passou por um grande percalço:

(...) duzentos mil visigodos foram acossados pelos invasores hunos através do Danúbio até o Império Romano

Oriental onde os seus governantes permitiram que se estabelecessem.

Exasperado, porém, com o tratamento injusto a que os sujeitaram, o chefe visigodo Fritigerno sublevou-se e

devastou os balds enquanto os povos do norte forçavam caminho através do Danúbio seguindo a sua esteira

(376).

A situação foi apaziguada após muita luta, no entanto não foi localizada. Muito mais estava por vir. (GRANT,

Michael. A história de Roma. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995. p.342).

Após a divisão do Império promovida por Teodósio, seus dois filhos assumiram com o auxílio de regentes:

Arcádia na parte oriental, sob a orientação de Rufino; e Honório na parte ocidental, sob a orientação de Estilicão.

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Estilicão, o verdadeiro governante ocidental, passou parte de sua regência articulando para a derrubada e

anexação da parte oriental, o que acabou resultando em grande negligência a uma ameaça real que se agigantava

sobre as fronteiras do Reno: Alarico e seus soldados, bem como uma coligação de tribos vândalas, suevas,

burgúndias e Manas.

Os imperadores seguintes não conseguiram reverter o quadro.

Em contrapartida, o lado oriental, em melhor condição de defesa e com províncias mais abastadas, não partiu em

socorro à porção ocidental. Segundo o, já citado, historiador Michael Grant:

“Havia uma aversão antiga, endêmica e mútua entre as metades latina e grega do mundo romano e os

governantes de cada uma delas pareciam relutar em prestar assistência mútua, estando muito mais inclinados a

se apunhalarem pelas costas" (GRANT, 1995, p.365).

Não podemos ser simplistas e achar que a falta de colaboração era apenas urna questão de simpatia e aversão,

mas a falta de identidade entre as duas partes pesou nessa postura.

Além disso, havia questões de ordem prática: auxiliar o lado ocidental implicava em gastos que poderiam

desequilibrar as finanças orientais, o que não era aceitável.

Resguardando cada vez mais suas fronteiras, o lado oriental sobreviveu por quase mil anos.

O Imperador Zenão estava no poder no ano em que a historiografia consagrou como marco para o término do

Império Ocidental, o ano de 476.

Lembre-se que essas datas são arbitrárias. Como vimos, o Império Romano já passava por problemas há pelo

menos dois séculos. Logo, determinar uma data é esquecer que houve um processo de desagregação.

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2 Razões para a sobrevivência do Império Romano
Oriental
Compreender por que o lado ocidental sucumbiu aos invasores germânicos enquanto o oriental resistiu não é

das tarefas mais simples.

Nenhum fator isolado justificaria tal realidade. Temos que trabalhar com uma série de elementos conjugados

para esclarecer tal permanência.

O primeiro fator que podemos assinalar é a questão geográfica:

O lado ocidental tinha que resguardar extensas fronteiras que se estendiam do alto e médio rio Danúbio e do rio

Reno.

O lado Bizantino tinha que se preocupar apenas com a fronteira do baixo Danúbio o que lhe dava liberdade para

enfrentar com mais eficácia as hordas de invasores do leste.

Para que você compreenda melhor essa vantagem, observe os mapas e perceba que o lado ocidental tinha que

defender uma área fronteiriça muito mais ampla, o que demandava mais recursos e também mais soldados.

Ainda dentro dessa lógica, mais uma vez citando Michael Grant:

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Além disso, se o imperador ocidental não conseguisse manter suas barreiras junto àqueles rios, não tinha uma

segunda linha de defesa em que se apoiar, e a Itália, a Gália e a Espanha ficavam abertas aos invasores, ao passo

que forcar o Bósforo, guardado pelas defesas insuperáveis de Constantinopla, estavam acima da capacidade de

qualquer potência hostil” (GRANT, 1995, p.377).

Um segundo fator digno de destaque relaciona-se com a estrutura socioeconômica.

O lado oriental manteve relativamente intactas as atividades econômicas, apesar das ameaças, bem como a

estabilidade interna.

Além disso, as províncias orientais eram mais povoadas e mais ricas, o que evitou o colapso em relação à

cobrança de impostos necessários à manutenção do Estado.

Por último podemos assinalar a relativa paz interna do lado oriental.

Após a separação, a sua política interna mostrou-se muito mais homogênea, sem grandes perturbações, sem

sistemáticos governos golpistas como tornou-se praxe no lado ocidental.

As sucessões ocorrendo sem grandes percalços estimulavam a unidade e os fortaleciam perante às ameaças

alienígenas.

O que vem na próxima aula


• O governo de Justiniano;
• As realizações de Justiniano no âmbito de compilação do Direito Romano;
• O movimento expansionista em relação ao Ocidente.

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CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu por que o Império Romano Oriental sobreviveu às incursões germânicas;
• Aprendeu as novas estruturas surgidas no Império Oriental, bem como as permanências do lado
ocidental;
• Analisou a percepção que os bizantinos tinham de continuidade em relação ao lado ocidental.

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