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Manual para os
Responsáveis pela
Vigilância e Controle
MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
AMBIENTAL
Brasília
Março, 2005
2005. Ministério da Saúde
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
Tiragem: 10.000
Autores:
Colaboradores:
1. Marco conceitual............................................................................................ 14
2. Marcos legais................................................................................................ 16
3. Marcos institucionais..................................................................................... 28
4. Manancial....................................................................................................... 31
5. Captação....................................................................................................... 46
6. Transporte....................................................................................................... 58
7. Tratamento....................................................................................................... 58
8. Distribuição....................................................................................................... 151
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 5
FIGURAS
Figura 5.3 - Caixa de tomada para captação de água de fonte, com dispositivo 51
de proteção
Figura 5.4 – Poço raso, revestido com alvenaria de pedra, incluindo medidas 51
de proteção
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Figura 7.4 - Diagrama de coagulação – período de chuvas 75
Figura 7.21 – Leito filtrante deteriorado com formação de bolas de lodo e 105
operação de recomposição
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 7
Figura 7.22 – Operação adequada de lavagem de filtro, visualizando 105
dispositivo de lavagem superficial.
Figura 17.3 - Ficha de relatório mensal do controle da qualidade da água para 241
consumo humano de sistema de abastecimento. Informações a serem
incorporadas ao SISAGUA
247
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para consumo humano de solução alternativa de abastecimento de água
TABELAS
QUADROS
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Quadro 7.9 – Aplicabilidade de processos de tratamento de água para a 132
remoção de contaminantes
Quadro 13.4 - Substâncias químicas orgânicas que representam risco à saúde 211
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 10
Apresentação
Pode-se situar que se trata de lacuna histórica, pois, há muito, os responsáveis pelo
funcionamento das instalações de abastecimento de água, tradicionalmente com formação
profissional alinhada com os princípios da engenharia, não vêm dispondo de uma clara
orientação sobre como amoldar seus planejamentos, estratégias, concepções e, sobretudo,
sua rotina operacional, a uma perspectiva de minimização dos riscos à saúde. Na outra
direção, profissionais da área de saúde, particularmente da atividade de vigilância, mais
modernamente com sua especialidade vigilância ambiental, também têm ressentido de
instrumentos técnico-normativos para bem orientar seus procedimentos junto aos serviços de
abastecimento de água.
Não se pode pleitear que o manual representa iniciativa inédita nessa direção, pois a Portaria
nº 443/BSB, de outubro de 1978, destinava-se a trazer tais orientações. Contudo, por razões
imprecisas, o instrumento não encontrou a aplicabilidade necessária, caindo em um quase
esquecimento e abandono. Deve-se enfatizar, no entanto, que, a despeito de sua
desatualização, permanece em vigor, nas determinações não conflitantes com a legislação
posterior, sobretudo a Portaria MS n.° 518/2004 (Antiga Portaria MS n.° 1469/2000), devendo
ser adotada sempre que conveniente.
A motivação maior para a elaboração deste manual, porém, foi a publicação da Portaria MS n.°
518/2004 que, ao estabelecer “os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade”,
determina o emprego das “boas práticas” no abastecimento, como forma de minimizar os riscos
à saúde humana decorrentes da utilização de água insegura pela população. Pode-se sugerir
mesmo que o uso reiterado da expressão “boas práticas” naquela portaria cumpriu papel de
provocar os envolvidos no controle e na vigilância da qualidade da água para consumo humano
a definir seu significado. Esta seria, pois a função do Manual: procurar preencher de sentido a
expressão adotada na legislação.
É importante assinalar ainda que o conceito esteja longe de ser exclusivo do campo do
abastecimento de água. Trata-se, em verdade, de expressão empregada em diversas outras
áreas relacionadas com a saúde pública, como a de produção de alimentos e de controle de
qualidade de práticas laboratoriais, bem como na própria literatura internacional sobre
abastecimento de água, especialmente a mais recente.
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 11
O conteúdo do Manual, como princípio orientador de sua elaboração, procurou ser atravessado
pela seguinte premissa, contida na Portaria MS n.° 518/2004: para a minimização de riscos à
saúde humana decorrentes do abastecimento de água, tão ou mais importante que manter os
parâmetros de qualidade da água enquadrados nos limites dos padrões de potabilidade, é o
emprego daquelas práticas que possibilitam prevenir o surgimento desses riscos. Para essa
abordagem, o documento foi estruturado em 18 capítulos, distribuído pelas seguintes seções:
I – Marcos referenciais;
IV – Informação.
Dessa maneira, sem prejuízo de emprego do manual como fonte de consulta, o que supõe
buscar partes isoladas do documento, concebeu-se uma estrutura que encadeasse os diversos
aspectos do tema. Assim, pretendeu-se que, tendo por base os marcos conceituais, legais e
institucionais do tema, fossem descritas as melhores práticas recomendadas em cada uma das
unidades dos sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água, com suas diversas
variantes; em seguida se indicando os melhores procedimentos para a avaliação qualitativa da
água, para, por fim, se apresentarem informações necessárias aos responsáveis pelo controle
e às autoridades sanitárias, bem como aquelas a que fazem direito à população usuária.
Completam o manual as referências bibliográficas citadas e a bibliografia recomendada.
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 12
Seção I: Marcos referênciais
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1. Marco conceitual
Para a adequada compreensão do presente manual, alguns conceitos e definições devem estar
presentes, como a seguir:
Boas práticas
Risco é definido como “uma característica de uma situação ou ação em que dois ou mais efeitos
são possíveis, mas que o efeito particular que ocorrerá é incerto e pelo menos uma das
possibilidades é indesejável” (Covello & Merkhofer, 1993). Devem ser enfatizados, na definição de
risco, os termos incerto e indesejável. Nesse conceito, um abastecimento de água pode conduzir
a diferentes e incertos efeitos sobre a saúde do usuário da água, alguns deles benéficos e outros
nocivos, logo indesejáveis. Dessa forma, as boas práticas buscam exatamente minimizar a
probabilidade de ocorrência dos efeitos indesejáveis, para a saúde humana, do abastecimento de
água.
É importante ainda distinguir o termo risco do termo perigo, muito utilizado em estudos de
avaliação de risco. Enquanto risco está associado à probabilidade de ocorrência de um efeito,
perigo é uma característica intrínseca de uma substância ou de uma situação. Por exemplo, uma
água para consumo humano que contenha agentes patogênicos seria um perigo, enquanto que
seu fornecimento à população traz um risco, que pode ser quantificado e expresso em termos de
probabilidade.
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Abastecimento de água - sistema e solução alternativa
Instalação Característica
Como pode ser notado, sob o ponto de vista físico, determinados tipos de soluções alternativas
podem ser idênticos aos sistemas de abastecimento, como as instalações condominiais
horizontais, por exemplo. Nesse caso, a diferenciação estaria apenas no fato de a
responsabilidade não ser do poder público e sim do próprio condomínio.
Poder-se-ia perguntar: por que a legislação sobre potabilidade da água encontrou necessidade de
diferenciar as duas categorias de instalações? A resposta é: com a finalidade de diferenciar as
exigências de controle da qualidade da água. Como essa diferenciação clara não existia na
legislação anterior (Portaria MS n.° 36/1990), as soluções alternativas não se viam obrigadas a
exercer o controle da qualidade da água, e nem as autoridades sanitárias a sua vigilância,
submetendo seus usuários, que correspondem a uma parcela significativa da população brasileira,
a maiores riscos à saúde humana. Por outro lado, a atual legislação assume como adequada à
diferenciação quanto às exigências de controle da qualidade da água, pelas particularidades,
sobretudo gerenciais dos dois grupos de instalações.
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 15
Controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano
Para efeito deste Manual, cabe destacar as diferentes responsabilidades: o controle deve ser
exercido pelo(s) responsável(is) pelo sistema ou solução alternativa; a vigilância pela autoridade
de saúde pública. Simetricamente, as boas práticas devem ser exercidas pelo(s) responsável(is)
pelo sistema ou solução alternativa e devem ser verificadas e avaliadas pela autoridade de saúde
pública, sobretudo visando avaliar os riscos à saúde humana representados pelas instalações.
2- Marcos legais
A legislação central que referencia este Manual é a Portaria MS n.° 518/2004, que “estabelece os
procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para
consumo humano e seu padrão de potabilidade e dá outras providências”. A relação entre a
Portaria MS n.° 518/2004 e este manual é mais evidenciada nos seguintes artigos e incisos, que
explicitamente mencionam as boas práticas no abastecimento de água:
IV. efetuar, sistemática e permanentemente, avaliação de risco à saúde humana de cada sistema de
abastecimento ou solução alternativa, por meio de informações sobre:
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Art. 9º Ao(s) responsável(is) pela operação de sistema de abastecimento de água incumbe:
II. manter e controlar a qualidade da água produzida e distribuída, por meio de:
III. manter avaliação sistemática do sistema de abastecimento de água, sob a perspectiva dos
riscos à saúde, com base na ocupação da bacia contribuinte ao manancial, no histórico das
características de suas águas, nas características físicas do sistema, nas práticas operacionais e
na qualidade da água distribuída;
IV. encaminhar à autoridade de saúde pública, para fins de comprovação do atendimento a esta
Norma, relatórios mensais com informações sobre o controle da qualidade da água, segundo
modelo estabelecido pela referida autoridade;
estatística descritiva dos valores de parâmetros de qualidade detectados na água, seu significado,
origem e efeitos sobre a saúde; eocorrência de não conformidades com o padrão de potabilidade
e as medidas corretivas providenciadas.
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 17
Art. 21. O sistema de abastecimento de água deve contar com responsável técnico, profissionalmente
habilitado.
Art. 22. Toda água fornecida coletivamente deve ser submetida a processo de desinfecção, concebido
e operado de forma a garantir o atendimento ao padrão microbiológico desta Norma.
Art. 23. Toda água para consumo humano suprida por manancial superficial e distribuída por meio de
canalização deve incluir tratamento por filtração.
Art. 24. Em todos os momentos e em toda sua extensão, a rede de distribuição de água deve ser
operada com pressão superior à atmosférica.
§ 1º Caso esta situação não seja observada, fica o responsável pela operação do serviço de
abastecimento de água obrigado a notificar a autoridade de saúde pública e informar à população,
identificando períodos e locais de ocorrência de pressão inferior à atmosférica.
Art. 25. O responsável pelo fornecimento de água por meio de veículos deve:
b) manter registro com dados atualizados sobre o fornecedor e, ou, sobre a fonte de água; e
§ 1º A água fornecida para consumo humano por meio de veículos deve conter um teor mínimo de
cloro residual livre de 0,5 mg/L.
§ 2º O veículo utilizado para fornecimento de água deve conter, de forma visível, em sua carroceria, a
inscrição: “ÁGUA POTÁVEL”.
Portanto, a Portaria MS n.° 518/2004, por meio das determinações apresentadas, enfatiza que a
adoção de limites de presença de substâncias e organismos potencialmente nocivos à saúde
humana na água consumida, embora necessária, não é suficiente para garantir a desejável
proteção à saúde. Além do acompanhamento desses limites, procedimentos complementares são
essenciais, como a promoção de boas práticas em todo o abastecimento de água.
Além da Portaria MS n.° 518/2, outros instrumentos legais dão suporte ao conceito de boas
práticas no abastecimento de água, podendo ser citados os seguintes, de nível federal:
Normas da ABNT
Dentre outras, as seguintes normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas versam sobre
concepção, projeto e execução de componentes de sistemas de abastecimento de água e devem
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 18
ser rigorosamente observadas nas situações em que se aplicam. Não se incluem nesta listagem
as normas para a determinação analítica de parâmetros de qualidade da água e nem para
procedimentos na rotina laboratorial, contudo devem ser sempre observadas.
Projeto
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Materiais
NBR 8220 - Reservatório de poliéster reforçado com fibra de vidro para água potável para
abastecimento de comunidades de pequeno porte
Fixam-se condições mínimas exigíveis para o recebimento de reservatórios de poliéster reforçado com
fibra de vidro, apoiados ou elevados, utilizados para armazenagem de água potável para uso domiciliar ou
público, em comunidade de pequeno porte.
NBR 13210 - Caixa de poliéster reforçado com fibra de vidro para água potável
Fixa condições exigíveis para o recebimento de caixas de poliéster reforçado com fibra de vidro, utilizadas
para armazenamento de água potável.
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NBR 5648 - Tubo de PVC rígido para instalações prediais de água fria
Fixa condições exigíveis para o recebimento de tubos de PVC rígido de seção circular, e respectivas
juntas, destinados à condução de água potável em instalações prediais de água fria aproximadamente 20
graus Celsius.
NBR 5689 - Materiais para revestimento de base asfáltica empregados em tubos de aço para
condução de água de abastecimento
Estabelece tipos de materiais e requisitos mínimos exigíveis para os mesmos quamdo empregados em
revestimento de base asfáltica para tubos de aço usados na condições de água de abastecimento.
NBR 7665 - Tubo de PVC rígido de fofo com junta elástica para adutoras e rede de água.
Fixa condições exigíveis no recebimento de tubos e PVC rígido, com diâmetro externos e equivalente, ao
dois tubos de ferro fundido e respectivas juntas elásticas, destinados à execução de adutoras e redes
enterradas de água.
NBR 9822 - Execução de tubulações de PVC rígido para adutoras e redes de água
Fixa condições exigíveis para locação, demarcação, abertura e regularização da vala, transporte,
manuseio, disposição, assentamento, execução das juntas, envolvimento, ancoragem, ensaios de
estanqueidade e reaterro na execução de tubulações de PVC rígido para adutoras e redes de água.
NBR 12266 - Projeto e execução de valas para assentamento de tubulações de água, esgoto ou
drenagem urbana
Fixa condições exigíveis para projetos de execução de valas para assentamento de tubulações de água,
esgoto ou drenagem urbana. Estabelece também critério para posicionamento de vala na via pública e
dimensionamento do escoramento.
NBR 12595 - Assentamento de tubulações de ferro fundido dúctil para condução de água sob
pressão
Fixa condições para o assentamento de tubulações de ferro fundido dúctil utilizadas na condução de água
sob pressão enterradas, semi-enterradas ou aéreas, e para temperatura de serviço máxima de 90 graus
Celsius.
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Laboratórios
Prescreve método pelo qual deve ser feita a análise química de cal virgem hidratada, abrangendo cal
cálcica e cal dolomítica.
NBR 9414 - Solução de hipoclorito de sódio comercial: determinação do teor de ferro pelo
método colorimétrico com o fenantrolina
Prescreve método para determinação de teor de ferro no hipoclorito de sódio pelo método colorimétrico
com 0-fenantrolina.
NBR 9425 - Solução de hipoclorito de sódio comercial: determinação do teor de cloro ativo pelo
método volumétrico
Prescreve método para determinação do teor de cloro ativo em soluções de hipoclorito de sódio comercial.
NBR 9432 - Solução de hipoclorito de sódio comercial: determinação do teor de cloreto pelo
método volumétrico
Prescreve método para determinação do teor de cloreto no hipoclorito de sódio pelo método volumétrico
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NBR 11887 - Hipoclorito de cálcio
Fixa condições exigíveis para o hipoclorito de cálcio, utilizando entre outros fins como desinfectante no
tratamento de água destinada ao abastecimento público e piscinas de uso geral.
Construção de poços
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NBR 9433 - Solução de hipoclorito de sódio comercial: determinação do teor de clorato pelo
método volumétrico
Prescreve método para determinação do teor de cloreto no hipoclorito de sódio pelo método volumétrico.
NBR 10790 - Cal virgem e cal hidratada para tratamento de água de abastecimento público
Fixa condições exigíveis de aceitação e recebimento de cal virgem e cal hidratada, utilizadas no
tratamento de água de abastecimento público.
NBR 11181 - Sulfato de alumínio: determinação do ferro total solúvel em água, no sulfato de
alumínio sólido e líquido.
Prescreve método para determinação de ferro total solúvel em água, no sulfato de alumínio sólido e
líquido.
Na vasta legislação relacionada à saúde pública, localizam-se três grupos de temas que
diferentemente se relacionam com este documento: a legislação que cria e regulamente o SUS
(em especial a Lei 8080/90), a legislação que estabelece procedimentos para os sistemas de
abastecimento de água (Portaria MS n.° 443/1978) e a legislação sobre a potabilidade da água,
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 24
além da Portaria MS n.° 518/2004, com ênfase para a que estabelece as condições de aplicação
de flúor na água. Descrevem-se a seguir os referidos instrumentos:
Trata-se da legislação que regulamenta o capítulo sobre saúde da Constituição Federal de 1988, dispondo
“sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências”. As intercessões dessa legislação
com o tema do presente manual podem ser observados em:
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições
indispensáveis ao seu pleno exercício.
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.
Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, ... o saneamento básico, o
meio ambiente,
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior,
se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar os serviços
públicos de saúde;
IV - executar serviços:
d) de saneamento básico
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Legislação sobre fluoretação
a Lei nº 6.050, de 24 de maio de 1974, que “dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas de
abastecimento quando existir estação de tratamento”.
o Decreto nº 76.872, de 22 dezembro de 1975, que “regulamenta a Lei nº 6.050, de 24 de maio de 1974,
que dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas públicos de abastecimento”.
Legislação ambiental
Da vasta legislação ambiental existente no país, nos diversos níveis federativos, possui estreita
aplicabilidade ao abastecimento de água para consumo humano a Resolução CONAMA n.20, de
18 de junho de 1986, que estabelece critério para classificação das águas doces, salobras e
salinas do Território Nacional, em reformulação quando da elaboração deste manual. Essa
legislação, ao definir os usos e os requisitos de qualidade da água que cada uma das nove
classes de águas naturais – sendo cinco classes de águas doces - devem apresentar, tem
possibilitado o enquadramento das águas de todo o território brasileiro e, em decorrência, zelar
pela manutenção de sua qualidade.
Mesmo que essa legislação seja dinâmica, certamente se constitui na principal referência para a
averiguação da qualidade das águas dos mananciais, conforme previsto nos artigos 7, 9 e 10 da
Portaria MS n.° 518/2004.
Deve ser atentamente observada a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos. Pontos importantes definidos nessa legislação incluem:
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 26
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder
Público, dos usuários e das comunidades.”
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso
inadequado dos recursos naturais.”
“Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade;
V - a compensação a municípios.
CGVAM/SVS/MS Manual de Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a Minimização de Riscos à Saúde 27
São ainda estabelecidas nessa legislação as figuras dos comitês de bacia hidrográfica, com
competência para arbitrar os conflitos relacionados aos recursos hídricos, aprovar e acompanhar
o Plano de Recursos Hídricos da bacia e estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso da
água, e das agências de água, com a função de secretaria executiva dos comitês.
3. Marcos institucionais
Nos níveis estadual e municipal, as ações de saneamento são realizadas por órgãos com
diferentes formatos institucionais e administrativos. Em cada estado da federação encontram-se
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as companhias estaduais de saneamento, responsáveis pela operação, mediante concessão
municipal, de um grande número de sistemas de abastecimento de água. Por outro lado, um
número razoável de sistemas é de responsabilidade direta do poder municipal, com gestão
organizada por meio de serviços autônomos, empresas públicas, órgãos da administração direta e
outras formas. Um pequeno número deles, no Brasil, firmou contrato de concessão com empresas
privadas.
Nessa mesma política de recursos hídricos, a Agência Nacional de Águas (ANA), autarquia sob
regime especial com autonomia administrativa e financeira criada pela Lei n.° 9.984, de 17 de
julho de 2000, tem por atribuição “implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos e
coordenar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos”. Por determinação legal,
dentre outras funções, cabe à agência:
- outorgar [...] o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União
[...];
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É importante ainda destacar a existência dos Conselhos nacionais, e de seus correspondentes
estaduais e em alguns casos municipais, bem como a realização de Conferências periódicas,
reconhecidas como instâncias máximas de definição de diretrizes para a políticas nos diversos
campos. Assim, identificam-se no nível federal o Conselho Nacional das Cidades, com sua
Câmara de Saneamento Ambiental; o Conselho Nacional de Saúde, com sua Comissão
intersetorial de saneamento e meio ambiente, e o Conselho Nacional de Recursos Hídricos,
dentre outras com suas câmaras técnicas de Águas subterrâneas, de Cobrança pelo uso de
recursos hídricos e de Gestão de recursos hídricos transfronteiriços.
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