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DOUTO JUÍZO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE

CURITIBA.
Processo n° xxx.xxx.xx
Requerente: José da Silva.
Requerido: Estado do Paraná.
ESTADO DO PARANÁ já qualificado nos autos do processo em
epígrafe, que move em fase de sentença, o TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ (apelado), também já
qualificada nos autos, vem, por seu procurador que esta subscreve,
não se conformando com a sentença, por termos dos artigos 1.009 a
1.014 do Novo Código de Processo Civil apresentar.
RECURSO DE APELAÇÃO
requerendo, que o recorrido seja intimado para, oferecer as
contrarrazões e, ato contínuo, sejam os autos, com as razões anexas,
remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para
os fins de mister.
Assim, requer seja o presente recurso recebido em duplo
efetivo, devolutivo e suspensivo, conforme o art. 1.002, caput, do
Novo Código de Processo Civil, com a posterior remessa ao Tribunal
de Justiça do Estado do Paraná.
Termos em que, pede-se o deferimento.
XXXXXXXX/PR, 13 de novembro de 2020.
XXXXXXXXXXXXXXXX
OAB/PR XXX.XXX
RAZÕES DO RECURSO
Processo nº XXXXXX, 2ª Vara Cível (Comarca de Curitiba)
Apelante: Estado do Paraná.
Apelada: Tribunal de Justiça do Estado do Paraná
EGRÉGIO TRIBUNAL,

ILUSTRE JUIZ.

I – TEMPESTIVIDADE E PREPARO
A priori, verifica-se que a prolação da sentença após
julgamento parcial procedente a presente ação, posteriormente, a
parte requerida recebeu os autos, para apresentação de sua
apelação. Isto posto, tem-se como oportuno o referido recurso
apresentado dentro do prazo, nos termos do art.. 1.003. § 5º, do
Novo Código de Processo Civil.
Requer o seu recebimento no efetivo suspensivo com a
imediata intimação do recorrido para, querendo, oferecer as
contrarrazões e, sejam os autos, com as razões anexas, remetidos ao
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para os fins aqui
expostos.
Termos em que pede deferimento.

II - SÍNTESE DO PROCESSO.
O requerente José da Silva (45 anos) ajuizou ação
requisitando a reserva de um aparelho para hemodiálise tendo
em vista suas condições de saúde e impossibilidade de pagar
pelo tratamento, em decorrência do desemprego por parte
deste, que anteriormente sofreu de um AVC, tornando-o
incapaz de exercer determinadas funções. Isto posto, foi
requerido que, além da reserva de um aparelho para
hemodiálise 3x por semana, o Estado arque com as despesas
em prol de promover o direito a saúde estabelecido pelo art. 23
da Constituição Federal. Requerendo como tutela de urgência
a mérito de agravo, devido à probabilidade de danos futuros
(art. 300 do Novo CPC).
Após trâmite regular, a ação obteve a seguinte sentença:
Deferiu-se em favor de José da Silva, utilizando-se dos
direitos estabelecidos pela Constituição Federal nos artigos 1°,
inciso III, 5° e 6° os quais se referem a dignidade, igualdade e
direito a saúde, respectivamente. Isto é, a deliberação foi feita
em face do Estado do Paraná, excluído o Município de
Francisco Beltrão.
Desta decisão houve recurso por parte do réu, iniciando
o prazo para a contrarrazões em 13 de novembro de 2020,
viabilizando o presente recurso.

III – FUNDAMENTOS.
a. PRELIMINARES
a.1. responsabilidade fiscal
Busca o autor reserva e/ou aquisição de aparelho para
hemodiálise por meio do Hospital juntamente ao Estado do
Paraná.
Entretanto, o Estado é impossibilitado de gastar além
daquilo que se estabelece pela Lei de Responsabilidade Fiscal e
os limites estabelecidos por esta em referente à renda anual para
a União, Estados e Municípios devido ao planejamento de metas
fiscais.
O art. 198 da Constituição Federal determina obrigação do
Estado de garantir a saúde de todos, além do artigo 3° da
Constituição Federal, que estabelece a igualdade de todos
perante a lei. Isto posto, evidencia-se que José da Silva possui
ambos os direitos, estando este na fila de espera pela
hemodiálise.
Ademais, o Estado torna-se impossibilitado de exceder o limite
fiscal presente na Lei Complementar n° 101:
“Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá
exceder os seguintes percentuais:
II - na esfera estadual:
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de
Contas do Estado;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;”

Portanto, o Estado do Paraná ao fazer aquisição de um novo


aparelho para hemodiálise corre risco de exceder os dois por cento
estabelecidos por esta Lei.
a.2. Direito à saúde
O Estado do Paraná não é obrigado a adquirir uma nova
máquina para o senhor José da Silva, uma vez que, o Estado já está
provendo o direito à saúde ao mesmo, mediante ao programa TRD-
(Tratamento Fora de Domicílio), previsto pela Portaria nº 55, de 24
de fevereiro de 1999:
Art. 1°- Estabelecer que as despesas relativas ao deslocamento
de usuários do Sistema Único de Saúde - SUS para tratamento fora do
município de residência possam ser cobradas por intermédio do
Sistema de Informações Ambulatoriais - SIA/SUS, observado o teto
financeiro definido para cada município/estado.

Sendo assegurado também por própria Lei Municipal nº


4.624, De 12 de Dezembro de 2018 de Francisco Beltrão:
Art. 1º O Tratamento Fora de Domicílio - TFD é um
instrumento legal que visa garantir, pelo Sistema Único de Saúde -
SUS, o tratamento de média e alta complexidade a pacientes
portadores de doenças não tratáveis no Município de Francisco
Beltrão.
Art. 2º O TFD consiste no custeio do paciente e
acompanhante, (se necessário segundo critérios técnicos definidos pela
Secretaria Municipal de Saúde), inclusive deslocamento,
encaminhados para tratamento de saúde em outro Município que não
possua serviço de Casa de Apoio contratado pelo Município de
Francisco Beltrão, limitado ao período estritamente necessário,
observando que a continuidade de tratamento existente no
município/estado devem ser avaliada pelas equipes municipais
responsáveis, quanto à possibilidade de transferência para o
município/estado de origem.
Art. 3º O auxílio será prestado ao paciente e acompanhante
para tratamento fora do domicílio, dentro do Estado do Paraná, em
cidades que o Município de Francisco Beltrão não dispõe do serviço de
Casa de Apoio ou em situações excepcionais, quando mediante
justificativa ou laudo médico o usuário não puder permanecer em
ambiente coletivo.

Devido a posição debilitada que se encontra o senhor José


Silva, as custas de um eventual acompanhante também são
abarcadas:
Art. 5º Somente será admitido o custeio das despesas do
acompanhante nos seguintes casos:
I - Cirurgia de médio e grande porte;
II - Paciente menor de idade;
III - Paciente idoso ou incapacitado em decorrência da doença
de adotar as providências necessárias ao seu tratamento;

Indubitavelmente a sentença proferida, intimando o Estado do


Paraná a fornecer o aparelho a um indivíduo, está equivocada, em
razão de, o mesmo estar provendo, de forma digna, o TRD pelo
SUS, possibilitando que o senhor José da Silva realize o tratamento
em outro Município. A multa prevista, até que se cumpra a
sentença, de R$5000,00 é exorbitante, podendo trazer prejuízo ao
capital do Estado, sendo que em nenhum momento o direito à
saúde foi lesado.
IV – REQUERIMENTO
Diante da apresentação dos fatos, requer-se que o recurso de
apelação seja conhecido e provido, dessa forma anulando a sentença
proferida, atendendo ao pedido do requerido.
Termos em que, pede deferimento.
XXXXXXXX/PR, 13 de novembro de 2020.

XXXXXXXXXXXXXXXX
OAB/PR XXX.XXX
Apelação feita por:
Beatriz de Oliveira Claro;
Helen Caroline de Carvalho;
Kathlyn Maria Alves Pereira;
Laura Lívia Corrêa;
Lohana Maria Czaika;
Lorene Barbosa de Paula;
Paola dos Reis Cândido da Silva.

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