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Dia 27/08/2010
Disciplina: Direito Processual Civil IV - Execuções
Professor: Ana Manuela Rampazzo
Aluno: ANTONIO SANTANA NESTORIO
I - PREAMBULO
a) Teoria do ato. Estabelece que o título deve ser analisado em seu aspecto substancial, ou
seja, ele vale o que ele representa.
b) Teoria do documento. Estabelece que o titulo deve ser analisado em seu aspecto formal,
isto é, o titulo vale o que ele é (papel).
O Brasil adotou as duas teorias, como diz Araken de Assis. Assim, no Brasil as vezes opta pela
teoria do ato, e outras pela teoria do documento. Prevalece em larga escala no Brasil de que a
maioria dos títulos são emitidos com base na teoria do Ato.
Exemplo:
Pode-se executar um contrato por cópia? R: Sim, pois é o ato que interessa sobre a forma.
CPC, Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação
certa, líquida e exigível.
A certeza pode ser afastada através de embargos e impugnação. A certeza não deve ser
analisada em investigação profunda pelo magistrado, trata-se apenas de uma investigação
formal. A analise profunda é feita através de embargos, pelo devedor.
Se o título judicial é ilíquido, tem-se uma chance para poder resolver o problema: liquidação
de sentença.
O título é essencial a qualquer execução (nulla executio sine titulo). O credor (ou pretenso
credor) que proponha a execução sem título dela é carecedor por falta de interesse de agir,
porque só o título torna adequado o processo de execução e suas medidas executivas. É certo
que para a execução é preciso também a exigibilidade do título, além dos requisitos formais
ligados à propositura da ação, mas é nele que a lei concentra a força de liberar a coação estatal
em favor do credor para a satisfação da obrigação.
O Código de Processo Civil, em seu art. 618, para reforçar a idéia da indispensabilidade do
título, inquina de nula a execução se o título não for líquido, certo e exigível. Nestes casos,
porém, perante a teoria do processo, a hipótese não é de nulidade processual, mas de carência
da ação.
I - A sentença condenatória proferida no processo civil. Este é o título judicial mais comum e
típico. Ao aplicar a vontade concreta da lei a uma controvérsia que lhe é submetida, se o
pedido se refere à imposição coativa de uma obrigação, a sentença tem força condenatória e
consequentemente efeito executório. As sentenças meramente declaratórias valem por si
mesmas, pelo preceito que contêm, declarando a existência ou inexistência de uma relação
jurídica; as sentenças constitutivas ou também provocam por si mesmas as alterações no
mundo jurídico ou se cumprem através de mandado ao registro competente (sentença de
separação judicial, p. ex.). Já a sentença condenatória, a despeito de impor coativamente o
cumprimento de uma obrigação, pode ainda encontrar a inércia ou resistência do devedor
quanto à sua satisfação, necessitando, então, ser executada através da ação e do processo de
execução. A sentença condenatória é a única, portanto, que enseja a execução propriamente
dita. As demais não se executam; em sentido estrito, se cumprem.
Há sentenças que têm seu dispositivo ou parte conclusiva complexa, ou seja, parte
condenatória e parte declaratória ou constitutiva. Cada parte se efetivará pelo meio próprio,
como se se tratassem de sentenças separadas. É o que ocorre, por exemplo, com a sentença
que julga improcedente a ação (declaratória, portanto, quanto ao pedido inicial), mas que
condena o autor ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios. O réu é o
credor desse título e poderá executá-lo contra o ex-autor, agora devedor de despesas e
honorários.
Há, ainda, sentenças de conteúdo condenatório com relação às quais a lei exclui o processo de
execução, cumprindo-se por ordem do juiz (per officium iudicis), como a sentença que decreta
o despejo. Neste caso, diz-se que a execução é imprópria.
A sentença penal condenatória torna certo o dever de reparação do dano ainda que não o diga
expressamente e é certamente ilíquida, devendo ser liquidada através do processo próprio
previsto nos arts. 603 e s. Não é possível a execução provisória da sentença penal
condenatória, a qual deve sempre estar transitada em julgado.
É possível que após o trânsito em julgado da sentença penal venha o réu a ser absolvido
através de revisão criminal. Várias são as alternativas possíveis: se a execução civil da sentença
não foi iniciada, não mais poderá sê-lo porque desapareceu o título; se a sentença penal está
com execução em andamento, extinguir-se-á a execução pela mesma razão; se a execução já
se consumou com o pagamento do credor-ofendido, a situação pode variar conforme o
fundamento e conteúdo da sentença proferida na revisão: se na revisão foi julgada extinta a
punibilidade ou decidido que o fato imputado não constitui crime, não desaparece a
responsabilidade civil, e o pagamento, a despeito de obtido agora com meio inidôneo
(execução com título extinto), não poderá ser repetido; se a absolvição teve por fundamento a
legítima defesa, tal circunstância elimina a responsabilidade, cabendo, pois, a repetição (CC,
art. 1.540), permanecendo, porém, a responsabilidade se outra for a causa que considere o
crime justificável.
Todo título executivo extrajudicial para a cobrança de crédito deve ser líquido, certo e exigível.
Em se tratando de sentença, título judicial, se ilíquida, deve esta ser antes liquidada através do
procedimento próprio que adiante será estudado. Para o título extrajudicial, porém, a liquidez
e a certeza são requisitos do próprio título executivo. Faltando liquidez e certeza, o documento
de crédito deixa de ser título executivo, obrigando à propositura de processo de conhecimento
para a obtenção de uma sentença.
O maior número de títulos executivos extrajudiciais tem por objeto o pagamento de quantia
em dinheiro. Aliás, no sistema original do Código, os títulos executivos extrajudiciais referiam-
se exclusivamente a pagamento de quantia ou coisa fungível. Para a entrega de coisa
infungível e no caso de obrigação de fazer ou não fazer, somente era admissível título judicial,
exigindo-se, portanto, o processo de conhecimento para obtê-lo.
A redação do inc. II do art. 585, a seguir comentado, dada pela Lei nº 8.953/94, todavia, passou
a admitir título executivo extrajudicial com qualquer conteúdo, inclusive obrigação de entregar
coisa infungível e de fazer ou não fazer.
Quanto à duplicata não aceita, sua executividade decorre da legislação específica (Lei nº
5.474/68), contanto que tenha sido protestada e esteja acompanhada de documento hábil
comprobatório da entrega da mercadoria. A duplicata não aceita insere-se entre os títulos
executivos previstos em legislação especial e, portanto, no inc. VII do art. 585 do Código:
"todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva". A
duplicata a que se refere o inc. I é a aceita.
Para os títulos cambiários completos o protesto não é requisito para sua exequibilidade. Eles
se tornam exigíveis e, consequentemente, exeqüíveis, com o vencimento. O protesto, porém,
é necessário para o requerimento de falência.
O contrato de seguro que tem força executiva, conforme expresso texto da lei, é apenas o de
vida e de acidentes pessoais e desde que ocorra o resultado morte ou a incapacidade. Os
demais contratos de seguro, como, por exemplo, o de danos materiais em suas diversas
modalidades, não admitem execução, dependendo de prévio processo de conhecimento. A lei
quis, no caso, privilegiar a situação mais grave para o beneficiário, qual seja a morte ou a
incapacidade do segurado.
IV - O crédito decorrente de foro, laudêmio, aluguel ou renda de imóvel, bem como encargo
de condomínio, desde que comprovado por contrato escrito. Foro e laudêmio são créditos
decorrentes do contrato de enfiteuse. O foro é uma prestação anual que o foreiro ou
enfiteuta, titular do domínio útil, paga ao titular da propriedade pura (CC, art. 678); o laudêmio
é o pagamento devido pelo enfiteuta quando transfere o domínio útil. Tais valores são certos e
líqüidos, daí ser natural a sua inclusão entre os créditos com força executiva, mesmo porque
também provados documentalmente.
A falta de pagamento de alugueres pode permitir a ação de despejo com esse fundamento;
decretado o despejo e efetivada a desocupação, é adequada a execução para a cobrança dos
alugueres e demais despesas. Observe-se, porém, que, mesmo que, na ação de despejo, o
cálculo do débito total seja feito pelo contador e homologado pelo juiz, os alugueres
continuam como título executivo extrajudicial e não judicial, porque sua cobrança não é objeto
da ação de despejo e, portanto, não se torna indiscutível pela coisa julgada.
VII - Todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
Um número significativo de diplomas legais atribui força executiva a títulos extrajudiciais.
Alguns deles, até, estabelecem normas próprias relativas à execução, criando verdadeira
execução especial. Outros, simplesmente, atribuem força executiva a certos créditos ou
documentos, como a duplicata não aceita, desde que protestada e acompanhada da prova da
entrega da mercadoria, e os créditos dos órgãos controladores de exercício profissional, etc.
É preciso, porém, fazer uma ressalva quanto a diplomas legais que instituíram executividade
de títulos ou créditos antes da vigência do Código de Processo Civil. Nestes casos somente
persiste a executoriedade se o título cumpre os requisitos do art. 586, ou seja, que seja líquido,
certo e exigível; caso contrário, deve entender-se o dispositivo legal como revogado.