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PROPOSIÇÃO

Tese, frase declarativa e proposição

«Uma tese é uma resposta a um problema em aberto. […]


Uma tese filosófica é uma resposta a algum problema filosófico. […]
Geralmente, as teses articulam-se com outras teses auxiliares que as suportam ou complementam,
assim formando teorias. É habitual as teorias serem identificadas pela sua tese principal, que é
normalmente expressa por uma frase declarativa.
Os filósofos costumam chamar proposições ao que é expresso pelas frases declarativas.»
[Aires Almeida In “Documento elaborado no âmbito da definição das Aprendizagens
Essenciais da disciplina de Filosofia.” P.3]

«Usaremos a noção de proposição para referir o que uma frase portuguesa e a sua tradução noutra
língua têm em comum: diremos que ambas as frases exprimem a mesma proposição. Esta noção de
proposição aplica-se também no domínio de uma mesma língua.»
[W. H. Newton-Smith – Lógica: Um Curso Introdutório:22]

Descartes é francês. A Anabela é mais alta que o António.


Descartes is french. O António é baixo do que a Anabela.
Descartes est français. O António tem uma estatura inferior à da Anabela.

«Supostamente, a compreensão que um alemão tem de ‘Der Schssee ist Weiss’ e a que um português
tem de ‘A neve é branca’ traduz-se na apreensão da mesma proposição, a qual não se confunde com as
[…] imagens subjectivas que eles associam às frases (nem, claro está, com as próprias frases).»
[Ricardo Santos – A Verdade de um Ponto de Vista Lógico. 14-15]

 Uma frase nunca é uma proposição; apenas exprime uma proposição se aquilo (a ideia, o conteúdo)
que é expresso pela frase em questão for algo em relação ao qual se pode dizer que é verdadeiro ou
falso.

Ambiguidade:
[Semântica] “A Anabela mexeu no rato.”
[Sintática] “O António viu a Anabela com os binóculos.”

Verdade e falsidade

«O que se espera de uma tese é que seja verdadeira. A verdade de uma tese — ou de qualquer
proposição — é a característica de ela representar adequadamente as coisas como elas realmente são.
Caso isso não aconteça, essa tese ou proposição é falsa.»
[Aires Almeida In “Documento elaborado no âmbito da definição das Aprendizagens
Essenciais da disciplina de Filosofia.” [P. 4-5]

Princípio da BIVALÊNCIA
Existem dois valores de verdade (VERDADEIRO; FALSO) e toda a proposição tem um deles:
Ou é VERDADEIRA ou é FALSA

Nota: Quando nos é dada uma proposição, nem sempre sabemos se ela é ou não é verdadeira. Não
sabemos, por exemplo, se a proposição expressa pela frase “Existe vida extraterrestre.” é verdadeira.
Mas, se compreendemos uma proposição, então sabemos o que tem de acontecer, ou como têm as
coisas de ser, para que ela seja verdadeira. Diz-se, nesse caso, que conhecemos as suas condições de
verdade (embora não saibamos qual é o seu valor de verdade).

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Verdade (noção comum): correspondência à realidade
Uma proposição é verdadeira quando corresponde à realidade, quer dizer, quando as coisas são
efectivamente da maneira como ela as representa.

Noção lógica de verdade: correspondência a uma circunstância possível


Em lógica usa-se geralmente uma noção de verdade que é mais ampla do que a noção comum de
verdade. Trata-se da correspondência a uma situação ou circunstância possível.

Nota: A situação real é apenas uma das várias circunstâncias possíveis. Perante uma proposição,
podemos avaliá-la – como verdadeira ou como falsa – relativamente a diferentes circunstâncias
possíveis.
Uma das características principais da lógica é o facto de se ocupar não apenas da maneira como as
coisas são, mas de como elas poderiam ser – se fossem diferentes. De acordo com este interesse amplo
pelo domínio do possível, a lógica confronta cada proposição não unicamente com a realidade (que
muitas vezes nem sequer sabemos como é), mas com um leque vasto de circunstâncias possíveis. É
relativamente a cada uma dessas circunstâncias que a questão de saber se uma proposição é
verdadeira ou falsa costuma ser colocada.

► Imagine-se que o António é alto e a Anabela é magra. Nesta circunstância, as seguintes proposições
são verdadeiras ou falsas?

a. Anabela não é magra.


b. Anabela é magra ou é muito gorda.
c. Anabela é magra e António é baixo.

Anexo
Proposição, crença e acção

O conceito de crença:
 Um estado mental disposicional que tem como conteúdo uma proposição. O facto de as crenças,
enquanto estados mentais, serem disposicionais significa que podemos ter uma disposição para agir de
certa forma devido às crenças que temos.

«As nossas crenças guiam os nossos desejos e moldam as nossas acções. […] O sentimento de
crença é uma indicação mais ou menos segura de que se está estabelecendo na nossa natureza
um hábito que determinará as nossas acções.» [Peirce, Charles S. (1877): p. 64.]

Segundo Clifford, «tão-pouco é uma crença aquilo que não influência de modo algum as acções de
quem a sustenta.» [Clifford, W. K. (1877): p. 102.]
A crença é uma tendência para responder de certo modo quando o assunto adequado surge. É um
hábito de acção.

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