Pedido de isolamento compulsório para infectados com COVID-19

TJBA
PJe - Processo Judicial Eletrônico
12/02/2021
Número: 8000106-12.2020.8.05.0161
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: V DOS FEITOS DE REL DE CONS CIV E COMERCIAIS DE MARAGOGIPE
Última distribuição : 02/06/2020
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: COVID-19
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MUNICIPIO DE MARAGOGIPE (AUTOR) IGO VINICIUS MOREIRA GOMES OLIVEIRA (ADVOGADO)
ROSEVAL GUEDES DOS REIS (RÉU)
PEDRO CARMELITO BAIAO DE JESUS NETO (RÉU)
RITA DE CASSIA SOUZA DE SANTANA OLIVEIRA (RÉU)
JOSE BALBINO DO AMOR DIVINO (RÉU)
ELIANE PEREIRA DE MAGALHAES DA HORA (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
58748 02/06/2020 15:21 Petição Inicial Petição Inicial
551
58748 02/06/2020 15:21 Obrigacao de Fazer - COVID 19 - Isolamento Petição
777
58748 02/06/2020 15:21 Kit Prefeita 2017(3) Documento de Identificação
832
58748 02/06/2020 15:21 Portaria 27-2017 - Nomeacao de Procurador - Igo Procuração
847 Vinicius Moreira Gomes Oliveira
58748 02/06/2020 15:21 Oficio N 45.2020 Documento de Comprovação
944
58749 02/06/2020 15:21 Laudo Eliane Pereira Magalhaes da Hora Documento de Comprovação
077
58749 02/06/2020 15:21 Laudo Jose Balbino do Amor Divino Documento de Comprovação
087
58749 02/06/2020 15:21 Laudo Pedro Carmelito Baiao de Jesus Neto Documento de Comprovação
097
58749 02/06/2020 15:21 Laudo Rita de Cassia Souza de Santana Oliveira Documento de Comprovação
111
58749 02/06/2020 15:21 Laudo Roseval Guedes dos Reis Documento de Comprovação
133
58749 02/06/2020 15:21 Decisao Liminar COVID-19 Plantao Documento de Comprovação
818
58750 02/06/2020 15:21 Petição Inicial Petição Inicial
010
58928 03/06/2020 16:10 Decisão Decisão
976
59108 04/06/2020 12:02 Mandado Mandado
187
59298 05/06/2020 11:51 Certidão Certidão
446
59298 05/06/2020 11:51 decisao roseval e outros Certidão
898
PETIÇÃO INICIAL E DOCUMENTOS EM ANEXO.
Assinado eletronicamente por: IGO VINICIUS MOREIRA GOMES OLIVEIRA - 02/06/2020 15:16:38 Num. 58748551 - Pág. 1
https://pje.tjba.jus.br:443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20060215163863500000056728530
Número do documento: 20060215163863500000056728530
ESTADO DA BAHIA
MUNICÍPIO DE MARAGOJIPE
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO
Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) da Vara Cível de Maragojipe/BA.
MUNICÍPIO DE MARAGOJIPE, pessoa jurídica de direito público interno,

inscrita no CNPJ nº 13.784.384/0001-22, com endereço na Rua Durval de Moraes, nº
06, Centro, Maragojipe/BA, representado por VERA LÚCIA MARIA DOS SANTOS, Pre-
feita Municipal, através do seu procurador que ao final assina, consoante portaria de
nomeação anexa, vem, perante Vossa Excelência, propor a presente
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER

com pedido de tutela de urgência
em face de:
ROSEVAL GUEDES DOS REIS, brasileiro, maior, comerciante, estado civil desconhe-
cido, filho de Berlita Pereira Guedes, residente na Rua Barão do Rio Branco, s/nº, Bair-
ro Centro, Maragojipe/BA, CEP 44.420-000;
PEDRO CARMELITO BAIAO DE JESUS NETO, CPF nº 014.094.405-24, brasileiro,

maior, comerciante, estado civil desconhecido, filho de Edilena Sousa de Jesus, resi-
dente na Rua Siqueira Campos, s/nº, Bairro Centro, Maragojipe/BA, CEP 44.420-000;
RITA DE CASSIA SOUZA DE SANTANA OLIVEIRA, CPF nº 650.845.605-97, brasilei-

ra, maior, marisqueira, estado civil desconhecido, residente na Rua Monte Castelo, s/nº,
Bairro Capagato, Maragojipe/BA, CEP 44.420-000;
JOSÉ BALBINO DO AMOR DIVINO, CPF nº 492.161.125-49, brasileiro, maior, maris-

queiro, estado civil desconhecido, residente na Rua Monte Castelo, Bairro Capagato,
Maragojipe/BA, CEP 44.420-000; e
ELIANE PEREIRA DE MAGALHÃES DA HORA, CPF nº 597.392.235-91, brasileira,

maior, servidora pública, casada, residente no Povoado da Rodagem, zona rural de Ma-
ragojipe/BA, CEP 44.420-000, pelos motivos fáticos e de direito a seguir expostos:
ESTADO DA BAHIA
DA ISENÇÃO DE CUSTAS PROCESSUAIS.
O Município/Autor, por força do disposto no art. 10, IV, da Lei Estadual nº

12.373/2011, é isento do pagamento de custas processuais.
DOS FATOS.
Os requeridos testaram positivo para a COVID-19 (Coronavírus SARS-Cov2),

tendo apresentado sintomas, pelo menos em 26/05/2020, data da coleta do material bi-
ológico para exame de Covid-19, consoante demonstram os laudos de exames anexos.
A partir do recolhimento da amostra para exames e investigação da equipe

de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Município de Maragojipe, os
réus foram orientados pelo médico a permanecerem isolados em casa, devendo sair do
isolamento após 14 (catorze) dias, conforme protocolo de atendimento do Ministério da
Saúde1.
Ocorre que os requeridos recusam a manter o isolamento social e estão a

desrespeitar a orientação médica, ficando a deambular pelas ruas do Município de Ma-
ragojipe, vivendo como se nada tivesse acontecendo, em total irresponsabilidade, pro-
pagando o vírus na comunidade.
Com essa atitude, os requeridos estão expondo toda a coletividade ao perigo

de infecção pela grave doença que é a COVID-19, mormente pelo fato de não haver no
Município de Maragojipe nenhum leito de UTI ou mesmo equipamentos que possam ser
empregados no tratamento de cidadãos que eventualmente adquiram a enfermidade.
Os requeridos adotam postura de irresponsabilidade social, especialmente

quando as autoridades públicas do Estado da Bahia estão a tomar medidas para conter
o avanço da doença, visto que o Sistema de Saúde já está em colapso, sem leitos sufi-
cientes para atender a todas as pessoas que necessitem de cuidados especiais.
A situação no Município de Maragojipe está em alerta, beirando o caos, pois

há um grande número de infectados, 20 até a presente data, consoante Boletim Epide-
miológico anexo.
Dessa forma, o Município recorre ao Poder Judiciário para conter a liberdade

de locomoção dos requeridos em benefício da coletividade, dos direitos fundamentais à
vida e à saúde.
1https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#se-eu-ficar-doente
ESTADO DA BAHIA
DO DIREITO.
Inicialmente, é mister pontuar que o Município de Maragojipe é parte legítima

para requerer a presente medida, eis que dentro de suas atribuições constitucionais
existe o dever de zelar pela saúde.
Art. 30. Compete aos Municípios:
[…]
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do

Estado, serviços de atendimento à saúde da população.
No presente caso, há um conflito de direitos elencados em nível constitucio-

nal, quais sejam, o direito à liberdade do requerido, e o direito à saúde de toda a comu-
nidade de
Maragojipe e cidades vizinhas, que caso seja infectada com a conduta irre-
gular dos requeridos, poderá gerar até mesmo a morte de alguns indivíduos, eis que
faltam equipamentos e insumos médicos de modo a prestar um célere e efetivo socorro
às eventuais vítimas da doença SARS-Cov-2.
Da análise da doutrina especializada na matéria, temos que:
“Da mesma forma, tem-se como inquestionável que o direito à vida

tem precedência sobre os demais direitos individuais, uma vez
que é pressuposto para o exercício de outros direitos. Na tentativa
de fixar uma regra geral, consagra Düring a seguinte fórmula: valo-
res relativos às pessoas têm precedência sobre valores de índole
material (Perso gutwert geht vor Sachgutwert)”2.
Não bastasse os argumentos acima expendidos, temos a imposição de um

plano de contingência estabelecido pelo Ministério da Saúde, que consiste no isolamen-
to social como forma de reduzir os danos da pandemia.
Tal plano consiste em achatar a curva de crescimento da COVID-19, como

forma de não sobrecarregar os hospitais, eis que, segundo estudos elaborados pelas
autoridades sanitárias mundiais e federais, caso um grande número de pessoas sejam
infectadas ao mesmo tempo, ocorrerá um colapso no sistema de saúde, resultando em
milhares de mortes.
2MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional.
8ª ed.rev. e atual. - Sao Paulo: Saraiva, 2013, apud Düring, in Summum ius, Summa iniuria, p.
84.
ESTADO DA BAHIA
O isolamento social e a quarentena são medidas previstas na Lei nº

13.979/2020 para enfrentamento da emergência em saúde pública decorrente da pan-
demia do coronavírus, não restando dúvidas quanto a pertinência da matéria.
DA TUTELA DE URGÊNCIA.
Cumpre destacar, de início, que, o novo Código de Processo Civil estabele-

ce, no artigo 300 e seguintes, os pressupostos para o pedido de antecipação de tutela
de urgência. Vejamos:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver ele-

mentos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, confor-

me o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir
os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução
ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não
puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após

justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será conce-

dida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da deci-
são.
No caso em tela, estão presentes os pressupostos autorizadores da tutela de

urgência, vez que a probabilidade do direito está demonstrada, através dos laudos de
exames do LACEN-BA, que comprova a testagem positiva para COVID-19 pelos réus e
a recusa destes a manterem o isolamento social.
No que tange ao perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo,

este também está evidenciado nos autos, pois, a proteção judicial vindicada envolve o
mais fundamental de todos os direitos, o direito à vida e a saúde, positivado no art. 5.º
da CF/88 e assegurado em diversos dispositivos espraiados no texto constitucional vi-
gente, não havendo possibilidade de aguardar o deslinde da causa para a concessão
da tutela, sob pena de prejudicar o pleito, deixando de evitar o que se está a pleitear,
qual seja, preservação da vida e saúde de uma coletividade.
Não bastasse essa previsão constitucional ser suficiente para a concessão

da presente tutela, o pleito autoral encontra sustentáculo, também, no art. 196 da Cons-
tituição Federal de 1988, que assim dispõe, in verbis:
ESTADO DA BAHIA
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido

mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igua-
litário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recupe-
ração.
Em relação ao assunto, merece ser citado o posicionamento do eminente

Ministro Celso de Mello que assim destacou, in verbis:
(…).
Na realidade, o cumprimento do dever político-constitucional con-

sagrado no art. 196 da Lei Fundamental do Estado, consistente na
obrigação de assegurar, a todos, a proteção à saúde, representa
fator, que, associado a um imperativo de solidariedade social, im-
põe-se ao Poder Público, qualquer que seja a dimensão institucio-
nal em que atue no plano de nossa organização federativa. (STF -
1.ª T. - RExtr. n.º 393175/RS). Disponível em: <http://www.stf.gov.-
br>.
Por fim, quanto ao fundado receio de dano irreparável, o mesmo encontra-se

configurado, vez que os requeridos encontram-se sob determinação de isolamento so-
cial, a fim de evitar que outras pessoas contraiam doença altamente contagiosa, que já
foi declarada inclusive como uma pandemia, e recusam a cumprir tal determinação.
Caso não haja o imediato isolamento dos requeridos, todas as pessoas que
entrem em contato com eles correm risco iminente de serem infectados, podendo che-
gar ao óbito, dependendo de suas condições pessoais e falta de atendimento médico
eficaz.
Atualmente, o que se observa em todo o mundo são medidas de combate e

controle da doença, não sendo permitido a cada cidadão fazer valer seu direito indivi-
dual ante o direito da coletividade, ainda que aquele esteja alçado à categoria de direito
fundamental, devendo os requeridos manterem-se isolados por 14 (catorze) dias, a con-
tar do dia 26/05/2020, data em que foi coletada a amostra para detecção da doença.
Neste particular, é mister deixar assentado que o período de 14 (catorze)

dias é indicado pelo Ministério da Saúde em seu site https://www.saude.gov.br/images/
pdf/2020/marco/24/Coronavirus--Isolamento Domiciliar.pdf, sendo a única fonte segura
e confiável no momento para embasar um tratamento eficaz, que evite a propagação da
doença.
ESTADO DA BAHIA
Por derradeiro, os requeridos possuem meios de subsistência e, a princípio,

não sofrerão privações em decorrência da impossibilidade de sair de casa em busca de
seus sustentos e de suas famílias.
Nesta toada, tem-se que o Governo Federal sancionou a Lei nº 13.982 de 2

de abril de 2020, em que estabeleceu em seu art. 2º, a possibilidade de o cidadão, des-
de que obedecidos alguns requisitos, receba o valor de R$ 600,00 (seiscentos reais)
por até três meses, como forma de prover as suas necessidades básicas no período de
quarentena.
Desta forma, requer o deferimento da tutela de urgência, ante a presença

dos pressupostos necessários para sua concessão, nos termos do art. 300 do CPC, c/c
art. 30, VII, da CF, a fim de determinar aos requeridos que permaneçam isolados em
suas residências por 14 (catorze) dias, a contar do dia 26/05/2020, encerrando-se o
prazo em 09/06/2020, devendo todos se absterem de sair das suas residências, nos
endereços indicados no preâmbulo, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais).
Requer seja consignado que, na data do prazo indicado para alta do isola-
mento, os requerentes deverão ser avaliados por equipe médica da Secretaria de Saú-
de do Município de Maragojipe, e, caso apresentem sintomas, deverão permanecer no
isolamento até a data a ser indicada pela equipe médica, o que deverá ser informado
nos autos.
Ressalte-se que o Município já obteve decisão de antecipação de tutela de

urgência perante o Plantão Judiciário do 1º Grau do TJBA, que determinou aos réus
naquela ação a obrigação de manterem o isolamento domiciliar sob pena de multa (do-
cumento anexo).
DOS PEDIDOS.
Ante o exposto, requer:
a) a concessão de tutela de urgência, a fim de determinar aos requeridos que

permaneçam isolados em suas residências por 14 (catorze) dias, a contar do dia
26/05/2020, encerrando-se o prazo em 09/06/2020, devendo todos se absterem de sair
das residências indicadas no preâmbulo, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cin-
co mil reais), devendo ser consignado que, na data do prazo indicado para alta do iso-
lamento, os requerentes deverão ser avaliados por equipe médica da Secretaria de
Saúde do Município de Maragojipe, e, caso apresentem sintomas, deverão permanecer
no isolamento até a data a ser indicada pela equipe médica, o que deverá ser informa-
do nos autos. A diligência de intimação dos requeridos deverá ser realizada por
Oficial de Justiça, podendo ser acompanhada por equipe médica do requerente;
ESTADO DA BAHIA
b) observando-se a ausência de autocomposição em feitos desta natureza,

informa a desnecessidade de audiência de conciliação e mediação, sem prejuízo das
partes apresentarem proposta de acordo para o conflito;
c) a citação dos requeridos para que contestem o pedido, caso queiram, em

15 (quinze) dias;
d) o julgamento procedente da presente ação, confirmando-se a tutela de ur-

gência, a fim de determinar aos requeridos que permaneçam isolados em suas residên-
cias por 14 (catorze) dias, a contar do dia 26/05/2020, encerrando-se o prazo em
09/06/2020, devendo todos se absterem de sair da residência indicada no preâmbulo,
sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), ser consignado que, na data
do prazo indicado para alta do isolamento, os requerentes deverão ser avaliados por
equipe médica da Secretaria de Saúde do Município de Maragojipe, e, caso apresen-
tem sintomas, deverão permanecer no isolamento até a data a ser indicada pela equipe
médica, o que deverá ser informado nos autos.
Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos meramente

fiscais.
Espera deferimento.
Maragojipe, 01 de junho de 2020.
Igo Vinícius Moreira Gomes Oliveira

Procurador do Município
OAB/BA 35.496
Governo do Estado da Bahia
Secretaria de Saúde do Estado da Bahia
Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz
Rua Waldemar Falcão, 123 - Brotas - Salvador / BA
CNPJ: 05.816.630/0001-52
Site: http://www.vigilanciaemsaude.ba.gov.br/laboratorio - E-mail:
lacen.atendimento@saude.ba.gov.br
Telefone: (71)3116-5012 - Fax: (71)3116-5046
Requisição Origem Data de Cadastro

200440000047 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE MARAGOGIPE 26/05/2020
Paciente Cartão Nacional de Saúde Idade Sexo
ELIANE PEREIRA DE MAGALHAES DA HORA 45 ANO(S) FEMININO
Requisitante Município Profissional de Saúde
POSTO DE SAUDE DA FAMILIA DA SEDE I MARAGOGIPE GIAP PASSOS / 35740
COVID-19
Vírus Respiratórios
Método: RT-PCR em tempo real
Data da Coleta: 26/05/2020 Data do Recebimento: 26/05/2020 Início dos Sintomas: 21/05/2020
Material: Swab naso-orofaríngeo 1ª amostra
Kit: KIT BIOMOL OneStep/COVID-19 (Instituto de Biologia Molecular do Paraná – IBMP)
Detectável:
Coronavírus SARS-CoV2
Nota Técnica:
1. O Ministério da Saúde recomenda a coleta de amostras até o 7º dia após o início dos sintomas.
Resultado NÃO DETECTÁVEL em amostras coletadas após este período não exclui a possibilidade de infecção por Vírus Respiratórios.
2. Os Vírus Respiratórios não apresentados no laudo e que não foram referenciados são considerados não testados.
Valor de referência: Detectável: Amplificação do alvo gene N e ORF-1ab ou amplificação do alvo ORF-1ab CT menor/igual 30.
Não Detectável: Não amplificação dos alvos ORF-1ab e gene N ou amplificação apenas do alvo gene N.
Inconclusivo: Amplificação dos alvos ORF-1ab e gene N, sem alcance de critério para detecção.
Observações: Valor de referência: Não Detectável
O LACEN/BA não se responsabiliza pela fase Pré analítica de amostras coletadas em outras unidades.
Exame conferido e liberado por EVELYN ARYANA ANDRADE BRANDÃO (Biomédica CRBM 08454), em 29/05/2020.
CNPJ: 05.816.630/0001-52
Telefone: (71)3116-5012 - Fax: (71)3116-5046

JOSE BALBINO DO AMOR DIVINO 55 ANO(S) MASCULINO
COVID-19
Detectável:
Nota Técnica:
Exame conferido e liberado por LEANDRO FERRAZ (Bioquímico CRF-3752), em 30/05/2020.
CNPJ: 05.816.630/0001-52
Telefone: (71)3116-5012 - Fax: (71)3116-5046

PEDRO CARMELITO BAIAO DE JESUS NETO 706802264357726 36 ANO(S) MASCULINO
COVID-19
Detectável:
Nota Técnica:
CNPJ: 05.816.630/0001-52
Telefone: (71)3116-5012 - Fax: (71)3116-5046

RITA DE CASSIA SOUZA DE SANTANA OLIVEIRA 49 ANO(S) FEMININO
COVID-19
Detectável:
Nota Técnica:
Exame conferido e liberado por LEANDRO FERRAZ (Bioquímico CRF-3752), em 30/05/2020.
CNPJ: 05.816.630/0001-52
Telefone: (71)3116-5012 - Fax: (71)3116-5046

ROSEVAL GUEDES DOS REIS 46 ANO(S) MASCULINO
COVID-19
Detectável:
Nota Técnica:
TJBA
PJe - Processo Judicial Eletrônico
31/05/2020
Número: 8054919-81.2020.8.05.0001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: V DOS FEITOS DE REL DE CONS CIV E COMERCIAIS DE MARAGOGIPE
Última distribuição : 31/05/2020
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: COVID-19
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MUNICIPIO DE MARAGOGIPE (AUTOR) IGO VINICIUS MOREIRA GOMES OLIVEIRA (ADVOGADO)
RITA TANIA BATISTA DE JESUS DE ALMEIDA (RÉU)
GERSON SILVA DE ALMEIDA (RÉU)
TATIANE DE JESUS DE ALMEIDA (RÉU)
ALEX SANDRO DE JESUS DE ALMEIDA (RÉU)
BARTOLOMEU DE JESUS DE ALMEIDA (RÉU)
ELISANA DA SILVA DOS SANTOS (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
58487 31/05/2020 09:46 Decisão Decisão
390
ESTADO DA BAHIA
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PROCESSO Nº 8054919-81.2020.8.05.0001
AÇÃO: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7)
ASSUNTO: [COVID-19]
AUTOR: MUNICIPIO DE MARAGOGIPE
RÉU: RITA TANIA BATISTA DE JESUS DE ALMEIDA, GERSON SILVA DE ALMEIDA,

TATIANE DE JESUS DE ALMEIDA, ALEX SANDRO DE JESUS DE ALMEIDA, BARTOLOMEU
DE JESUS DE ALMEIDA, ELISANA DA SILVA DOS SANTOS
DECISÃO EM TUTELA DE URGÊNCIA - PLANTÃO JUDICIÁRIO
De logo, determino seja o feito processado em segredo de justiça por vislumbrar situação de
incidência do disposto no art.189, I e III do CPC.
Trata-se de ação de obrigação de fazer c/c com pedido de tutela de liminar urgente ajuizada pelo
MUNICÍPIO DE MARAGOGIPE/BAHIA, contra RITA TÂNIA BATISTA DE JESUS DE ALMEIDA,
GERSON SILVA DE ALMEIDA ,TATIANE DE JESUS ALMEIDA, ALEX SANDRO DE JESUS DE
ALMEIDA, BARTOLOMEU DE JESUS DE ALMEIDA e ELISANA DA SILVA DOS SANTOS.
Narra a Municipalidade que os demandados são, parentes próximos e tiveram contato com TELMA DE
JESUS ALMEIDA que testou positivo para a COVID-19 (Coronavírus SARS-Cov2), tendo apresentado
sintomas, pelo menos em 22/05/2020, conforme laudo de exame do LACEN-BA.
Afirma, ainda, que, a despeito da orientação médica, os requeridos desrespeitam as medidas de

isolamento social e quarentena previstas na Lei nº 13.979/2020 para enfrentamento da emergência em
saúde pública decorrente da pandemia e inclusive se recusaram a assinar o Termo de Compromisso de
Isolamento.
Num. 58487390 - Pág. 1
Acrescenta que a conduta dos demandados estão expondo toda a coletividade ao perigo de infecção pela
grave doença que é a COVID-19, mormente pelo fato de não haver no Município de Maragojipe nenhum
leito de UTI ou mesmo equipamentos que possam ser empregados no tratamento de cidadãos que
eventualmente adquiram a enfermidade.
Ao final requer, diante da recalcitrância evidenciada e apontando os pressupostos, seja concedida a tutela
de urgência, determinado-se, sob pena de multa diária para hipótese de descumprimento, o isolamento
dos réus em suas residências pelo período de 14 (catorze) dias, conforme indicado pelo Ministério da
Saúde em seu site https://www.saude.gov.br/images/, a contar do dia 22/05/2020, data em que foi
coletada a amostra para detecção da doença até o dia 05/06/2020. Enfatiza, ao fim, que os requeridos são
pequenos comerciantes, circunstância que, aparentemente, lhes fornece amparo para permanecerem em
casa sem prejuízo da própria subsistência durante o isolamento necessário.
É o breve relatório.
Passo a decidir.
Por primeiro, importante registrar que o caso em testilha representa hipótese de atuação extraordinária do
Plantão Judiciário, consoante a previsão contida na RESOLUÇÃO Nº 14, AGOSTO DE 2019 que
disciplina o Plantão Judiciário de Primeiro Grau no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, inclusive no
horário do regime de sobreaviso por envolver, em última análise, risco de morte para coletividade e
também situação de superlativa gravidade e especial urgência, conforme prescreve o o art. 3º, §6º da
Resolução nº. 14/2019
Noutro giro, entendo que a antecipação dos feriados estaduais e municipais entre os dias 25 a 29 de maio
de 2020 representa o quantum satis no que concerne a impossibilidade de ingressar com a medida em
expediente forense regular.
Nesse evolver, importante frisar que, embora a Constituição Federal, em seu art. 196 estabeleça que o
direito à saúde é dever do Estado, em sentido amplo, e os art. 23, incisos II e IX e art. 24, XII, prescreva a
competência concorrente entre União, Estados e Municípios para tratar da saúde, esse entendimento foi
confirmado pela decisão proferida nos autos da ADI 6341, em que o plenário do Supremo Tribunal
Federal garantiu que Estados e municípios têm poderes para tomar medidas no enfrentamento à pandemia
do novo coronavírus, como fixar regras de isolamento social, quarentena, sendo inegável, portanto, o
interesse Municipal na propositura da demanda.
Passo a apreciar a TUTELA DE URGÊNCIA .
O Código de Processo Civil no art.300 prescreve que que, em ação que tenha por objeto o cumprimento
de obrigação de fazer ou não fazer, sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado
receio de ineficácia do provimento final, lícita a concessão liminar da tutela.
Com efeito, a análise dos autos permite extrair-se, ainda que antes de aperfeiçoado o contraditório, a
presença dos requisitos para a concessão da tutela antecipada de urgência.
A petição inicial está instruída com documentos suficientes dentre os quais destacam-se Laudo Médico
de TELMA DE JESUS DE ALMEIDA, Ofício da Coordenadora de Vigilância Epidemiológica atestando
a recusa dos demandados quanto a assinatura do Termo de Compromisso de Isolamento, Fluxograma de
Acompanhamento VIEP.
Num. 58487390 - Pág. 2
In casu, a luz das normas e princípios que inspiram o regramento consumerista, a plausibilidade e
relevância das alegações do autor estão bem postas na espécie na coerência e solidez da narrativa e nos
documentos acostados que revelam A corroborar a probabilidade do direito alegado na inicial, sobreleva
notar que a Constituição Federal de 1988 consagrou o direito à vida (art. 5º, caput) e a saúde (art. 6º)
como direitos fundamentais, impôs ao Poder Público a efetivação desse direito à saúde (art. 196).
Também com relação ao fumus boni iuris, a Lei Federal nº 13.979/2020, em seus artigos 2º, e 3º, criou no
ordenamento jurídico brasileiro a figura do isolamento social e da quarentena, autorizando a sua adoção
como uma das medidas possíveis para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância
internacional, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde.
Vejamos:
Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:
I - isolamento: separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de bagagens, meios de transporte,

mercadorias ou encomendas postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a contaminação ou a
propagação do coronavírus; e
II - quarentena: restrição de atividades ou separação de pessoas suspeitas de contaminação das

pessoas que não estejam doentes, ou de bagagens, contêineres, animais, meios de transporte ou
mercadorias suspeitos de contaminação, de maneira a evitar a possível contaminação ou a propagação
do coronavírus.
Parágrafo único. As definições estabelecidas pelo Artigo 1 do Regulamento Sanitário Internacional,

constante do Anexo ao Decreto nº 10.212, de 30 de janeiro de 2020, aplicam-se ao disposto nesta Lei,
no que couber.
Art. 3º Para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente

do coronavírus, poderão ser adotadas, entre outras, as seguintes medidas:
I - isolamento;
II - quarentena;
III - determinação de realização compulsória de:
(…)
Destaca-se que a restrição momentânea e provisória da liberdade de locomoção dos requeridos visa a
preservar direitos de índole igualmente constitucional de incontáveis pessoas.
Num. 58487390 - Pág. 3
Nesse contexto impende notar que, ainda que a medida requerida nos conduza a falsa compreensão acerca
de eventual colidência de direitos fundamentais de estatura constitucional (direito coletivo à vida e à
saúde em possível antagonismo com a liberdade individual). Tal entendimento se aparta da realidade
enfrentada, pois ignora a ausência de uma antinomia real entre aqueles direitos, mas somente de um
confronto aparente, que encontra solução na própria ordem constitucional com o auxílio da hermenêutica
constitucional, dos princípios da proporcionalidade, da ponderação de valores, cedência recíproca,
resguardado o núcleo fundamental dos direitos. Ademais, sabe-se que nem mesmo os direitos
fundamentais podem ser encarados de maneira absoluta, de modo que devem ser relativizados sempre que
contrapostos em uma situação em concreto. Sobre a questão:
Os direitos fundamentais se interrrelacionam mutuamente, sem que uns prevaleçam sobre os outros.
Sucede que, em determinadas circunstancias, uns devem limitar-se de modo a salvaguardar-se outros.
É o que ocorre com a liberdade, quando confrontada com a necessidade de proteção e defesa da saúde
pública. Só assim é possível dar eficácia aos preceitos constitucionais dos artigos 196, 197 e 200, II, da
Constituição Federal. Sendo a saúde direito de todos e dever do Estado sendo as ações e serviços a ela
referentes de relevância pública e competindo ao sistema único de saúde executar as ações de
vigilância sanitária e epidemiológica, tais dispositivos só podem ser efetivados mediante a restrição à
liberdade e à propriedade, nos limites indispensáveis à contenção da dengue. Como ficou assentado,
em 04/10/1991, em documento assinado por algumas das mais expressivas figuras do meio jurídico
nacional, “a correta interpretação do artigo 197 do texto constitucional implica o entendimento de
ações e serviços de saúde como o conjunto de medidas dirigidas ao enfrentamento das doenças e suas
sequelas pela atenção médica e curativa, bem como de seus determinantes e condicionantes de ordem
econômica e social” ( Plauto Faraco De Azevedo. Controle Sanitário e Liberdade Individual In
Programa Nacional de Controle da Dengue. Amparo Legal à execução das Ações de Campo – publ.
Ministério da Saúde/Funasa, 12/2002, pg. 33).
Noutro giro, o descumprimento do isolamento domiciliar pelos demandados que tiveram contato com
paciente infectada (veja-se que um dos demandados inclusive já revela sintomas) configura inequívoco
periculum in mora por representar o isolamento medida impositiva para preservação da saúde pública,
evitando-se ou ao menos mitigando-se os riscos de propagação do vírus no Município de Maragogipe, e
certamente nos Municípios vizinhos .
A livre circulação em ambientes públicos, abertura dos comércios expõe incontável número de pessoas a
um risco concreto de contágio por um vírus com altíssimo poder de contaminação e com letalidade não
desprezível, especialmente para pessoas que integram o chamado “grupo de risco”, ou seja, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), asmáticos, fumantes, hipertensos, diabéticos e pessoas com
problemas cardiovasculares, além de pessoas acima dos 60 anos.
Mister reconhecer que, apesar de alguns avanços no que concerne ao nosso conhecimento acerca da
COVID-19, a nossa cognição ainda é limitada. O cenário ainda está prenhe incertezas quanto à profilaxia,
gravidade, tratamento, potencial de recidiva da infecção, imunização, sequelas, causada pelo novo
coronavírus (COVID-19), razão pela qual o distanciamento social, o isolamento domiciliar e a ampliação
dos cuidados de higiene ainda remanescem como os meios mais efetivos disponíveis de prevenção e de
contenção da disseminação do vírus, o que, todavia, por óbvio gera a preocupação legítima e generalizada
quanto às imprevisíveis e multidimensionais repercussões da pandemia, e reflexos devastadores nas
relações s sociais, laborais, econômicas, políticas e jurídicas envolvidas.
Num. 58487390 - Pág. 4
No caso, a despeito da atitude ostensivamente desrespeitosa em detrimento da coletividade, obstinação
aparentemente despropositada e irresponsável, em que pesem as convicções pessoais dos réus, suas
posturas negacionistas e transgressoras, o fato é que o isolamento domiciliar sobressai-se imperativo
porque o problema, como dito em linhas volvidas, é de saúde pública, caso em que incumbe incumbe ao
Poder Público adotar providências no sentido de preservar não apenas a saúde e integridade dos
requeridos mas de toda a coletividade que pode ser exposta indevidamente à contaminação por um vírus
de transmissibilidade e letalidade notórias.
Na oportunidade, é mister deixar assentado que o período de 14 (catorze) dias é indicado pelo Ministério
da Saúde em seu site https://
www.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/24/Coronavirus--IsolamentoDomiciliar.pdf, sendo a única
fonte segura e confiável no momento para embasar um tratamento eficaz, que evite a propagação da
doença.
Caminhando para o arremate, não podemos ignorar, considerando as peculiaridades e a gravidade do caso
em testilha, que a mínima tardança processual envolve e agrava o risco à vida e saúde do(a) da
comunidade de MARAGOGIPE e também das regiões vizinhas, mormente atentando para a taxa de
transmissão, risco de contágio elevado, sobretudo porque há uma faixa grande de pessoas que são
assintomáticas e pré-sintomáticas e durante essa fase seguem transmitindo mesmo sem ou antes de
apresentar os sintomas. Nessa linha não podemos desprezar a circulação do vírus se espraiando pela
região, dada a porosidade dos municípios e povoados que não estão insulados, mas entremeados.
Por derradeiro, de outra banda não há falar-se em irreversibilidade da medida, pois, a medida não ignora a
situação econômica dos requeridos, todos comerciantes, que a priori, podem resistir em condições dignas
durante o necessário período de isolamento, sem comprometimento significativo da subsistência familiar.
Reversamente, o contágio descontrolado encerra risco iminente à vida e saúde de um número
indeterminado de pessoas, além da possibilidade real de colapsar o sistema de saúde que se mostra
debilitado para o enfrentamento de uma crise sem precedentes.
Desse modo, por presentes os requisitos, impõe-se deferir a antecipação pleiteada, frisando, entretanto,
tratar-se de decisão provisória, podendo a parte a ré, com o prosseguimento do feito, defender-se da
pretensão autoral fazendo prova de suas alegações, cabendo ao Juízo Natural o acompanhamento da
medida, inclusive no que concerne a adequação.
Do exposto, ANTE A PRESENÇA DOS SEUS PRESSUPOSTOS, NOS TERMOS DO ART. 300 DO
CPC, CONCEDO A TUTELA DE URGÊNCIA PARA:
Num. 58487390 - Pág. 5
1- DETERMINAR QUE NO PRAZO MÁXIMO DE 12 HORAS, OS REQUERIDOS INGRESSEM
E PERMANEÇAM EM ISOLAMENTO DOMICILIAR (ENDEREÇOS RESIDENCIAIS
DECLINADOS NA PROEMIAL), POR 14 (CATORZE) DIAS, A CONTAR DO DIA 22/05/2020,
ENCERRANDO-SE O PRAZO, A PRINCÍPIO, NO DIA 05/06/2020 E ALTA MÉDICA, SOB
PENA DE MULTA DIÁRIA.
RESSALTE-SE QUE PARA ALTA MÉDICA E CESSAÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE

ISOLAMENTO DOMICILIAR, AO FINAL DO PRAZO INDICADO OS REQUERIDOS deverão
ser avaliados por equipe médica da Secretaria de Saúde do Município de MARAGOGIPE, e, caso
apresentem sintomas, deverão permanecer no isolamento até a data a ser indicada pela equipe
médica, sendo mister que tal circunstância seja devidamente comprovada nos autos.
PARA HIPÓTESE DE DESCUMPRIMENTO DO PRECEITO FIXO A MULTA DIÁRIA NO

VALOR DE DE R$ 1.000,00 (hum mil reais), por episódio de violação do isolamento domiciliar,
LIMITADA A SUA INCIDÊNCIA AO TETO DE R$ 100.000,00 (CEM MIL REAIS) .
Importante esclarecer que eventual busca por atendimento médico de urgência em caso de
agravamento do quadro de saúde do réu não configura tal descumprimento e que o Município, a
seu turno, tem obrigação de manter acompanhamento médico e suporte aos demandados caso
necessitem durante o período de isolamento familiar
INTIMEM-SE OS DEMANDADOS COM URGÊNCIA, podendo a Secretaria do Plantão utilizar

meios de comunicação mais eficazes e efetivos, certificando nos autos.
Intimem-se as partes desta decisão.
Cumpra-se, atribuindo a presente decisão força de mandado e ofício.
Salvador, 31 de maio de 2020.
MARIANA TEIXEIRA LOPES
Juíza de Direito-Plantonista
ASSINADO ELETRONICAMENTE
Num. 58487390 - Pág. 6
PETIÇÃO INICIAL E DOCUMENTOS EM ANEXO.
PODER JUDICIÁRIO
COMARCA DE MARAGOGIPE
VARA CÍVEL
PROCESSO Nº 8000106-12.2020.8.05.0161
DECISÃO
Trata-se de ação ajuizada pelo Município de Maragogipe com pedido de obrigação de fazer contra
munícipes que supostamente estariam a descumprir medidas de isolamento, embora comprovadamente
contaminados com o coronavírus.
Alega que os réus estão a se recusar a cumprir medidas que evitam a proliferação da doença e qe compete
ao Município atuar em matéria de saúde pública ex vi do art. 30, VII, da Constituição.
Pede, liminarmente, " a concessão de tutela de urgência, a fim de determinar aos requeridos que
permaneçam isolados em suas residências por 14 (catorze) dias, a contar do dia 26/05/2020,
encerrando-se o prazo em 09/06/2020, devendo todos se absterem de sair das residências indicadas no
preâmbulo, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), devendo ser consignado que, na
data do prazo indicado para alta do isolamento, os requerentes deverão ser avaliados por equipe médica da
Secretaria de Saúde do Município de Maragojipe, e, caso apresentem sintomas, deverão permanecer no
isolamento até a data a ser indicada pela equipe médica, o que deverá ser informado nos autos. A
diligência de intimação dos requeridos deverá ser realizada por Oficial de Justiça, podendo ser
acompanhada por equipe médica do requerente;a concessão de tutela de urgência, a fim de determinar aos
requeridos que permaneçam isolados em suas residências por 14 (catorze) dias, a contar do dia
26/05/2020, encerrando-se o prazo em 09/06/2020, devendo todos se absterem de sair das residências
indicadas no preâmbulo, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), devendo ser
consignado que, na data do prazo indicado para alta do isolamento, os requerentes deverão ser avaliados
por equipe médica da Secretaria de Saúde do Município de Maragojipe, e, caso apresentem sintomas,
deverão permanecer no isolamento até a data a ser indicada pela equipe médica, o que deverá ser
informado nos autos. A diligência de intimação dos requeridos deverá ser realizada por Oficial de Justiça,
podendo ser acompanhada por equipe médica do requerente".
É o relatório.
A Administração Pública detém a prerrogativa, não extensível aos particulares, de fazer cumprir
diretamente as determinações que dela emanam. Cuida-de dos atributos da autoexecutoriedade e
imperatividade dos atos administrativos. Tais características do agir estatal se justificam em razão de ser
irrazoável depender a todo momento de uma manifestação pretoriana para a execução das atividades de
interesse coletivo. Esta noção ganha especial relevo em tema de saúde pública, em que os riscos da
demora de um ou alguns dias podem trazer nefastas consequências à população.
Assinado eletronicamente por: LUCAS DE ANDRADE CERQUEIRA MONTEIRO - 03/06/2020 16:10:31 Num. 58928976 - Pág. 1
No ponto específico, a Lei nº 13979/2020 expressamente autoriza que o poder público determine o
isolamento de pacientes contaminados. Confira-se:
Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:
I - isolamento: separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de bagagens, meios de transporte,

mercadorias ou encomendas postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a contaminação ou a
propagação do coronavírus;
(...)
Art. 3º Para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do

coronavírus, as autoridades poderão adotar, no âmbito de suas competências, dentre outras, as seguintes
medidas:
I - isolamento;
No caso concreto, o requerente não demonstrou, ainda que por elementos superficiais ou indiretos, que
determinou o isolamento dos réus nem que estes estariam a descumprir a ordem municipal nesse sentido.
Em vez de exercer suas atribuições na seara de saúde pública, preferiu ajuizar diretamente ação judicial
para que seja feita determinação nesse sentido.
Por outro lado, em tendo havido determinação administrativa e descumprimento pelo destinatário da
ordem, a situação pode vir a caracterizar conduta típica (art. 330 ou art. 268, do CP), hipótese na qual
deve o aparato persecutório criminal ser provocado.
Ante o exposto, indefiro a liminar.
Intime-se o acionante para que justifique seu interesse de agir no caso concreto em 10 dias, sob pena de
extinção.
Maragogipe, 3 de junho de 2020
Lucas de Andrade Cerqueira Monteiro
Juiz de Direito
Assinado eletronicamente por: LUCAS DE ANDRADE CERQUEIRA MONTEIRO - 03/06/2020 16:10:31 Num. 58928976 - Pág. 2
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
COMARCA DE MARAGOGIPE
VARA UNIFICADAS RELAÇÕES DE CONSUMO CÍVEL, COMERCIAL, FAMÍLIA, SUCESSÕES,

ORFÃOS, INTERDITOS, AUSENTES, FAZENDA PÚBLICA, REGISTROS PÚBLICOS, CRIME,
EXECUÇÕES PENAIS, JÚRI E INFÂNCIA E JUVENTUDE
Fórum Prof. Raul Chaves, nº 08, Centro, Maragogipe – Bahia
CEP. 44-420.000 – Tel. 75-3526 1311, ramal 03
e-mail.: maragogipevrcccom@tjba.jus.br
PROC. Nº 8000106-12.2020.8.05.0161
MANDADO DE INTIMAÇÃO passado ao MUNICÍPIO DE MARAGOGIPE, na pessoa de seus

Procurador Geral, para ser cumprido na forma abaixo:
de Ordem do Dr. LUCAS DE ANDRADE CERQUEIRA MONTEIRO, Juiz de Direito desta

Comarca de Maragogipe, do Estado Federado da Bahia, etc...
Manda ao Oficial de Justiça deste Juízo ao qual for o presente distribuído que a vista do mesmo,
expedido dos Autos do processo nº 8000106-12.2020.8.05.0161 - PROCEDIMENTO COMUM
CÍVEL (7).
AUTOR: MUNICÍPIO DE MARAGOGIPE .
RÉU: ROSEVAL GUEDES DOS REIS e outros (4).
Proceda a INTIMAÇÃO do MUNICÍPIO DE MARAGOGIPE, na pessoa de seus Procurador

Geral, no respectivo endereço, para, ter ciência da sentença/decisão deste Juízo, cuja cópia segue anexa.
Dado e passado nesta Cidade de Maragogipe, (Data do sistema). Eu, (Assinatura do sistema), Escrivão
dos Feitos de Relação de Consumo Cíveis e Comerciais, digitei e subscrevi.
Assinado eletronicamente por: RAIMUNDO BOMFIM SANTOS GUEDES - 04/06/2020 12:02:46 Num. 59108187 - Pág. 1
CERTIDÃO
CERTIFICO, eu Fernando José de Santana, Oficial de Justiça designado, abaixo assinado, que em
cumprimento a presente decisão liminar, dirigi-me a Rua Geny de Moraes s/nº, especificamente na
Secretaria de Finanças, neste municipio, e ali estando, intimei da decisão a Sra. VERA LÚCIA MARIA
DOS SANTOS, na qualidade de Prefeita Municipal, que de tudo ciente ficou, recebeu a contrafé da
decisão que lhe ofereci, e em seguida exarou a sua assinatura. O referido é verdade.
Maragojipe, 05 de junho de 2020
Fernando José de Santana - Oficial de Justiça desig.
Assinado eletronicamente por: FERNANDO JOSE DE SANTANA - 05/06/2020 11:51:35 Num. 59298446 - Pág. 1
Assinado eletronicamente por: FERNANDO JOSE DE SANTANA - 05/06/2020 11:51:36 Num. 59298898 - Pág. 1

Pedido de isolamento compulsório para infectados com COVID-19

Enviado por

Dados do documento

Título original

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Pedido de isolamento compulsório para infectados com COVID-19

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

TJBA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) da Vara Cível de Maragojipe/BA.

MUNICÍPIO DE MARAGOJIPE, pessoa jurídica de direito público interno,

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER

PEDRO CARMELITO BAIAO DE JESUS NETO, CPF nº 014.094.405-24, brasileiro,

RITA DE CASSIA SOUZA DE SANTANA OLIVEIRA, CPF nº 650.845.605-97, brasilei-

JOSÉ BALBINO DO AMOR DIVINO, CPF nº 492.161.125-49, brasileiro, maior, maris-

ELIANE PEREIRA DE MAGALHÃES DA HORA, CPF nº 597.392.235-91, brasileira,

DA ISENÇÃO DE CUSTAS PROCESSUAIS.

O Município/Autor, por força do disposto no art. 10, IV, da Lei Estadual nº

Os requeridos testaram positivo para a COVID-19 (Coronavírus SARS-Cov2),

A partir do recolhimento da amostra para exames e investigação da equipe

Ocorre que os requeridos recusam a manter o isolamento social e estão a

Com essa atitude, os requeridos estão expondo toda a coletividade ao perigo

Os requeridos adotam postura de irresponsabilidade social, especialmente

A situação no Município de Maragojipe está em alerta, beirando o caos, pois

Dessa forma, o Município recorre ao Poder Judiciário para conter a liberdade

Inicialmente, é mister pontuar que o Município de Maragojipe é parte legítima

Art. 30. Compete aos Municípios:

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do

No presente caso, há um conflito de direitos elencados em nível constitucio-

Da análise da doutrina especializada na matéria, temos que:

“Da mesma forma, tem-se como inquestionável que o direito à vida

Não bastasse os argumentos acima expendidos, temos a imposição de um

Tal plano consiste em achatar a curva de crescimento da COVID-19, como

O isolamento social e a quarentena são medidas previstas na Lei nº

Cumpre destacar, de início, que, o novo Código de Processo Civil estabele-

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver ele-

§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, confor-

§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após

§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será conce-

No caso em tela, estão presentes os pressupostos autorizadores da tutela de

No que tange ao perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo,

Não bastasse essa previsão constitucional ser suficiente para a concessão

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido

Em relação ao assunto, merece ser citado o posicionamento do eminente

Na realidade, o cumprimento do dever político-constitucional con-

Por fim, quanto ao fundado receio de dano irreparável, o mesmo encontra-se

Atualmente, o que se observa em todo o mundo são medidas de combate e

Neste particular, é mister deixar assentado que o período de 14 (catorze)

Por derradeiro, os requeridos possuem meios de subsistência e, a princípio,

Nesta toada, tem-se que o Governo Federal sancionou a Lei nº 13.982 de 2

Desta forma, requer o deferimento da tutela de urgência, ante a presença

Ressalte-se que o Município já obteve decisão de antecipação de tutela de

Ante o exposto, requer:

a) a concessão de tutela de urgência, a fim de determinar aos requeridos que

b) observando-se a ausência de autocomposição em feitos desta natureza,

c) a citação dos requeridos para que contestem o pedido, caso queiram, em

d) o julgamento procedente da presente ação, confirmando-se a tutela de ur-

Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos meramente

Maragojipe, 01 de junho de 2020.

Igo Vinícius Moreira Gomes Oliveira

Requisição Origem Data de Cadastro

Requisição Origem Data de Cadastro

Exame conferido e liberado por LEANDRO FERRAZ (Bioquímico CRF-3752), em 30/05/2020.

Requisição Origem Data de Cadastro

Requisição Origem Data de Cadastro

Exame conferido e liberado por LEANDRO FERRAZ (Bioquímico CRF-3752), em 30/05/2020.

Requisição Origem Data de Cadastro

AÇÃO: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7)

AUTOR: MUNICIPIO DE MARAGOGIPE

RÉU: RITA TANIA BATISTA DE JESUS DE ALMEIDA, GERSON SILVA DE ALMEIDA,