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Introdução

A dibenzalacetona (1,5-difenil-(E,E)-1,4- pentadien-3-ona) (Figura 1) é o produto da


condensação aldólica do Benzaldeído (Figura 2) com a acetona (Propanona) (Figura
3), pode ser usada na produção de fotoprotetores contra radiação UVA por conta de
sua propriedade de absorver seletivamente essa radiação, caracterizando-se como
fotoprotetor químico (SBQ, 2014). É utilizada, também como ligante na química de
organometálicos.

A Condensação aldólica consiste na reação entre um íon enolato, formado pela


retirada de um hidrogênio α-cabonílico de uma molécula de composto carbonilado
(Aldeído ou Cetona), com outra molécula de composto carbonilado que pode ou não
ser igual a que formou o enolato, seguida da protonação do oxigênio carbonílico da
segunda molécula, formando um Aldol. Em temperaturas a cima de 5°C, o aldol
formado sofre desidratação, perdendo uma hidroxila e um hidrogênio α-cabonílico,
formando-se uma ligação dupla que resulta numa cetona ou aldeído α- β-insaturado. A
depender do meio no qual se realiza reação (Ácido ou Básico) o mecanismo da reação
pode ser diferente (Química Nova, 2010). Os mecanismos genéricos abaixo descrevem
o curso de uma reação de condensação aldólica em meio ácido ou básico. É
importante perceber que no meio ácido o ácido atua como um catalisador, mas no
meio básico a base é um reagente, sendo a reação promovida por ela
(SOLOMONS,2005).

Caso os reagentes da condensação sejam compostos diferentes, pode ocorrer uma


condensação aldólica cruzada, também chamada Reação de Claisen-Schmidt. Nesse
tipo de reação podem ser formados produtos diferentes, pois ambos os reagentes
podem atuar tanto como substratos eletrolíticos quanto como reagente nucleofílico,
na forma de um enolato, isto é, um ânion mais estável derivado da perda de um
hidrogênio α-cabonílico de um aldeído ou cetona (Química Nova, 2010).
Na reação de síntese da Dibenzalacetona os reagentes utilizados são a acetona e o
benzaldeído, reagentes diferentes, caracterizando, por isso, uma condensação
cruzada, além do Hidróxido de Sódio, que atua como promotor da reação. O
benzaldeído não possui hidrogênio α-cabonílico, por isso não forma enolato. Ao
adicionar primeiro 1 ml de benzaldeído, que não vai reagir consigo mesmo e em
seguida a 0,6ml de acetona evita-se a formação de produtos secundários, como
ocorre nas condensações cruzadas. A concentração de acetona não ionizada no meio é
muito baixa, e o enolato formado por ela reage quase que unicamente com o
benzaldeído, que encontra-se em excesso. O meio da reação é o etanol, capaz de
dissolver os reagentes.

O mecanismo abaixo explica as etapas da reação, promovida por base, entre


benzaldeído e acetona para formar a dibenzalacetona.

Na 1ª Etapa há a formação do enolato da acetona. O enolato é, na verdade, o


contribuinte de ressonância mais estável do carbânion formado com a saída do
Hidrogênio α-cabonílico, pois a carga negativa está sobre uma átomo mais
eletronegativo que o carbono: o Oxigênio. O mecanismo poderia partir através de um
enol, que forma-se através de tautomerismo, todavia, o equilíbrio ceto-enólico da
propanona é 99% deslocado para o lado da acetona, por conta da baixa estabilidade
do carbânion formado, como pode ser visto na Figura 4.

Na 2ª Etapa, o enolato da acetona ataca o carbono carbonílico parcialmente positivo


do benzaldeído e os elétrons da ligação dupa Carbono-Oxigênio migram para o
Oxigênio, carregando-o negativamente. Como é possível ver no mecanismo, a ligação
dupla entre o Carbono da carbonila e o carbono α atua como sítio doador de elétrons.
O Oxigênio negativamente carregado do benzaldeído é então protonado, formando o
aldol. Aldol é tanto um aldeído/cetona quanto um álcool.
Na 3ª Etapa há a desidratação do Aldol, proporcionada pela temperatura do ambiente
reacional (cerca de 24°C), com a saída do Oxigênio protonado como uma Hidroxila e a
saída de um hidrogênio α-cabonílico da parte da molécula oriunda da acetona. Com a
saída do Hidrogênio, forma-se uma ligação dupla entre carbonos α e β-carbonílicos, e a
formação da benzalacetona, um composto α,β-Insaturado.

Na 4ª Etapa a benzalacetona tem um hidrogênio α-cabonílico retirado pelo – OH do


meio, formando um carbânion. O contribuinte de ressonância mais estável desse
carbânion é o enolato, cuja carga negativa está sobre Oxigênio. Os íons enolato da
dibenzalacetona, então, reagem com as moléculas de benzaldeído ainda presentes no
meio pelo doação de elétrons da ligação dupla entre carbono carbonílico e carbono α
para o carbono parcialmente positivo do benzaldeído, provocando a migração do pr de
elétrons da ligação dupla para o Oxigênio carbonílico. O enolato formado é então
protonado, formando um aldol.

Na 5ª Etapa o aldol sofre desidratação, originando a dibenzalacetona.

Ocorrem, portanto, duas condensações aldólicas simultâneas: a primeira entre


benzaldeído e o enolato da acetona, e a segunda entre o enolato da benzalacetona
formada e o benzaldeído, formando a Dibenzalacetona.

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