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Negócios

Internacionais

Comércio Exterior Brasileiro


- Estrutura e Sistemas
APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao módulo Comércio


Exterior Brasileiro – Estrutura e Sistemas. E então, está pronto
para iniciarmos mais um módulo? Para você compreender
melhor a estrutura e os sistemas que compõem o Comércio
Exterior Brasileiro acompanhe-o com envolvimento e muita
disciplina. Bons estudos e boa aprendizagem!

E m continuidade ao estudo iniciado, você estudará as estruturas e sistemas do Comércio


Exterior Brasileiro, os órgãos gestores, anuentes, auxiliares e suas principais funções.
Estudará também alguns conceitos importantes, como Território Aduaneiro Brasileiro e
Código Aduaneiro. Irá aprender o que são e quais os incentivos fiscais conferidos aos
importadores e exportadores que utilizam os regimes aduaneiros especiais. E então,
vamos nessa?

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Conhecer a estrutura do comércio exterior brasileiro;
• Aprender sobre o território aduaneiro, suas zonas primárias e secundárias e principais regi-
mes especiais;
• Discutir e tomar decisões baseados nos conceitos apreendidos.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Transposição Pedagógica Infraestrutura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Laila Coelho Silva Coordenação


Produção de Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Design Multimídia
Assessoria ao Professor, AUTORIA
Coordenação
Assessoria ao Aluno e Tutoria
Rodrigo Tito M. Valadares Prof. Luciano G. Moreira
Coordenação
Design Multimídia Adaptação: Prof. Denise
Gabrielle Nunes Paixão
Alan J. Galego Bernini Campos Chaves Machado

BELO HORIZONTE - 2018


COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO
- ESTRUTURA E SISTEMAS
Comércio Exterior do Brasil
Você se recorda do conceito de Comércio Exterior introduzido no módulo anterior?
Lembrou-se? Ótimo!

Refere-se à atividade do Estado com relação a seu comércio externo, levando-se em conta
os interesses nacionais, sejam eles econômicos e/ou sociais. Pois bem, a partir de agora,
você estudará como o Estado Brasileiro estrutura seu comércio exterior a fim de atingir
seus objetivos.

Veja o organograma abaixo. Muitas instituições lhe parecerão familiares, outras, talvez,
você até desconheça sua existência. Vamos estudar e analisar as principais instituições
desta estrutura, rendendo maior atenção à Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), aos
órgãos gestores e anuentes, conceitos que lhe serão apresentados a seguir.

Presidência da República

Camex

MDIC - Ministério do Desenvolvimento


Ministério da Fazenda
Indústria e Comércio Exterior

Secretaria Executiva

Secex - Secretaria do SRF - Secretaria da Receita Secex - Secretaria do


Comércio Exterior Federal Comércio Exterior

Depla
Decic
Decom
Órgãos
Órgãos Centrais
Descentralizados
Deint

Decex
Cosit SRRF (10RF)
Corat DRJ
Cofins DRF; ARF
Banco do Coana ALF ou IRF
Brasil

Sei que nesse momento você deverá estar se perguntando: Presidente da República? É
isso mesmo! A estrutura do Comércio Exterior Brasileiro tem como principal instituição
o Presidente da República. É ele o primeiro e principal representante do país no exterior.

CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR (CAMEX)


A CAMEX, órgão do Conselho de Governo, tem como objetivo a formulação de políticas e
a coordenação de atividades relativas ao comércio exterior de bens e serviços. Foi criada
pelo Decreto Lei nº. 1.386, de 06/02/95. Veja a seguir algumas das competências deste
importante órgão:

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Competências
• Definir diretrizes e procedimentos relativos à implementação da política de comércio
exterior visando à inserção competitiva do Brasil na economia internacional;
• Coordenar e orientar as ações dos órgãos que possuem competências na área de
comércio exterior;
• Definir, no âmbito das atividades de exportação e importação, diretrizes e orientações
sobre normas e procedimentos, para os seguintes temas, observados a reserva legal:
• Racionalização e simplificação do sistema administrativo;
• Habilitação e credenciamento de empresas para a prática de comércio exterior;
• Nomenclatura de mercadoria;
• Conceituação de exportação e importação;
• Classificação e padronização de produtos;
• Marcação e rotulagem de mercadorias;
• Regras de origem e procedência de mercadorias;
• Estabelecer as diretrizes para as negociações de acordos e convênios relativos ao
comércio exterior, de natureza bilateral, regional ou multilateral;
• Orientar a política aduaneira, observada a competência específica do Ministério da
Fazenda;
• Formular diretrizes básicas da política tarifária na importação e exportação;
• Estabelecer diretrizes e medidas dirigidas à simplificação e racionalização do comér-
cio exterior;
• Estabelecer diretrizes e procedimentos para investigações relativas a práticas desle-
ais de comércio exterior;
• Fixar diretrizes para a política de financiamento das exportações de bens e de servi-
ços, bem como para a cobertura dos riscos de operações a prazo, inclusive as relati-
vas ao seguro de crédito às exportações;
• Fixar diretrizes e coordenar as políticas de promoção de mercadorias e de serviços
no exterior e de informação comercial;
• Opinar sobre política de frete e transportes internacionais, portuários, aeroportuários
e de fronteiras, visando à sua adaptação aos objetivos da política de comércio exte-
rior e ao aprimoramento da concorrência;
• Orientar políticas de incentivo à melhoria dos serviços portuários, aeroportuários, de
transporte e de turismo, com vistas ao incremento das exportações e da presta-
ção desses serviços a usuários oriundos do exterior;
• Fixar direitos antidumping e compensatórios, provisórios
ou definitivos, e salvaguardas.

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Composição
A CAMEX tem como órgão de deliberação superior e final, um Conselho de Ministros
composto pelos seguintes Ministros de Estado:

• Do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que o preside;


• Chefe da Casa Civil da Presidência da República;
• Das Relações Exteriores;
• Da Fazenda; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
• Do Planejamento, Orçamento e Gestão;
• Do Desenvolvimento Agrário.

É composta ainda por:

• Comitê Executivo de Gestão – GECEX;


• Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações – COFIG;
• Conselho consultivo do setor privado – CONEX;
• Secretaria Executiva.

ÓRGÃOS GESTORES DO COMÉRCIO EXTERIOR


De acordo com o organograma apresentado, logo abaixo dos principais minis-
SISCOMEX
térios, você pôde perceber três instituições marcadas em cor vermelha, deno- Instrumento administrativo que
minadas órgãos gestores do SISCOMEX. São eles, o Banco Central do Brasil integra as atividades de registro,
- BACEN, a Secretaria de Comércio Exterior – SECEX e a Receita Federal do acompanhamento e controle
das operações de comércio
Brasil - RFB /antiga Secretaria da Receita Federal (SRF).
exterior, mediante fluxo único,
computadorizado de informações.

Banco Central do Brasil (BACEN)


O Banco Central do Brasil, criado sob a forma de autarquia federal, integra o Conselho Monetário Nacional
Sistema Financeiro Nacional e se coloca como órgão executor das delibera- (CMN)
ções do Conselho Monetário Nacional – CMN. O Conselho Monetário Nacional
(CMN) é o órgão superior do Sistema
No âmbito do comércio exterior, que interessa ao seu estudo, o BACEN tem Financeiro Nacional. Foi criado pela
Lei 4.595, de 31 de dezembro de
suas principais atribuições relacionadas ao controle e fiscalização cambial.
1964, e sofreu algumas alterações em
sua composição ao longo dos anos.
Compete ao BACEN: Tem a responsabilidade de formular
a política da moeda e do crédito,
• Efetuar o controle dos capitais estrangeiros; objetivando a estabilidade da moeda
• Conceder autorização às instituições financeiras para praticar opera- e o desenvolvimento econômico e
social do País. Sua composição atual
ções de câmbio; é: Ministro da Fazenda; Ministro do
• Representar o governo brasileiro com instituições financeiras estrangei- Planejamento, Orçamento e Gestão;
Presidente do Banco Central do Brasil.
ras e interacionais;
• Autorizar e fiscalizar o exercício das atividades dos corretores de câmbio;
• Atuar no sentido de buscar a estabilidade das taxas de câmbio e o equilíbrio do
Balanço de Pagamentos.

Veja que o BACEN conta com um departamento chamado Decic – Departamento de


combate a ilícitos financeiros e supervisão de câmbio e capitais internacionais.

Bacen - Banco
Decic
Central do Brasil

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O Decic possibilita ao Banco central um maior controle e regularização mais efetiva do
câmbio, das operações de comércio exterior e dos registros de investimentos de capital
estrangeiro, arrendamento mercantil e financiamentos às importações e exportações.

Secretaria de Comércio Exterior (Secex)


Subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
foi criada pela Lei no. 8.490, de 19/11/92. Compete à Secex a política administrativa e
comercial das atividades de comércio exterior.

Confira abaixo algumas das suas atribuições:

• Formular propostas de políticas e programas de comércio exterior e estabelecer


normas necessárias à sua implementação;
• Propor medidas, no âmbito das políticas fiscal e cambial, de financiamento, de recu-
peração de créditos à exportação, de seguro, de transportes e fretes e de promoção
comercial;
• Propor diretrizes que articulem o emprego do instrumento aduaneiro com os obje-
tivos gerais de política de comércio exterior, bem como propor alíquotas para o
imposto de importação, e suas alterações;
• Participar das negociações em acordos ou convênios internacionais relacionados
com o comércio exterior;
• Implementar os mecanismos de defesa comercial;
• Apoiar o exportador submetido a investigações de defesa comercial no exterior.

Veja no organograma da Secex, logo abaixo, que o órgão se divide em quatro departa-
mentos: Departamento de Comércio Exterior (Decex), Departamento de Planejamento e
Desenvolvimento do Comércio Exterior (Depla), Departamento de Negociações Internacionais
(Deint), Departamento de Defesa Comercial (Decom). A seguir, você irá conhecer cada um
deles e poderá conferir sua grande importância para o Comércio Exterior Brasileiro. Neste
momento, é importante que você procure relacionar as atribuições dos departamentos aos
conceitos apreendidos no módulo Comércio Internacional: Generalidades.

Secretaria de Comércio
Exterior

SECEX

Gabinete

GAB / SECEX

Coordenação de Apoio
Administrativo

COAAD

Divisão de Assuntos
Administrativos

DIVAD

Serviço de Controle de Serviço de Controle de


Passagens e Diárias Pessoal
SEPAD SEPES

Departamento de
Departamento de Departamento de
Departamento de Defesa Planejamento e
operações de Comércio Negociações
Comercial Desenvolvimento de
Exterior Internacionais
Comércio Exterior
DECEX DEINT DECOM DEPLA

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Você se recorda do conceito de dumping? Lembra-se do que
estudou sobre a OMC, barreiras tarifárias e acordos internacionais?
Pois bem, você poderá identificar funções ou atribuições da Secex
voltadas aos interesses nacionais e relacioná-las a conceitos
estudados no módulo Comércio Internacional: Generalidades.

DEPARTAMENTO DE COMÉRCIO EXTERIOR (DECEX)

Competências

É o departamento que os exportadores e importadores têm acesso, pois é a esfera que


administra a operação de Comércio Exterior. O desafio de expandir as vendas externas
brasileiras a patamar coerente com o potencial do País norteia as principais iniciativas
conduzidas pelo Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX).

Assim, são empreendidos esforços para o aperfeiçoamento dos mecanismos de Comércio


Exterior Brasileiro e implementadas ações direcionadas à sua simplificação e adequação a
ambiente de negócios cada vez mais competitivo.

Abaixo, alguns serviços prestados pelo DECEX aos importadores e exportadores, que
serão objeto de estudo do próximo módulo.

• Crédito e Financiamento das Exportações;


• Empresa comercial exportadora / Trading Company;
• Exportação – Procedimentos;
• Importação – Procedimentos;
• Regimes Aduaneiros e tributos.

DEPARTAMENTO DE NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS (DEINT)

Competências

• Negociar e promover estudos e iniciativas internas destinados ao apoio, informação


e orientação da participação brasileira em negociações de Comércio Exterior;
• Desenvolver atividades de Comércio Exterior, junto a organismos e participar de
acordos internacionais;
• Coordenar, no âmbito interno, os trabalhos de preparação da participação brasileira
nas negociações tarifárias em acordos internacionais e opinar sobre a extensão e
retirada de concessões.

DEPARTAMENTO DE DEFESA COMERCIAL (DECOM)

Atribuições e Competências

Ao Departamento de Defesa Comercial - DECOM compete:

• Examinar a procedência e o mérito de petições de abertura de investigações de


dumping, de subsídios e de salvaguardas, com vistas à defesa da produção doméstica;
• Propor a abertura e conduzir investigações para a aplicação de medidas antidum-
ping, compensatórias e de salvaguardas;
• Recomendar a aplicação das medidas de defesa comercial previstas nos correspon-
dentes Acordos da Organização Mundial do Comércio – OMC;

Comércio Exterior Brasileiro - Estrutura E Sistemas 33


• Acompanhar as discussões relativas às normas e à aplicação dos Acordos de Defesa
Comercial junto à OMC;
• Participar em negociações internacionais relativas à defesa comercial;
• Acompanhar as investigações de defesa comercial abertas por terceiros países
contra exportações brasileiras e prestar assistência à defesa do exportador, em arti-
culação com outros órgãos governamentais e com o setor privado.

DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO


DO COMÉRCIO EXTERIOR (DEPLA)

Ao Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior - DEPLA


compete:

• Propor e acompanhar a execução das políticas e dos programas de Comércio Exterior;


• Formular propostas de planejamento da ação governamental, em matéria de
Comércio Exterior;
• Desenvolver estudos de mercados e produtos estratégicos para expansão das expor-
tações brasileiras;
• Planejar e executar programas de capacitação em Comércio Exterior dirigidos às
pequenas e médias empresas;
• Planejar a execução e manutenção de Programas de Desenvolvimento da Cultura
Exportadora;
• Acompanhar, em fóruns e comitês internacionais, os assuntos relacionados com o
desenvolvimento do comércio internacional e do comércio eletrônico;
• Elaborar e editar material técnico para orientação da atividade exportadora;
• Produzir, analisar, sistematizar e disseminar dados e informações estatísticas de
Comércio Exterior;
• Formular estratégias de parcerias entre órgãos e entidades públicas e privadas, para
o desenvolvimento de ações e programas relacionados com a promoção das expor-
tações;
• Participar de comitês e fóruns nacionais e internacionais relacionados à promoção
das exportações;
• Coordenar atividades, implementar ações e prestar informações sobre comércio
exterior.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL (RFB)

A Receita Federal do Brasil, ainda Despacho aduaneiro


conhecida como Secretaria da Receita É um procedimento fiscal pelo
Federal, é a instituição que, na esfera qual toda mercadoria proveniente
do Comércio Exterior, executa a fiscali- ou destinada ao exterior deve ser
submetida. Tem por finalidade a
zação aduaneira, através de um proce- verificação da precisão dos dados
dimento denominado despacho adua- declarados pelo importador ou
neiro. Neste módulo, você irá estudar exportador em relação à mercadoria
este procedimento detalhadamente. importada ou exportada, já que
é com base nesta declaração
é que serão calculados os
É o órgão responsável pela execução
impostos porventura devidos.
da política fiscal (arrecadação tributá-
ria) e aduaneira.

34 Comércio Exterior Brasileiro - Estrutura E Sistemas


ÓRGÃOS ANUENTES
O que são órgãos anuentes? Qual a sua importância nas operações de importação e
exportação? Órgãos anuentes são todos aqueles órgãos que necessitam efetuar uma
análise complementar, dentro de sua área de competência, de determinadas operações
de exportação ou importação.

Estão interligados ao Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), de modo


a tornar mais ágil esta análise. Dessa forma, para que a operação se torne efetiva é
necessário, em alguns casos, o estabelecimento de normas específicas por parte dos
órgãos anuentes. Veja o exemplo: Você irá realizar uma importação de medicamentos da
Alemanha, mas para que a operação seja realizada, será necessário que o Ministério da
Saúde do Brasil, dê a anuência.

ATENÇÃO
Este procedimento deve ser completado antes do embarque da mercadoria no exterior.
Caso contrário, sua empresa terá problemas no procedimento de despacho aduaneiro de
importação.

Veja outros exemplos de órgãos anuentes:

• Ministério da Agricultura e do Abastecimento;


• Ministério da Defesa;
• Departamento de Polícia Federal;
• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.

SISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO


EXTERIOR (SISCOMEX)
Você conhecerá agora uma importante ferramenta de gestão do comércio exterior brasi-
leiro – o SISCOMEX.

O Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX é um instrumento informatizado,


por meio do qual é exercido o controle governamental do comércio exterior brasileiro. É
uma ferramenta facilitadora, que permite a adoção de um fluxo único de informações,
eliminando controles paralelos e diminuindo significativamente o volume de documentos
envolvidos nas operações. É um instrumento que agrega competitividade às empresas
exportadoras, na medida em que reduz o custo da burocracia.

Comércio Exterior Brasileiro - Estrutura E Sistemas 35


O Siscomex promove a integração das atividades de todos os órgãos gestores do Comércio
Exterior, inclusive o câmbio, permitindo o acompanhamento, orientação e controle das
diversas etapas do processo exportador e importador.

Mas quem pode ter acesso a esse sistema? Como isso é feito? Basicamente, o acesso
ao Siscomex se faz após a conclusão de procedimentos específicos da Receita Federal do
Brasil, realizado em duas etapas, a saber: Habilitação e Credenciamento.

Habilitação
Na primeira etapa, podem habilitar-se, pessoas jurídicas, órgãos da administração pública,
autarquias e fundações públicas, organismos internacionais, outras instituições extrater-
ritoriais e até pessoas físicas.

A habilitação deverá ser realizada em uma das seguintes modalidades:

Ordinária: pessoas jurídicas que atuem habitualmente no Comércio Exterior;

Simplificada: pessoas físicas, produtor rural, artesão, artista, empresas públicas ou socie-
dades de economia mista, entidades sem fins lucrativos e as pessoas jurídicas, que:

• Atue no Comércio Exterior em valor igual ou inferior a US$ 150.000,00, em cada


período de seis meses;
• Realize importações de bens destinados ao seu ativo permanente.
• Obrigatoriamente apesente Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais.
• Autorizadas a utilizar o Despacho Aduaneiro Expresso.
Despacho Aduaneiro Expresso
• Constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital aberto. Também chamado de Linha Azul, é
um regime aduaneiro que permite
Especial: órgãos de administração pública direta, autarquias e fundações a liberação de mercadorias
públicas, órgãos públicos autônomos, organismos internacionais e outras de forma rápida e eficiente,
nas operações de importação,
instituições extraterritoriais. exportação e trânsito aduaneiro.

Credenciamento
Serão credenciados representantes das pessoas jurídicas, para exercer atividades relacio-
nadas com o despacho aduaneiro no Siscomex.

Somente poderão ser credenciados como representantes:

• Despachante aduaneiro;
• Dirigente ou empregado de pessoa jurídica representada;
• Empregado de empresa coligada ou controlada por pessoa jurídica representada;
• Funcionário ou servidor especificamente designado, nos casos de habilitação.
Território Aduaneiro
Apesar de você estar estudando sobre Comércio Exterior Brasileiro, os procedimentos, as
normas e as Leis referem-se a situações que ocorrem dentro do território brasileiro, onde
se aplica a jurisdição aduaneira brasileira.

Este espaço territorial é o Território Aduaneiro.

O Território Aduaneiro compreende todo o território nacional. A jurisdição dos serviços


aduaneiros estende-se por todo o esse território e abrange de acordo com o Decreto-lei
nº 37/66, art. 33, I e II:

ZONA PRIMÁRIA
A Zona Primária, que compreende:

• a área, terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, ocupada pelos portos alfan-


degados;
• a área terrestre ocupada pelos aeroportos alfandegados;
• a área adjacente aos pontos de fronteira alfandegados.

ZONA SECUNDÁRIA
A Zona Secundária, que compreende a parte restante do território aduaneiro, nela incluí-
das as águas e o espaço aéreo.

Por fim, agora você irá conhecer alguns Regimes Aduaneiros Especiais, mecanismos que
permitem a entrada ou a saída de mercadorias do território aduaneiro com suspensão ou
isenção de tributos.

Regimes Aduaneiros Especiais


Veja os principais Regimes Aduaneiros Especiais:

• Admissão Temporária;
• Drawback;
• Entreposto Aduaneiro;
• Trânsito Aduaneiro.

Vamos recordar? No ato da importação, são impostas barreiras tarifárias (Imposto de


Importação II). Em regime normal, além do II, os demais tributos recolhidos por empresas
residentes, como IPI, ICMS, COFINS, PIS, são recolhidos também na importação.

No entanto, como já mencionado acima, você pode observar que nos regimes aduaneiros
especiais, alguns destes tributos ficam suspensos de recolhimento, em função das espe-
cificidades de cada operação, que você verá resumidamente.

Admissão Temporária
É o regime que permite a importação de bens que terão de permanecer no país durante
prazo fixado, com suspensão de tributos, retornando ao exterior, sem sofrer modificações
que lhes confiram nova individualidade.

Comércio Exterior Brasileiro - Estrutura E Sistemas 37


Poderão ser admitidos no regime, entre outros, bens destinados a: exposições artísticas,
culturais e científicas; exposições e feiras comerciais ou industriais; competições ou exibi-
ções desportivas; servir de modelo industrial; testes, conserto, reparo ou restauração;
veículos de turistas estrangeiros; veículos de brasileiros radicados no exterior, que ingres-
sem no país em caráter temporário; recipientes, envoltórios e embalagens; aparelhos para
teste e controle; máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos para demonstra-
ção em estabelecimentos de ensino, pesquisa e médico-hospitalares; moldes, matrizes e
chapas; e outros, definidos pela Secretaria de Receita Federal.

Drawback
Consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados
para utilização em produto exportado. O mecanismo funciona como um incentivo às
exportações, pois reduz os custos de produção de produtos exportáveis, tornando-os mais
competitivos no mercado internacional.

Tem direito ao incentivo do Drawback as empresas que realizam operações de indus-


trialização sobre peças, componentes, matérias-primas e/ou outros insumos importados,
fabricando com eles produtos destinados à exportação.

Pode habilitar-se também a empresa que importa peças, componentes, matérias-primas e/


ou outros insumos para fabricar produtos intermediários, ou seja, produtos que integram
um outro produto, fabricado por outra empresa, destinado à exportação.

Veja o Exemplo:

Você tem uma fábrica de calçados, e alguns dos insumos estão muito caros no Brasil.
Após um estudo de mercado, ficou constatada a viabilidade de importar couro do Uruguai.
Sua empresa importará o couro, sob o regime especial de Drawback, com suspensão
de tributos, irá produzir os calçados utilizando aquela quantidade de couro importada e
exportará o produto final (calçados).

Modalidades: Isenção, Suspensão e Restituição de Tributos.

ISENÇÃO
Isenção consiste na desobrigação de pagamentos dos tributos incidentes na importação
de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes, destinada à reposição de outra
importada anteriormente, com pagamento de tributos, e utilizada na industrialização de
produto exportado.

SUSPENSÃO
Suspensão consiste na interrupção do pagamento dos tributos incidentes na importação
de mercadoria a ser utilizada na industrialização de produto que deve ser exportado.

RESTITUIÇÃO
Restituição consiste na devolução de tributos pagos na importação de insumo importado
utilizado em produto exportado, porém, praticamente não é mais utilizado.

38 Comércio Exterior Brasileiro - Estrutura E Sistemas


Entreposto Aduaneiro
Permite, na importação e na exportação, o depósito de mercadoria, em local determinado,
com suspensão do pagamento de tributos e sob controle fiscal. As mercadorias admitidas
no regime de Entreposto Aduaneiro, na importação e na exportação, poderão ser subme-
tidas às seguintes operações:

• Exposição, demonstração e teste de funcionamento;


• Industrialização;
• Manutenção ou reparo.

As mercadorias armazenadas em recinto alfandegado de uso público sob o regime de


Entreposto Aduaneiro na importação ou na exportação poderão ser objeto:

• De etiquetagem e marcação, para atender às exigências do comprador estrangeiro;


• De exposição, demonstração e teste de funcionamento;

Das seguintes operações de industrialização:

• Acondicionamento ou recondicionamento;
• Montagem;
• Beneficiamento;
• Renovação ou recondicionamento das partes, peças e outros materiais nas condi-
ções citadas acima; e transformação, no caso de preparo de alimentos para consu-
mo a bordo de aeronaves e embarcações utilizadas no transporte comercial interna-
cional ou destinados à exportação.

Trânsito Aduaneiro
Permite o transporte de mercadorias, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do
território aduaneiro, com suspensão de tributos. A natureza jurídica deste regime é a
suspensão das obrigações tributárias, geradas com a entrada e a saída de mercadoria em
território nacional.

A sua natureza econômica decorre do fato de a mercadoria transitar de um ponto a outro


do território aduaneiro, sem integrar a riqueza nacional ou para ela contribuir, em virtude
da suspensão da exigibilidade tributária por tempo determinado. O Trânsito Aduaneiro
possibilita a interiorização das atividades aduaneiras que seriam realizadas nas repartições
de fronteira, proporcionando a diminuição de trabalho dessas repartições e desafogando,
assim, a Zona Primária.

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Síntese
Na primeira parte desse módulo, você estudou a estrutura do Comércio Exterior do Brasil,
seus sistemas e instituições e respectivas atribuições. Estudou também o SISCOMEX,
aprendeu o conceito de território aduaneiro e jurisdição aduaneira. Finalmente, você
conheceu os principais regimes aduaneiros especiais.

No próximo módulo, você irá estudar a sistemática de Comércio Exterior. Conhecerá os


principais documentos internacionais, aprenderá como se realiza a classificação aduaneira
de mercadorias e entenderá a sistemática do despacho aduaneiro. Estudará também os
Incoterms – International Commercial Terms, tema fundamental para o pleno entendimen-
to da disciplina. Além disso, verá como são as cotações de transporte e seguro interna-
cional de cargas. Te espero lá!

Referências
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CRUZ, Carla; RIBEIRO, Uirá. Metodologia científica – Teoria e prática. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2003.
DINIZ, Clélio Campolina. Globalização, Escalas Territoriais e política Tecnológica Regionalizada no Brasil. Belo
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Maria Carolina Briza. Tratado de Defesa Comercial: Antidumping, compensatórias e Salvaguardas. São Paulo:
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GUIMARAES, Edson Peterli. Uma avaliação da política de exportações no Brasil. Estudos em comércio exterior,
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VERAS, Fábio. Direito de defesa comercial – Salvaguardas internacionais. Belo Horizonte: Saitec, 2003.t A visis-
ta a greco design deu oportunidade aos estudantes de verem como algumas teorias sobre pratica profissional
funcionam.

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