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Nalini Singh

Psy-Changeling
A Princesa Canibal
Às vezes, enquanto estou trabalhando em outra coisa, eu começo a me perguntar como
Sascha e Lucas, de Escrava da Sensação, estão indo.
O que geralmente acontece é que eu escrevo uma cena de suas vidas. Uma vez que essas
cenas não são histórias completas - elas são geralmente vislumbres fugazes, como se você visse
através de uma janela (talvez uma página ou mais) - então eu geralmente não as posto. Mas essa
cena em particular acabou por ser próxima de uma história curta, então eu pensei que vocês
poderiam gostar de ver isso.
Em tempo, essa história se passa após Escrava da Sensação e antes de Visões de Calor.
Divirtam-se!

Glossário Psy-Changeling

Changeling – são humanos com a capacidade de se transformar em animais (predadores ou


não). Eles têm as duas naturezas – humana e animal – em equilíbrio e são mais fortes, tem os
sentidos mais aguçados que humanos comuns.
Os Changelins vivem em Clãs – e tem uma hierarquia bem definida e rígida. Os dois clãs
princiapais na série são os DarkRiver (leopardos) e os SnowDancer (lobos).

Temos:
DarkRiver

Alfa: Lucas Hunter


Sentinelas: São os segundo em comando e também a guarda pessoal do alfa: Mercy,
Vaughn, Nate, Clay e Dorian

SnowDancer

Alfa: Hawke
Tenentes: são os segundo em comando: Indigo, Riley

Psy – são humanos, mas com grandes poderes psíquicos. Esses poderes começaram a prejudicar a
raça – loucura, psicoses, psicopatias – e então o Conselho Psy decidiu implantar um Protocolo
conhecido por Silêncio. Esse Protocolo eliminou as emoções e sentimentos da raça. Eles ficaram
praticamente robotizados.

Algumas designações de Psy:


Tc – Telecinese - Alguns são capazes de teletransportes, outros não.
Subdesignações mencionadas até agora na série.

Tc-Celular
Um Tc-Celular tem a habilidade de mover coisas a nível celular. Alguns são capazes de fazer
isso com o próprio corpo.
Tc-V
Também conhecidos como “Viajantes” esses Psys são verdadeiro teletransportadores e
podem ir de um lugar a outro num piscar de olhos. Viajantes são extremamente, extremamente
raros.
Tp – Telepatia
Telepatas são divididos em várias subdesignações. Puros Tp Psy existem no final do espectro
– eles podem literalmente enviar e receber mensagens ao redor do mundo, com uma clareza que faz
parecer que eles estão na sala ao lado. Telepatas puros com esse nível de poder são raros e
geralmente trabalham para o Conselho.
M – Médico
Têm várias especializações de M-Psy. A mais conhecida das habilidades que possuem é o
pode de ver dentro do corpo e diagnosticar doenças. Alguns M-Psys no final da escala têm a
capacidade de ver até mesmo no nível do DNA.
Uma fração desconhecida de M-Psy pode realmente curar, mas essa cura parece estar
limitada a ferimentos leves (ossos quebrados, cortes, etc.).
P – Previsão
Uma variação de Previsão, que ainda cai na designação P, é a Antevisão – a habilidade de
ver o passado.
Ps – Psicometria
Em termos básicos, aqueles nascidos com habilidade Ps podem obter informações tocando
objetos. Ps-Psy serão discutidos mais tarde no decorrer da série.
A PRINCESA CANIBAL

— Sascha, querida!
Sascha sentiu os lábios dela se contorcerem nessa mensagem infantil.
— Tudo culpa sua. — Disse a Lucas quando ele fez um trabalho não muito bom de esconder
seu sorriso.
— O que posso dizer? — Ele abriu os braços. — Crianças têm bom gosto, para não
mencionar uma excelente competência linguística.
Ignorando seu companheiro quando ele arrastou-a para fora da enorme cozinha de Tamsyn
para a sala, ela caminhou para onde Julian e Roman estavam sentados lado a lado no sofá.
— Vocês chamaram, Altezas?
Os filhotes riram, em seguida, se afastaram. Julian deu um tapinha no espaço entre eles e
Sascha sentou. Eles imediatamente aconchegaram-se a ela, pequenos, acolhedores e tão preciosos.
Toda vez que ela olhava esses dois, ela se perguntava sobre o que o futuro reservava para ela e
Lucas. Os olhos dela se levantaram e colidiram com os dele quando ele se sentou na beira da mesa
de café na frente dela. O verde bonito do seu olhar mostrava o tipo mais intenso de promessa.
Seu coração estremeceu. Impossível, sua mente Psy disse a ela. Mas ela sabia que era
possível. A emoção tinha mais força do que a maioria dos Psy lembravam. Podia machucar e podia
dar uma alegria que estava além de qualquer coisa que ela jamais imaginara possível.
Uma pequena mão acariciou seu braço esquerdo. Roman, pensou ela, virando-se para
pressionar um beijo por cima da sua cabeça. Ele era o mais silencioso dos gêmeos, mas juntos, eles
eram problemas sobre quatro pernas -- ou oito, se estivessem transformados em suas formas
animais.
— Sentem falta de sua mãe? — Perguntou ela.
Roman assentiu. Em seu outro lado, Julian perguntou:
— Ela volta hoje à noite? —Sua voz era estranhamente melancólica.
— Sim, esta noite. — Tammy e Nate tiveram que fazer uma rápida viagem para fora do
estado, deixando seus filhotes aos cuidados de Sascha e Lucas. Sascha adorava a dupla e a mantinha
surpreendida que a adoração parecesse mútua. Agora, ela os olhou de volta.
— Eu vou ter certeza de dizer a ela como vocês se comportaram bem.
Isso lhe valeu um sorriso de Julian e um beijo na bochecha de Roman. Lucas assistiu,
provocando-a com os olhos. Ele sabia que ela era um coração mole com crianças. Ela fez uma
careta de volta para ele.
— Conta uma história Sascha?
Sascha congelou com a pergunta de Julian. Mesmo depois de meses com os DarkRiver, ela
ainda era pega de surpresa por coisas que ela não tinha pensado em se preparar.
— Vocês querem ouvir uma história?
Dois acenos, dois pares de olhos brilhantes olhando para ela em expectativa.
Perdida, ela olhou para Lucas. Ela não sabia como contar histórias. Sua infância fora gasta
tirando toda emoção de sua alma.
Ninguém jamais lhe contou qualquer história, a não ser aquelas que avisavam para manter as
emoções sob controle, onde elas não poderiam destruí-la. Sua mãe havia sussurrado para ela dos
reabilitados, as criaturas de pesadelo que nada mais eram do que vegetais que andavam, suas vidas
drenadas.
Sua lembrança de infância mais poderosa era dela de pé no interior do Centro, observando o
andar dos reabilitados de uma extremidade do quarto para a outra, suas faces em branco, os olhos
vazios, além dos restos desvanecidos de humanidade.
A escuridão da memória ameaçou agarrar-se dentro dela, mas depois uma onda de amor
percorreu os fios do vínculo dentro dela, essa coisa mágica que a amarrava à pantera sentada na
frente da mesa de centro, suas longas pernas abertas perto das dela.
— Eu tenho uma história. — Disse ele, chamando a atenção dos gêmeos. — Mas é
assustadora.
— Sério? — Julian se inclinou para frente com emoção.
— Nós não somos bebês. — Acrescentou Roman.
Lucas fez uma careta.
— Eu não sei. Sua mãe pode ficar brava.
— Por favor, tio Lucas! Por favor!
— Por favor, por favor! Por favor!
Lucas deu um suspiro solene e se inclinou um pouco, os antebraços apoiados sobre as coxas.
— Ok, mas eu avisei. Se vocês tiverem pesadelos, não venham reclamar para mim.
Olhando para ele naquele momento, seu rosto complacente, a voz suave, ninguém teria
pensado nele como um dos mais perigosos predadores na região, uma pantera, que poderia rasgar os
inimigos em pedaços com as mãos nuas.
Mas, Sascha pensou, ele ainda era o alfa de DarkRiver. Só que desta vez, ele estava vendo as
necessidades de dois dos membros mais jovens da Alcatéia. E dela. Ele estava cuidando dela,
também, com um apoio silencioso que a deixava saber que ele estaria lá para ajudá-la enquanto ela
descobria esta nova vida, este novo mundo.
— Era uma vez. — Disse ele — Uma princesa...
— Uma princesa! — A voz de Julian mostrava nojo, seguido pelo aceno carrancudo de
Roman.
Lucas rosnou baixo em sua garganta, fazendo com que ambos os filhotes se acalmassem e se
aconchegassem de encontro a Sascha tremendo de medo. Ela sabia que era tudo uma encenação,
mas ela os abraçou de qualquer maneira.
— Como eu estava dizendo, havia uma princesa. Ela vivia em uma torre no meio de uma
floresta e tinha sete funcionários.
— Sete? — Julian ousou murmurar.
— Um para cada dia da semana. – Disse Lucas. — Você vê, cada dia, um servo saía para a
aldeia vizinha e...
— E? — Era Roman neste momento.
— Eu não sei. — Lucas fez uma careta. — Esta é a parte realmente assustadora. Tem certeza
de que vão ficar bem?
Houve dois rápidos acenos.
Balançando a cabeça, Lucas se inclinou mais perto, sua voz um sussurro:
— Você vê, a princesa tinha os dentes muito grandes, afiados como facas.
Roman engasgou, mas não interrompeu. Julian não estava tão tranqüilo.
— Como lobos?
Os lábios de Lucas curvaram-se.
— Exatamente como os lobos.
Ela atirou-lhe um olhar de ameaça. Os lobos deveriam ser seus aliados agora. O riso
impenitente dançou em seus olhos quando ele continuou a história.
— A princesa poderia cortar qualquer coisa com os dentes afiados de lobo. Carne e osso,
madeira e metal, mesmo as portas dos quartos... de meninos.
Quando os filhotes estremeceram novamente, Lucas olhou para cima para fixar-se nos olhos
arregalados de Sascha. Ela parecia tão inocente quanto Julian e Roman naquele momento, uma
criança que se rendia à magia da história pela primeira vez. Uma onda cheia de ternura rasgou seu
coração, mas com isso veio uma determinação férrea. Ninguém nunca a machucaria novamente, não
nessa vida.
— Agora, na aldeia - a aldeia que os servos iam todo dia. — Continuou ele, desfiando a
história, enquanto levantava. — Vivia um menino. A cada noite, ele ia dormir depois de bloquear
todas as janelas e portas de sua casa.
— Por quê? — Sascha perguntou.
— Assim os servos da princesa não poderiam pegá-lo. — Disse ele, como se isso fosse
óbvio.
— Mas por quê? — Sua companheira analítica Psy persistiu.
— Por que... — Ele fez uma pausa, para aumentar a tensão, depois rosnou as últimas
palavras. — A princesa canibal gostava de comer meninos no jantar.
Seu público – todos os três – se agarraram uns aos outros. Ele quase riu do olhar de choque
no rosto de Sascha. Ela provavelmente estava se perguntando o que estava fazendo desfiando um
conto sanguinário para dois desses pequenos leopardos. Sua querida gatinha ainda não tinha
percebido que as crianças eram muito mais selvagens do que os adultos.
— Seu prato preferido era menino assado com mel e abacaxi.
— Lucas, talvez... — Sascha começou.
— Shh. — Duas vozes pequenas, quatro mãos segurando sua cintura. — Mais, tio Lucas.
— Bem, às vezes ela gostava deles bem gordos, então os mantinha em sua despensa pequena
especial e os alimentava de bolo, pizza e...
— Linguiça! — Roman acrescentou.
— Sim. — Lucas concordou com um aceno solene. — E essa despensa, cheia de bolo, pizza
e linguiça, foi onde ela colocou o menino da aldeia. Ela disse a ele para comer, comer... Para que ela
pudesse comê-lo.
Enquanto estava sentado ali e falava um conto deliciosamente sombrio de como o esperto
garotinho derrotou a princesa canibal com somente sua inteligência, ele observou Sascha, sentiu seu
amor por ele, pelos meninos, envolvendo-o em uma onda de seda. Ela não sabia como era
extraordinária, como estar em uma sala com ela fazia seu povo sentir-se melhor sobre a vida, sobre
a esperança, sobre tudo.
E ela era sua.
A pantera dentro dele ficou satisfeita com esse pensamento, ele sorriu, mostrou os dentes e
terminou o conto rosnando para os gêmeos e Sascha. Todos os três gritaram e, em seguida, deram
uma risadinha. Julian e Roman fingiram mordê-lo, enquanto Sascha era um arco-íris dentro de sua
mente. Na frente dele, o rosto dela estava coberto com o riso quando os filhotes se viraram, olharam
um para o outro e decidiram fazer dela sua próxima vítima.
Dez minutos depois de uma batalha de cócegas, ela ergueu as mãos, rindo em rendição e
declarou-se “comida”.

***

Naquela noite, na cama, ela se virou para ele e disse:


— Conte-me uma história, Lucas. Sem canibais.
Ele suspirou e passou a mão pelas costas dela.
— Eu só sei histórias de canibais. — Brincou ele.
— Por favor. — Disse ela, imitando os gêmeos. — Por favor, por favor!
Ele a beijou, lembrando quão comedida ela tinha sido quando eles se encontraram pela
primeira vez. Mas mesmo assim, ele tinha percebido a inquietação dela.
— Se eu não posso contar sobre canibais, posso ter macacos enlouquecidos?
Os olhos dela se arregalaram e ela balançou a cabeça.
— Antes de eu começar, quando você vai me contar uma história?
Ela fez uma pausa, pensando.
— Eu preciso fazer mais algumas pesquisas. — A mão dela acariciou seu peito. — Ensine-
me.
A pantera dentro dele ronronou com aprovação. Esta mulher era perfeita como uma
companheira, era uma mulher que não desistia, não importava qual fosse o obstáculo.
—Que tal... — Ele começou a desfazer a trança dela — Contarmos essa história juntos?
Um lento sorriso doce e perfeito aqueceu os olhos dela.
— Era uma vez... — Sussurrou ela. — Uma princesa e ela morava com uma pantera.

Dois dias depois, Lucas recebeu um telefonema de Tamsyn, durante o qual ele foi convidado
a explicar como seus filhotes agora sabiam o significado da palavra "canibal".

Fim

Informações sobre a série:

Série Psy Changeling


1. Slave to Sensation / Escrava da Sensação (rev. PRT)
1.5 "The Cannibal Princess" / A Princesa Canibal (rev. PRT)
2. Visions of Heat
3. Caressed By Ice
4. Mine to Possess
5. Hostage to Pleasure
5.5 "A Gift for Kit"
6. Branded By Fire
7. Blaze of Memory
8. Bonds of Justice
9. Play of Passion
10. Kiss of Snow

Contos
1. "Beat of Temptation" in An Enchanted Season / Ritmo da Tentação (rev. PRT)
2. "Stroke of Enticement" in The Magical Christmas Cat
3. "Whisper of Sin" in Burning Up

Todos os contos foram escritos soltos, assim você pode escolher lê-los em qualquer fase da série.
Porém, a ordem cronológica das duas ficam assim...

1. "Beat of Temptation" in An Enchanted Season / Ritmo da Tentação (rev. PRT)


2. "Whisper of Sin" in Burning Up
3. Slave to Sensation / Escrava da Sensação (rev. PRT)
3.5 "The Cannibal Princess" - free short story / A Princesa Canibal (rev. PRT)
4. Visions of Heat
5. Caressed By Ice
6 . "Stroke of Enticement" in The Magical Christmas Cat
7. Mine to Possess
8. Hostage to Pleasure
8.5 "A Gift for Kit" - free short story
9. Branded By Fire
10. Blaze of Memory
11. Bonds of Justice
12. Play of Passion
13. Kiss of Snow

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