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26/05/2020 Entenda o confronto entre Rússia e Turquia na Síria - Jornal O Globo

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Entenda o confronto entre Rússia e Turquia na Síria


Conflito põe os dois aliados em lados opostos, mas ambos querem evitar guerra aberta

O Globo
05/03/2020 - 17:07 / Atualizado em 05/03/2020 - 20:43

Comboio militar turco estaciona perto do posto de fronteira de Bab al-Hawa, no dia 2 de março Foto: AAREF WATAD / AFP

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O acordo de cessar-fogo acertado por Turquia e Rússia, as duas potências que


regem o cenário militar e, até certo ponto, político na Síria, é uma tentativa de
evitar que a situação na província de Idlib saia de controle, o que poderia levar
ao confronto direto entre os dois lados.

Depois de 10 anos de guerra civil, o Noroeste sírio é o último reduto dos grupos
armados de oposição ao regime de Bashar al-Assad, e desde dezembro é cenário
de uma ofensiva do governo para retomar a área. Os russos apoiam a ofensiva
com bombardeios aéreos diários. A Turquia apoia as milícias que lutam contra
Assad, e nas últimas semanas perdeu dezenas de militares em ataques realizados
pelos sírios.

Moscou e Ancara estão visceralmente envolvidas no que já é um dos mais longos


conflitos do século. No caso russo, por uma questão estratégica e histórica: os
laços entre os dois países vêm desde os anos 1970, quando o pai de Bashar al-
Assad, Hafez, chegou ao poder e estabeleceu uma parceria com a então União
Soviética, incluindo uma base naval em Tartus, a única posição russa no
Mediterrâneo.

Fuga da guerra:Menina síria que o pai fazia rir das bombas escapa da guerra

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No início da guerra civil, Moscou fornecia armas e apoio diplomático a Damasco,


por exemplo vetando resoluções contra o regime no Conselho de Segurança da
ONU. Em 2015, argumentando terem sido "convidados" pelo governo sírio, os
russos iniciaram uma intervenção militar, majoritariamente aérea. O alvo
prioritário era o Estado Islâmico, na época ocupando grandes áreas do país, mas
depois as forças russas passaram a apoiar as forças de Assad contra milícias de
oposição, sendo um fator decisivo para "virar o jogo" no conflito.

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Já o apoio da Turquia aos opositores de Assad vem desde os protestos de 2011,


na esteira da Primavera Árabe. Com o início logo depois da guerra civil, Ancara
deu apoio logístico ao chamado Exército Livre da Síria, que tinha o suporte de
países ocidentais, e também a milícias fundamentalistas, como a antiga Frente
Nusra, ligada à al-Qaeda, hoje fundida a outros grupos e renomeada Tahir al-
Sham.

A partir de 2014, a atuação militar turca foi ampliada, com operações contra
milícias curdas sírias, que Ancara associa aos separatistas curdos turcos. O país
mantém hoje cerca de 20 mil militares na Síria e também controla, com o apoio
de grupos aliados, regiões outrora ocupadas pelas Forças Democráticas da Síria,
lideradas pela milícia curda YPG (Unidades de Proteção do Povo), que atuou, em
aliança com os Estados Unidos, contra o Estado Islâmico.

Evitando o conflito

Em 2015, um jato russo Sukhoi Su-24M foi abatido por um F-16 turco em um
incidente perto da fronteira. O piloto conseguiu pular, mas foi morto por milícias
de oposição, já em solo sírio. As relações entre Moscou e Ancara ficaram

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estremecidas. Um ano depois, os contatos foram retomados, retomando uma


parceria que abarca os setores de gás e nuclear e levou a Turquia a comprar o
sistema de defesa aérea russo S-400. A compra, casada com o desenvolvimento
conjunto do sistema S-500, provocou fricções de Ancara com seus parceiros da
Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança militar liderada
pelos Estados Unidos.

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Leia também:Cada vez mais próximas, Rússia e Turquia discutem venda de


armas e diferenças sobre a Síria

Em 2018, numa cúpula em Sochi, na Rússia, Putin e Erdogan negociaram um


primeiro-cessar-fogo em Idlib, e a Turquia estabeleceu 12 postos de observação
na província para monitorá-lo. Pelo pacto, a Rússia concordou em suspender
uma ofensiva de Damasco na província em troca do compromisso da Turquia de
implementar uma zona desmilitarizada ao longo da linha de combate da qual os
grupos considerados terroristas seriam expulsos. Ancara não cumpriu essa parte
do acordo, e questiona se o Tahir al-Sham deve ser tratado como terrorista.

Esse é o argumento de Damasco para o fim do cessar-fogo e a ofensiva que, nas


últimas semanas, deixou 59 militares turcos mortos. A Turquia pediu cobertura
aérea dos aliados da Otan, que têm um compromisso de defesa mútua. No
entanto, como observa um relatório recente do centro de estudos International
Crisis Group, eles não foram além da condenação retórica da ofensiva sírio-
russa, e não parecem dispostos a um confronto direto com Moscou por causa de
um conflito que não ocorre em território da Turquia, que por isso não pode
alegar ter sido agredida.

Com o novo cessar-fogo, a chance de um incidente grave fica reduzida. Mas,


prevê o Crisis Group, a situação continuará tensa enquanto os dois lados tiverem
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