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Fundamentos 

dos Sistemas de Televisão

GERAÇÃO DE 
IMAGEM 

Prof. Hamilton Rodrigues  18
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GERAÇÃO DE IMAGEM 
CINEMA E TELEVISÃO ­ A ILUSÃO DA IMAGEM EM MOVIMENTO

Se   você   já   observou   atentamente   os   raios   das   rodas   de   uma   bicicleta   em 


movimento,   deve   ter   tido   a   impressão   de   ter   visto   os   raios   girarem   em   sentido 
contrário ao movimento das rodas. Este fenômeno acontece devido a propriedade da 
visão   denominada   persistência   retiniana.   Isso   quer   dizer   que   uma   imagem   pode 
continuar sendo vista, por um determinado tempo (1/15 s), mesmo depois de ter sido 
retirada da linha de visão. O cinema é uma aplicação prática desse fenômeno! Além 
disso; quem nunca se divertiu com os desenhos animados produzidos nas “orelhas” 
dos cadernos!?

A reprodução da imagem no cinema

No   cinema,   para   se  obter   a   ilusão   da   imagem   em   movimento,   os   quadros 


(fotos)   são   mostrados   numa   razão   de   24   imagens   por   segundo,   ou   seja,   numa 
freqüência de 24 Hz. Contudo, a variação da intensidade de luz, devido a mudança 
brusca   de   cada   quadro   geram   um   problema   denominado   de   tremulação.   Este 
fenômeno   pode   ser   percebido   na   apresentação   de   alguns   filmes   antigos.   Para   se 
eliminar   esse   problema,   depois   de   várias   experiências,     resolveu­se   aumentar 
(duplicar) a taxa de amostragem das imagens de cada quadro, numa proporção de 48 

quadros por segundo (48 Hz).
                  Fig. 07  COMPARAÇÃO DA PROJEÇÃO DE IMAGENS COM 24 E 48 Hz

O projetor possui um sistema denominado obturador que controla a incidência 
de luz na imagem.

Observe que cada quadro é iluminado duas vezes (acende e apaga).  

A produção e reprodução da imagem no sistema de televisão

Quando desejamos reproduzir uma imagem utilizamos, entre outros recursos, a 
máquina fotográfica. Com ela podemos focalizar uma cena e com apenas um “click” 
dar inicio ao processo de produção da fotografia.  Nesse momento os raios de luz 
excitam substâncias químicas fotosenssíveis, que captam a imagem de uma só vez.

Numa câmera de TV, após ter sido focalizada, a imagem é projetada numa 
região sensível às variações de luz que logo em seguida é eletronicamente explorada e 

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convertida num sinal elétrico equivalente e gravada numa fita de vídeo. Gostaria de 
frisar que a imagem num sistema de TV é explorada e reproduzida ponto por ponto e 
não de uma só vez, como acontece na fotografia. A câmera explora a imagem da 
esquerda para direita e de cima para baixo; da mesma forma que você esta lendo essas 
linhas do texto.    

Fig. 08 ESQUEMA DAS IMAGENS DA CÂMERA FOTOGRÁFICA E DA DE VÍDEO

CARACTERÍSTICA DO QUADRO NO PADRÃO “M” DE TV

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Fig. 09 ESQUEMA DA VARREDURA NA TELA DE TV

Nesse padrão o quadro onde a imagem é projetada, a  varredura é feita ponto a 
ponto formando linhas horizontais, fazendo um total de 525 linhas. As linhas grossas 
representam   o traço  que  reproduz  pequena  parte   da  imagem.   As  linhas  tracejadas 
representam o retorno de uma linha para dar inicio a próxima. Perceba que no retorno 
(ou retraço) não temos imagem. Observe também que o quadro é formado por linhas 
pares (2,4,6, ..., 524) e linhas ímpares (1,3,5, ..., 523).

EXPLORAÇÃO ENTRELAÇADA ­ A eliminação do efeito da tremulação da 
imagem no sistema de TV

Para se obter o fenômeno da imagem em movimento, como no cinema, sem o 
efeito da tremulação, o quadro foi dividido (eletricamente) em partes denominadas de 
campos par (onde são varridas as linhas pares) e ímpar (onde são varridas as linhas 
ímpares),   num   total   de   60   campos.   O   sistema   óptico   e   a   persistência   retiniana 
comandados pelo celebro, integram as imagens partidas gerando um quadro completo, 
gerando uma imagem “perfeita” como podemos ver nos receptores de televisão no 
nosso dia­a­dia.

Fig.  10 ESQUEMA DA DIVISÃO DOS CAMPOS PAR E ÍMPAR NA TELA DA TV

Observe   que   os   60   campos   de   262,5   linhas   devem   ser   varridos,   numa 


freqüência dada por 60 x 262,5 = 15.750 Hz que representa a freqüência de varredura 
de linhas horizontais. Observe que a freqüência de varredura vertical é de 60Hz.

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GERAÇÃO DE 
SINAIS  

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GERAÇÃO DE SINAIS
CALORIMETRIA

O estudo dos princípios das cores é fundamental no nosso curso porque iremos 
analisar os circuitos que processam imagens coloridas em forma de sinais elétricos.

É   possível,   utilizando­se   um   prisma,   verificar   que   a   luz   branca   natural   é 


formada por todas as cores do arco­íris. Foi o físico Isaac Newton que mostrou pela 
primeira vez este fenômeno natural. Entretanto, foi Huygens que associou as cores a 
seus   respectivos   comprimentos   de   onda,   ou   seja,   provou   que   a   luz   é   na   verdade 
radiações eletromagnéticas como as ondas de rádio.
Experiência de Isaac Newton.

Fig.   11   EXPERIÊNCIA   DE   NEWTON   (A   DECOMPOSIÇÃO   DA   LUZ   BRANCA   EM 


SUAS COMPONENTES)    

Outro   dado   importante   no   estudo   das   cores   é   o   gráfico   que   mostra   o 


comportamento da sensibilidade relativa e aproximada do olho humano.

Fig.   12   GRÁFICO   MOSTRANDO   O   COMPORTAMENTO   DA   SENSIBILIDADE 


RELATIVA DO OLHO HUMANO EM RELAÇÃO AO ESPECTRO DE COR

As pesquisas mostram que sensibilidade máxima situa­se em torno das cores 
vermelhas (R), verde (G) e azul (B). Além disso, as sensações das outras cores é 
proveniente da misturas em determinadas proporções de R, G, B; Denominadas de 

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cores   primarias.   Porque   não   podem   ser   obtidas   pela   mistura   de   outras   cores. 
Entretanto   a   partir   delas   podemos   obter   um   grande   número   de   cores   bastante 
diversificado.

Em televisão a cores, a transmissão do sinal de luminância (Y) é dado em 
função de R, G, B: Y = 0,30 R + 0,59 G + 0,11 B

No receptor, as cores também são criadas pela mistura proporcional de R, G, 
B.   Essa   mistura   é   denominada   de  aditiva,   pois,   difere   da   mistura  subtrativa  de 
pigmentos utilizado em pintura. Na mistura aditiva a combinação das cores é feita por 
feixes de luzes emitidas em proporções adequadas por R, G, B.

Na prática podemos utilizar os resultados abaixo

Fig. 13 DIAGRAMA DA FORMAÇÃO DE CORES A PARTIR DAS CORES PRIMARIAS

R + G + B = Branco
R + G = Amarelo
R + B = Magenta
G + B = Ciam

Observe como esse processo é valioso para o profissional de manutenção. Por 
exemplo: Uma tela de TV onde o branco se apresenta como amarelo, com detalhes de 
imagem e som perfeitos, pode estar apresentando que tipo de defeito?

R­  Falta a excitação do azul. O problema pode estar no amplificador de 
sinal B. lembre­se que, Branco = R + G + B.

CARACTERÍSTICAS DA COR

As três características da cor que são transformadas em sinais elétricos num 
sistema de TV são: brilho, matiz e saturação.

BRILHO:

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É   o   grau   de   luminosidade   emitida   por   uma   cor.   Exemplo:   Uma   lâmpada 


vermelha   de   100W   tem   maior   brilho   em   relação   a   outra   de   40W,   apesar   de 
representarem a mesma matiz.

MATIZ:

É a representação da cor. É a características associadas ao comprimento de 
onda   da   cor   que   permite   ao   indivíduo   diferenciar   as   diferentes   cores   do   espectro 
eletromagnético visível. Observe que a matiz de uma cor não se altera com a variação 
de brilho.

SATURAÇÃO:

É a característica que determina a menor ou maior mistura de uma cor com o 
branco. Uma cor pura (ou saturada) é aquela que não possui nenhuma mistura com a 
luz branca, como é o caso de todas as cores do espectro visível. Por exemplo: a luz 
rosa   é   na   verdade   a   luz   vermelha   com   baixo   grau   de  saturação,   ou  seja,   é   a   luz 
vermelha  misturada  com   a  luz   branca.   Isto   quer  dizer   que  a  luz   rosa   e  vermelha 
possuem o mesmo matiz, porém com diferente grau de saturação.

Na   prática,   estas   características   são   ajustadas   por   controles   contidos   no 


receptor.  
 
FORMAÇÃO DOS SINAIS ELÉTRICOS DAS CORES

O sinal de cor a ser transmitido por uma estação de televisão é processado 
inicialmente na câmera de vídeo. Esta câmera, alem de transmitir imagens coloridas é 
compatível às transmissões preto e branco. A versão mais simples é aquela formada 
por lente, três tubos captadores de imagem (T1, T2, T3), filtros (F1, F2, F3) para as cores 
primarias e espelhos refletores comuns (E1 e E2) e espelhos especiais denominados de 
dicróicos (D1 e D2). Os espelhos dicróicos são aqueles que permitem a passagem de 
uma determinada faixa de cores, refletindo as demais.

Fig. 14 ESQUEMA INTERNO DA CÂMERA DE VÍDEO

Os   espelhos   dicróicos   D1   e   D2   refletem,   respectivamente,   a   luz 


correspondente à cor azul e a vermelha, permitindo a passagem da luz verde. As luzes 
azul e vermelha após atingirem os espelhos comuns B e C, são refletidas para os 
filtros e tubos correspondente a cada cor primaria padronizada para uso em televisão a 
cores.

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Para se obter as proporções elétricas correspondentes as cores captadas e o 
sinal de luminância utiliza­se um circuito denominado de MATRIZ, como mostra o 
exemplo na figura seguinte.

Fig. 15 ESQUEMA DO CIRCUITO DE MATRIZ RGB

Como a informação de brilho está incluída no sinal Y, é desnecessário enviar o 
sinal de cor com brilho. Sendo assim, teremos os sinais de cor sem a luminância: B ­ 
Y e R ­ Y. Estes sinais são denominados de sinais diferença de cor. Observe que G ­ 
Y não será transmitido. Na verdade ele é uma combinação dos outros dois, podendo 
ser   produzido  no  receptor,  dessa  forma   há  economia  de   energia   de  transmissão   e 
ganho   de   espaço   na   largura   de   faixa   destinada   ao   canal,   para   alocação   de   novas 
informações, evitando redundâncias.

MODULAÇÃO DO SINAL DE CROMA

Fig. 16 ESQUEMA DE UM MODULADOR EM QUADRATURA E O GRÁFICO DAS 
PORTADORAS

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Depois da geração R ­Y e B ­ Y serão modulados formando o sinal de croma 
(C). Um método que permite a transmissão dos sinais R ­ Y e B ­ Y sem que haja 
interferência   entre   eles   (pois   possuem   faixas   e   características   bem   próximas)   é   a 
modulação em quadratura, que permite a modulação em amplitude duas portadoras 
que têm a mesma freqüência, mas se acham deformadas de 90º.
Onde:
C = nível do sinal de croma que representa o grau de saturação.
θ = ângulo que representa o matiz transmitido. 
   
No transmissor existe um equipamento denominado  Vetorscoper  que indica 
todos esse dados.

Exercícios de fixação:

1) Dada a equação Y = 0,3 R + 0,59 G + 0,11 B,
a) R ­ Y

Solução: R ­ Y = R ­ (0,3 R + 0,59 G + 0,11 B)

Resposta: R ­ Y = 0,7 R ­ 0,59 G ­ 0,11 B

2)  Utilizando o mesmo raciocínio anterior, determine B ­ Y.

Resposta:  B ­Y = 0,89 B ­ 0,3 R ­ 0,59 G

MODULAÇÃO DO SINAL DE ÁUDIO

   A modulação em freqüência é adotada para o sinal associado de áudio, a fim 
de tirar proveito das vantagens de menor ruído e interferências. O sinal de FM de som 
em televisão é essencialmente o mesmo da transmissão de rádio, com exceção de que 
a máxima variação de freqüência é de ± 25 KHz, em vez de ± 75 KHz .

Uma portadora separada, 4,5 MHz acima da portadora de imagem, é utilizada 
para o sinal associado de áudio, ficando ambos no canal padrão de TV de 6 MHz. A 
gama de freqüências moduladoras de áudio abrange de 50 a 15.000 Hz, como no rádio 
FM, a fim de possibilitar a reprodução de som de alta fidelidade. 

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TRANSMISSOR

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TRANSMISSOR
im a g e m (o u  lu m in a n c ia ­y )
g e ra d o r d a
p o rta d o ra  d eíd
 ve o
g e ra d o r 3 .5 8 M h z
d e  b u rs t

câm a ra m o d u la d o r
cor m o d u la d o r Am
tric ro m a tic a de víd e o  c o m p o s to
c ro m a ­A M

e s tág io            d e            c ro m a


a m p lific a d o r
víd e o ­R F
g e ra d o r d e
v a rre d u ra s in c ro n is m o
a m p lific a d o r
áu d io ­R F

a m p lific a d o r m o d u la d o r
d e  áu d io FM
M IC
g e ra d o r d a  
p o rta d o ra
d e  s o m

Fig. 17 DIAGRAMA EM BLOCOS DO TRANSMISSOR DE TV

CÂMARA TRICROMÁTICA:

Capta, através de uma região fotosenssível, a imagem (Y) e a cor da cena 
focalizada.

ESTÁGIO DE CROMA:

Modula, em AM, o sinal de cor com uma freqüência de 3,58 MHz e gera o 
sinal de sincronismo (BURST ­ de mesma freqüência) para o receptor utilizar como 
referência na demodulação. O sinal de BURST é baixo e é formado por 8 a 11 ciclos 
da portadora de croma.

Ao contrario da modulação a demodulação é o processo eletrônico que permite 
a retirada da informação que se encontra na portadora.

ESTAGIO DE VARREDURA:

Responsável pela formação da imagem na tela da câmera. A imagem da TV é 
montada num quadro de 525 linhas (padrão M), formada a partir de uma exploração 
eletrônica, executada pelo circuito de exploração ou varredura.

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GERADOR DE SINCRONISMO:

Gera os pulsos de sincronismo de varredura horizontal e vertical, necessários à 
exploração   e   formação   do   quadro   da   imagem   no   transmissor.   No   receptor,   eles 
controlam os respectivos osciladores de exploração e varredura local, garantindo uma 
perfeita reprodução da imagem na tela do televisor, sincronizada com o receptor.

MISTURADOR:

Gera sinal composto de vídeo, que formado por sinal de imagem, sinal de cor, 
pulsos de sincronismo de varredura, apagamento e Burst. 

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Fig. 18 GRÁFICO DO SINAL COMPOSTO DE VÍDEO

Sinal composto de vídeo.

MODULADOR AM (do sinal composto de vídeo):

A imagem em TV é modulada em AM com uma portadora (Pvídeo) dada por:

Pvídeo = (início da faixa do canal + 1,25) MHz.

Considerando o canal 2; cuja faixa é 54 a 60 MHz, temos
Pvídeo(canal 2) = 54 + 1,25 = 55,25 MHz.

Observe que o sinal de croma, antes modulado em 3,58 MHz, será alocado na 
faixa principal destinado à transmissão em :
Pcroma = (Pvídeo + 3,58) MHz

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Pcroma = 55,25 + 3,58 = 58,83 MHz 

NOTA IMPORTANTE! 

A   portadora   de   croma   não   é   transmitida.   Ela   é   rejeitada   no   transmissor 


principal,   resultando   em   economia   de   potência   e   ganho   de   largura   de   faixa   e 
atenuações de possíveis interferências. As informações  moduladas são transmitidas 
através   dos   sinais   de   altas   freqüências   geradas   a   partir   da   portadora,   porém, 
associados a uma baixa potência. O inconveniente é a necessidade de se reproduzir a 
portadora   no  receptor   para  se  conseguir   a  demodulação   isso  e  conseguido   com   o 
auxílio do sinal de Burst, que servirá de referência (sincronismo) para o oscilador 
local (de croma) gerar a portadora suprimida, garantindo a sua freqüência e fase.

TRANSMISSOR DE ÁUDIO E VÍDEO:

  O   sinal   de   voz   é   convertido   em   sinal   elétrico   pelo   microfone,   a   partir   do 


amplificador e em seguida modulado (em FM). Depois ele segue para o estágio de 
potência final do transmissor. 

Observe   que   o   amplificador   de   potência   de   sinal   composto   de   vídeo   é 


independente.   Contudo,   os   sinais   de   potência   (áudio   e   vídeo)     são   misturados   e 
enviados   para   serem   transmitidos   (irradiados)   através   de   uma   mesma   antena   até 
encontrarem   um   receptor   sintonizado   na   mesma   freqüência   de   transmissão   da 
emissora.  

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RECEPTOR  

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RECEPTOR

Fig. 19 DIAGRAMA EM BLOCOS DO RECEPTOR DE TV

1­ SELETOR DE CANAIS:

Também   denominado   de   sintonizador,   este   estágio   é   responsável   por   duas 


fases fundamentais da recepção: amplificação de RF e geração das FI’s (áudio, vídeo 
e croma).

Para   melhor   entendimento   vamos   considerar   a   recepção   do   canal   2,   cujas 


informações, áudio, vídeo e croma são inseridas numa faixa de 6MHz (54 a 60 MHz), 
com as seguidas portadoras:

Pvídeo = (início de faixa) + 1,25 MHz (A)

Pvídeo = 54 + 1,25 = 55,25 MHz

Psom = (final de faixa) ­ 0,25 MHz (B)

Psom = 60 ­ 0,25 = 59,75 MHz

ou 

Psom = Pvídeo + 4,5 MHz

Psom = 55,25 + 4,5 = 59,75 MHz

Pcor = Pvídeo + 3,58 MHz (C)

Pcor = 55,25 + 3,58 = 58,83 MHz

As   equações   A,   B   e   C   são   padronizadas   e   validas   para   qualquer   estação 


emissora. Como exercício, determine as portadoras para o canal 11!

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Agora vamos analisar as duas funções básicas do seletor de canais:

1.° Amplificador de RF:

Amplifica   os   sinais   (portadores   de   áudio,   vídeo   e   croma)   da   emissora 


selecionada.

Fig. 20 DIAGRAMA DO AMPLIFICADOR DE RF + O GRÁFICO DO SINAL DE SAÍDA 
DESTE BLOCO.

2.° Conversor de freqüência:

Constituído por um oscilador local e um misturador, este sistema converte as 
portadoras recebidas, mantendo suas características, sinais de freqüências mais baixo, 
denominadas   de   FI’s   (freqüências   intermediárias).   Agora,   as   FI’s   contêm   as 
informações   trazidas   pelas   portadoras   do   transmissor   e   passam   a   ser   as   novas 
portadoras do receptor:

Fig. 21 DIAGRAMA DO CONVERSOR DE FREQÜÊNCIA

Observe que independente da freqüência recebida, teremos sempre a “FI” na 
saída do conversor como resultante.

FI’s padronizadas:

Vídeo : 45,75 MHz.
Som    : 41,25 MHz.

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Croma:  42,17 MHz.

Como exercício, utilizando as equações padronizadas abaixo, prove que para o 
canal 2 considerado, a freqüência do oscilador local é sempre 101 MHz; independente 
da portadora considerada.

Fosl = Fportadora + FI(correspondente).

Fosl = Pvídeo + FIvídeo

Fosl = Psom + FIsom

Fosl = Pcor + FIcor

2­ ESTÁGIO DE FI ­ DETETOR (SINAL COMPOSTO):

É   o   estágio   responsável   pelo   ganho   e   seletividade   do   receptor.   Nele 


encontramos amplificadores de FI’s e filtros seletivos. Em TV o filtro é sintonizado 
com uma freqüência central típica, de 44 MHz, e uma largura de faixa de 6MHz, para 
garantir a seleção de todas as FI’s.

Fig. 22 GRÁFICO DO ESPECTRO DE FREQÜÊNCIA DA FAIXA DAS FI’s

Após o processo de ganho e seletividade o sinal composto a ser detectado e 
demodulado.

E após a detecção teremos:

a)  O som entre portadora, devido a batimento entre Pvídeo e a Psom, gerando uma nova 
FI de som: Pvídeo ­ Psom = 45,75 ­ 41,25 = 4,5 MHz 

b) O sinal composto de vídeo recuperado, pronto para ser enviado para o cinescópio 
recuperar a imagem.

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NOTA! 

Afim de evitar ruídos coloridos na tela, o TV à cores possui dois detectores 
separados (independente): um para áudio e outra para vídeo. Contudo, no   televisor 
preto e branco temos apenas um detector que é comum ao áudio e ao vídeo.

3­ FI ­ DEMODULADOR ­FM:

Nesse caso, o estágio de FI, é responsável pelo ganho e seletividade de áudio. 
Em televisão o som é transmitido em FM. Após o estágio de FI o áudio é demodulado 
(retirado da portadora FI) e pré­amplificado, para logo em seguida ser amplificador 
pelo estágio de potência (ou saída de áudio).

4­ DISTRIBUIDOR DE VÍDEO:

Após demodulado o sinal composto de vídeo é pré­amplificado, e distribuído 
para diversas partes do receptor. Lembre­se que o sinal composto de vídeo traz várias 
informações importantes, tais como, imagem e sincronismos (horizontal, vertical e 
Burst­croma) cada informação enviada pelo distribuidor será analisado a seguir.

4.1­ VÍDEO (IMAGEM):

Também denominado de luminância ­ “Y”, o sinal de vídeo é enviado para o 
amplificador de potência para logo em seguida excitar o cinescópio e reproduzir a 
imagem na sua tela.

4.2 ­ SINAL DE CROMA:

O sinal composto de vídeo trás os níveis correspondentes a cada cor a imagem.

Entretanto, sem o estágio de croma a imagem só pode ser reproduzida em 
(preto e branco) com as diversas tonalidades de cinza representando as cores.

Para que as cores da imagem apareçam é necessário a demodulação dos sinais 
de croma. Isto é conseguido no processador de croma. Nesse circuito existe um filtro 
sintonizado em 3,58 MHz que seleciona o sincronismo de cor (Burst), transmitido no 
sinal   composto   de   vídeo,   para   controlar   todo   processo   de   recuperação   dos   sinais 
correspondentes  as cores  da cena original.  Depois de recuperado, esses sinais  são 
enviados junto com a imagem preto e branco ( sinais de luminância ­ Y) para gerar os 
sinais (R, G, B) que serão responsáveis pela formação das cores da imagem, na tela do 
cinescópio.    

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Observe   que   um   televisor   colorido   pode   reproduzir   uma   imagem, 


independente do estágio de croma.

Fig. 23 CIRCUITO DO ESTÁGIO DE CROMA 

4.3 ­ VARREDURA:

Este   circuito   e   formado   por   osciladores   livres   que   eram   a   freqüência   de 
varredura. Ele é responsável pela abertura da tela, ou seja, colocar luz (“trama”) na 
tela,   independente   da   imagem   está   presente   ou   não.   Entretanto,   quando   se   está 
reproduzindo   uma   cena   é   necessário   sincronizar   o     oscilador   do   receptor   com   o 
transmissor, pois, caso contrário a imagem será reproduzida com irregularidades. As 
irregularidades mais comuns é a instabilidade na imagem:

Fig.   24   IMAGENS   TÍPICAS   DA   FALTA   DE   SINCRONISMO   VERTICAL   E 


HORIZONTAL

Para evitar esses problemas no circuito de varredura, temos um estágios que 
separa os pulsos de sincronismo do sinal composto de vídeo:

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Fig. 25 GRÁFICO DO SINCRONISMO HORIZONTAL E VERTICAL.

Depois   que   os   pulsos   de   sincronismo   são   separados   (simultaneamente)   do 


sinal composto de vídeo, eles são selecionados por filtros dedicados e enviados para 
seus respectivos osciladores.

Fig.   26   DIAGRAMA   EM   BLOCOS   DO   ESTÁGIO   DE   SAÍDA   HORIZONTAL   E 


VERTICAL

Na verdade, o filtro vertical e um filtro circuito RC do tipo passa baixa (60 
Hz) em relação ao horizontal, também do RC, porém do tipo passa­alta (15750Hz) 
(em relação ao vertical).

A   partir   daí   os   sinais   gerados   são   amplificados   e   enviados   para   suas 


respectivas bobinas de deflexão, formando um só conjunto, que fica no cinescópio e 
que é denominado de Yoke.

O defeito mais comum do estágio de saída vertical é apresentado na figura 
abaixo: tela totalmente escura, com um linha branca ao meio. 

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Fig. 27 TELA ESCURA COM LINHA BRANCA AO MEIO

Quanto ao estágio horizontal, dizemos que ele é o “coração do Televisor” . A 
partir do seu transformador (Flyback); são tirados as seguintes tensões:

• Alta tensão (25KV) para o anodo do cinescópio
• Tensões   de   foco   (5KV)   e   screen   (700V),   também   para   polarizar   o 
cinescópio.
• Tensão (+B1, +B2, ...) para alimentar diversos estágios do televisor, 
tais como, o estágio de áudio, vídeo e vertical.

Além   disso,   utilizam­se   os   pulsos   do   FlyBack   para   referências   de   fase, 


freqüência e gatilho (chaveamento) para circuitos espalhados por todo o televisor .

Alguns   circuitos   que   utilizam   os   pulsos   do   TSH   (transformador   de   saída 


horizontal).

• Controle da chave Burst.
• Referência do CAF (Controle Automático de Freqüência)
• Chaveamento do AGC (Controle Automático do Ganho de RF)

Um defeito no estágio horizontal normalmente é fatal. Principalmente quando 
ele desativa todo sistema.

4.4 ­ CONTROLE AUTOMÁTICO DE GANHO ­ AGC

É um circuito destinado a controlar o ganho do receptor, objetivando manter a 
recepção livre de distorções, independente da distância relativa entre o transmissor e 
receptor. Sinais muito fortes pode saturar a imagem.

Alguns defeitos provocados pelo AGC:

• Imagem negativa: preto é trocado pelo branco.
• Perda de sincronismo.
• Perda do sinal composto de vídeo.

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CINESCÓPIO

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CINESCÓPIO

CINESCÓPIO TIPO DELTA

Os primeiros tubos fabricados com mascara de sombra, utilizavam o arranjo 
de canhões em delta. Os três canhões de elétrons eram montados nos cantos de um 
triângulo eqüilátero, formando um delta (∆).

Cada canhão constitui­se de um cátodo, uma grade de controle, um ânodo de 
aceleração, um ânodo de focalização e um ânodo de convergência.

O   potencial   aplicado   aos   cátodos   é   de   150   Volts   aproximadamente.   O 


potencial aplicado as grades de controle é mais ou menos de 80 Volts, e o potencial 
aplicado aos ânodos de aceleração varia de 400 a 700 Volts. O potencial aplicado ao 
ânodo de focalização é aproximadamente de 5KV, e a MAT (Muita Alta Tensão) é de 
25 KV.

CINESCOPIO “IN LINE”

  Melhoramentos   no   projeto   de   canhões   conduziram   ao   sistema   em   linha,   o 


cinescópio com canhões coplanares, mais conhecido como cinescópio “IN LINE”.

Os   valores   típicos   de   tensão   nos   diversos   eletrodos   de   um   cinescópio 


tricromático IN LINE são:

a)  MAT = 25 KV.
b) Tensão na grade de foco: entre 4,7 KV a 5,5 KV.
c)  Tensão na grade de controle referida ao cátodo: entre ­95V e ­190V quando 
é utilizada uma tensão fixa de 400V entre a grade screen e o cátodo.
d) Tensão de filamento = 6,3 V com corrente eficaz de 900mA.

Este cinescópio “IN LINE” possui diversas características:

a)  O cinescópio tipo IN LINE possui uma unidade defletora autoconvergente, que é 
responsável   pelas   formas   corretas   dos   campos   de   deflexão:   o   horizontal   em 
“almofadas”   e   o   vertical   em   “barril”.   Se   a   convergência   estática   no   centro   do 
cinescópio IN LINE estiver corretamente ajustada, será garantida a convergência 
dos três feixes de elétrons em qualquer local da tela.

b) Devido ao conjunto de auto convergência dos tubos IN LINE, ocorre a redução do 
numero de componentes utilizado na sua fabricação.

c)  Devido à construção dos tubos IN LINE, existe a necessidade do estreitamento 
destes.

d) Com   os   cinescópios   IN   LINE,   obtêm­se   um   nível   de   brilho   e   contraste   mais 


elevado.

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O cinescópio IN LINE possui três cátodos, separados com o fim de modular os 
três feixes separadamente: 

As   três   grades   de   controle,   assim   como   as   três   grades   auxiliares,   são 


eletricamente comuns, havendo realmente um só eletrodo para cada. O elétrodo de 
foco é comum aos três feixes.

Com o advento desses cinescópios, já que os feixes são modulados pelos seus 
respectivos cátodos, o tipo de excitação empregada é do tipo RGB, isto é, MATRIZ 
EXTERNA. 

Nos tubos IN LINE, os fósforos são depositados em listas verticais paralelas, e 
a máscara é constituída por fendas retangulares.

A unidade  de  convergência  é constituída  por anéis  de  bário magnetizados, 


num total de 6 anéis:

Um par deles constitui­se de anéis de 4 polos, outro par é constituído por anéis 
de 6 polos e o outro par é constituído de anéis de 2 polos.

O par de anéis  de 2 polos é usado para se obter a pureza. Os outros dois 
servem para se obter a convergência dos três feixes.

CINESCÓPIO TRINITRON

Este sistema,  tem  uma constituição  especial  para o sistema  de focalização. 


Todos os eletrodos  estão num único canhão de elétrons, mas com três cátodos. A 
grade de controle e grades de aceleração possuem três feixes. Todos os três feixes 
emergem da grade de controle, em direção ao ponto de cruzamento. Então, o feixe 
passa através de lentes Einzel de grande diâmetro que os focalizam com um campo 
elétrico comum através de uma focalização eletrostática de baixa tensão.

NOTA!

Os  feixes  de elétrons  devem  excitar  os  fósforos  correspondentes  durante a 


verredura vertical e horizontal. Para que isto seja assegurado, é colocado, entre os 
canhões   e  a   tela   fluorescente,   e  bem   próxima   desta,   uma   fina   chapa   de   aço   com 
espessura de aproximadamente 0,15 mm, e toda perfurada. Esta placa recebe o nome 
de MÁSCARA DE SOMBRA.

A tela possui fósforo vermelho, verde e azul e três feixes de elétrons serão 
utilizados para excitalos, um para cada cor primária. Um canhão controlam os elétrons 
que baterão  somente no fósforo vermelho, o segundo é para o fósforo verde, e o 
terceiro, para o fósforo azul.

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Existe uma tendência a se substituir os cinescópios por telas de cristal liquido, 
que ocupam menos espaço, pesam menos e necessitam de menos potência (tensão 
mais baixa) de trabalho.      

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