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RNO VIRT ISSN: 1677-6976 Vol. 3, N° 4 (2003)
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Resumo
www.ivt -rj.net
Plano Nacional do Turismo: uma análise crítica
LTDS
Davis Gruber Sansolo e Rita de Cássia Ariza da Cruz
Laboratório de Tecnologia e
Desenvolvimento Social
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Introdução brasileira tanto à criação do Ministério do
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atividade relevante para a Alemanha e, diversos setores da administração púbica,
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CA neste sentido, deflagram ações específicas em suas diferentes escalas, serem refratários
voltadas para o setor. As políticas de turismo ao tratamento de temas pertinentes ao
na Alemanha estão em constante desenvolvimento do turismo, mantido,
comunicação com as outras políticas setoriais freqüentemente, fora das agendas das
que têm qualquer ingerência sobre o bom políticas públicas setoriais pelas deveria ser
desenvolvimento da atividade. considerado.
alemã tem uma Divisão de Política de Turismo fins. Como processo, o planejamento tem um
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para o turismo, de apoio ao artesanato local/ objetivamente organizados, devidamente
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CA regional etc. Mas, a pergunta que não quer congruentes e necessariamente publicizados
calar é: o que vem antes, a política pública
ou o plano? O novo Plano Nacional do
Se partimos da premissa de que a Turismo e o velho discurso
governamental
política pública de turismo é tudo aquilo que
um governo decide fazer ou não Ao contrário do que coloca o
pública. Neste caso, em se tratando do Plano questão apenas de vocação, uma vez que
Lula tem uma política para o setor turismo, espécie de crença generalizada de que
mas não a conhecemos na sua íntegra. temos todas as condições para nos
Nacional de Turismo, mas não temos clareza destinos turísticos quando, na verdade, o
de qual é a política pública de turismo que melhor posicionamento do Brasil neste ranking
está por trás deste Plano. Este governo depende não apenas das ações tomadas
pública como instrumento da gestão pública. Por outro lado, o tom da mensagem
Neste sentido, há uma perda relativamente do Sr. Presidente parece contribuir, também,
ao governo que o antecedeu. Apesar, com a repetida idéia de que o turismo é a
portanto, da nítida importância que o atual "salvação da pátria" e este é um risco que
governo atribui ao setor turismo, por opção um plano governamental não pode incorrer.
Plano Nacional do Turismo: uma análise crítica
conquista do governo anterior. Nunca antes tem sido com outras nações, mas somente
de FHC uma política nacional de turismo baseado em um processo lento e planejado.
alcançou a visibilidade da PNT 1996-1999. Não se pode esperar que o turismo, como
Por outro lado, a política pública de setor da vida social, traga a solução de todos
FHC previa a elaboração de um plano os problemas de emprego do país ou a tão
nacional de turismo que nunca foi feito. Ou sonhada justiça social. Ao contrário, o que se
seja, em termos de planejamento pode perceber em diversas partes do Brasil e
2 Entre essas externalidades podemos
destacar os modismos internacionalmente governamental, ainda não vivenciamos um do mundo é que o turismo segue a mesma
produzidos pelos agentes hegemônicos da
publicidade, do marketing, do agenciamento processo completo em que política pública lógica de produção industrial capitalista e,
de viagens bem como a competição cada vez
mais acirrada com outros destinos tropicais. federal e plano nacional de turismo fossem portanto também produz pobreza, exclusão
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social e espacial, degradação ambiental seu consumo, o discurso público privilegia a
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CA entre outros problemas. O que se deve abordagem do turismo como negócio. Se por
enfatizar é o modelo de desenvolvimento um lado, entretanto, os benefícios
que se quer e o tipo de turismo que, econômicos do turismo são uma prioridade
conseqüentemente, se deseja desenvolver para os governos, como, por outro lado,
e isto envolve todos os setores da alcança-los, negligenciando-se o território?
administração pública e, sobretudo, suas A abordagem regional que faz o Plano
políticas globais como política econômica e Nacional do Turismo restringe, a princípio, a
políticas sociais. escala regional a macro-regiões, ora
coincidentes com as macro-regiões político-
Por fim, o território administrativas ora a regiões econômicas ou
negligenciado fisiográficas (conforme se pode ver no
Que o turismo é capaz de gerar riqueza, Programa de Desenvolvimento Regional,
renda, postos de trabalho e movimentar parte do Macro Programa 3 - Infra-Estrutura,
diversos setores produtivos é fato que menciona como exemplos o Prodetur
amplamente discutido e unanimemente Nordeste II, Sul, Centro, Proecotur Amazônia
reconhecido. O que não se pode esquecer, e Programa Pantanal).
entretanto, são seus importantes efeitos sobre
O Programa de Roteiros Integrados não
os territórios.
é entendido pelo Plano como um programa
Tendo o espaço como principal objeto de desenvolvimento regional apesar de
de consumo, o turismo é uma prática social prever a organização de municípios em
fortemente territorializada e igualmente consórcios. Neste caso, parece haver uma
territorializante já que introduz nos lugares sua redução do sentido de região à dimensão
lógica de organização espacial, não raras político-administrativa, quando, em
vezes solapando lógicas pré-existentes. verdade, o conceito de região abarca
2007, o território é abordado - como tem sido perde-se a oportunidade de utilizar de forma
planejada. O território sim é que tem de ser econômico traduzido em melhores condições
planejado. Ele tem de ser a base de limitações de vida para os brasileiros de um modo geral
e de incentivos; uma base normativa para e não apenas para agentes de mercado ou
que a dimensão econômica se desenvolva parte das populações de núcleos receptores
fundada no binômio concorrência/ de turistas. O turismo tem de ser entendido
colaboração. como um setor da vida social e, como tal,
esses objetivos gerais desenvolver o "produto no Brasil. O turismo tem de ser compreendido
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setores da vida social e se tiver de ser uma
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