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09.18
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Funções
Executivas
Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp)
03
Sumário
05 REVISÃO HISTÓRICA
Funções Executivas: O que são e qual seu papel na neurociên-
cia cognitiva?
15 REVISÃO ATUAL
Funcionamento Executivo em Indivíduos Obesos: Implicações
Comportamentais e de Intervenção
22 RELATO DE PESQUISA
Relações das Funções Executivas com Aspectos Acadêmicos
e Clínicos em Crianças com Leucemias
29 ENTREVISTA
Funções Executivas na Prática Clínica
REVISÃO HISTÓRICA
Donald 1953 Processos Neste modelo, também conhecido como Modelo do Filtro, Broa-
Broa- Automá- dbent propõe que um filtro é responsável por selecionar, dentre
dbent ticos e de as informações concorrentes disponíveis no ambiente, aquelas
Controle relevantes para a atenção consciente. As demais seriam ignoradas
e o fluxo de informação se afunilaria, como acontece com o líquido
no gargalo de uma garrafa. Tal alusão conferiu à proposta de Broa-
dbent um terceiro nome, de Teoria do Gargalo.
Posner & 1975 Controle Uma extensão da Teoria do Gargalo, de Broadbent, este mode-
Snyder Cognitivo lo examinou o papel da atenção na execução de tarefas de alta
complexidade. Além disso, ele sugere que o controle cognitivo,
definido como o conjunto de processos que guiam o comporta-
mento, participa da administração de pensamentos e emoções e é
responsável por suplantar respostas automáticas.
Schiffrin 1977 Processos Este modelo de processamento dual distingue processos au-
& Sch- de Con- tomáticos e de controle, estando estes implicados na ativação
neider trole temporária de uma sequência de elementos que exigem o uso da
atenção. Para seus autores, a atenção é um recurso limitado e os
processos de controle, que a exigem, requerem esforço e são mais
lentos do que os automáticos.
Baddeley, 1996 Executivo Esta proposta percebe o funcionamento executivo como um siste-
Sala & Central ma unificado composto por diversas funções. Além do Executivo
Robins Central, são descritas funções a ele subjacentes, como atenção
seletiva e ativação temporária da memória de longo prazo.
Fuster 1997 Modelo Este modelo é baseado em três conceitos: controle de interfe-
Cross- rência, planejamento e Memória Operacional, sendo seu principal
-Temporal objetivo a organização do comportamento. Diferentemente do
modelo proposto por Baddeley, Sala & Robbins, este não conta
com um processador central.
Shallice 2002 Sistema Neste modelo, dois mediadores, o cronograma de contenção e o
Atencional sistema atencional supervisor, são responsáveis por selecionar
Supervisor dentre comportamentos concorrentes e lidar com situações fora
da rotina, respectivamente. Ambos os mediadores trabalham com
a inibição: no caso do cronograma de contenção, as ações não
selecionadas são inibidas e no sistema atencional supervisor, a
inibição pode ser necessária no processo de tomada de decisão
em uma situação nova.
Memória Operacional
A Memória Operacional tem recebido, dentre as FE’s, grande atenção
das pesquisas no campo da neurociência cognitiva devido a seu papel
primordial na cognição, aprendizado e comportamento (Kirk et al.,
2015). O conceito de MO emergiu na psicologia cognitiva como uma
evolução do conceito de Memória de Curto Prazo (MCP) (Baddeley,
2012). Em 1974, Baddeley & Hitch sugeriram que a visão de arma-
zenamento até então baseada no paralelo MCP / Memória de Longo
Prazo fosse substituída por uma pautada em MO / Memória de Longo
Prazo. Apesar de frequentemente usadas como termos equivalentes,
vários autores defendem a diferenciação, ainda que não completa,
Inibição
Apesar do conceito de inibição ter se tornado um tópico de interes-
se na psicologia cognitiva apenas no início dos anos 1990 (Houdé,
2000), ele apresenta uma história muito mais longa, tendo sido intro-
duzido nos campos da psicologia e da fisiologia no início do século XIX
(Macmillan, 1996). Segundo Macmillan (1996), a mais utilizada defi-
nição do conceito é aquela proposta por Brunton em 1883: “Por inibi-
ção nos referimos à interrupção das funções ou órgão pelas ações de
outro, enquanto seu poder de executar tais funções permanece retida
e pode ser manifestada assim que o poder de restrição for removido”
(Brunton, 1883; citado por Macmillan, 1996, tradução nossa).
Flexibilidade Cognitiva
No curso do desenvolvimento humano, a flexibilidade cognitiva é a úl-
tima dos três principais componentes das FE’s a emergir, dependendo
do estabelecimento das demais. A flexibilidade cognitiva envolve tanto
a mudança de perspectiva (espacial e interpessoalmente), quanto a
capacidade de adotar novas maneiras de pensar, o que permite criar
uma nova solução para um problema antigo, por exemplo (Diamond,
2013).
Conclusão
A importância do estudo das Funções Executivas na neurociência
cognitiva é inegável. Elas estão em ação ao longo de todos os nossos
dias. Acordam conosco, nos ajudam a resistir ao botão da soneca no
despertador, participam da escolha da roupa que vestiremos, do que
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REVISÃO ATUAL
Funcionamento Executivo
em Indivíduos Obesos:
Implicações Comportamentais
e de Intervenção
Nathália Falconi Cheib
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REATO DE PESQUISA
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RELATO DE PESQUISA
Funções Executivas na
Prática Clínica
Alberto TImóteo