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FACULDADE TEOLOGICA SUL AMERICANA

O ESPIRITO SANTO E A VIDA NO MUNDO

PIRATININGA - SP

2011
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EDSON APARECIDO DE SOUSA

O ESPIRITO SANTO E A VIDA NO MUNDO

Ensaio Monográfico apresentado à disciplina


TEOLOGIA E PRÁTICA DA ESPIRITUALIDADE,
ministrada pela Profa. Regina Fernandes Sanches,
do curso de EDUCAÇÃO TEOLOGICA A
DISTANCIA, Turma 2010-2, da FACULDADE
TEOLOGICA SUL AMERICANA, Londrina-PR,
referente à avaliação final do 1º semestre de 2011.

PIRATININGA-SP
2011

SUMÁRIO
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I. INTRODUÇÃO......................................................................................................01

II. O ESPÍRITO SANTO....................................................................................02

III. A VIDA NO MUNDO.....................................................................................05

IV. A VIDA NO ESPÍRITO.................................................................................08

V. CONCLUSÃO...............................................................................................10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................12
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I. INTRODUÇÃO

Se o espírito que está em ação em meio a um povo opera como espírito de amor a
Deus e ao homem, temos aí um sinal seguro de que esse é o Espírito de Deus.
(Jonathan Edwards, 2010, p. 55)

O Espírito Santo conquanto seja espírito, é tido por elemento sobrenatural inerente à

fé cristã. A ausência de forma concreta, segundo a dimensão humana, que vê limitado seu

entendimento sobre tudo o que lhe é abstrato, faz manifestar toda sorte de interpretações

relativas à sua essência, propósito e ação. Por conta dessa particularidade, onde a ignorância e

mais além a indolência dos leigos que insiste em absorver qualquer linha de pensamento, há

um descaso numa ponta da questão e um exacerbado interesse na outra ponta. Refém desses

extremos o Espírito Santo tem se tornado um coadjuvante, em termos de importância e ênfase,

nos principais eventos cristãos. O desconhecimento, muitas vezes por falta de ensino, outras

por indiferença, impede que o cristão usufrua o mais importante propósito do Espírito Santo

que é o relacionamento. O mundo jaz no maligno (1 Jo 5:19) e percebemos, já que estamos

no mundo, que a maldade domina as relações humanas. Não fosse uma força bondosa

sobrenatural que age independentemente das pessoas buscarem a bondade, o mundo pereceria.

Essa força vem do Espírito de Deus que como criador, sustenta e mantém sua criação. A

proposta deste trabalho é investigar essa força, chamada Espírito Santo e de como ela atua na

vida de um modo geral nesse mundo. Assim farei um breve resumo teológico até onde meu

conhecimento de Teologia permite. Pode soar como desculpa por possíveis relapsos, mas

reconheço que a ausência de algo importante terá sido em razão de desconhecimento. Fazer

esse trabalho contribuiu muito para meu conhecimento do Espírito Santo e crescimento

espiritual. Minha expectativa é poder contribuir de alguma forma para uma espiritualidade

real e verdadeira em nossos dias.

II. O ESPÍRITO SANTO


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O que o Espírito Santo faz? Suas obras são inefáveis em majestade e inumeráveis
em quantidade. Como podemos conceber algo que se estende além das gerações? O
que ele fazia antes do início da Criação? Quão grandes são as graças que ele
derramou sobre as coisas criadas? Com que grande poder ele governará as eras que
ainda estão por vir? Ele existia; ele preexistia; ele coexistia com o Pai e o Filho antes
das gerações. Mesmo que você consiga imaginar alguma coisa além das eras,
descobrirá que o Espírito Santo está muito além.
São Basílio Magno

Lendo o texto acima da pra imaginar a proporção que pode tomar um estudo que

queira esclarecer todas as dúvidas sobre o Espírito Santo. Mesmo que se fosse muito longe,

como antecipou São Basílio Magno, não se chegaria ao fim. Conhecer todas as coisas do

Espírito Santo é limitá-lo, por isso abdicamos dessa empreitada, pois em sua essência infinita,

o Espírito Santo não nos dá essa possibilidade. Porém algumas coisas básicas que precisamos

conhecer estão ao nosso alcance. Muitas pessoas que estão na igreja desconhecem certos

detalhes imprescindíveis sobre o Espírito Santo, seja por negligencia no ensino, seja por falta

de interesse em conhecer mais sobre Ele. Um pouco de doutrina não faz mal a ninguém e

ajuda bastante na compreensão desse elemento vital da fé cristã. Sem muitos

aprofundamentos proponho fundamentar e analisar alguns princípios bíblicos relacionados a

quem o Espírito Santo é e aquilo que Ele faz. O objetivo não é compreendê-lo totalmente, mas

de posse dessas revelações, render-lhe a adoração devida. Uma informação da maior

importância pode ser confirmada em Jó 33:4: “o Espírito de Deus me fez; o sopro do Todo

poderoso me dá vida”, ou seja, Ele nos criou e nos fez seres viventes (Gn 2:7), nos mantém e

nos dá vida. Quantas pessoas existem nesse mundo que não tem noção de que andam, comem,

dormem, e fazem tantas outras coisas porque o Espírito lhes tem dado vida para que tais

coisas sejam possíveis. Além dessa vida prática Ele ainda é provedor da vida espiritual que

administra nossas emoções e dá acesso à comunhão com o Pai. A propósito, sobre essa vida

mencionada sob os aspectos práticos e espirituais, cabe uma observação onde a vida prática é
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concedida a todas as pessoas independente da sua fé, porém a vida espiritual é conseguida a

partir de Cristo, quando a pessoa é despertada à fé cristã e entrega sua vida a Jesus. O livro de

Atos, que poderia ser chamado Atos do Espírito Santo, oferece inúmeras referencias sobre a

manifestação do Espírito sobre as pessoas. No AT Ele também se manifesta, mas percebe-se

que isso acontece de uma maneira mais especifica e com propósitos específicos, coisa que a

partir de Jesus, ainda que na Sua concepção virginal siga a mesma forma do AT, começa a

mudar, pois em Jesus as profecias do AT são cumpridas e assim em Pentecostes, pela Palavra

de cristo, o Espírito Santo é derramado de uma forma mais coletiva iniciando o cumprimento

da profecia do profeta Joel (2:28). A partir daí a vida prática norteada por leis, costumes,

culturas e livre-arbítrio, passa a contar com um elemento novo que coloca à disposição das

pessoas a possibilidade de viverem na vontade de Deus a partir da Sua graça, que capacitará

cada um a viver retamente pela habitação do Espírito Santo em sua vida, tem-se aí o evento da

espiritualidade. A espiritualidade da vida está ligada à vida no Espírito que resulta no andar

no Espírito Gl 5:25, e que exige um mínimo de entendimento de quem é o Espírito Santo.

Assim na doutrina do Espírito Santo, descobrimos que: o Espírito Santo é uma pessoa. Não é

um poder ou uma coisa qualquer, apesar da Bíblia metaforicamente compará-lo a elementos e

coisas da natureza, como vento, fogo, água, rio, pomba, etc. A grande notícia é que Ele vive

conosco e está conosco Jo 14:17, ou seja, tem vida e se relaciona. E isso Ele não faz apenas

conosco, mas também com o Pai e o Filho. Por toda a Bíblia vemos o Espírito trabalhando a

todo instante ora com o Pai ora com o Filho, participante e protagonista de inúmeras

maravilhas na história da humanidade. Ele também é Deus, não é menor nem maior nem de

natureza diferente em relação ao Pai e ao Filho, é Deus! A pessoa do Espírito Santo é o Deus-

Santificador que é enviado pelo Pai e pelo Filho para a santificação e consolação dos homens

e para o testemunho do Pai e do Filho. Ele é eterno e santo. Por ser eterno Ele não está preso

ao tempo, sempre existiu, sempre está presente e é pleno de santidade, apesar de habitar em
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pecadores. Ele tem mente própria e ora por nós, significa que o Espírito Santo também pensa

e conhece a vontade Deus e nos ajuda a orar na direção dessa vontade Rm 8:27. O Espírito

tem emoções, por ser um ser relacional, como qualquer pessoa, ele tem sentimentos e pode ter

ciúmes, volição, amor, dentre outras emoções. Ele ainda tem desejos próprios significando

que ele está no controle, isso pode ser verificado na questão dos dons espirituais, onde Ele por

sua vontade distribui a cada um, como quer (! Co 12:11). E por fim Ele é onipotente,

onipresente e onisciente, significando que Ele é todo poderoso, está em todo lugar e conhece

todas as coisas. Todas essas coisas irão fazer sentido na vida dos que crêem se estes se

submeterem à ação do Espírito Santo. Conhecer o Espírito Santo, mas não viver no Espírito é

vivenciar uma espiritualidade intelectual, uma retórica inócua, pois não reflete a essência do

Espírito, não autentica Sua existência em experiências e nem produz o Seu fruto Gl 5:22-23.
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III. A VIDA NO MUNDO

Nosso anseio e obrigação, como cristãos, deve ser o de encaixar-se no propósito


pleno de Deus. Ele não ficará satisfeito com nada menos do que isto; também não
devemos nos satisfazer com algo que esteja aquém disto. Todos que dizemos seguir
a Cristo devemos buscar uma compreensão mais clara do propósito de Deus com seu
povo, ser levados ao arrependimento por não conseguirmos cumpri-lo, e continuar a
nos esforçar com avidez, desejosos de tomar posse com firmeza de tudo o que Jesus
obteve para nós. (Stott, 2007, p.17)

O mundo pode ser definido debaixo de vários conceitos, tais como: filosófico,

cientifico, sociológico, político e teológico. Talvez tenha esquecido algum. Não obstante a

perspectiva de cada um, cada pensamento parece certo em seu contexto. O resultado dessas

idéias é a tentativa de explicar o que é mundo, mas a própria diversidade de opiniões aponta

que ele seja o conjunto de todas essas coisas. Cada área do conhecimento humano procura

apresentar sua visão de mundo inerente à sua peculiaridade de estudo. As pessoas também não

unanimes nessa questão, algumas influenciadas por uma ou mais dessas vertentes. Se

perguntarmos para elas o que é mundo, ela responderá via de regra condicionada à sua

realidade. Concernente a esta realidade ela desenvolve a sua práxis mundana, ou seja, ela vive

dentro do seu contexto de vida. Tem uma frase creditada ao dramaturgo brasileiro Nelson

Rodrigues que diz o seguinte:

“O mundo é a casa errada do homem. Um simples resfriado que a gente tem um


golpe de ar, provam que o mundo é um péssimo anfitrião. O mundo não quer nada
com o homem, daí as chuvas, o calor, as enchentes e toda sorte de problemas que o
homem encontra para a sua acomodação, que, aliás, nunca se verificou. O homem
deveria ter nascido no Paraíso.”

É interessante a constatação de Nelson Rodrigues sobre o mundo em relação ao ser

humano, principalmente se levarmos em consideração que ele não era um cristão. É um

paradoxo esse relato, visto ser esse autor um cidadão do mundo, o mesmo mundo que ele

reputa como um péssimo anfitrião. Apesar de historicamente ele ser um beneficiário da vida

desse mundo na forma como está ele chega à conclusão que esse mundo não é bom.
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Quando olhamos para a Palavra de Deus e buscamos o que ela diz sobre o mundo,

concordamos com Nelson Rodrigues, não porque a verdade está com ele, mas porque ele

descobriu a verdade que está na Bíblia há muito tempo. Porém existem muitas pessoas que

gostam demais desse mundo, inclusive muitos cristãos.

O mundo em sua essência realmente não é bom, por isso Deus não permite que o

homem viva eternamente nesse lugar. Apesar de ruim, existe muita coisa boa nesse mundo.

Essas coisas boas não pertencem a esse mundo, estão aqui para que ele não desmorone. Sob o

ponto de vista humano, o mundo é o local onde habitam os seres humanos, a Terra. Também

se refere a tudo que é realidade, o Universo. Sob o ponto de vista bíblico, o mundo é a

sociedade de seres humanos praticantes de toda sorte de ações que vão contra a vontade de

Deus. Para a ciência moderna, o mundo não foi criado, mas surgiu a partir de uma explosão

cósmica (Big Bang) a mais de 13 Bilhões de anos atrás. Para a religião, no caso Cristianismo

e Judaísmo, o mundo foi criado por Deus, o Deus da Bíblia. No primeiro capítulo de Genesis

temos o relato da criação do mundo por Deus e a informação de que tudo ele criou todas as

coisas, inclusive o homem, em 6 dias e considerou toda a sua criação como boa.

A maldade do mundo é caracterizada pela maldade das pessoas. O mundo em si não

é mal, mas as pessoas que vivem no mundo o tornam, por conseguinte maligno. Isso

aconteceu quando os primeiros seres humanos passaram a ter conhecimento do bem e do mal

(Gn 3:5), por causa disso eles perderam a inocência, a pureza e santidade que lhes eram

inerentes desde quando foram criados (Gn 3:7). Assim o mal entrou em seus corações e a

conseqüência foi que eles passaram a ter medo do criador e perderam a confiança natural em

Deus. Tornaram-se egoístas e orgulhosos e por isso foram expulsos do paraíso, lugar

especialmente preparado por Deus para a habitação dos seus filhos.

Constatamos na Bíblia que Deus desejou destruir o mundo por causa da sua maldade.

Mas em honra à fidelidade de poucas pessoas Ele desistiu desse plano. Porém o mundo
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continuou e continua mal. A Palavra de Deus diz que ele está debaixo do poder do maligno (1

Jo 5:19b). Isso significa que todas as ações humanas manifestadas pelas pessoas que não

receberam o reino de Deus, são regidas pelo reino das trevas, fazendo com que no mundo os

dias sejam maus (Ef 5:15-16). Os resultados são a injustiça, a violência, a imoralidade e a

morte. Nesse sentido o estado atual do mundo é de gradativo distanciamento de Deus.

Considerando que o mundo seja a sociedade propriamente dita, com todas as suas

concupiscências, ele terá o mesmo destino daquele que lhe governa. Portanto o mundo passará

(deixará de existir 1 Jo 2:17) e seus habitantes (que não estão no Livro da Vida) serão

lançados no lago de fogo (Ap 20:15).

Para o cristão não é fácil viver nesse mundo, pois ele é separado desse mundo.

Quando recebe o reino de Deus na sua vida através de Jesus, ele é confrontado com uma

sociedade avessa a todos os padrões de Deus. Jesus sabia tanto dessa dificuldade que

intercedeu ao Pai para que os que crêem fossem protegidos contra o mal, porém deviam

permanecer no mundo (Jo 17:15).

Jesus encorajou e encoraja todo cristão a ter paciência, pois o mundo já está vencido.

Todo cristão é um vencedor, pois consegue viver no mundo sem pertencer ao mundo. Isso é

possível pela fé que dá vitória a todo que crê no filho de Deus (1 Jo 5:4-5). Como o mundo é

mal, todos os que aqui estão cristãos ou não, estão sujeitos às mesmas conseqüências (no caso

do pecado). A Bíblia ensina que o sol nasce sobre maus e bons e a chuva vem sobre justos e

injustos (Mt 5:45).


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IV. A VIDA NO ESPIRITO

A expressão “vida no Espírito” se refere à vida interior dos seres humanos, ou sua
existência como espírito encarnado, além de sua capacidade de transcender a
existência material e entrar em relação com a realidade espiritual absoluta do
universo... Para os cristãos, a vida no espírito é a existência vivida de acordo com o
Espírito de Deus trino e uno. Viver no Espírito é viver com fome e sede de Deus.
(Costas, 1986, p. 52)

Viver no mundo não significa necessariamente compactuar com as coisas do mundo.

Jesus veio, viveu no mundo e mostrou como se deve comportar aquele que quer fazer a

vontade do Pai. Ele tinha uma missão e nela incluiu, para que o propósito de Deus chegue à

plenitude, o ser humano. Por isso Jesus orou por livramento do mal para aqueles que o

seguem e estão no mundo fazendo a Sua obra. Afinal o mundo é o campo missionário de

Jesus e, por conseguinte daqueles que foram comissionados para continuar sua missão. Mas

para que estes possam corresponder às expectativas de Jesus, eles precisam viver no Espírito.

Para essa possibilidade Jesus enviou o Consolador, o Espírito Santo que é quem capacita, guia

e dá entendimento da vontade de Deus. A vida no Espírito não é uma escolha, pois o poder

dominador do mundo, pensando em sociedade, rouba toda a atenção para si e nessa estratégia

consegue tornar as pessoas escravas dos seus enganos. A vida no Espírito se alcança por

esforço por isso a orientação bíblica, “enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18). As pessoas também

confundem vida no Espírito com religiosidade, onde esta é a substituta daquela,

institucionalizando ou transformando a espiritualidade em sinônimo de disciplinas espirituais.

Estas práticas contribuem para a espiritualidade, mas não podem ser espirituais em si mesmas,

são elementos do esforço, mas não o produto final. Muitas pessoas praticantes dessas

disciplinas e de outras iniciativas, muitas delas de fundo emocional, se consideram ou são

identificadas como pessoas que vivem no Espírito. Essa confusão não é novidade, quando

lemos as cartas de Paulo às igrejas vemo-lo constantemente exortando os cristãos à vida

autentica do Espírito. Na carta aos Gálatas confronta os irmãos que se debatiam em tensões
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acerca da fé, por querer vivenciar uma vida cristã a partir de idéias e costumes alheios ao

Reino de Deus, que cumpre a lei contextualiza a graça, condenando os legalismos e o egoísmo

humano. Paulo considera essas idéias como desejos da carne e não do Espírito. Como

explanação didática expõe uma lista de práticas que são frutos da vontade humana e que

chamou de obras da carne e desafiou os cristãos ao entendimento de que andando (vivendo)

no Espírito produziriam o fruto do Espírito que combate e anula as obras da carne. Jesus em

carne, termo usado por Paulo para definir o lado pecador e mal do ser humano, não praticou

as obras da carne, por que vivia no Espírito. As pessoas hoje em dia justificam suas maldades

e pecados alegando que a “carne é fraca”, querendo com isso se defender por agir conforme

sua natureza caída. Insistir em agir assim, viver assim, é desonrar o Espírito Santo, que entre

outras coisas, justifica e santifica o pecador. A religiosidade contribui para que as pessoas

continuem a agir e viver dessa maneira, pois propõe alternativas de caráter meritório que

induzem as pessoas a uma falsa espiritualidade. Esse conforto e essa indolência negligenciam

a obediência e o discipulado, caminhos espinhosos e difíceis, mas que direcionam a vida no

Espírito. Talvez a melhor forma de avaliar a nossa espiritualidade é pelo fruto do Espírito.

Como alertou Jesus: ”Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos

espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7:16). O que produz aquele que anda ou vive no

Espírito? Eis o caminho da espiritualidade.


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V. CONCLUSÃO

É importante lembrar que o arrependimento não se restringe a um ato ou


pensamento. Como processo que deve continuar a vida inteira, precisamos continuar
buscando uma consciência limpa e uma atitude de andar na luz bíblica sobre nossa
pecaminosidade. Uma mudança de direção de 180 graus para caminhar para onde
Jesus está revela o que está envolvido no arrependimento. Significa deixar o pecado
para trás e andar no Espírito, para frente. (Shedd, 2009, p. 105)

A questão do Espírito Santo desde sua manifestação em Atos se tornou razão de

muitos debates. Mesmo na igreja primitiva a controvérsia se fazia presente. Na atualidade é

impressionante que mesmo com 2000 anos de história, ainda exista tanta discussão.

Aprendemos na Bíblia que há um só Espírito, mas quando olhamos ao nosso redor nos

assustamos com algumas manifestações creditadas a Ele. Um assunto não abordado neste

trabalho, que é o batismo do Espírito Santo, é grande responsável por muitas divisões em

nossos dias. Uma observação sobre isso, que tem a ver com o que foi exposto até aqui, é

que há defensores desse evento que afirma ser o Batismo do Espírito Santo uma

autenticação da salvação e de uma comprovação de uma vida no Espírito. Sem aprofundar

nessa questão quero apenas ressaltar que mesmo nessa situação a realidade não reflete essa

“verdade”. No exemplo da igreja de Corinto vamos encontrar muitas pessoas Batizadas no

Espírito Santo e, no entanto historicamente essa igreja padecia por causa de divisões,

imoralidade e imaturidade. Essa experiência não configura uma vida no Espírito, tem o seu

propósito e lugar, mas não pode ser colocada como a condição de plenitude espiritual.

Temos presenciado nos dias atuais muitas igrejas com ênfase nessas experiências e o seu

fruto é “azedo”. O Espírito Santo devia ser, mas não é, um tema de fácil entendimento. Mas

essa característica tem que ser um encorajamento para todo cristão ir buscar conhecê-lo

mais e te-lo mais. Os dons do Espírito não são o fruto do Espírito. Muitos se acham super

espirituais porque lhes foi concedido vários dons e alguns de muita exposição pelo seu

caráter sobrenatural, mas são ineficazes para o Reino de Deus se não vierem acompanhados
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pelo fruto. O cristão não é do mundo (Jo 17:16). Ele está no mundo, mas não pode ser

governado pelo mundo. Quem segue as normas do mundo é quem lhe pertence e é amado

por ele (Jo 15:19). O mundo sempre tenta as pessoas com suas ofertas e suas ilusões. A

sociedade que caracteriza o mundo desafia o cristão a viver de forma diferente dos padrões

estabelecidos. É muito fácil o cristão se contaminar e começar a achar que certas coisas não

são tão más ou erradas. Hoje em dia muitos elementos mundanos tem se infiltrado na vida

do cristão através de vários meios, até pela igreja. Coisas são colocadas como normais e

sem maldade sob o argumento de serem lícitas, mas a Palavra de Deus adverte que todas as

coisas são lícitas perante o mundo, mas diante de Deus nem todas convém (1 Co 6:12). Por

isso a orientação de Paulo para que em nenhuma circunstância o cristão tome a forma do

mundo, mas esteja atento para poder discernir sobre a vontade de Deus para suas ações (Rm

12:2). É fácil amar o mundo. Ele mostra as coisas como boas e maravilhosas. Sua estratégia

é a mentira, a ilusão. A sociedade engana com suas soluções para todos os problemas, onde

o caminho é sempre fazer o que for preciso para alcançar a felicidade. O egoísmo tem sido

o combustível desse mundo, que tem levado as pessoas ao individualismo, ao egocentrismo

e a indiferença em relação aos acontecimentos à sua volta.

Só amam o mundo quem não tem amor. Pois o que o mundo oferece só poder ser

conquistado pela cobiça. Quem tem cobiça não tem amor, nem por si mesmo, pois a cobiça

gera pecado que conduz à morte (Tg 1:15). O cristão não pode amar o mundo, pois o amor

do Pai esta nele, se isso não for verdade ele não é cristão, pois procede do mundo. (1 Jo

2:15-15)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERKHOF, L. “Teologia Sistemática”, 3ª Ed. Campinas-SP: Luz Para o Caminho, 1994

CHAN, F. “O Deus Esquecido”, São Paulo: Mundo Cristão, 2010

COSTAS, O. E. “A Vida no Espírito”, Texto de Apoio FTSA, aula 2, p. 51-64, mar. 2011

EDWARS, J. “A Verdadeira Obra do Espírito: Sinais de Autenticidade”, 2ª. Ed., São Paulo-
SP: Vida Nova, 2010

HULSE, E. “O Batismo do Espírito Santo”, São José dos Campos - SP: Editora Fiel, 2006

SHEDD, R. “Avivamento e Renovação: Em Busca do Poder Transformador de Deus”, 1ª. Ed.,


São Paulo-SP: Shedd Publicações, 2004

STOTT, J. “Batismo e Plenitude do Espírito Santo”, 3ª Ed., São Paulo-SP: Vida Nova, 2007

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