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Resumo:
Texto:
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uma mesma coisa, dita ao mesmo tempo por duas pessoas diferentes, são duas
enunciações distintas. Da mesma forma que se uma mesma pessoa disser a mesma coisa
várias vezes, são várias enunciações dispersas num tempo 1. O enunciado, desta forma,
“se conserva em si, em seu espaço, e vive enquanto este espaço durar ou for
reconstituído”2.
Documentário tese
motivados por essa teoria a realizá-lo. Para isso, utilizam estratégias comuns a
pessoas que são importantes para o tema, uso de textos comprobatórios (podendo ser
1
FOUCAULT, Michel. Arqueologia do saber. 2008. p. 114.
2
DELEUZE, Gilles. Foucault. 1988. p. 16.
2
uma narração, um texto escrito na tela, a fala de um condutor do documentário, ou
linguagens, estruturas e/ou narrativas parecidas entre si. Podemos citar Fahrenheit
9/11 (2004) de Michael Moore, Ilha das Flores (1989) de Jorge Furtado, ou Drifters
Imagem-Imersão
intensidade. São produções que trabalham de maneira radical com as imagens e sons,
explora questões sonoras a partir de uma construção pouco usual entre imagens e
estético de cenas construídas. Chega ao ápice quando abre uma cabeça humana,
3
Em função deste texto ser limitado a 6 páginas foram realizados alguns cortes. Na versão
longa deste texto temos espaço para descrever e explicar os filmes, estes três e os outros que
serao citados.
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revelando a interioridade do aparelho auditivo, ou mais objetivamente, a interior da
construção documental.
Valetes em Slow Motion (1998), de Kiko Goifman é outro trabalho que convida
abordado, no caso o carcerário. Ele almeja criar relações entre arte e antropologia,
entre o espectador e sua obra, através de cenas duras, de trabalhos de outros artistas
Work in progress
influenciando e sendo influenciado pelo produto. São filmes que se constroem, ou que
se completam, durante sua feitura. Não significa que não exista pesquisa,
Não existem critérios rígidos para sua caracterização. Diferentes filmes, com
Filmes dispositivos
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conceito de Foucault, Deleuze4 repensa os dispositivos como um conjunto de redes
in progress ou filme tese. São filmes que surgem de regras e abordagens criadas
pelos autores, mas que se entregam as possibilidades que elas podem trazer. Eles
Um filme de Cao Guimarães que serve de exemplo para esta categoria é Rua
entre si que trocassem de casa, durante um dia e uma noite. Cada indivíduo deveria
investigar com uma câmera o apartamento do outro e descrevê-lo, fosse a partir dos
Documentários de autor
filmes de diretores que marcam suas produções de maneira presente e coerente. São
documentários marcados fortemente pelo autor, seja por sua presença no vídeo/filme
4
DELEUZE, Gilles. O que é um dispositivo?. 1996.
5
Ibidem. p. 83.
5
– autores que aparecem na tela ou usam uma narração em off – , seja pela potência
dos elementos que constituem seus trabalhos e que marcam o documentário. Alguns
anteriores. É o caso dos trabalhos de Michael Moore e Agnes Varda. Ambos guiam o
são vídeos produzidos com imagens cotidianas das cidades, imagens “de viagem”
captadas por Santos durante sua estada nos locais. Esses vídeos (assim como os
particular.
Documentários subjetivos
referidos filmes, por eles girarem em torno de uma busca pessoal dos seus
subjetiva”7. Para isso busca-se referência no filme O fim da viagem, de Carlos Nader.
6
LINS, Consuelo e MESQUITA, Cláudia. Filmar o real. 2008. p. 22.
7
A expressão câmera subjetiva é utilizada para designar os planos em que a câmera simula a visão de um
personagem, como se ela nos mostrasse o que está vendo. Geralmente é uma câmera mais solta, leve, que
simula o movimento da cabeça e dos olhos percorrendo algum ambiente, ou observando uma cena.
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sua jornada, Nader convive intensamente com ele desde sua casa, até seu trabalho.
Acorda com seu personagem, toma café, toma banho. Mas sua presença – quase
uma câmera subjetiva de Nader, vemos não só o que ele vê, mas como ele vê. Um
Documentário no espaço
projetos, além da feitura do vídeo – que é complexa por se tratar de múltiplas telas, em
os Franciscos (cuja montagem foi referida pouco atrás) e Voracidade máxima, ambos
da dupla Maurício Dias e Walter Riedveg; e Rua de mão dupla, de Cao Guimarães.
Falsos documentários
que contadas em diferentes versões e por diferentes pessoas, formam uma outra
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A expressão single-channel, geralmente, é utilizada para tratar de vídeos realizados para serem
assistidos em uma tela, sem a necessidade de uma montagem especial do espaço onde serão exibidos. As
exceções são as videoinstalações single-channel, já que estas necessitam de uma montagem própria do
trabalho.
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Bibliografia:
BORGES, Jorge Luis. A biblioteca de Babel (1941). In: Obras Completas. São Paulo:
Globo, 1998.
DELEUZE, Gilles. Foucault. Trad. Claudia Sant’Anna Martins. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1988.
FOUCAULT, Michel. Arqueologia do saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 2008.
LINS, Consuelo & MESQUITA, Cláudia. Filmar o real. 2008. Rio de Janeiro. Jorge
Zahar Editor Ltda..
NICHOLS, Bill. 2001. Documentary Film and the Modernist Avant-Garde. In: Critical
Inquiry, n. 27, 2001. Chicago:The University Of Chicago Press.
Dados do Autor:
Breve biografia:
André Hallak é mestre em Artes pela EBA da UFMG, onde pesquisou a relação entre as
Artes e o Documentário. É Doutorando em Comunicação pela UFRJ onde amplia a
pesquisa com o foco nas videoinstalações. Atua no circuito audiovisual desenvolvendo
trabalhos de criação e coordenação, assim como diretor, editor, fotógrafo, produtor e
educador. O foco principal são documentários contemporâneos, videoartes, cinema e
videoinstalações. Atualmente desenvolve trabalhos com o videoartista Eder Santos, com
quem iniciou a Trem Chic, produtora de vídeo, arte e multimídia. É professor na Pós-
Graduação na Escola Guignard da UEMG. É também Presidente da ONG Oficina de
Imagens - Educomunicação.