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Prática de Ensino em

Sociologia I
Material Teórico
Os PCN e o Conteúdo em Ciências Sociais no Ensino básico

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Celia Maira Estrella
Profa. Karinne Silva

Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Os PCN e o Conteúdo em Ciências
Sociais no Ensino básico

· Introdução
· Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN
· Formulação
· Ciências Sociais em sala de aula

Ao longo desta unidade, vamos explorar os PCN (Parâmetros Curriculares


Nacionais), mais especificamente o que se volta para os estudos das Ciências
Sociais na Educação Básica.
O objetivo é observar como o documento foi elaborado, seu conteúdo e
a aplicação em sala de aula, focando para nessa última parte, pois está
diretamente ligada à nossa disciplina de Prática de Ensino.
Em Material Didático, encontra-se o conteúdo da unidade, assim como as
atividades a serem realizadas. Em caso de dúvidas, utilize o Fórum de Discussão.

Concentração e dedicação são elementos fundamentais para uma boa hora de estudo. É
preciso se dedicar inteiramente à atividade de leitura, para melhor compreensão dos textos
e concentração para aproveitar melhor o tempo. Evitar elementos que possam nos dispersar
na hora dos estudos, como celular, televisão, barulho etc., ajuda nesse processo.
Procure um lugar calmo, organize o espaço que utilizará e concentre-se no que está fazendo.
Assim, o conteúdo se tornará mais claro, pois você estará focado naquilo que lê.
Realize a leitura do conteúdo sobre os Parâmetros Curriculares, realize as atividades propostas e
utilize as indicações de leitura oferecidas na unidade para aprofundar seu conhecimento, explore
o que puder sobre o tema e busque novas informações, que possam enriquecer seus estudos.

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Unidade: Os PCN e o Conteúdo em Ciências Sociais no Ensino básico

Contextualização

Observe a tirinha do link abaixo:


» http://veresaber.zip.net/images/casulo01.gif
Pensando na prática de ensino em Ciências Sociais e na leitura que fazemos da tirinha,
vamos refletir um pouco em como transmitir conhecimento, ideias, pensamentos, sob diversos
pontos de vista, para crianças e jovens que estão iniciando a formação de seu pensamento, de
suas ideias. O que os Currículos Nacionais propõem? Como realizar essa tarefa?
Vamos discutir nesta unidade as propostas do MEC, posta nos PCN para o estudo de Ciências
Sociais, e refletir sobre as possibilidades do ensino de Ciências Sociais.

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Introdução

Você já ouviu falar dos PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais? Eles são documentos
elaborados pelo MEC (Ministério da Educação e do Desporto) para servirem de referência aos
professores sobre os conteúdos a serem abordados em sala de aula. Vamos ver nesta unidade
um pouco sobre esses documentos, analisando sua elaboração e sua aplicação nas salas de
aula e discutir a obrigatoriedade do ensino de Ciências Sociais, mas especificadamente, de
Sociologia e Filosofia nas escolas.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN


Os PCN são um conjunto de documentos divididos por nível escolar, ou seja, há um PCN
para Ensino Fundamental e um para Ensino Médio (PCNEM). Além dessa divisão, há também
a separação por disciplina. Aqui, a de Ciências Sociais é a que nos interessa no momento. Para
uma melhor compreensão, vamos primeiro analisar de modo geral o documento referente aos
Parâmetros Curriculares Nacionais e, depois, focar no PCN que aborda as Ciências Sociais.

Explore
Todos os PCN encontram-se em versão online no site do MEC (http://portal.mec.gov.
br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf). A leitura do documento é interessante para melhor
compreensão dos objetivos e princípios propostos pelo MEC.

Mas, afinal, o que diz esses documentos? Para que servem? Por que e como foram elaborados?
Vamos dividir nossa análise em dois pontos: elaboração e objetivos.
A definição do que é o PCN está bem clara no próprio documento:
Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade
para a educação no Ensino Fundamental em todo o País. Sua função é orientar
e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando
discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos
e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais
isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual. (BRASIL,
1997, p.13).

A elaboração desses parâmetros está ligada às politicas e leis educacionais vigentes no Brasil.
Sua criação entre 1995 e 1996 foi o resultado de estudos, pesquisas e análises feitas nos estados
e municípios do país. Para entender um pouco melhor o porquê de sua criação vamos recorrer
às leis educacionais.

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Unidade: Os PCN e o Conteúdo em Ciências Sociais no Ensino básico

Até o final de 1996, Ensino Fundamental esteve estruturado na Lei Federal n. 5.692, de 11
de agosto de 1971 que, ao “definir as diretrizes e bases da educação nacional, estabeleceu como
objetivo geral, tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio, proporcionar aos
educandos a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento
de auto-realização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania”
(BRASIL, 1997, p.13). Essa lei estabelecia um currículo obrigatório em âmbito nacional,
mantendo a diversidade para atender às diferenças locais, mas ainda não garantia o modelo
educacional que se procurava obter.
Visando atender às mudanças necessárias na educação brasileira, o Ministério da Educação
e Desporto elaborou o Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003), “concebido
como um conjunto de diretrizes políticas em contínuo processo de negociação, voltado para a
recuperação da escola fundamental, a partir do compromisso com a equidade e com o incremento
da qualidade, como também com a constante avaliação dos sistemas escolares, visando ao seu
contínuo aprimoramento” (BRASIL, 1997, p.14). Nesse plano, firmava-se a necessidade do
Estado elaborar um currículo nacional, com um núcleo e parâmetros que atendesse a todos.
As Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei Federal n. 9.394), aprovada em 20 de
dezembro de 1996, chega com o objetivo de “consolidar e ampliar o dever do poder público para
com a educação em geral e em particular para com o Ensino Fundamental”. (Brasil, 1997, p.14).
Essa LDB reforça a necessidade de se propiciar a todos a formação básica
comum, o que pressupõe a formulação de um conjunto de diretrizes capaz de
nortear os currículos e seus conteúdos mínimos, incumbência que, nos termos
do art. 9º, inciso IV, é remetida para a União. Para dar conta desse amplo
objetivo, a LDB consolida a organização curricular de modo a conferir uma
maior flexibilidade no trato dos componentes curriculares, reafirmando desse
modo o princípio da base nacional comum (Parâmetros Curriculares Nacionais),
a ser complementada por uma parte diversificada em cada sistema de ensino e
escola na prática [...]. (BRASIL, 1997, p.14).

Assim, fica determinado o que o currículo escolar deve garantir aos alunos, uma educação de
qualidade com oportunidades de estudos nas diversas áreas, que hoje se encontra no currículo
escolar, como português, matemática, todas as ciências etc.
A elaboração dos PCN foi o resultado de estudos, dos currículos já existentes nos Estados e
Municípios, além da análise do Plano Decenal de Educação, do qual falamos anteriormente.
Uma proposta foi formulada entre 1995 e 1996, contando com a participação de especialistas na
área da educação. Nesse momento, foi elaborada uma proposta educacional onde a qualidade
na formação dos estudantes fosse prioridade, assim como as práticas educativas fosse adequada
às necessidades de cada região brasileira (BRASIL, 1997, p.27), considerando a diversidade
cultural existente no país, ao mesmo tempo um núcleo comum para o currículo nacional.
[os PCN] São uma referência nacional para o Ensino Fundamental; estabelecem
uma meta educacional para a qual devem convergir as ações políticas do Ministério
da Educação e do Desporto, tais como os projetos ligados à sua competência
na formação inicial e continuada de professores, à análise e compra de livros e
outros materiais didáticos e à avaliação nacional. Têm como função subsidiar
a elaboração ou a revisão curricular dos Estados e Municípios, dialogando com
as propostas e experiências já existentes, incentivando a discussão pedagógica
interna das escolas e a elaboração de projetos educativos, assim como servir de
material de reflexão para a prática de professores. (BRASIL, 1997, p.28).

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Como referencial, o documento traz instruções aos professores a respeito dos conteúdos
a serem explorados. Não há rigidez nas propostas, devido às diferenças regionais, assim
professores e escolas podem adequar o conteúdo às suas necessidades. O ideal é que todos aos
alunos possam ter os conteúdos básicos de modo uniforme, ou seja, independente da região,
determinados temas, ou disciplinas devem constar em todos os currículos, pois o vestibular
cobrará de forma única para todos.
Visto esses primeiros pontos gerais a respeito dos PCN, vamos entrar agora na questão das
competências referentes a cada disciplina, principalmente a que nos interessa: competências
direcionadas às Ciências Sociais.
Chamados PCNEM (Parâmetros Curriculares Nacionais para Ensino Médio), esses parâmetros
são direcionados ao Ensino Médio, onde efetivamente há aulas especificas de Ciências Sociais.
O documento traz para cada disciplina competências e habilidades que auxiliarão o professor
durante as aulas. Aquele voltado para nossa disciplina, engloba todas as chamadas ciências
humanas, o que podemos considerar uma forma de aplicar a interdisciplinaridade das matérias.

Explore
Os PCNEM de Ciências Humanas e suas tecnologias encontram-se online no site do
MEC: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf. É interessante a leitura,
não só da disciplina de Ciências Sociais, mas a introdução do documento, que traz
mais informações sobre as propostas presentes nele.).

A elaboração do PCN de Ciências Humanas e Tecnologias seguiu o mesmo caminho de


análise, estudos e pesquisas, feito em 1996, quando houve o início da discussão dos Parâmetros
Nacionais. Também contou com participação de especialistas em cada área do conhecimento
para a formulação dos textos, que abrangem, não só os já conhecidos temas de cada disciplina,
mas temas diversos que têm por objetivo formar cidadãos conscientes de sua participação na
sociedade, como, por exemplo, Antropologia, Economia, Direito, Política e Psicologia (BRASIL,
2003, p.4), mas essas não devem ser vistas como disciplinas à parte, e sim como temas auxiliares.
Tais indicações não visam a propor à escola que explicite denominação e carga
horária para esses conteúdos na forma de disciplinas. O objetivo foi afirmar que
conhecimentos dessas cinco disciplinas são indispensáveis à formação básica do
cidadão, seja no que diz respeito aos principais conceitos e métodos com que
operam, seja no que diz respeito a situações concretas do cotidiano social, tais
como o pagamento de impostos ou o reconhecimento dos direitos expressos em
disposições legais. Na perspectiva do exercício da cidadania, importa em muito
o desenvolvimento das competências envolvidas na leitura e decodificação do
“economês” e do “legalês”.(BRASIL, 2003, p.4).

O documento apresenta uma proposta para o ensino de ciências humanas, mas diferente
do que antes havia nas escolas, onde o positivismo predominava. Segundo o histórico presente
no PCNEM, as ciências humanas ao longo da historia da educação brasileira teve períodos
de dificuldade pelo crescimento do pensamento positivista das ciências naturais, que eram
consideradas mais importantes.

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Unidade: Os PCN e o Conteúdo em Ciências Sociais no Ensino básico

Após 1930, há no Brasil o ressurgimento de grandes trabalhos na área de ciências humanas,


desenvolvido por brasileiros e estrangeiros, que chegavam ao país em função da fundação da
Universidade de São Paulo , trouxe a discussão sobre as Ciências humanas nas escolas e na
sociedade de volta. Com esses trabalhos há uma valorização maior dessas ciências humanas,
voltada para compreensão do indivíduo e das sociedades, mas nas escolas esses resultados
tardariam a entrar totalmente nas escolas.
Com o regime militar ficou impossível continuar o processo de trazer essas disciplinas humanas
para as salas de aula, uma vez que foram excluídas do currículo escolar, sendo substituída pela
Educação Moral e Cívica.
Ecoando a definição curricular oficial, o imaginário social e o escolar ratificavam
a impressão de que tais disciplinas, “absolutamente inúteis” do ponto de vista da
vida prática, roubavam precioso tempo ao aprendizado da Língua Portuguesa e
das “Ciências Exatas”. Estes conhecimentos eram os que realmente importavam,
na luta pela aprovação nos exames vestibulares de ingresso aos cursos superiores
de maior prestígio social. (BRASIL, 2013, p.7).

Explore
BORTOLI, Lurdes de. Educação moral e cívica. São Paulo: Ed. Nacional, p.126, 1980.

Pense
Pensando nas salas de aula atualmente, sabemos que houve mudanças, mas as ciências
humanas são valorizadas nas escolas? Há disciplinas consideradas mais importantes?

Uma das propostas dos PCN é colocar as ciências humanas no currículo escolar usando da
interdisciplinaridade, para que ambas as ciências, exata e humana complementem uma a outra.

Formulação

A base dos Parâmetros Curriculares para ciências humanas é humanista, visando o


desenvolvimento através da sensibilidade, do estímulo à criatividade e à prática, unindo teoria
à prática (BRASIL, 2003, p.08). A questão da tecnologia abordada no PCN faz parte da união
entre as disciplinas, visando ao estudo do processo tecnológico, que aborda diversos campos
das ciências humanas (BRASIL, 2003, p.9).
Competências e Habilidades compõe o PCN como diretriz para o conhecimento a ser
abordado. Tais competências e habilidades “são consideradas indispensáveis para o nível médio
de ensino e foram fixadas pela Resolução nº3/98, da Câmara de Educação Básica do Conselho
Nacional de Educação” (BRASIL, 2003, p. 11).

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São elas:

1. ”Compreender os elementos cognitivos, afetivos, sociais e culturais que constituem a


identidade própria e a dos outros. - Contam aqui os aspectos psíquicos da formação da
personalidade em relação com os diversos contextos em que se dá, o contexto familiar,
escolar, laboral, enfim, os contextos dos diversos grupos sociais com e nos quais o indivíduo
se relaciona”.
2. “Compreender a sociedade, sua gênese e transformação, e os múltiplos fatores que nela
intervêm, como produtos da ação humana; a si mesmo como agente social; e aos processos
sociais como orientadores da dinâmica dos diferentes grupos de indivíduos”.
3. “Compreender o desenvolvimento da sociedade como processo de ocupação de
espaços físicos e as relações da vida humana com a paisagem, em seus desdobramentos
políticosociais, culturais, econômicos e humanos”.
4. “Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas,
associando-as às práticas dos diferentes grupos e atores sociais, aos princípios que regulam
a convivência em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania, à justiça e à distribuição
dos benefícios econômicos”.
5. “Traduzir os conhecimentos sobre a pessoa, a sociedade, a economia, as práticas sociais
e culturais em condutas de indagação, análise, problematização e protagonismo diante de
situações novas, problemas ou questões da vida pessoal, social, política, econômica e cultural”.
6. “Entender os princípios das tecnologias associadas ao conhecimento do indivíduo, da
sociedade e da cultura, entre as quais as de planejamento, organização, gestão e trabalho
de equipe, e associá-los aos problemas que se propõem resolver”.
7. “Entender o impacto das tecnologias associadas às Ciências Humanas sobre sua vida
pessoal, os processos de produção, o desenvolvimento do conhecimento e a vida social”.
8. “Entender a importância das tecnologias contemporâneas de comunicação e informação
para planejamento, gestão, organização e fortalecimento do trabalho de equipe”.
9. “Aplicar as tecnologias das Ciências Humanas e Sociais na escola, no trabalho e em outros
contextos relevantes para sua vida”.

(FONTE: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília: MEC, 2003)

Além desses nove itens, há também o destaque para os conhecimentos e a práica de


investigação e compreensão, e a contextualização sociocultural. O aluno precisará entender o
porquê de estudar tais disciplinas, para melhor compreender os temas abordados e colocá-los
em prática.

No PCN de Ciências Humanas e Tecnologias há uma análise de cada competência


aqui apresentada. Para saber mais sobre elas acesse o documento no site do MEC).

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Unidade: Os PCN e o Conteúdo em Ciências Sociais no Ensino básico

Ciências Sociais em sala de aula


Vimos até agora o que propõe o PCN de Ciências as Humanas, a base do que deve ser
desenvolvido para o Ensino Médio, para então chegarmos à principal questão: o que ensinar na
disciplina de Ciências Sociais na educação básica. Não podemos exigir do aluno de Ensino
Médio as mesmas percepções e análises sociais que um adulto faria, mas podemos introduzir
alguns temas que façam os alunos despertarem para o assunto e perceber que Ciências Sociais
são importantes tanto quanto as ciências exatas e o ensino de línguas.
O PCN propõe abordar temas como Antropologia, Sociologia e Politica, para fazer reflexões
sobre a sociedade no campo político, econômico, cultura e social. Através dessas analises e do
estudo dos temas o aluno poderá se tornar um cidadão consciente de sua realidade. Para tal
conteúdo, é sugerida a abordagem sociológica de Karl Marx, Max Weber e Emile Durkheim.
[...] pela via do conhecimento sociológico sistematizado, o educando poderá
construir uma postura mais reflexiva e crítica diante da complexidade do mundo
moderno. Ao compreender melhor a dinâmica da sociedade em que vive,
poderá perceber-se como elemento ativo, dotado de força política e capacidade
de transformar e, até mesmo, viabilizar, através do exercício pleno de sua
cidadania, mudanças estruturais que apontem para um modelo de sociedade
mais justo e solidário. (BRASIL, 2003, p.37).

Compreender as transformações sociais, os processos e o resultado das ações do homem, as


organizações de trabalho, por exemplo, é nesse caso o principal para a formação de cidadãos
conscientes e críticos. O estudo de Ciências Sociais como proposto pelo PCN visa essa formação,
e “cabe ao professor orientar seus alunos no sentido de compreender e avaliar o impacto desse
conjunto de transformações nas suas próprias vidas, pois ainda que alguns não façam parte da
população economicamente ativa, certamente cada um terá como avaliar a repercussão de tudo
isso dentro de sua família”. (BRASIL, 2003, p.37).
Ao longo do documento, são propostos
temas de estudo para disciplina de Sociologia,
todos voltados para as questões que abordamos
anteriormente. O estudo e ampliação do
conhecimento sobre determinados temas e
Fonte: Thinkstock / Getty Images

conceitos como desigualdade social, de gênero,


racial, organização de trabalho, as instituições
sociais, o saber antropológico, ideologias,
linguagens política, são a importantes para o
despertar desses alunos para as Ciências Sociais.
Explorar esses temas, de forma adequada, é
a missão do professor para formar cidadãos
conscientes. Não é tarefa fácil, sabemos, principalmente pela profundidade dos temas, pelo
fato de não haver identificação em alguns casos com a realidade do aluno, mas esse é mais um
motivo do por que se faz necessário que os alunos compreendam a sociedade em que vivem,
para agir e praticar sua cidadania de forma correta.

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O ensino de Ciências Sociais

Fonte: quino.com.br
Atrair os alunos pra as questões sociais e fazê-los compreender a importância dessas questões
é uma das tarefas mais difíceis para os professores. Colocá-las junto às disciplinas outras só fará
sentido quando todos compreenderem que o as ações sociais vão influenciar também no campo
da Matemática, Física, Química etc.
A obrigação do ensino de Sociologia reforça a necessidade da formação de cidadãos conscientes
da realidade em que vivem. Porém, ainda há um longo caminho a se percorrer para que o ideal
se torne real na educação brasileira. Há questões que ainda estão em debate nessa área, como por
exemplo, a formação do professor, o conteúdo, o material didático e a carga horária, que muitas
vezes não permite incluir as aulas de Sociologia e Filosofia. Essas questões estão diretamente ligadas
à adoção dos Parâmetros Curriculares Nacionais, uma vez que, para colocar a proposta que eles
oferecem em prática, é preciso pensar no preparo do professor responsável pela aula, nos materiais
que ele terá à disposição, e se a escola implantará as aulas no horário concorrido da grade escola, e
isso não se restringe somente à disciplina de Sociologia.
A formação do professor é sempre uma questão complicada e debatida, pois se espera desses
profissionais muito mais do que o curso de licenciatura pode oferecer. Cobra-se que ele deve
se atualizar, mas não há respaldo nem estruturas oferecidas que o auxiliem nessa atualização.
Além disso, há a questão da área de formação. Quem poderá dar aulas de Sociologia? Todos
da área de Humanas? Historiadores, Filósofos ou somente os Sociólogos? Atualmente, muitos
profissionais, não formados em Ciências Sociais, são levados para salas de aula para suprir
a falta desses professores de Sociologia. Como em todas as outras áreas de conhecimento, é
preciso discutir continuamente o preparo dos professores, principalmente em relação à realidade
que esse encontrará nas salas de aula.
O conteúdo e metodologia é outra questão. O PCN sugere algumas abordagens, temas e
formas de aplicar, mas há muita discussão a respeito das competências e habilidades. Muitas
vezes, o que é proposto não condiz com a realidade do aluno e da escola.

A questão das competências e habilidades presentes no PCN é discutida em um


artigo interessante no qual as autoras questionam o ensino de Sociologia através
dessas competências. Veja o artigo no site: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/
mediacoes/article/view/3403.

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Unidade: Os PCN e o Conteúdo em Ciências Sociais no Ensino básico

Os materiais didáticos, vistos em outra unidade, também interferem na forma de se ensinar.


Selecionar outros temas além do que o PCN propõe é fundamental e necessário para acrescentar
na formação do aluno, que pouco contato terá com publicações sobre Ciências Sociais, pela falta
de material didático apropriado à sua linguagem, ou por não ter como adquirir essas publicações.
Quanto à carga horária a questão não é recente. Há muito se discute o tempo das aulas, a
quantidade que cada disciplina teve ter, e esse é um dos motivos pelo qual Sociologia e Filosofia
demoraram tanto a entrar obrigatoriamente no currículo escolar como disciplinas independentes
(MORAES, 2003). Ainda com pouco tempo de aula, professores precisam resumir o conteúdo
para dar conta de cumprir o currículo estabelecido.
Há muito que se discutir ainda sobre os conteúdos das disciplinas de ciências humanas no
geral. O que o PCN propõe ainda não é o ideal para educação brasileira, mas tenta de alguma
forma dar suporte para as escolas e professores. Cabe a eles utilizar o material da melhor forma
possível, realizando as mudanças necessárias e adaptando quando for preciso.

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Material Complementar

Há diversos trabalhos que nos permitem saber mais sobre os PCN e levantam questões a
seu respeito, discutindo seu uso e o conteúdo. Abaixo há algumas indicações para leitura, que
complementaram seus estudos sobre o tema.

PENTEADO, Heloisa Dupas. Metodologia do ensino de História e Geografia. São


Paulo: Cortez, 1994.

RICARDO, Elio Carlos. Discussão acerca do Ensino por competências: problemas e


alternativas. In: Cadernos de Pesquisa, v.40, n.140, maio/ago. 2010. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/cp/v40n140/a1540140.pdf

“De Cabeça aberta para educação”. Entrevista com Heloisa Dupas Penteado, cedida à
revista da Universidade de São Paulo, Comunicação e Educação. Disponível em: http://www.
revistas.usp.br/comueduc/article/view/37472

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Unidade: Os PCN e o Conteúdo em Ciências Sociais no Ensino básico

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros


Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília: MEC, 2003.

MORAES, Amaury Cesar. Licenciatura em Ciências Sociais e ensino de Sociologia:


entre o balanço e o relato. In: Tempo Social – USP, abril 2003.

PENTEADO, Heloisa Dupas. Metodologia do ensino de História e Geografia. São Paulo:


Cortez, 1994.

_________________________. Metodologia de ensino de História e Geografia. 4.ed. São


Paulo: Cortez, 2011.

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Anotações

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