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AMAZÔNIA

Jogo de cena das


empresas e bancos
em relação ao
desmatamento
Acervo Online | Brasil
por Luiz Enrique Vieira de Souza, Marcelo Fetz, Bruna Pastro Zagatto e Nataly
Sousa Pinho
9 de setembro de 2020

Retórica de empresários e
instituições financeiras
preocupados com a
Amazônia não resiste à
análise das suas ações
concretas

Os dados divulgados pelo


Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) em junho de 2019
constataram um aumento de 88%
no desmatamento da Amazônia
em relação a junho de 2018 e 40%
no total acumulado nos doze
meses referentes a esse intervalo.
As imagens da floresta em chamas
correram o mundo e geraram
atritos diplomáticos entre o Brasil
e chefes de Estado europeus, que
expressaram suas preocupações
sobre a importância da Amazônia
para a mitigação das mudanças
climáticas e a preservação da
biodiversidade. Em seu discurso
na abertura da 74ª Sessão da
Assembleia Geral das Nações
Unidas, ocorrida em setembro do
ano passado, Jair Bolsonaro
adotou uma incisiva retórica
nacionalista que reafirmava a
soberania do Brasil sobre seu
território e acusava os líderes
europeus de transvestirem suas
atitudes neocolonialistas e
interesses econômicos sob um
discurso ambientalista: “Os que
nos atacam não estão
preocupados com o ser humano
índio, mas sim com as riquezas
minerais e a biodiversidade
existentes nessas áreas”. Assim, o
presidente brasileiro manteve o
tom de confronto adotado quando
a Alemanha congelou seu repasse
de 35 milhões de euros ao Fundo
Amazônico. “A Alemanha não vai
mais comprar a Amazônia, vai
deixar de comprar a prestações a
Amazônia” (apud DW, 2019).

A despeito de sua fraseologia


patriótica, as estratégias do
governo Bolsonaro para a
Amazônia não se fundamentam
num projeto propriamente
nacionalista de desenvolvimento.
Isso não apenas porque o
presidente já declarou
explicitamente que pretende
explorar a floresta em parceria
com os norte-americanos, mas
também pelo fato de que seu
apoio incondicional às
madeireiras, à mineração e ao
agronegócio contribui para
manter o Brasil numa posição
relativamente dependente e
subordinada no mercado
internacional. Já em relação aos
países europeus, as contradições
de sua diplomacia ambiental
revelam-se por seus fluxos
comerciais com o Brasil. Mesmo
após o desgaste diplomático, as
balanças comerciais entre o país
sul-americano e as duas
principais economias da União
Europeia mantiveram-se
relativamente estáveis
(MINISTÉRIO DA ECONOMIA,
2020). Além disso, uma análise
detalhada dos produtos
comercializados demonstra que
França e Alemanha contribuem
para a degradação ambiental no
Brasil, uma vez que importam
madeira, minérios, soja e carne
bovina, ao passo que figuram
como alguns dos principais
fornecedores de agrotóxicos para
o mercado brasileiro – incluindo-
se nesse ponto determinadas
marcas de biocidas cujo uso foi
legalmente banido nos territórios
da União Europeia em função de
sua comprovada toxicidade
(BOMBARDI, 2017). Por fim, não
deixa de ser emblemático que se
tenha assinado em 2019 o acordo
para a formação de uma área de
livre comércio entre a União
Europeia e o Mercosul, após vinte
anos de negociações. Ainda que
esse tratado possa ser
futuramente revisto por conta do
ceticismo de líderes europeus em
relação aos compromissos
ambientais do governo brasileiro,
por ora prevalece o lobby das
indústrias alemãs –
particularmente do setor
automotivo – que enxergam no
Mercosul uma oportunidade para
a ampliação de seus mercados.

Levando-se em consideração suas


consequências drásticas para a
aceleração do aquecimento
global, comprometimento
irreparável da biodiversidade e
insegurança hídrica nos
territórios sul-americanos, é
evidente que a questão
Amazônica requer uma
abordagem cosmopolita que ao
menos relativize os apelos
irresponsáveis de Bolsonaro ao
princípio da soberania nacional.
No entanto, a postura truculenta
e negacionista que o governo
brasileiro adotou ao tratar como
conspiração e fake news as
evidências atestadas por satélites
sobre o desmatamento acelerado
da floresta tornou cada vez mais
constrangedor para empresários e
fundos de ações que se respaldam
no discurso corporativo da
sustentabilidade manterem seus
investimentos no Brasil sem
prejuízos à própria imagem.
Diante desse cenário, um grupo
de 29 organizações internacionais
que administram ativos no valor
de US$ 3,7 trilhões enviou uma
carta exigindo medidas
contundentes que revertessem as
políticas de desmantelamento dos
órgãos ambientais e ataques às
populações indígenas. “Nós
demandamos que o governo do
Brasil demonstre compromisso
claro com a eliminação do
desmatamento e a proteção dos
povos indígenas” (apud PHILLIPS,
2020). Paralelamente, uma
empresa norueguesa produtora
de salmão excluiu uma subsidiária
da Cargill da sua lista de
fornecedores em retaliação ao
desmatamento e ganharam
repercussão as campanhas para
que as redes de supermercado
europeias boicotem os produtos
brasileiros [Boykottiert
Bolsonaro].

O temor de que a percepção


negativa do Brasil no exterior por
causa das questões
socioambientais na Amazônia
prejudique seus negócios levou
um conjunto de 36 empresas a
protocolarem uma carta junto à
vice-presidência da República
solicitando que o governo adote
medidas para aplacar a reação de
investidores e consumidores
estrangeiros. Duas semanas
depois, executivos dos três
maiores bancos privados do Brasil
reuniram-se com o general
Hamilton Mourão para discutir
uma agenda conjunta para a
Amazônia com foco no
desenvolvimento da
infraestrutura local, apoio à
compartilhar visualização
bioeconomia e ao mercado de
títulos verdes. Num primeiro
momento, essas iniciativas
parecem reforçar os argumentos
de que a pressão dos mercados
oferece os corretivos necessários
para a degradação ambiental. No
entanto, a própria declaração do
vice-presidente após o encontro
revela que os interesses desses
bancos e empresas consistem
antes numa estratégia de gestão
de seus riscos reputacionais do
que numa expressão de
compromissos socioambientais
genuínos. “E o que a gente vê é
que a Amazônia pode ser uma
solução em termos de empresas
que têm atividades poluentes.
Elas poderem colocar recursos
para a preservação de floresta
para compensar a poluição que
elas causam em outras áreas”
(apud CARRAÇA and URIBE, 2020).

A contradição expressa na fala do


vice-presidente demonstra,
portanto, que uma análise crítica
sobre os discursos relativos ao
desenvolvimento da Amazônia
requer que as declarações dos
diversos atores envolvidos nessa
questão sejam confrontadas com
seus respectivos históricos de
degradação ambiental. Isso
porque entre os signatários da
carta endereçada ao vice-
presidente aparecem diversas
empresas que são responsáveis
diretas pelo desmatamento ou por
outras práticas de agressão ao
meio ambiente. A Marfrig, por
exemplo, foi acusada pelo
Greenpeace de participar de
esquemas de “lavagem de gado”,
comercializando carne bovina
oriunda da pecuária em Unidades
de Conservação (GREENPEACE,
2020). A Bayern/Monsanto, por
sua vez, tem sido alvos de
reiterados protestos por
beneficiar-se da “política
antiambiental” de Bolsonaro, que
liberou 325 agrotóxicos em
apenas nove meses, ao passo que
a Cargyll já sofre retaliações por
negociar soja cultivada em áreas
desmatadas – além de financiar a
cadeia produtiva do cacau, que
emprega o trabalho de 8 mil
crianças e adolescentes no Brasil
(SUDRÉ, 2019). Já a Vale S. A.
promoveu articulações para
expandir suas atividades
mineradoras na Amazônia e assim
continuar satisfazendo o apetite
pantagruélico da China por
minério de ferro – sem mencionar
que a negligência desta empresa
resultou nos dois maiores crimes
ambientais da história do Brasil
com o rompimento das barragens
de Mariana e Brumadinho.

No que diz respeito às


instituições financeiras, é
importante salientar que a
retórica ambientalista dos bancos
se encontra em colisão direta com
suas concessões de créditos aos
principais vetores do
desmatamento na Amazônia. Um
estudo publicado pela World Wild
Fund for Nature (WWF) em 2016
demonstrou que os principais
bancos em atividade no Brasil
possuem baixa adesão aos
tratados internacionais de
comprometimento com a
preservação florestal, critérios
ambientais flexíveis para a
concessão de crédito e, em alguns
casos, inclusive tolerância em
relação ao descumprimento da
legislação trabalhista. Até o ano
de publicação desse estudo, o
China Development Bank não
possuía mecanismos sequer para
restringir o financiamento de
atividades que lançavam mão de
trabalho escravo ou trabalho
infantil. Já Itaú/Unibanco e Grupo
Santander não se comprometiam
a excluir de seus financiamentos
aquelas atividades responsáveis
pela degradação das florestas
naturais, de modo que seus
créditos contribuíram para a
expansão das “milícias
ambientais”. Assim, a pesquisa
desenvolvida pela WWF teve
como propósito fomentar as
discussões sobre a criação de
novos marcos de regulamentação
do sistema financeiro que sejam
mais afinados com critérios de
responsabilidade socioambiental
(WWF, 2016). No entanto, os
dados divulgados nesse estudo
paradoxalmente corroboram o
ceticismo às prerrogativas
advogadas pelos entusiastas da
“Green Finance”, uma vez que o
mercado de créditos também
funciona segundo uma lógica
concorrencial e, nessa medida, o
comprometimento voluntário de
cada banco com critérios
socioambientais adequados à
preservação da floresta pode
acarretar-lhes “desvantagens
competitivas”. Na ausência de uma
regulamentação governamental
que abarque o conjunto do
sistema financeiro, os bancos
efetivamente coerentes com
princípios de sustentabilidade
teriam de compensar sua
desvantagem concorrencial
perante as instituições financeiras
menos criteriosas oferecendo
taxas de juros mais reduzidas ou
outras vantagens análogas que ao
fim e ao cabo diminuiriam suas
margens de lucros.
Registro do estrago deixado pelas queimadas, na região entre os estados do Amazonas, Acre e Rondônia – 2018. (Crédito: Daniel
Beltrá/Greenpeace)

Apesar das contradições entre a


retórica da sustentabilidade e
suas práticas de degradação, o
temor de banqueiros e
empresários acerca das
consequências da política
ambiental brasileira sobre a
gestão dos riscos reputacionais e,
consequentemente, sobre a
regularidade de seus negócios
contribuiu para modificar
parcialmente o discurso oficial
sobre o desenvolvimento da
Amazônia. Tanto o ministro do
Meio Ambiente como o general
Mourão responderam às críticas
afirmando que a Amazônia só será
preservada se forem encontradas
“soluções capitalistas” que
garantam dinamismo econômico e
renda para os cerca de 20 milhões
de habitantes da região. Após as
reuniões com o setor privado, os
representantes do governo
passaram a valer-se
reiteradamente da “bioeconomia”
enquanto alternativa para
conciliar o desenvolvimento
econômico e a preservação da
Amazônia.

Na realidade, os potenciais da
“bioeconomia” já vêm sendo
matéria de discussão entre
cientistas brasileiros há anos.
Carlos Nobre argumenta, por
exemplo, que “a região Amazônica
oferece a possibilidade de
implantar um modelo que
nenhum país do mundo ainda
implantou: uma revolução
industrial baseada no
aproveitamento da biodiversidade
de um país tropical”. Segundo o
pesquisador, as populações
amazônicas “agregariam valor aos
produtos, que desenvolveriam
milhares e milhares de
bioindústrias, que criariam
empregos bons, de classe média,
que são empregos industriais”
(NOBRE apud FACHIN and
MACHADO, 2019). A princípio, um
debate democrático sobre
bioeconomia na Amazônia poderia
representar uma oportunidade
para se avaliar as potencialidades
dessa proposta, assim como
questões referentes ao modelo de
apropriação da biodiversidade, o
protagonismo dos povos da
floresta no desenvolvimento
regional e o alcance dos impactos
ambientais que a bioeconomia
acarretaria em termos da
necessidade de expansão da
infraestrutura local e
adensamento demográfico.

No entanto, a realidade é que o


governo não possui qualquer
plano concreto de fomento à
“bioeconomia” e a maneira como
essa ideia foi apropriada revela
um mero uso instrumental
destinado a aplacar as críticas ao
desmatamento. Uma estratégia
coerente para o desenvolvimento
da bioeconomia dependeria
necessariamente de
investimentos nas áreas de
ciência e tecnologia, algo que não
se coaduna com o corte de verbas
das universidades públicas e
agências de pesquisa durante o
governo Bolsonaro. Mais
fundamental ainda, seria
reconhecer que não existe
“bioeconomia” com a manutenção
paralela de atividades que
promovem o desmatamento
acelerado. Uma vez que a
“bioeconomia” depende da
manutenção da floresta, não é
razoável imaginar que essa
proposta possa ser simplesmente
justaposta aos vetores
econômicos que atualmente
catalisam o forest dieback e a
savanização da Amazônia. Numa
palavra, os representantes
políticos das “milícias ambientais”
apropriaram-se de maneira
instrumental do conceito de
“bioeconomia” como uma
estratégia discursiva que visa
amortecer o desgaste perante a
opinião pública nacional e
internacional em relação ao
desmatamento e ganhar tempo
para levar sua política
antiambiental às últimas
consequências.

Luiz Enrique Vieira de Souza é


professor do Departamento de
Sociologia da Universidade
Federal da Bahia.

Marcelo Fetz é professor do


Departamento de Sociologia da
Universidade Federal do Espírito
Santo.

Bruna Pastro Zagatto é


pesquisadora de pós-doutorado
do CEVIPOL da Université Livre
de Bruxelles.

Nataly Sousa Pinho é estudante


de Ciências Sociais da
Universidade Federal da Bahia.

BOMBARDI, L. M. 2017. Geografia


do Uso de Agrotóxicos no Brasil e
Conexões com a União Européia.
São Paulo: FFLCH – USP.

CARRAÇA, T. and URIBE, G. 2020.


“Maiores bancos privados fazem
iniciativa conjunta em defesa da
Amazônia . Folha de São Paulo,
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/07/bradesco-
itau-e-santander-tem-reuniao-
com-mourao-para-lancar-plano-
para-amazonia.shtml, access on
July 19th 2020).

DEUTSCHE WELLE/DW. 2019. “‘A


Alemanha não vai mais comprar a
Amazônia’, diz Bolsonaro”,
https://www.dw.com/pt-br/a-
alemanha-n%C3%A3o-vai-mais-

comprar-a-amaz%C3%B4nia-diz-
bolsonaro/a-49988192 (access on
25th May 2020)

FACHIN, P. and MACHADO, R.


2019. “Amazônia e a bioeconomia:
um modelo de desenvolvimento
para o Brasil. Entrevista especial
com Carlos Nobre”. Unisinos
(http://www.ihu.unisinos.br/588962).

GREENPEACE. 2020. “Como o


desmatamento e a criação de
gado têm ameaçado a
biodiversidade brasileira”,
https://www.greenpeace.org/brasil/biodiversidade/como-
o-desmatamento-e-a-criacao-

de-gado-tem-ameacado-a-
biodiversidade-brasileira/ (access
on August, 25th 2020).

MARX, K. 1982. O Capital: Crítica


da Economia Política. São Paulo:
Nova Cultural.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA.
“Estatísticas de Comércio
exterior”,
http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-
exterior (access on 30th July
2020).

PHILLIPS, T. 2020. “Trillion-dollar


investors warn Brazil over
‘dismantling’ of environmental
policies”. The Guardian,
https://www.theguardian.com/environment/2020/jun/23/trillion-
dollar-investors-warn-brazil-
over-dismantling-of-
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SUDRÉ, L. 2019. “‘Bayer Monsanto
(access
é morte’:onMulheres
August 1st
do2020).
MST
protestam em frente à sede da
empresa em SP”. Brasil de Fato,
https://www.brasildefato.com.br/2019/09/20/bayer-
monsanto-e-morte-mulheres-do-

mst-protestam-em-frente-a-
sede-da-empresa-em-sp (access
on August 20th 2020).

WORLD WIDE FUND FOR


NATURE/WWF. 2016. Banking on
the Amazon: How the Finance
Sector Can Do More to Avoid
Tropical Deforestation. Woking:
WWF.

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