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Que a realidade existe é inquestionável.

O problema é saber que aquilo


em que acreditamos, em relação à realidade, será na sua maioria falsa.
Aparentemente a realidade será tudo aquilo que existe.
Se nos declararmos como medida de todas as coisas, essa ideia pressupõe
a realidade baseada na aparência. O que nos parece ser é, e o que não
parece não é.
Então esta definição de realidade é enganosa pois os sentidos atraiçoam.
Somos falíveis, animais racionais mas falíveis.
As nossas impressões sensoriais são a prioridade usada na representação
da realidade, o que leva muitas vezes a generalizações apressadas.
O sol aparentemente move-se, no entanto está provado que a Terra, essa
sim é que se movimenta em torno do sol, este no entanto permanece
imóvel.
As pessoas capazes de nos provar que o sol está imóvel, descobriram-no
através do raciocínio, duvidaram e provaram que a sua dúvida tinha
fundamento.
Enganamo-nos porque cometemos erros de raciocínio ou porque os sentidos
são duvidosos.
Uma perspectiva diferente é a dos sonhos. Todos nós decerto que já
sonhámos, sonhámos que estamos na praia a divertirmo-nos, quando em
vez disso estamos na nossa cama.
Mas e se ao acordarmos estivéssemos dentro de outro sonho que parece
apenas durar mais tempo. E se a realidade for um sonho? Esse sonho não se
torna menos real por ser um sonho.
Posso concluir então que um sonho é apenas uma realidade diferente da
que acreditamos.
A ideia de realidade está centrada no nosso pensamento, depende das
religiões, das ciências e das vivências humanas.
Para percebermos a realidade temos de construir um cérebro consciente.
A chave para a construção deste cérebro consciente é a existência de um
eu, e a existência uma mente.
Este eu chega à mente e vai ser capaz de produzir este cérebro consciente.
O corpo e a mente são um só, uma unidade de interdependência composta
pela propriedade
( a mente) e o proprietário (eu).
Esta consciência, esta mente dotada de subjectividade é o que nos permite
sabermos que existimos, que pensamos, que temos uma visão pessoal.
Mas será que temos consciência da realidade? E o que a consciência?
Como diria António Damásio a consciência é a capacidade que temos em
saber que existimos e que existe um mundo à nossa volta.
A consciência permite-nos ter emoções, desenvolver relações, etc.
Se esta consciência não se tivesse desenvolvido, a realidade que agora nos
é familiar com todas as suas fraquezas e pujanças não teria evoluído.
Acreditamos ser detentores da consciência, pensamos nela como nossa, por
estar sempre disponível.
Mas de que é feita a consciência? Estará relacionada com a mente, claro
que sim, pois é a mente que nos dá a consciência. Esta mente, que
aparentemente se encontra no cérebro não é apenas e só actividade
neurológica. As emoções, os pensamentos e as sensações embora sucedam
no cérebro, não resultam dos seus processos biológicos, mas de algo que
lhes é adicionado.
E o conhecimento de onde provêm?
Conhecimento é a relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou
deseja conhecer e o objecto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.
A construção do conhecimento fundado sobre o uso crítico da razão,
vinculado a princípios éticos e a raízes sociais é tarefa que precisa ser
retomada a cada momento, sem jamais ter fim.

Penso que a realidade não depende apenas de nós, mas em grande parte
somos responsáveis por ela. Devemos a todo o custo evitar interferências
que bloqueiem ainda mais a nossa mente, já tão camuflada pela consciência
que é apenas a ponta do iceberg.
Quando falo em interferências, falo em limitações, em tentar encontrar
provas, explicações lógicas para tudo, em acreditar numa religião ao ponto
de rejeitar tudo o que não faça parte da mesma porque no fundo eu só sei o
que a realidade é para mim.

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